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Uma aventura

Ser um valentão no século 21 não é nada impressionante, mas era disso que Elaine estava sendo acusada. Os trolls, o ódio e os artigos cheios de mentiras destruíram sua carreira. Em apenas cinco horas, seu sucesso arduamente conquistado desmoronou, anos de trabalho dedicado desperdiçados num piscar de olhos.

"Meu Deus, isso não pode estar acontecendo." Rolando pelos artigos e andando de um lado para o outro em seu escritório, Elaine exclamou em choque. "Como isso pode ser?"

"Senhora, a notícia está se espalhando como fogo. Estamos lutando para contê-la," relatou sua secretária ao lado.

Elaine grunhiu alto, suas mãos agarrando o cabelo em frustração. Como de repente a mídia estava divulgando notícias falsas sobre ela? As massas que antes a adoravam agora a bombardeavam com ódio, trollando-a sem parar.

Valentona? Opressora? Essas eram as acusações segundo os artigos online. Eles a pintavam como uma grande valentona que empurrou sua irmã, Ria, à beira do suicídio.

"Me diga, Beth." Ela se virou para sua secretária. "Eu não fui tão dura com a Ria, fui? Quero dizer, eu não fiz o que essas pessoas estão me acusando e só estava tentando fazer com que ela melhorasse, certo?"

"Você foi mal interpretada, Srta. Rock. T...também há mais um artigo."

"Ruim?"

"Pior."

Elaine sentiu seu coração batendo forte no peito enquanto Beth se aproximava dela, um iPad na mão. Beth parou diante dela, estendendo o iPad. Ela não queria olhar, sabia que era uma má notícia que provavelmente a quebraria, mas quando o iPad se acomodou em suas mãos trêmulas, seus olhos caíram sobre ele, o título do artigo de notícias fazendo suas pernas tremerem.

"I...isso não é verdade?" Ela murmurou, balançando a cabeça em negação. "Jimmy não faria isso comigo."

"A fonte é confiável."

Elaine suspirou. Jimmy, seu namorado de dois anos, estava se casando e ela só estava descobrindo isso nas notícias. Ele estava se casando, mas não com ela, ele estava a deixando como todas as outras pessoas, no momento mais crítico de sua vida.

"Beth, me diga que isso é um pesadelo. Jimmy me ama, ele mesmo me disse. Ele disse que não poderia viver sem mim."

Com dedos trêmulos, ela discou o número dele, colocando o telefone no ouvido, seus saltos clicando no chão nervosamente. Quatro toques depois, ele atendeu com uma voz rouca.

"O que você quer agora?" Sua voz profunda e áspera soou do outro lado da linha.

"Jim... Jimmy, a notícia. Sobre você... o que estão dizendo?" Ela começou.

"Que tal falarmos sobre os rumores a seu respeito?"

"Jim, os rumores não são verdadeiros. Você me conhece melhor do que ninguém, amor. E eu também não acredito nesses rumores sobre você se casar. Você não faria isso comigo... não quando eu mais preciso de você. Por favor, me ajude, Jim, eu preciso de você. Minha empresa está em jogo, me ajude."

Ele era o único que ela sabia que poderia ajudá-la. Ele era sua única esperança. Nunca antes, em seus dois anos de namoro, ela havia pedido um favor tão grande. Elaine era independente e orgulhosa, mas sua empresa, o império que ela construiu do zero, estava à beira da ruína.

"Acho que é hora de você parar de ligar, Srta. Rock. Minha noiva não gosta que outras mulheres me liguem ou mandem mensagens."

Elaine riu em descrença. "Você está brincando, né? Jimmy, esse não é momento para piadas. Estou falando sério."

"Estou falando muito sério, Elaine. Se você acha que estou brincando, o problema é seu. Para sua informação, os artigos estão corretos. Vou me casar em uma semana. Você pode ir se quiser. Confira as notícias direito se estiver por fora."

Seus olhos se encheram de lágrimas.

"Jim, mas nós... estamos namorando."

Uma risada cruel ecoou do outro lado da linha, sua respiração ofegante.

"Namorando? Não seja tão iludida. O que tivemos foi um caso, nada mais. Eu estava apenas passando o tempo com você, mas você não vale mais a pena. Pare de ligar a partir de agora."

Ouvindo o som de desligamento da chamada por Jim, Elaine deixou suas mãos caírem desanimadas, o telefone caindo no chão.

Naquele momento, os rumores empalideceram em comparação com a dor que ela sentia pela traição de Jimmy. Ele não pode estar falando sério. Ele era Jim, seu próprio namorado. Ele era seu amor de infância, o único homem que havia conquistado seu coração apesar de inúmeros outros pretendentes. Eles estavam apaixonados, não estavam?

Ela não pode perder Jimmy. Eles tinham tantos sonhos juntos. Ele era sua vida.

De repente, sua respiração ficou curta. Seu peito apertou enquanto ela lutava para respirar. Onde estava seu inalador?

Beth correu para a mesa de Elaine, procurando freneticamente nas gavetas pelos inaladores que mantinham à mão, mas sem sucesso. Era um fato conhecido que sua chefe era asmática, então geralmente estocavam inaladores, mas apesar de procurar em todos os lugares, ela não conseguiu encontrar nenhum.

Ignorando o clamor de seu corpo por ar, Elaine pegou sua bolsa e fugiu do escritório. Ela pelo menos precisava de um fechamento com Jimmy. Ela precisava vê-lo desesperadamente.

"Senhora, você não pode sair agora." Beth a segurou.

"Por quê? Ji... Jim, ele."

"Os repórteres estão lá fora. As pessoas estão lá fora. Você não quer enfrentar a ira deles, por favor, não saia."

"Eu não me importo."

Dizendo isso, ela empurrou todos para o lado, seus pés a levando para fora do prédio. Só quando algo duro colidiu com sua cabeça ela percebeu seu grave erro.

Ela ficou parada no chão, mãos trêmulas enquanto alcançavam sua testa, voltando pegajosas com gemas de ovo. No chão estava uma casca de ovo. Sua respiração cessou, pernas tremendo, mãos trêmulas enquanto os repórteres a cercavam, jogando mais ovos, espalhando-se por todas as partes de seu corpo.

"Uma assassina como você não merece nada de bom."

"Valentões não merecem viver."

"Assassina."

"Ela tentou fazer sua irmã cometer suicídio."

"Ela não merece nada de bom nesta vida."

As palavras deles a atingiam como facas afiadas, cada palavra perfurando seu núcleo, a tontura tomando conta de seu ser a ponto de ela não conseguir proteger seu rosto de ser atingido pelos ovos pegajosos.

Quando estava prestes a ceder à escuridão que ameaçava engoli-la, sua respiração cortou, e os abusos cessaram. Uma sombra escura a cobriu, envolvendo-a em um cobertor grosso da cabeça até abaixo dos joelhos, mãos fortes a segurando firme.

Quem era?

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