.2. Você está aqui para me divertir.
Como prometido, Kaiden chegou à casa do Alfa dentro de quinze minutos após o término da ligação. A Omega de aparência estranha continuou seguindo Zane até que ele teve que gritar bem na cara dela para que ela fosse embora. Que audácia. Ao contrário de outros líderes de matilha, o pai de Zane valoriza muito a privacidade da família; portanto, eles não vivem em uma mansão enorme para toda a matilha. Eles têm uma mansão, mas é apenas para a família do Alfa. Alguns Omegas, servos e empregados ocasionais vivem em uma casa de hóspedes, não muito longe da casa da família.
Outros membros da matilha vivem em casas separadas, com seus familiares. Quem quiser sair de suas residências precisa falar com o Alfa e obter sua aprovação, o mesmo vale para casais que querem construir suas próprias casas. Em outras palavras, o sistema da matilha era para que todos tivessem sua privacidade e evitassem discussões/brigas desnecessárias entre os membros da matilha, cada movimento estritamente supervisionado pelo líder.
Depois de tomar café da manhã com os pais, Zane sentiu vontade de fugir, simplesmente desistir de tudo e virar as costas para a matilha e os pais. Por que você perguntaria? Essa é uma pergunta fácil de responder.
Ele não é do tipo que justifica suas ações, mas às vezes é demais.
As reclamações sobre assumir essa grande responsabilidade, precisar de um companheiro ao seu lado e qualquer outra coisa que sua mãe queira reclamar. Todos os problemas com as fronteiras jogados nos ombros de Zane parecem ser demais.
Às vezes, Zane não consegue evitar, mas pensa como seria fácil desistir. Às vezes, ele se pergunta como seria sua vida se tivesse nascido em uma família de membros regulares da matilha ou de guerreiros. Claro, ainda haveria um pouco de responsabilidade, mas não tanto quanto agora. Zane deveria questionar sua capacidade de liderar quando é constantemente lembrado de que ele nasceu para se tornar um líder?
"Terra para Zane, você está ouvindo?" ele se assustou com a mão do melhor amigo em seu ombro. Esta não é a primeira vez que Kaiden pega Zane desprevenido, especialmente nas últimas semanas.
"Sim, estou ouvindo, o que você estava dizendo?" Depois que as palavras saem dos lábios de Zane, ele instantaneamente sente a necessidade de se dar um tapa na testa por ser tão idiota. Claro que ele não estava ouvindo, e para piorar, ele não sabe mentir. Droga.
Kaiden riu e revirou os olhos, a mesma ação de sempre que ele faz sempre que Zane não está ouvindo.
"Está tudo bem, cara, não é como se eu tivesse dito algo importante. Só algumas perguntas sobre ontem e Ashley," o sorriso em seu rosto cresceu visivelmente maior depois que o nome daquela loba foi dito em voz alta.
"Deixa pra lá, meus pais não devem saber dos detalhes," Zane rosnou irritado. Seu melhor amigo era o melhor homem que Zane já conhecera, mas ele tinha uma boca um pouco grande demais para um homem.
"Seus pais estão bem cientes de onde você anda. Como foi a festa?" A Luna falou, sorrindo para seu filho.
Claro, ela não estava empolgada com os hábitos dele de frequentar todas as festas, mas ela também queria que seu filho aproveitasse um pouco de liberdade.
"Foi boa," Zane falou entre dentes cerrados. Quem, em sã consciência, gostaria de contar aos pais com quem transou na noite passada? Um pouco exagerado, não é?
"Espero que você tenha usado preservativos. Não quero que meu filho se torne pai tão jovem. Eu posso viver com você enfiando seu pau em um triturador, tanto faz, mas se você engravidar uma vadia, estamos acabados. Lembre-se de que sua companheira está por aí, em algum lugar. Por favor, não me decepcione, nem a ela. Bem, possivelmente ele." O pai de Zane riu. Ele vinha provocando seu filho obviamente heterossexual há anos, lembrando-o da possibilidade de encontrar um companheiro masculino.
"Papai, pare com isso. Eu não engravidei ninguém. Bastante impressionante da minha parte, não é? Agora, com licença, temos que ir para a escola," Zane se levantou e foi para seu quarto, deixando seu melhor amigo para trás.
No caminho para o andar de cima, a mesma Omega esbarrou acidentalmente nele. Ela perdeu o equilíbrio e cobriu o rosto com as palmas das mãos, pronta para cair. Mas ela não caiu - um par de braços fortes envolveu sua cintura e a segurou. Por um momento, ela congelou de medo. A jovem rapidamente voltou a si e saiu do abraço dele. Ela se ajoelhou, implorando pelo perdão de Zane. Embora o acidente não fosse intencional, ninguém tinha o direito de tocar em alguém da família do Alfa.
"Junte-se a mim esta noite, e eu posso perdoar sua falta de jeito," Zane sorriu.
"Eu- eu o quê? O que você quer dizer, senhor?" A Omega tremia de medo, com a cabeça baixa.
"No quarto de hóspedes. Vamos nos divertir um pouco, e você estará livre. Eu não me importo se você desistir do seu trabalho também - o que for melhor para você," ele deu de ombros, ciente de sua vitória sobre a loba inferior.
"Com licença? Então eu tenho que escolher entre vender meu corpo ou perder meu emprego simplesmente porque tropecei no momento errado?" A mulher endireitou sua postura com raiva. Sim, ela pode ser uma Omega, mas isso não significa que os lobos servos não tenham decência alguma.
