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Parte 2

Mia odiava trabalhar nos fins de semana. Era um hábito que ela tinha levado da época da escola para a vida profissional. Quando estava na escola, os fins de semana eram como um prêmio, um tesouro que ela valorizava com toda a sua alma. Como suas semanas eram tão pesadas de trabalho, graças ao novo chefe, era bom ter dois dias inteiros só para ela.

Não é que ela tivesse coisas importantes para fazer no fim de semana - na verdade, era o oposto. Os fins de semana eram quando Mia colocava em dia os programas que assistia, se dedicava aos seus hobbies (ler) e - o mais importante - podia dormir até as dez da manhã sem se preocupar com as ligações de Damon.

Todo mundo deveria ter esse direito, certo? Na vida, tem que haver uma separação clara entre trabalho e casa. Essa foi a única exigência que ela fez quando foi contratada em caráter permanente pela Rossi Company. Aos vinte e cinco anos, ela foi muito específica e persistente sobre precisar dos fins de semana livres, mas, depois que Damon começou a trabalhar, ela teve cada vez menos desses fins de semana. E ela tem certeza de que, se o trabalho não estivesse concluído até o final do dia, ele ligaria para ela de novo. No fim de semana. Porque ele pode fazer isso e vive para vê-la irritada.

Por isso Mia se apressava com seu trabalho, digitando todos os arquivos cuidadosamente porque tinha apenas algumas horas para trabalhar na apresentação também. Apertando os olhos para a tela, ela era forçada a acompanhar cada letra para evitar erros de digitação. Outra coisa que seu chefe odiava, além de atrasos. Os erros de ortografia. Se ele não tivesse uma fila de amantes, ela teria assumido que ele era um homem solitário com muitos problemas para reclamar.

Montar os slides na ordem correta depois de digitá-los com uma velocidade que o Flash invejaria levou cerca de três horas. Ela deu um tapinha nas próprias costas pelo feito, algo que seu chefe nunca fazia. Porcos voariam antes que ele fizesse isso por ela. Bastardo arrogante.

Uma música desconhecida começou a tocar nos fones de ouvido, mas fez sua cabeça balançar mesmo assim. Isso é o que acontece quando ela escolhe uma playlist aleatória. Conseguiu aliviar um pouco a tensão, e a próxima música também. Durante todo o tempo, ela continuou cantando junto com várias músicas embaralhadas no seu celular quando ouviu passos se aproximando.

Mia levantou a cabeça para olhar para sua amiga, Jane. A única. A maioria das pessoas tinha inveja dela, por vários motivos.

"Pronta para o almoço?" Jane perguntou, acariciando sua barriga grávida.

Mia torceu os lábios. Ela daria qualquer coisa para passar um tempo com sua melhor amiga de quatro meses de gravidez. Elas raramente saem hoje em dia. É por causa das agendas lotadas combinadas com Jane se cansando muito rápido e querendo fazer nada além de se aconchegar com o namorado e o cachorro.

"Vou ter que pular o almoço. Hoje está oficialmente uma droga," disse ela com um suspiro dramático, seus dedos coçando.

Jane arqueou as sobrancelhas. "Dia ruim ou chefe ruim?"

"Ouvi dizer que ele estava meio bravo esta manhã. Todo mundo estava comentando que ele teria perdido a cabeça se você não tivesse aparecido."

Mia corou. "Típico deles romantizarem a raiva dele. Ele não é nada além de um idiota raivoso."

"Idiota raivoso e atraente," corrigiu Jane, se jogando na cadeira em frente a Mia.

"Você tem um namorado e está grávida do bebê dele."

"E daí? Ainda posso apreciar um corpo bonito."

A jovem de vinte e cinco anos franziu o nariz. "Vocês todas são cegas pela aparência dele para ver o tipo de pessoa que ele é."

Sua melhor amiga caiu na gargalhada, balançando a cabeça. Foi algo que ela disse? Por que Jane achava isso engraçado? É real, certo. Limpando o canto dos olhos, sua amiga engoliu. "Diz você! Eu me lembro de você admitindo bêbada que não se importaria de ser pega por ele no escritório."

Mia soltou um suspiro escandalizado. "Anuncia para o escritório inteiro, por que não?! Além disso, eu te disse isso há meio ano, quando estava bêbada, e ele tinha acabado de assumir, então não conta."

Ela ainda não podia acreditar que disse isso. Quando viu Damon pela primeira vez, Mia achou que ele era o homem mais lindo de todos com aqueles olhos verdes como grama e mandíbula bem definida e um rosto inexpressivo. Isso foi antes de começar a trabalhar para ele, há seis meses.

"É... É, viva na negação."

