




De médico a empresário
A condição da ala VIP era muito melhor do que a da ala comum. Parecia um lar longe de casa. O quarto era projetado para uma única pessoa, mas era mais do que apenas um quarto. Era um conjunto completo, com um quarto, uma sala de estar, uma cozinha e um banheiro combinado com um toalete. Poderia ser descrito como uma mini casa, um lugar onde quase se poderia esquecer que estava em um hospital.
A ala tinha uma vista deslumbrante de Liverpool a partir da varanda. Do outro lado, ao abrir a janela, revelava-se uma vasta paisagem cênica. O cheiro usual de esterilização do hospital foi substituído por uma fragrância refrescante do purificador de ar, tornando a atmosfera mais convidativa.
Enquanto eu estava ali, absorvendo o ambiente, um médico se aproximou e fez uma leve reverência. "Senhorita Alice, esperamos que Kyle esteja confortável. Se precisar de alguma ajuda, por favor, nos avise."
Eu não estava acostumada com esse novo respeito e respondi rapidamente, "Estamos satisfeitos, obrigada."
O médico, que parecia ser o líder, parecia aliviado. "Que bom. Então não vamos atrapalhar seu descanso. Se precisar de algo, aperte o botão de serviço, e alguém virá ajudá-la."
Kyle me olhou com uma expressão de dúvida, como se perguntasse se tudo isso tinha sido providenciado por Gaston. Ele ainda não sabia que Gaston e eu tínhamos terminado.
"Não foi ele," eu disse, mais para mim mesma do que para Kyle.
Franzi a testa em confusão. Eu não conseguia entender a situação. Gaston tinha terminado comigo, então não havia como ele ser tão gentil, especialmente com Judy ainda grávida. Também não poderia ser meu tio, o Sr. Carter. Ele não tinha tanta consciência, e mesmo que tivesse, não poderia pagar por tal luxo nem por um dia. Isso custaria metade de todo o patrimônio líquido da nossa família.
Ninguém da família Lewiston poderia pagar por isso, mesmo com um empréstimo. Então, quem era esse benfeitor invisível?
Perdida em meus pensamentos, fui surpreendida por uma batida na porta. Caminhei até lá e a abri para encontrar um enfermeiro do lado de fora. "Senhorita Alice, o Presidente gostaria de falar com você sobre a saúde do seu irmão. Por favor, venha comigo."
Fiquei ainda mais surpresa. "O seu Presidente quer me ver?"
"Sim," ele confirmou.
Enquanto eu seguia o enfermeiro até o escritório do Presidente, minha mente estava cheia de perguntas. Quem era esse Presidente e o que ele poderia querer discutir comigo? O enfermeiro me levou até a porta e bateu suavemente. De dentro, uma voz jovem respondeu, "Sim, entre."
Fiquei surpresa com o quão jovem a voz soava. O jovem médico abriu a porta, e eu entrei cautelosamente. Lá dentro, fui recebida por um homem muito jovem e bonito sentado atrás de uma pilha de arquivos organizados. Ele parecia bastante cavalheiro com um par de óculos prateados na ponte do nariz.
Esse era o Presidente?
Eu estava perdida em pensamentos, olhando para ele, até que ele falou e me trouxe de volta à realidade. "Senhorita Alice?"
O Presidente, Ryu Ken, me olhou por alguns momentos, aparentemente surpreso. Era essa a mulher que havia cativado o Presidente Enzo Clinton em apenas uma noite? Um feito que ninguém mais havia conseguido? De qualquer forma, eu podia perceber que ele me achava bastante bonita, mesmo sem estar arrumada. Minha beleza natural não podia ser escondida. Eu parecia estar na casa dos vinte anos, com traços faciais que poderiam passar por uma modelo de passarela.
Depois de um momento, ele sorriu. "Senhorita Alice, não há necessidade de formalidades entre nós. Somos todos jovens aqui, então sinta-se à vontade para falar abertamente comigo."
Eu assenti e me sentei com um sorriso. "Presidente, ouvi dizer que você queria discutir a condição do meu irmão. Há alguma mudança ou preocupação?" perguntei sem hesitação.
Ryu Ken tomou um gole de seu café e riu suavemente. "Bem, há tanto problemas quanto mudanças."
Fiquei inquieta. "Como assim?"
"Seu irmão precisa passar por um transplante de coração o mais rápido possível. Infelizmente, perdemos o período ideal para a cirurgia desde que sua condição foi diagnosticada," ele explicou.
O medo me dominou. "Perdemos o período ideal? O que isso significa para as chances de ele conseguir o transplante no futuro?"
"Ainda é possível, mas qualquer atraso aumenta os riscos," disse Ryu Ken gravemente. "O sucesso da cirurgia também depende de quem a realiza. Conheço alguém altamente qualificado nesse procedimento. Se ele se envolver, a taxa de recuperação do seu irmão pode chegar a 90%. No entanto..."
Meu coração, já em pânico, encontrou um vislumbre de esperança. "No entanto, o quê?"
"Ele não é um médico praticante. É um empresário que não pratica medicina há muitos anos," Ryu Ken admitiu relutantemente.
O raio de esperança que acabara de se acender se apagou imediatamente. Um empresário, não um médico? Que tipo de ajuda ele poderia oferecer?
Mas, diante da vida de Kyle pendendo na balança, eu não podia me dar ao luxo de descartar qualquer possibilidade. Reunindo uma nova determinação, olhei Ryu Ken nos olhos. "Presidente, poderia me dar o contato dele? Eu preciso falar com ele."
Um sorriso passou pelo rosto de Ryu Ken, embora ele parecesse conflituoso. Depois de um momento de hesitação, ele me entregou um cartão de visitas. "Aqui estão as informações dele. Mas, por favor, não mencione que fui eu quem a indicou."
Agradecida, peguei o cartão, segurando-o como se fosse minha tábua de salvação. "Muito obrigada, Presidente. Não vou esquecer sua gentileza."