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6__Negociações

Amélia estava parada desajeitadamente na porta, boquiaberta olhando para ele.

Marc tirou o olhar do lençol branco e brilhante colado no rosto dela e desceu até os gigantescos chinelos de coelho fofos nos pés dela.

"Calçado interessante," ele murmurou.

Ela se sobressaltou. "O que você está fazendo aqui?!"

Ela o encarou com olhos dourados horrorizados e Marc franziu os lábios com determinação. "Vim para continuar as negociações."

"Negociações..." Amélia zombou, incrédula. "Você está no meu apartamento! Para continuar sua piada fraca e sem graça?!"

Ele passou por ela e ela congelou em choque, olhando para o corredor vazio.

Ela se virou para vê-lo sentar em uma poltrona. "Com licença?!" Sentindo a pressão arterial subir, ela fechou a porta e correu até ele. E se os repórteres o vissem ali e ela aparecesse em um tabloide?!

Marc fez uma careta e colocou a mão nas costelas, lembrando Amélia de que ele estava ferido.

Ela cruzou os braços, recusando-se a sentir pena do homem audacioso em sua cadeira. "Eu gostaria que você fosse embora. Agora."

Levantando a mão, ele apontou para a outra cadeira. "Sente-se. Precisamos conversar."

"Você não pode me dizer o que fazer."

Ele franziu os lábios impacientemente e Amélia ficou chocada por ele ser o que mostrava impaciência. Antes que ela pudesse mandá-lo embora, seu telefone vibrou em sua mão.

Olhando para o identificador de chamadas, ela atendeu e colocou o telefone no ouvido. "Alô."

"Leah!" disse Ahmed. "Espero não estar muito atrasado. Acabei de descobrir que a administração foi forçada a dar seu endereço para aquele paciente rico e rude com quem você estava lidando e estou preocupado que ele possa aparecer aí. Você está bem?"

Ela rangeu os dentes, olhando para o homem que estava orgulhosamente sentado em sua cadeira, seu terno cinza parecia mais caro do que todo o seu apartamento. Seu cabelo preto estava repartido cuidadosamente para o lado enquanto ele a observava com uma expressão estoica. "Ah, não se preocupe, melhor amigo," ela murmurou. "Eu vou lidar com ele!"

Furiosa, ela desligou a chamada e lançou um olhar feroz para Marc Aryan. "Olha aqui, você!"

Ele piscou para ela. Sua análise lhe dizia que ela estava tentando ser intimidante. Com a máscara fantasmagórica lentamente derretendo em seu rosto, aqueles shorts rosa frufru e os enormes chinelos de coelho rosa nos pés, sua tentativa era um fracasso fácil. Ele a observava com interesse.

"Já tive o suficiente de tudo isso," ela rosnou. "Você não vai ficar aqui mais um minuto!"

"Vou ficar mais dez," ele respondeu friamente. "Sente-se, por favor."

"Não! Vá embora."

Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos para que ela pudesse olhar em seus olhos. "Olha, sou um homem ocupado, Dra. Parker. Já perdi tempo demais aqui."

Ela assentiu. "Concordo, senhor. Ir embora seria uma boa ideia. Você não deixou Jamie sozinho no hospital, deixou? Na condição dele—"

"Eu o tirei de lá."

Amélia engasgou. "O quê... o quê?!"

Sua boca estava escancarada e ele assentiu enquanto se levantava, aproximando-se para estudar curiosamente a máscara caindo do rosto dela. "Eu não tive escolha. Ele está em casa agora, mas as coisas não estão boas."

Ela o encarava horrorizada quando ele de repente arrancou a máscara do rosto dela e a segurou com dois dedos. "O que é isso?"

Amélia arrancou a máscara de volta, furiosa. "Leve Jamie de volta ao hospital agora mesmo!"

"Eu não posso," ele disse, balançando a cabeça. "O Dr. Kruger confirmou que ele pode se recuperar em casa a partir de agora."

"Estar no hospital garantiria uma recuperação mais rápida," ela argumentou, balançando a máscara no rosto dele. "E ainda precisamos monitorar essa recuperação."

"É por isso que preciso que você se case comigo."

Ela o encarou. "Diga isso mais uma vez e eu perco a cabeça, cara. Leve Jamie de volta ao hospital."

"Ele não está seguro lá!!"

Ela se sobressaltou. "P-por que... por que não?"

Foi a primeira vez que ele não falou com sua voz fria e calma e ela sentiu arrepios percorrerem sua pele enquanto a voz alta dele ecoava pelo apartamento. Sua carranca escura só piorava a situação.

Ele soltou um suspiro para se acalmar. "Preciso garantir que James não se machuque novamente. Preciso que você esteja com ele enquanto faço isso."

Ela cruzou os braços. "E isso requer casamento? Você desenvolveu algum sentimento bizarro por mim?"

Ele inclinou a cabeça. "Sentimentos?"

"Amor," ela cuspiu secamente. "Você está apaixonado por mim?"

"Claro que não. Isso é a coisa mais ridícula que já ouvi."