Embora Jane não trabalhasse para Damon, ela sabia tudo sobre ele. Afinal, com seu temperamento explosivo bem conhecido, ele era uma lenda viva no escritório. Além disso, Mia reclamava sobre seu chefe para sua melhor amiga pelo menos duas vezes por dia, então tinha isso.

Mia apontou para seu trabalho. "Este é meu castigo, então pode ir. Não posso me juntar a você."

"Você realmente não quer que eu traga nada?" Sua amiga levantou a sobrancelha. "Tipo, um assassino de aluguel? Ou um objeto pontiagudo?"

Ela riu. "Hoje não."

Jane sorriu para ela e saiu.


Quando se levantou para pegar um café, Mia sentiu aquela típica sensação incômoda de estar sendo observada. Como se alguém estivesse seguindo cada um de seus movimentos. Quando olhou para cima, sua boca se abriu ao ver seu chefe. Seu rosto rapidamente esquentou, os lábios entre os dentes. Há quanto tempo ele estava observando ela?

"Desculpe, senhor, eu quase..."

"Não quero ouvir. Preciso que você desça e pegue o arquivo de análise de mercado" Damon ajustou a gravata, olhando para seu reflexo na janela próxima. "Você acha que pode fazer isso, Srta. Grace?"

Ele estava menosprezando-a. Algo que ele fazia sempre que tinha a chance. Seja como for, Mia tinha apenas quatro meses para conseguir seu diploma e então encontraria algo novo, talvez voltasse para sua cidade natal. Estudar enquanto trabalha é difícil, mas ela fez dinheiro suficiente durante esse tempo para relaxar por alguns anos sem se preocupar.

"Vou pedir para o Himesh ir..."

"Isso não foi uma sugestão" Ele limpou a garganta. "Esses são arquivos importantes. Quero que você vá e os pegue" Damon a encarou por um momento antes de se virar e voltar para seu escritório. Qual era o problema dele? Era realmente necessário bater a porta como um adolescente temperamental?

Bufando baixinho, ela pegou seu casaco e começou a caminhar até o escritório do vice, que ficava bem longe. Ela não estava com humor para conversar, então rapidamente pegou a pasta e voltou para bater na porta dele, mas ninguém respondeu. Onde ele estava?


Ela estava apressada pelos corredores vazios. Correndo para encontrar seu chefe.

Respire, Mia. Ele pode sentir o medo.

Quando se aproximou da sala de conferências, tentou acalmar a respiração e desacelerou. Um feixe de luz brilhava sob a porta. Ele estava definitivamente lá, esperando. Consciente de si mesma, Mia ajeitou a gola da camisa e passou a mão pelo cabelo solto. Era assim que Damon queria que elas fossem, não com o cabelo preso como profissionais deveriam fazer.

Mia lembrou como tudo aconteceu. Ela tinha entrado no escritório com o cabelo preso em um rabo de cavalo, alto e com uma faixa preta ao redor.

Seu chefe estava ocupado tomando seu café quando a notou. "Você fica melhor com o cabelo solto, Srta. Grace."

Foi tudo o que ele disse. Não era para ser nada, mas ela levou para o lado pessoal e desde então parou de prender o cabelo.

Respirando fundo, ela bateu na porta.

"Entre."

Mia entrou no espaço bem iluminado. A sala de conferências era enorme. Ficava no último andar, e uma parede era coberta por janelas de vidro do chão ao teto, oferecendo vistas espetaculares da cidade. O crepúsculo escurecia o céu lá fora, e os arranha-céus pontuavam o horizonte com suas janelas iluminadas. No centro da sala havia uma grande mesa de madeira pesada, e na extremidade mais distante, Damon estava sentado como se fosse o dono da sala, o que tecnicamente ele era. Sua família era dona do prédio.

Damon estava com o queixo apoiado nos dedos. Seus olhos pareciam penetrar os dela enquanto ele lambia os lábios. "Você está atrasada de novo."

"Peço desculpas, senhor." Ela começou, sua voz ainda trêmula. "Não consegui encontrá-lo no seu escritório..."

Mia se conteve. Desculpas não ajudariam na situação. Além disso, não é culpa dela que ele adorava mudar de lugar e esperava que ela soubesse onde ele estava. Isso está além do controle dela. Ele podia ir para o inferno.

Sem olhar nos olhos dele, ela colocou a pasta na frente dele na mesa.

"Aqui está o arquivo que você queria."

Ele não respondeu, apenas a encarou. Em vez de dizer algo, ele gesticulou em direção à porta. Mia franziu as sobrancelhas, torcendo os lábios. O que ele estava tentando dizer? Ela deveria sair? Nunca é claro com ele. Por que ele estava tão calmo? O silêncio ensurdecedor era tão diferente dele.

"Feche a porta, Srta. Grace. Temos algo para conversar." Ela engoliu em seco enquanto aquelas palavras afundavam.

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