Prólogo
CAPÍTULO 1
O jovem príncipe de olhos cinzentos andava inquieto no escritório de seu pai, aguardando a chegada de seus pais, o Rei Michael e a Rainha Emma. Eles reinavam há treze anos em um reino pacífico. Embora tivessem enfrentado alguns grupos rebeldes ao longo do caminho, não houve nenhuma ameaça grave ao trono. O medo dos reais geralmente superava os objetivos quando chegava a hora de atacar.
Caiden, seu irmão mais novo Angelo e a irmãzinha Rebecca foram treinados nos modos da verdadeira realeza. Como agir, como falar, até mesmo como viver como um real, e também como lutar sem matar. Com anos de treinamento em etiqueta real, o controle de seus dons entrou em jogo. Todos deveriam ter adquirido seus dons quando se transformaram pela primeira vez aos treze anos, mas todos os receberam mais cedo do que o habitual, um passo avançado para um real, como disse a Anciã Liselle.
Seus dons eram compatíveis entre si com um dom comum. Mas dizia-se que Caiden era o mais forte, pois foi abençoado com dois dons extras por ter sido dado à vida pela deusa da lua quando era criança. Todos o viam como seu salvador e protetor quando ele ascendesse ao trono, mas Caiden não queria nada disso. Ele também sabia o quão falsa era essa afirmação, ele não era o mais forte dos três.
Ele estava cansado de tudo isso e desejava sua liberdade. Uma vida longe de tudo isso.
"Querido?"
Ao som da voz de sua mãe, ele rapidamente se virou e a encarou, um sorriso surgiu em seu rosto ao ver sua mãe em seu jeans simples e camiseta, seu longo cabelo castanho em uma única trança que fazia seus olhos verdes brilharem intensamente. Emma não era fã de joias e vestidos caros no dia a dia só porque era rainha. Conforto era seu lema principal quando estava em casa e não esperava convidados.
"Oi, mamãe. É bom ver você de volta em casa. Senti tanto a sua falta," ele disse, inclinando-se ligeiramente para abraçá-la. Com 1,85m, ele se erguia sobre sua mãe e irmã e sempre as provocava sem parar sobre isso.
"Também senti sua falta. Sinto muito por não podermos ficar para a sua festa de formatura," ela disse, levando-o até o sofá. Ele riu enquanto sua mãe fazia um beicinho de maneira tão infantil. "Mamãe, eu entendi. Fiquei realmente feliz que vocês dois estivessem lá para me ver atravessar o palco," Caiden disse, beijando sua bochecha.
Caiden e Emma tinham um relacionamento muito próximo como mãe e filho. Eles nunca tiveram discussões acaloradas nem se desentenderam de qualquer forma. Era muito estranho para outra pessoa, até mesmo seus amigos na faculdade achavam inusitado quando ele confidenciava a maioria das coisas à sua mãe. Ele era chamado de "filhinho da mamãe" muitas vezes, mas ele não se importava. Amava sua mãe profundamente e nunca negaria isso.
"Agora, o que é tão importante que você queria discutir que requer a presença de nós dois aqui," ela perguntou, arrumando o cabelo dele. Revirando os olhos, ele afastou a mão dela de seu cabelo e sorriu para ela.
"Quando papai chegar, mamãe," ele disse firmemente e tentou ao máximo manter o rosto sério.
"Tá bom. Agora me conte sobre seus últimos dias na universidade. Como está o Micah?" ela perguntou sobre seu melhor amigo e futuro beta.
"Ele está ótimo. Eles devem voltar amanhã das férias," ele explicou. Micah era o único filho de Mason, o Beta real. Ele era um híbrido e muito forte tanto como lobo quanto como vampiro devido à linhagem de seus pais. Embora fosse um ano mais novo que Caiden, cresceram como irmãos e estiveram lado a lado durante toda a faculdade.
Ele esperava que seu amigo estivesse ao seu lado para ajudar a falar com seus pais, mas o Beta Mason aproveitou esse tempo para visitar o Rei Damian e Dimitri enquanto seus pais estavam na Austrália em questões diplomáticas.
"Ótimo. Acho que todos deveríamos jantar juntos amanhã à noite, já que vocês estão de volta. Está tudo bem, espero. Como está seu controle?" ela perguntou.
