Só um beijo
Alguns dias depois
Deitado de lado, Alaric passou a mão pelo corpo nu de Drusilla. Após incontáveis horas de sexo agressivo, ele ainda se sentia extremamente irritado.
Ela olhou para ele e sorriu de canto, “Aquela humana está te dando uma surra.”
Ele resmungou e revirou os olhos, “Eu não sei do que diabos você está falando.”
Sentando-se, ela inclinou a cabeça, “O que você fez, Alaric?”
“EU NÃO FIZ NADA! ELA ME MANDOU À MERDA!”
Drusilla tentou conter uma risada, “Olha, eu realmente não quero ser esse tipo de pessoa que começa a ter conversas íntimas, porque honestamente esse não é o nosso relacionamento, mas está claro que você precisa de uma perspectiva feminina, então vamos acabar logo com isso.”
Alaric revirou os olhos, “Nossa, obrigado.” Ignorando o sarcasmo dele, Drusilla o incentivou a continuar. “O babuíno do marido dela a espancou, e enquanto eu a curava, percebi que ela era estéril.”
“E como sempre, você disse algo, não foi?”
Alaric resmungou, “Eu não quis dizer da forma como soou, mas com base no que ela escreveu no livro, tenho certeza de que magoei os sentimentos dela.” Colocando a mão no queixo, Drusilla assentiu em compreensão. “Não ajudou o fato de Raien ter feito ela escrever sobre nós transando.”
“Você e ela?”
“Não, eu e você.”
Drusilla esfregou a testa. “Você percebe que ela gosta de você, certo? Eu provavelmente também teria mandado você à merda.”
Alaric a encarou, “Eu não dou a mínima para o que a Pequena Humana gosta, eu só quero que ela pare de dificultar tanto o meu trabalho.”
Drusilla apoiou a cabeça na mão. “Espera, estou confusa. Como ela está dificultando? Você não pode protegê-la das sombras? Não é como se você precisasse falar com ela para protegê-la, certo?” Alaric não respondeu.
Após um momento de silêncio, ele estendeu as presas, “Que tal irmos mais uma vez?”
Eva batia a caneta contra o bloco de notas enquanto ouvia Tamera e alguns outros falarem sobre as vendas de seu livro.
“Nós realmente achamos que este novo livro será o renascimento que você precisa,” alguém disse. Ela queria gritar que não estava escrevendo o livro, mas em vez disso, apenas assentiu.
“Além disso, aquele modelo, ele definitivamente vai testar bem com nosso público feminino, até mesmo com os homens.”
“Ele pode testar meu pé no rabo dele!”
As palavras saíram rápido demais, Eva não conseguiu segurá-las. Dando a todos ao redor um olhar apologético, ela se desculpou e foi ao banheiro. Lá dentro, ela passou água fria no rosto, depois olhou no espelho e suspirou. Ela realmente odiava o fato de que, nos últimos dias, Alaric ainda conseguia invadir seus pensamentos. “Ughhh!” Ela gritou, batendo o pé. “Pare de pensar nele!”
“Pensando em quem?” A voz de Alaric chamou atrás dela, fazendo-a pular. Rápida, ela se virou.
“Mark.” Ela viu os olhos dele brilharem em vermelho, e ela mexeu no anel. “Mas é claro, eu nunca agiria sobre esses pensamentos porque sou uma mulher fiel.”
Alaric deu um passo em direção a ela, e ela se encostou na pia, a figura dele a dominando. “Fiel... exatamente o que um homem procura em uma esposa.” Ela sentiu a pele arrepiar. Ele esfregou o lado do braço dela. “Você tem certeza de que era aquele humano em quem você estava pensando, Eva?”
Eva podia ver o toque de diversão nos olhos dele, ele estava brincando com ela. A questão era que Alaric não era o único que sabia jogar. Encostando o corpo no dele, ela sentiu ele se enrijecer. “E se eu estivesse falando de outra pessoa? O que ele faria a respeito?”
Ela passou as mãos pelo lado de fora do casaco dele, e ele revirou os olhos para ela. “Bom jogo, Pequena Humana,” ele disse, recuando.
Ela revirou os olhos, “Achei que finalmente tinha me livrado de você.”
Alaric a olhou com irritação, “Por que você insiste em dificultar meu trabalho mais do que precisa?”