Amélia zombou, olhando para ele profundamente ofendida. Era ridículo amá-la?!

Ele estreitou os olhos. "Eu te ofendi."

"Sim, peça desculpas."

"Prefiro não, só falei a verdade. Não sinto tais emoções absurdas por você, só quero contratá-la. Você será bem paga, claro."

Ela sorriu tão brilhantemente que suas bochechas bem cuidadas brilharam. Marc quase foi enganado, mas então ele percebeu o brilho sarcástico em seus olhos. "Não sei se você notou, mas eu estava me matando de trabalhar no hospital, não estava? Eu já tenho um emprego!"

Ele estudou a postura dela, os braços cruzados, as pernas uma na frente da outra e o olhar salgado que ela lhe dava. Até os chinelos de coelho dela o encaravam.

Um suspiro trêmulo esvaziou seus pulmões enquanto ele tentava se controlar. Ela estava tão defensiva que nem tinha ouvido tudo o que ele tinha a dizer. "Dois milhões de libras."

A mandíbula dela caiu.

Marc franziu a testa. "O que você diz?"

"O quê..." Ela piscou. "B-bem, isso é... isso é absurdo!"

Ele suspirou. "Ok. Cinco milhões."

Amélia guinchou. "Bem, você é mesmo feito de dinheiro, não é?!"

"Aceite," ele disse gentilmente, se aproximando. "Por favor, Dra. Parker."

Ela o encarou enquanto o silêncio na sala se aprofundava. Os olhos verdes dele estudavam seu rosto com sinceridade e faziam suas bochechas esquentarem. Engolindo em seco, Amélia se virou. "O-olha, Clark Kent! Eu não... eu não estou à venda!"

Deus, cinco milhões era muito.

"Eu não quero comprá-la," ele disse. "Só contratar. Por quatro meses. Além de James, eu também preciso de um... disfarce."

Ela endureceu o coração contra a tentação cruel da riqueza. Cinco milhões de libras. Amélia fechou os olhos. Não valia a pena. A morte de sua mãe não valia cinco milhões de libras.

Ela olhou para ele. "Não. Vá embora."

Ela marchou até a porta e a segurou aberta. Ele franziu a testa. "Certamente não... Você quer mais dinheiro?"

Os olhos dourados de Amélia se tornaram mel escuro enquanto a raiva a preenchia. "Não é sobre o dinheiro!"

Ele franziu a testa. "Claro que é. Diga-me quanto você quer."

Ela gemeu, resistindo à vontade de arrancar os cabelos. "Apenas vá embora. Por favor."

De repente, a carranca dele escureceu. Era uma carranca de desagrado desta vez e Amélia engoliu em seco. "Você é terrivelmente teimosa," ele murmurou.

Ela não disse nada, olhando para ele. Ele parecia zangado com ela agora e ela começou a avaliá-lo. Enorme. Essa foi sua conclusão.

A tensão entre eles cresceu e o olhar zangado dele ficou mais pesado. O telefone de Amélia vibrou. Ela atendeu a chamada em velocidade relâmpago. Ele não poderia machucá-la se ela pudesse pedir ajuda imediatamente.

"A-alô?" ela disse enquanto se encaravam.

"Alô?" disse uma voz chorosa. "Leah? É a Sra. Annie."

Amélia piscou. "Sra. Annie? O que aconteceu? Meu pai resolveu tudo?"

A senhora chorou no telefone, fazendo Amélia estremecer.

"Eu sinto muito, Leah! É tudo culpa minha!"

Franzindo a testa, Amélia olhou para a tela do telefone por um segundo. "Espere, o que aconteceu? Onde está meu pai? Coloque-o no telefone."

"Seu pai foi preso, querida," chorou a Sra. Annie.

Os olhos de Amélia se arregalaram. "O quê... o quê?! Meu pai foi preso? De novo?! Por quê?! O que aconteceu?!"

"É tudo culpa minha!"

"Merda!" amaldiçoou Amélia, correndo escada acima antes de parar e correr de volta. Marc Aryan ainda estava lá.

Ela apontou para ele. "Quanto a você, nossa conversa acabou. Por favor, saia!"

Ela desapareceu escada acima novamente, deixando-o na sala de estar.

Suspirando de alívio pela oportunidade que acabara de se apresentar, Marc sentou-se novamente na poltrona dela e pegou o telefone para fazer uma ligação.

Seu secretário atendeu no primeiro toque.

"Sim, senhor."

"Ezequiel. Você encontrou as informações que eu queria?"

"Sim, senhor."

"Aparentemente, ela tem um pai?"

"Sim, senhor," disse o homem ao telefone. "A equipe de vigilância que contratei acabou de relatar que viram o homem sendo arrastado pela polícia, gritando feito louco."

"Mm. Mãe?"

"Os registros só dizem que ela está falecida. Não há mais nenhuma informação."

Marc olhou para as escadas com olhos verdes calculistas. O pai dela era um criminoso? Isso não era bom. Não importava, ele ainda precisava dela, não havia mais tempo.

"Ezequiel. Ligue para Arson e diga para resolver isso. Mas... só com uma condição."

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