




Quatro
Quando estava prestes a atravessar para a entrada que leva ao seu quarto, ela viu duas pessoas saindo rapidamente de lá. Juntando suas roupas, ela se escondeu atrás dos pilares, que eram grandes o suficiente para esconder seu corpo pequeno. Os dois homens conversavam enquanto passavam por ela, sem perceber quem estava escondida nos pilares.
"O Alpha Lucas não vai ficar feliz se souber que não encontramos a ômega. Ela não estava no quarto quando fomos procurá-la", disse um dos homens, passando pelo pilar, seus sentidos não captando o cheiro de outro lobo no corredor.
"Lucas disse que ela pode estar morta, então não precisamos nos preocupar se não a encontrarmos. Mas como ela ousa tentar se forçar sobre Lucas, o futuro alpha? Será que ela estava tentando engravidar do alpha para prendê-lo a ela? Droga, eu nunca soube que ela tinha esse caráter nojento, e ela sempre se comporta de maneira tão humilde e submissa", disse o segundo homem, enquanto se virava para o outro lado do corredor, suas vozes soando muito distantes e baixas para Bella ouvir claramente.
Bella ficou chocada com o que ouviu sobre ela e o filho do alpha, Lucas. Como o futuro alpha ousava construir sua liderança com tantas mentiras? Se essas mentiras chegassem aos ouvidos de toda a alcateia, sua vida seria ainda mais miserável do que já era, e suas irmãs fariam questão de fazê-la sofrer. Quem não sabia o quanto elas eram apegadas ao filho do alpha? Uma delas queria ser a Luna da alcateia.
Bella saiu de seu esconderijo e foi para o seu quarto. Trancando a porta, ela se dirigiu à cama e sentou-se, cansada e exausta. O dia nem havia começado, mas ela já se sentia tão cansada. Ouviu o som de ratos fazendo barulhos agudos. Levantando a cabeça, olhou para o fim do quarto e viu um rato. Os olhos do rato a encaravam, sem nem fugir do seu olhar. Bella balançou a cabeça, um sorriso aparecendo em seu rosto enquanto olhava para o rato. Ela não sabia se era sua imaginação, mas viu o rato inclinando a cabeça um pouco, olhando para ela.
"Agora compartilhamos um quarto, hein? E você não tem medo de mim, seu ratinho. Bem, bem, você pode compartilhar meu quarto comigo. Você tem sido o único companheiro que eu tenho, e um ótimo companheiro", disse Bella, sem perceber quando uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Limpando-a com força, ela disse: "Você é o único que nunca me julgou, nunca se importou se eu era uma ômega, sem lobo, e eu realmente aprecio você por ser um rato de verdade."
Bella disse, sorrindo, mas ficou chocada quando o rato veio em sua direção, seu pequeno corpo pulando sobre os buracos no chão, e então ele se acomodou ao lado de suas pernas, como um gatinho. Será que o rato a entendeu? Levantando-se da cama, ela caminhou em direção ao chuveiro para tomar banho. Ela já se sentia tão nojenta consigo mesma, os eventos das últimas horas passando por sua mente.
Ao mergulhar a cabeça na água, ela relaxou, as pressões diminuindo, e em cinco minutos ela terminou o banho. Trocando de roupa, ela saiu do chuveiro e caminhou em direção ao rato, que ainda estava ao lado do pé da cama. Ela se abaixou e deu um pedaço de pão, que sempre guardava no quarto, observando enquanto o rato mordiscava. Levantando-se, uma voz aguda perfurou seus sentidos, quase a derrubando no chão. Ela cobriu os ouvidos, mas a voz ecoou dentro de sua cabeça.
(Se você perder mais um minuto nesse quarto, não vou hesitar em te dar de café da manhã para os cães. Você não sabe que temos uma maldita lua cheia pela frente, sua bruxa?)
A voz disse. Não era difícil descobrir a quem pertencia a voz; era de sua mãe. E ela sabia que sua mãe estava furiosa e que não estava brincando quando disse aquelas palavras. Bella abriu a porta e correu para a cozinha. Cada passo que dava a deixava apavorada, como se estivesse correndo para a morte. Ela sabia o que a esperava e esperava que as coisas corressem bem para ela.
A cozinha estava cheia de servos, todos ocupados com seu trabalho. Um servo era melhor do que ela; eles tinham seus lobos dentro deles e não eram os seres mais baixos da alcateia.
"Bella, onde você estava? Você deveria estar na cozinha, pobre criança. Sua mãe estava furiosa porque você não estava na cozinha antes dos outros. Não fique aí parada, seja rápida, leve isso para o moinho e triture, o café da manhã já foi servido, mas sua mãe insistiu que você terminasse suas tarefas matinais antes de tomar o café da manhã", disse a velha mulher, que era a chef da alcateia. Ela era a única que tratava Bella de maneira diferente, melhor do que sua própria mãe.
"OK, Dona Dozza, volto em um minuto", disse Bella, pegando o saco das mãos da chef e se virando rapidamente. O choque que sentiu ao ver Lucas, parado com aqueles dois homens que ele havia enviado, talvez para matá-la. Ela observou enquanto ele lhe dava um sorriso mortal, seus olhos escurecendo por um segundo antes de voltarem ao normal. Ela estremeceu, observando enquanto ele caminhava em sua direção. Ela deu um passo para trás. Todos os ocupantes daquela sala observavam o filho do alpha. O que ele estava fazendo na cozinha e por que estava caminhando em direção à ômega, o ser mais baixo da alcateia?
(Você escapou, hein? Pensei que estivesse morta, já tinha preparado seu caixão para um enterro decente)
Sua voz veio, atacando seus sentidos. Ela fechou os olhos, segurando o saco com força. Lucas tinha vindo para lhe causar dor e tornar sua vida miserável, e ninguém podia detê-lo; ele era o filho do alpha. O arrogante filho do alpha. Ela se abaixou, observando enquanto ele parava a poucos metros dela. Lucas sorriu; essa coisinha nojenta havia rejeitado sua oferta, o que foi um tapa em seu rosto e honra, e ele garantiria que ela se arrependesse do que fez.
Virando-se para as pessoas na cozinha, ele viu três pessoas entrarem. Era a mãe de Bella e suas duas irmãs mais velhas. Ele sorriu mais, isso seria um drama interessante naquela manhã, ele só precisava interpretar bem a vítima.
"Essa garota, a ômega sem lobo da alcateia, como é que a chamam?", disse ele, fingindo ignorância, como se não soubesse o nome dela. Era tudo parte de seu plano.
"Bella Manchor", disse uma empregada, sorrindo. Quem não gosta de ver a ômega sendo tão humilhada?
"Sim, obrigado, querida. A ômega, Bella Manchor, me abordou esta manhã, tentando se forçar sobre mim."
Pequenos sussurros encheram a sala com suas palavras. O filho do alpha devia estar brincando, certo? Como a ômega ousaria tentar algo assim com o filho do alpha?