




Parte 5
/Ponto de Vista Dele/
Enquanto Damon observava Mia, movendo-se com tanta graça pela conferência, tentando chegar até Chris, ele não conseguia evitar pensar. No dia em que a viu pela primeira vez, através da tela suja do laptop, porque estava ocupado demais na Espanha para se preocupar com entrevistas em Nova York. Ele estava no décimo oitavo andar, a vista da cidade era hipnotizante em todos os sentidos. Na tela, ele notou a sala que não era muito abstrata, era a mistura brilhante do interior luxuoso e elegante que era cativante, nada disso ajudava a diminuir a pressão da entrevista na sala. Já estava acontecendo há mais de uma hora, e não parecia que os três entrevistadores estavam perto do fim. Era entediante.
Ele deslizou os dedos suavemente na madeira enquanto contornava a mesa e se acomodou de volta na cadeira, observando enquanto mais um candidato falhava. Damon estava tentado a simplesmente fechar a tela e acabar com aquilo. Deixar para seu pai lidar com isso sozinho, mas ele havia prometido. Depois do que pareceu uma eternidade, outra candidata entrou, com o rosto vermelho enquanto a porta se fechava atrás dela. Ele estreitou os olhos para a pessoa.
A pessoa era jovem, muito jovem. Não exatamente o nível de experiência que eles estavam procurando, mas poderiam trabalhar com isso. Jovens eram fáceis de moldar. Ela se apresentou como Mia Grace. A paixão em sua voz ecoou em seus ouvidos, fazendo-o quase dar uma segunda olhada na tela. Ele inclinou a cabeça levemente e ampliou a visão para ver a candidata corretamente.
O nervosismo era palpável em seu rosto. Ela parecia pálida devido à pressão da entrevista. Suas mãos estavam entrelaçadas no colo, sua postura era rígida e calorosa ao mesmo tempo. Ao contrário dos outros, suas respostas não pareciam ensaiadas. Mia também foi brutalmente honesta sobre o motivo pelo qual se candidatou a um determinado emprego, não hesitando em expor suas conquistas também.
A luz do sol fazia seus olhos azul-bebê brilharem como diamantes, e aqueles cílios lançavam sombras em suas maçãs do rosto altas. Ela parecia etérea. Não que ele estivesse encarando. Quando ela saiu da sala, Damon pegou o telefone e enviou uma mensagem para Chris.
"Contrate Mia Grace."
"Senhor?" A voz dela interrompeu seus pensamentos.
A luz do sol filtrava pelas janelas, fazendo o lado do rosto dela brilhar. Mia estava nervosamente mordendo os lábios, quase o instigando a se inclinar para frente e puxar seu lábio. Sacudindo a cabeça com o pensamento, ele arqueou a sobrancelha. "O que foi?"
"Chris teve que sair para outra reunião de almoço, então ele não poderá se juntar a nós."
Claro! Ele deveria saber melhor do que confiar em seu amigo. "Que pena. Eu estava ansioso para almoçar com ele."
"Mas senhor, você..."
Ele se levantou abruptamente, interrompendo-a e endireitando o paletó. Com o maxilar apertado, ele se virou para ela. "O que você quer comer, Srta. Grace?"
Mia torceu os lábios, mudando de posição. "Eu meio que fiz planos de almoço com a Jane, senhor."
Seus ombros visivelmente murcharam com isso. Por que ele pensou que seriam só os dois? Algo estava seriamente errado com ele. Além disso, desde quando ele se importava com a companhia dos outros? Ele era feliz sozinho. Por mais que quisesse vê-la se contorcer durante o almoço, ele a deixou ir.
"Tudo bem, Srta. Grace. Você pode ir."
Na manhã seguinte, ele recebeu uma ligação de sua mãe. Ele foi convocado para a casa dos pais. Uma questão de urgência, disseram. Então, o homem de trinta e três anos não teve escolha a não ser concordar. Por isso, ele saiu assim que estava pronto.
Damon saiu de seu Audi, o cascalho rangendo sob seu sapato polido. A luz do sol refletia em seus óculos de sol enquanto ele olhava para a vasta propriedade. Nos degraus de mármore alinhados por arbustos perfeitamente cortados, alguns visitantes permaneciam em seus vestidos e ternos em tons pastéis, bebendo taças cheias de champanhe. Eles riam e conversavam, e antes mesmo de ele entrar no coração da festa, Damon já queria voltar para o conforto silencioso de seu apartamento.
Ele se perguntou se valia a pena. Viajar duas horas de Nova York só para ver sua mãe dar outra festa extravagante. As mesmas pessoas ricas e entediantes de sempre, que têm tempo demais nas mãos. Por isso as festas. Para fofocar e se gabar da riqueza acumulada nas contas bancárias.
Respirando fundo, ele ajustou os abotoaduras de platina, endireitou a gola e começou a subir os degraus.