Ela o encarou com raiva, “Porque você é um idiota e eu não preciso de mais um desses.”
Ele sorriu de canto, “Talvez se você tivesse um melhor, conseguiria relaxar.”
Os lábios dela se entreabriram levemente, antes de ela passar por ele, fazendo-o suspirar.
Por que diabos ela me irrita tanto?
Ele tinha vindo para fazer as pazes, mas ao vê-la agitada por causa de algum cara, imediatamente se sentiu irritado. Incapaz de deixar passar, ele a provocou mais uma vez. Desaparecendo, Alaric decidiu naquele momento que talvez a ideia de Drusilla de ficar nas sombras fosse a melhor opção para eles.
Eva tentou ao máximo continuar seu trabalho, mas seus nervos estavam à flor da pele. Ela fez o possível para ignorar a tensão óbvia entre ela e Alaric, mas isso só piorou as coisas. Ao ouvir o telefone tocar, ela encontrou alívio no fato de poder concentrar seus esforços em outra coisa.
“Eva!” A voz feliz de Mark soou do outro lado da linha.
“Oi, Mark!” Ela respondeu com a mesma animação, realmente empolgada em ouvi-lo.
Nos últimos dias, eles estavam trabalhando diligentemente para preparar a sessão de autógrafos do livro dela. Nunca mais dando em cima dela, eles de alguma forma estabeleceram uma amizade. “Eu estava ligando porque minha cunhada queria uma tripla verificação para garantir que a sessão de autógrafos estava confirmada.” Ele suspirou, “Antes que você diga qualquer coisa, eu sei que ela é uma chata.”
Eva riu com vontade, “Eu vejo isso como uma mulher que se importa tanto com o negócio dela que quer garantir que tudo saia conforme o planejado.”
Depois de ouvir Mark rir, os dois conversaram um pouco mais. Ao desligar o telefone, Eva se sentiu mais enérgica e animada com sua nova perspectiva. Ainda assim, ela estava lutando ao máximo para ignorar o chamado do livro de Alaric. Ela não queria nada com ele, mas o livro parecia ter vida própria. Levantando-se, ela caminhou até sua estante e tentou se ocupar. Esfregando a testa, ela caminhou em direção à janela. O livro parecia bater como um tambor da dum da dum da dum até que finalmente, irritada, Eva o puxou. Sua mão tremia enquanto pegava a caneta, querendo muito evitar o que estava por vir. Caneta no papel, ela a deixou cair e respirou fundo, saindo do escritório.
Alaric estava nas sombras do escritório dela, sua curiosidade intrigada com o que ela poderia ter escrito. Ao vê-la retornar, ele estalou os dedos fazendo a caneta voar para a mão dela. Eva olhou ao redor do escritório. “Alaric?” Ela sussurrou.
Ele não tinha notado antes, mas a maneira como ela dizia seu nome era única. A pronúncia forte de cada letra na ponta da língua era algo que atingia seus ouvidos de uma maneira que ele, admitidamente, não odiava. Sem responder, ele a observou enquanto ela respirava fundo novamente, antes de permitir que o livro tomasse conta. Ele sentiu seu corpo se mover das sombras em direção a ela.
Eva o encarou, olhos arregalados, enquanto ele se aproximava. "O quê-” ela começou, mas ele a silenciou.
“O que você escreveu no livro?”
Olhando para baixo, ele leu, e um sorriso surgiu em seus lábios.
Alaric se inclinou para sua prometida e inalou seu perfume. Deixando-a nervosa com todas as coisas não ditas, ele passou a mão pela parte de trás do cabelo dela. Lábios próximos aos lábios, ele falou silenciosamente. “Eu tenho desejado fazer isso há algum tempo.” Nenhuma outra palavra precisava ser dita, enquanto ele devorava seus lábios com os dele.
O pânico tomou conta dos olhos de Eva, “Eu não-”
Alaric a silenciou novamente. Ele gostava de sentir o nervosismo dela, enquanto se inclinava para ela. Lábios nos lábios, ele sorriu quando a respiração dela ficou presa na garganta. Passando as mãos pela parte de trás do cabelo dela, ele sussurrou, “Você ouviu o livro, Pequena Humana,” logo antes de tomar seus lábios.