"Então, o que você escolhe? Estou bastante ocupado, como você deve saber - não tenho tempo para essa besteira," nos olhos da mulher, Zane era o homem mais cruel que existia. Ele a tratava como lixo, mesmo que ela tentasse ser útil em qualquer circunstância. Ela precisava do emprego, mas depois que Zane lhe deu a chance de escolher, ela sabia qual seria a decisão.
"Eu preciso deste emprego, senhor, preciso muito," ela tentou argumentar antes de tomar uma decisão espontânea.
"Eu pareço me importar? Você está aqui para meu entretenimento, não deixe essa ideia sair da sua cabeça," Zane piscou, sem perceber o quanto a Omega queria socar aquele sorriso do rosto dele.
"Obrigada, senhor, eu vou indo," a mulher se curvou e se virou, pronta para sair. Zane agarrou seu braço e a puxou de volta.
"Às 10 da noite, em ponto," ele sussurrou no ouvido dela. As palavras não soaram como um convite, mais como um desafio para ela não se atrasar.
"Você me entendeu mal; eu não vou me juntar a você esta noite. Estou pedindo demissão," ela sorriu e puxou o braço de volta.
"Hah, eu sabia - você está com medo," Zane tentou zombar dela, profundamente ofendido pela Omega. Nenhuma mulher havia dito não para ele, e essa insignificante acabou de fazer isso.
"Senhor, é preciso muita coragem para dizer não. Ainda mais para dizer não a um futuro Alfa. Eu posso ser uma simples Omega; posso precisar do emprego e do dinheiro mais do que outros. Mas, de forma alguma, estou vendendo o pouco de respeito próprio que tenho em mim. O emprego é temporário; sou mais do que capaz de encontrar um novo. Bom dia, senhor," a mulher sorriu, ela estava de frente para Zane, mas seus olhos nunca encontraram os dele.
Ela o deixou ali parado. Zane quis se dar um tapa quando a mulher desapareceu de sua vista. Se ela decidir descer e reclamar sobre seu comportamento, Zane acabará enterrado em problemas depois que seus pais souberem. Ele decidiu lidar com as consequências mais tarde, correndo para seu quarto para pegar qualquer coisa necessária para a escola.
Quando Zane desceu novamente, foi recebido com uma visão surpreendente. Sua mãe estava chorando no colo de seu pai.
"Mãe? O que aconteceu?" Zane se aproximou deles cautelosamente. Como um Alfa, ele sabia como seu pai poderia reagir quando sua companheira estava chateada, sem mencionar qualquer um se aproximando deles.
"E-ela p-pediu demissão," a Luna falou entre soluços, escondendo o rosto no peito do Alfa.
"O quê?" Zane levantou uma sobrancelha.
"Camilla, a jovem Omega que trabalhava aqui. Ela está passando por um momento difícil financeiramente, então oferecemos o emprego aqui. Os pais dela morreram na semana passada, e o único parente vivo é a avó dela, que infelizmente está muito doente. Eu não entendo o que aconteceu; ela estava tão feliz em trabalhar aqui. A mãe de Camilla era uma amiga próxima da nossa família; por isso, sua mãe está desolada. Ela não aceitará nosso dinheiro se não o ganhar," o Alfa suspirou.
Um sentimento de arrependimento atingiu Zane. Por causa de suas ações, não só a Omega perdeu sua única fonte de renda, mas sua mãe acabou em lágrimas.
Ele afastou o sentimento e olhou para seu pai.
"Ela vai se virar. Omegas sempre encontram algo para fazer - é para isso que eles fazem parte da matilha," Zane soou insensível.
"Você não está pronto para se tornar um Alfa, eu vejo. Um dia você entenderá que um líder cuida de todos, não importa quão fracos ou fortes eles sejam. Alfas têm muitas responsabilidades, e sua atitude de 'não dou a mínima' não fará de você um grande líder, filho. Prepare-se, Kaiden está esperando por você no carro. Tenha um bom dia e pense no que eu acabei de dizer," o Alfa se levantou e carregou sua companheira para o andar de cima, Zane podia ouvir sua mãe chorando mesmo depois de sair de casa. Ele entrou no banco do motorista e encostou a testa no volante.
"O que houve, cara? Por que sua mãe está chorando?" Kaiden parecia preocupado, seus olhos procurando qualquer emoção no rosto de Zane.
"Merda de Omega estúpida. Não é importante, vamos!" Zane rosnou e ligou o motor do carro, acelerando em direção à escola.
Eles não conversaram muito durante a viagem de carro, mas Kaiden conseguiu levantar o ânimo de Zane. Por um tempo, Zane não conseguia entender por que a Omega não deu aos seus pais uma razão para sua saída. Por que ela não dedurou? Ela poderia ter dito que foi culpa dele, mas não o fez.
Quando Zane estacionou perto da escola, seus olhos captaram a mesma garota Omega. Ela estava perto da entrada; suas bochechas manchadas de lágrimas, a mulher ofegava como se tivesse corrido dez milhas antes de chegar ali.
Zane quase sentiu pena dela - quase.
Um homem se aproximou dela e envolveu seus braços ao redor da cintura dela; a mulher instantaneamente buscou conforto no estranho.
Isso deixou Zane furioso - como ela ousa desafiá-LO apenas para se prostituir com outros? Que audácia!
Zane saiu do carro, dando passos longos e irritados em direção a eles. Ele estava a quase três metros de distância, ainda não notado pela Omega e pelo homem, quando alguém segurou o braço de Zane.