Capítulo 7
Apesar do olhar de advertência da rainha, que agora virou a cabeça completamente na direção deles, Eli começou a conduzir a princesa pela pista de dança. O sorriso no rosto de Kit fazia tudo valer a pena, mesmo que ele fosse levar uma bronca da rainha mais tarde — ou talvez até uma surra de verdade. Ela já havia ameaçado isso antes.
"Isso sim é mais parecido com o que eu queria," Kit disse ao seu ouvido enquanto ele a segurava perto. "Nenhum daqueles outros cavalheiros sabe como dançar."
"Nenhum deles?" ele perguntou, respirando o aroma quente de mel e lavanda, um cheiro que ele associava a Kit há muito tempo.
"Nem um único." Ela olhou para os olhos dele, e ele viu um brilho ali. Por um momento, ela parecia mais à vontade do que ele conseguia se lembrar, certamente desde antes do anúncio do seu Proem. Mas então, como se os pensamentos sobre a cerimônia também enchessem sua mente, a faísca que estava ali desapareceu, e ela descansou a cabeça no ombro dele, agarrando-se a ele mais do que apenas se movendo ao ritmo da música.
"Kit, você ainda está preocupada, não está?" ele perguntou, com a voz baixa. Os violinos haviam assumido a melodia, que era leve e arejada, mas a disposição da princesa começava a afetá-lo, e ele já não se sentia tão alegre quanto um momento atrás, quando a provocava sobre não ter tempo para dançar.
Ela virou a cabeça de modo que sua respiração caísse no pescoço dele, e ele sentiu um aperto no abdômen inferior, algo que ele teve que ignorar. "Eu não sei," ela disse baixinho. Ela levantou a cabeça então, de modo que ele estava novamente olhando em seus olhos azuis. "Você ouviu, não ouviu? Sobre a mudança?"
"Sim, claro. Todos os homens que se voluntariaram já foram inspecionados pelo médico e preparados para o que acontecerá amanhã."
As sobrancelhas dela se juntaram brevemente. "Você não... quer dizer..."
"Kit, você sabe que não podemos discutir isso de jeito nenhum. Mas eu te asseguro, todos os membros da sua guarda sabem exatamente o que vai acontecer amanhã."
Ela mordeu o lábio inferior em consternação, e ele imaginou que ela ainda estava ponderando se ele havia se voluntariado ou não. Seus lábios estavam um pouco mais escuros do que o normal, provavelmente por causa do vinho que ela estava bebendo, e ele fez de tudo para não se inclinar para frente e lembrar do gosto da boca dela.
Kit olhou para longe, e a música continuou tocando. Ele conhecia essa de cor, tendo ouvido em todos os bailes que já havia frequentado — como membro da guarda, é claro. Sua família não era nobre, pelo menos não mais, e ele nunca havia sido um convidado. Seus olhos voltaram para a rainha, e embora ela parecesse estar falando com a Duquesa Zora, ele ainda podia sentir seu olhar pesado.
"Eli," Kit disse antes mesmo de virar o rosto de volta para ele. "Você acha que será melhor assim?"
"Sim, claro." A resposta saiu rapidamente, antes mesmo que ele tivesse tempo de ponderar, porque era assim que ele havia ensaiado o dia todo. Na verdade, era assim que ele pretendia responder a qualquer uma das perguntas dela sobre o Proem. Não porque ele acreditasse que sua resposta era verdadeira ou correta, mas porque não havia como escapar do evento, então ele poderia muito bem tentar tranquilizá-la, se possível.
"Você realmente acha isso?" ela perguntou, inclinando o queixo para frente e estudando-o por um momento, não se deixando enganar pela resposta rápida dele. "Você não acha que..." Kit olhou ao redor como se não tivesse certeza se alguém poderia ouvir. Ela pigarreou e, justo quando a música estava prestes a terminar, parou de dançar. "Posso falar com você lá fora por um momento?"
Imediatamente, os olhos de Eli se voltaram para a rainha. Ele já havia recebido mais de um aviso rigoroso para ficar fora da situação e evitar a princesa a todo custo, e ainda assim parecia não conseguir fazer isso. Agora, enquanto olhos escuros perfuravam seu crânio, ele voltou seu olhar para olhos mais civilizados, embora Kit também estivesse preocupada. "Seus convidados vão sentir sua falta."
Ela já estava andando, empurrando-o pela pista de dança, em direção a uma das varandas. Por causa das decorações ornamentadas, as portas eram difíceis de ver. Correntes de tecido azul e dourado pendiam do teto, obscurecendo as saídas, e grandes arranjos de flores alinhavam a pista de dança. Mas Kit sabia exatamente para onde estava indo, e em vez de lutar contra ela, ele se virou e caminhou com ela, seu braço superior sendo envolvido o máximo possível pela pequena mão dela.
A porta era pesada, então ele a ajudou a abrir, e então ambos deslizaram para fora antes de serem notados por qualquer pessoa, exceto pelos poucos guardas que observavam a princesa como falcões. "Kit, eu realmente não acho que isso seja uma boa ideia."
Ela já estava na beirada, no entanto, olhando para o jardim de rosas de sua mãe. O céu noturno estava iluminado com mil diamantes cintilantes, e o ar fresco da primavera encheu seus pulmões enquanto ele a observava. A luz do luar pousava em seu cabelo, iluminando as bordas, e filtrava-se para irradiar de sua pele alva. Naquele momento, ela era um anjo de cabelos escuros, uma criatura graciosa da noite, e ele não queria nada mais do que implorar para que ela deixasse tudo isso para trás e fugisse com ele.
Mas ele não podia fazer isso. Outras obrigações vieram à mente. Sua mãe, sua irmã, suas famílias. O bom nome de seu pai, embora manchado, era capaz de ser ressuscitado, e quando ela se virou para olhá-lo, ele foi lembrado de que era do melhor interesse dela ficar ali, seguir com as cerimônias como haviam sido planejadas para ela.
"Você acha," ela começou novamente, sua voz suave e etérea, "que eu serei capaz de andar entre minha própria guarda, sabendo que um deles foi íntimo comigo?"
Suas palavras eram curtas e cortantes, como se fosse doloroso para ela pronunciá-las em voz alta. "Eu acho que você será capaz de fazer como sempre fez, minha Princesa. Não é intimidade, lembra? O guarda que cumprir seu dever amanhã será uma ferramenta do médico, simplesmente ocupando seu lugar porque o senhor mais velho não é capaz de realizar a cerimônia sozinho. Tenho certeza de que quem quer que seja selecionado se sentirá honrado e não pensará em você de maneira diferente do que sempre pensou. É nosso maior privilégio servi-la da maneira que formos chamados, Princesa Katrinetta."
Ele viu seu rosto relaxar um pouco, mas sabia que ela só ficaria calma por um momento antes que todas as suas preocupações voltassem, e não havia nada que ele pudesse fazer a respeito.