"Bom dia, Senhor Damon," Alfred o cumprimentou assim que ele entrou na casa. O homem fez uma pequena reverência com a cabeça, equilibrando uma bandeja de prata na mão. Ele estava em seu impecável terno preto no saguão brilhante, com uma grande escadaria subindo atrás dele.
"Alfred," disse Damon alegremente, dando um tapinha no ombro do homem. "Como você tem estado?"
Ele é um dos melhores chefs da cozinha deles. Na verdade, o único que consegue lidar com as dietas malucas de sua querida mãe e seguir com elas. É por isso que Alfred trabalha com eles há mais de quinze anos. Um grande feito.
"Muito bem, senhor. Aceita um ceviche?"
Damon olhou para a bandeja e deu de ombros, pegando uma das crocantes tortilhas com ceviche do prato. Ele colocou na boca, mastigando enquanto caminhava ao lado de Alfred pela casa em direção ao jardim. "Tem aperfeiçoado essa receita, não é?" Damon perguntou em um tom de brincadeira, com a boca ainda um pouco cheia.
Alfred sorriu, "Sim, senhor. É o novo favorito de sua mãe."
"Deveria saber. Está excelente," Damon assegurou, dando um último aperto no ombro dele. Ele pisou novamente na luz do sol ofuscante e no pátio de mármore, com o gramado verdejante se estendendo à sua frente.
Uma tenda branca estava no centro, perto do jardim, cercada por roseiras e árvores floridas com luzes penduradas conectando o espaço entre elas como tirolesas. Mais convidados espalhados com suas bebidas na mão e fofocas flutuando entre suas risadas, de pé sob guarda-sóis brancos para se protegerem do sol de verão.
Seus pais viviam e respiravam extravagância. Isso brilhava em cada detalhe que seus olhos alcançavam. Desde as xícaras de chá excessivamente chiques servidas e os chapéus glamourosos nas senhoras até a escultura de gelo derretendo ao sol. É ridículo. Qual é o ponto disso?
Mas como o filho mais velho e herdeiro dos Rossi, Damon não podia dizer que odiava tudo isso, não completamente. Ter mais do que o suficiente para fazer qualquer coisa a qualquer momento é uma bênção que ninguém pode negar. E viver despreocupado e confortável— isso também é bom.
Mas de alguma forma não é o suficiente. Nunca foi o suficiente. É por isso que Damon nunca descansa. Ele queria que sua família fosse ainda mais bem-sucedida, levar o sonho de seu pai ao ápice. Jogar na cara das pessoas que não acreditaram em seu pai, em sua família. É por isso que, mesmo aposentado, seu pai escolheu trabalhar. Algo que Damon nunca entenderá. Ele conquistou tudo, por que não descansar um pouco? Descanso é para o diabo, seu pai disse quando questionado sobre isso.
Damon suspirou alto. Bem, lá vamos nós.
Antes de ir muito longe, ele sentiu um braço forte envolver seus ombros, quase o prendendo em um mata-leão surpresa.
"Norton," Damon bufou, empurrando os braços de seu primo e dando um passo para trás. Ah, pelo amor de Deus, eles estavam na casa dos trinta! Quando ele aprenderia a agir de acordo com a idade?
"Oi, Dro! Que bom que você apareceu no final da festa."
Damon revirou os olhos para aquele apelido ridículo. Ele combinou a primeira letra do nome de Damon com "brother" (irmão). "Não vejo isso terminando tão cedo."
A torre de champanhe ainda estava intacta, então ainda havia algumas horas pela frente. Além disso, essa é a coisa com esses tipos de festas. Elas nunca terminam cedo. Algo que ele não aprecia nem um pouco.
"Você veio sozinho?" Seu primo levantou a sobrancelha.
"Por quê? Você vê alguém comigo? Não posso?"
"Quando você vai parar de responder assim?" Norton fez uma careta.
"Quando você parar de fazer perguntas idiotas."
"Rude," seu primo torceu os lábios. "Eu esperava que você trouxesse aquela garota do escritório. Mia, não é? Ela é tão gostosa!"
Damon rangeu os dentes com isso. Ele não gostou nem um pouco. A maneira como seu primo estava falando sobre Mia. Isso acendeu algo dentro de seu estômago, algo que ele não conseguia explicar. "Ela trabalha para mim. Isso é antiético."
Nesse momento, seu pai e sua mãe se aproximaram dele, com um sorriso enorme no rosto. É por isso que ele comparecia às festas, certo, só por eles. Eles o abraçaram antes de estreitar os olhos para ele.
"Onde está Mia?"
Sua família a adorava por algum motivo. Talvez porque ela morasse sozinha em Nova York e seu pai se visse nela.
"Umm..."
"Eu pensei que tinha escrito no e-mail para trazê-la junto," sua mãe o encarou.
Damon sorriu timidamente. "Eu não li até o final."
"Talvez da próxima vez então."
"Sim, talvez."