Read with BonusRead with Bonus

Capítulo 3

Em qualquer outra circunstância, eu teria adorado, mas não queria atenção naquela noite e desejava que eles cuidassem de seus próprios assuntos. Passei mais tempo recusando convites para dançar do que procurando pelo Sr. Rasta.

Enquanto eu procurava na multidão, senti um arrepio que fez os pelos da nuca se levantarem. Olhei ao redor, ignorando o cara que estava me encarando.

Do outro lado da pista de dança, havia um homem que parecia tão deslocado que me surpreendi por não tê-lo notado antes. Esse homem parecia mais à vontade em um Country Club, não em uma boate.

Ele tinha cabelo loiro e olhos azuis, usava calças escuras, uma camisa branca e uma gravata preta. Se ele não fosse caucasiano, pareceria um seguidor da Nação do Islã. Eu adivinhei que ele tinha por volta de trinta e poucos anos, e ele era incrivelmente pálido. Sua pele era quase translúcida, então eu sabia que ele tinha que ser um vampiro como eu.

"Ei, irmã, para onde você vai?"

Ignorei o cara que estava me encarando e atravessei a sala. Pela primeira vez, senti medo. Era evidente que aquele homem pálido estava com os olhos fixos em mim.

"Quem é você?" perguntei quando estava a dois pés dele.

Ele acenou levemente com a cabeça em forma de cumprimento. "Meu nome não é importante. Você sabe o que eu sou. Esperávamos que você voltasse aqui."

"Nós?"

"Sim. Você tem muitas perguntas. Eu tenho respostas. Se você me seguir?"

Ah, eu tinha perguntas, mas não ia simplesmente seguir o cara. Foi isso que me colocou nessa confusão em primeiro lugar.

"Olha, eu preciso de algumas respostas, mas não vou a lugar nenhum. Podemos conversar aqui?"

"Está barulhento aqui e lotado. Há muito que você precisa entender..."

Contra meu melhor julgamento, eu o segui para fora. Quando cruzei o limiar do clube, alguém agarrou meu braço.

"Irmã, o que está acontecendo? Como você vai sair com—"

O cara que estava me encarando caiu de joelhos, meu acompanhante vampiro torcendo seu pulso em um ângulo estranho até que ele se quebrou. Eu nem tinha visto o vampiro se mover ao meu lado.

"Vamos," disse o vampiro.

Eu o segui em choque até chegarmos ao meu carro. "Você dirige. Eu te direi para onde ir."

"Você pode, por favor, me dizer seu nome?" perguntei.

Ele olhou para mim. "William."

"William. Quem é esse 'nós' que está me procurando?"

"O Conselho."

"Que Conselho?"

"O Conselho dos Neratomay, é claro. Por favor, a hora está avançada e há muito a discutir."

Destravei as portas e nós dois entramos.

William me fez dirigir sem me dizer o destino. Estávamos indo para Indian Hills? Norwood? Para onde? Fizemos muitas curvas e desvios, e eu não tinha ideia de como encontraria o caminho de volta. Fiz perguntas a William, mas tudo o que consegui foi seu nome, patente e número de série.

Depois de cerca de uma hora dirigindo, notei que não estávamos mais em Ohio, mas em algum lugar de Indiana. Chegamos a uma casa enorme. Quando saímos do carro, parei por um momento para olhar e senti um estranho pressentimento. Coloquei minha bolsa debaixo do assento, as chaves no bolso e então fiquei ao lado do homem silencioso.

"William, não sei sobre isso..."

"O Conselho está esperando," ele disse, e então se dirigiu à casa.

A porta se abriu antes que William batesse. Ele devia saber que isso aconteceria, pois continuou andando como se não corresse o risco de quebrar o nariz. Eu o segui, procurando por perigo.

"Siga-me," ele disse, como se eu tivesse outra escolha.

O hall de entrada parecia algo saído de um filme, com seu lustre de cristal e pisos de mármore. Alguém era mais do que rico. Isso era riqueza antiga. William abriu um conjunto de portas que levava a uma sala elegantemente decorada em tons de joias. Ele se encaixava perfeitamente ali. Mas eu, toda de preto, me sentia totalmente deslocada.

Ele caminhou até uma parede de livros e pressionou uma das prateleiras. A parede inteira se abriu para dentro. Eu segurei um suspiro. Muito James Bond ou Ferrovia Subterrânea - eu não tinha certeza de qual.

Ele se virou para mim, oferecendo-me a mão para me ajudar a entrar nessa nova sala. Hesitei antes de pegar sua mão. Não gostei da sensação de sua pele. Era fria e seca. Parecia a mão de um morto. Me perguntei se minha mão também sentiria assim.

A nova sala em que entramos era escura, mas eu não tive problema em enxergar.

O chão era de pedra. William me conduziu por um conjunto de escadas de pedra, avisando-me para ter cuidado. Eu estava prestes a desistir disso. Não gostava de porões, especialmente em casas de vampiros.

"William—"

"Shh."

Fechei a boca.

Os três homens e três mulheres pararam de falar quando William e eu entramos. Dois dos homens e duas das mulheres eram brancos pálidos. Se eu os tivesse visto andando pelas ruas, certamente os teria notado. A outra mulher era asiática, delicada, mas deslumbrante. Sua pele não era pálida, mas ela poderia ter usado um pouco de "bronzeado em lata". O outro homem era negro, e por um momento pensei que estava olhando para Omar Epps. Minha boca se abriu antes de perceber que não era ele. Caramba. O irmão tinha uma tez chocolate que não precisava de nenhum realce.

"Ela voltou para o clube," disse William.

"A maioria deles volta," disse uma mulher. Ela e seu vestido esvoaçante pareciam algo saído da mitologia grega.

Sinos de alarme soaram loucamente na minha cabeça. Eles estavam falando sobre mim como se eu não estivesse ali. E pior, eu nem sabia onde estava. Droga, eu estava completamente à mercê deles.

Tentei engolir, mas minha boca estava seca. "Eu... eu não entendo o que está acontecendo."

"Você não tem memórias do seu senhor?" perguntou a mulher asiática.

Balancei a cabeça. "Meu o quê?"

Previous ChapterNext Chapter