Ele sabia a que ela se referia, deu um sorriso fraco, mas manteve a cabeça baixa.
"Cay?" ela disse suavemente e levantou a cabeça dele com o dedo indicador. Ele pigarreou e olhou para sua mãe.
"Houve um incidente na festa..." Ele começou suavemente.
"Cay," sua mãe sussurrou e se levantou.
"Quão grave foi?" ela perguntou. Ela não estava com raiva nem nervosa. Estava apenas preocupada. Emma sabia o quão forte seu filho era e temia que ele machucasse alguém gravemente, ou pior, a si mesmo.
"Mamãe. Eu juro que não foi minha intenção. Mas ele deixou meu lobo tão irritado que perdi o controle. Esse garoto me atormentou durante toda a faculdade. Quando vocês foram embora com o papai, ele começou a me provocar de novo, dizendo coisas como agora ele entendia por que eu me apegava tanto a você. E o que ele queria fazer com você. Cada palavra que saía da boca dele me enojava tanto que me transformei na frente de todos. O humano estúpido continuou falando, na minha mente eu desejava que ele parasse de falar e ele parou. Então ele começou a segurar o peito, ofegando e tossindo sangue, depois ele... ele... morreu," Caiden explicou, olhando para o horizonte.
Emma não disse nada, ficou olhando para o quão culpado seu filho parecia. Eles tentaram ajudá-lo a ganhar controle de seus poderes, mas eles continuavam evoluindo. Seus filhos eram realmente poderosos. Todos podiam usar seus dons na forma de lobo, mas o controle nessa forma ainda não havia sido dominado.
"E as testemunhas?" ela perguntou suavemente.
"Angelo e Rebecca manipularam a memória deles. O tio Noah lidou com o reitor e os pais dele. Eles registraram como algum tipo de ataque cardíaco, não sei. Eu desmaiei depois que ele morreu," ele disse, indo até a janela.
"Tudo o que temos que fazer é treinar seu lobo mais intensamente. Podemos pedir à deusa o que fazer. Tudo ficará bem. Vamos ver o que podemos fazer sobre esse incidente," ela disse, tranquilizando-o.
"INCIDENTE?! Eu matei um homem só de pensar nisso. Como isso pode ficar bem!" ele gritou. A jarra de água que estava no canto explodiu com sua raiva, Emma rapidamente congelou os pedaços e os juntou novamente.
Caiden ficou parado olhando para a jarra agora intacta. Os dons de sua mãe ainda estavam crescendo e o impressionava como ela tinha controle com tanta facilidade.
"Desculpa," ele sussurrou.
"Está tudo bem. Minha mente ainda estava processando o que você me contou e eu disse o que veio à cabeça," ela disse, segurando seu menino. Ela ainda o via como seu doce príncipe que sempre estava ansioso para estar com ela.
"Eu queria não ter nascido nesta família real. Eu só quero ser normal. É pedir demais?" ele disse, afastando-se dela, mas ela não respondeu. Inconscientemente, ela deu um sorriso triste, o que fez com que ele rapidamente se arrependesse de suas palavras. Ele não perdeu a dor nos olhos dela causada por suas palavras.
Ele gemeu ao pensar em machucar sua mãe, seu pai lhe contou o que aconteceu quando ela estava grávida dele e isso ainda a machucava mesmo depois de todos esses anos. Caiden se sentiu pior. Ele não queria dizer aquelas palavras.
"Aí estão vocês dois," ele ouviu seu pai dizer, interrompendo seus pensamentos.
"Papai," Caiden chamou e rapidamente foi dar um abraço em seu pai.
Michael segurou seu filho nos braços e sentiu a tristeza entre ele e sua mãe. Emma olhou para seu companheiro e deu um sorriso reconfortante. Ele assentiu e decidiu não se intrometer.
"Agora me diga o que era tão importante para me trazer aqui," ele brincou com seu filho enquanto se sentava ao lado de sua companheira. Ela segurou sua mão e beijou sua têmpora, o amor entre eles crescia mais a cada dia. O toque mais simples era suficiente para eles.
Caiden sorriu para seus pais enquanto Michael retribuía o beijo inocente de sua companheira. Um dia ele desejava ter um amor assim com sua companheira.
Emma e Michael olharam para seu filho enquanto ele soltava um suspiro frustrado.
"Eu quero me mudar do palácio," ele disse de uma vez.