Algo Perverso

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Nada mais, nada menos

Eva acenou com a cabeça freneticamente, as ameaças do homem a aterrorizavam. Em um sussurro baixo, ele falou: “Siga-me.”

Quando o corpo dele parecia desaparecer, ela ficou deitada na cama. Com as mãos trêmulas, ela não tinha ideia do que fazer. Virando-se, ela tocou seu marido.

“Charles,” ela sussurrou. Ele resmungou alto em seu sono antes de se afastar. Ela foi tocá-lo novamente, mas sua voz áspera parou sua mão.

“Acorde-me de novo, Eva, e eu vou te machucar pra valer.” Eva teve que pesar suas opções, arriscar outra surra ou ser assassinada por um lunático em sua casa. Olhos avermelhados perfuraram a escuridão, paralisando-a. Sem dizer mais nada, ela saiu do quarto.

Respirando fundo, Eva saiu do quarto vendo a luz se espalhando do escritório de sua casa. Silenciosamente, ela se aproximou do cômodo. Ao entrar, viu o homem encostado em sua mesa. Ele a olhou curiosamente. “Que diabos você está vestindo?”

Foi só naquele momento que ela percebeu que ainda estava usando a roupa fluorescente que Charles escolheu. Aquilo apagava toda a sua cor, fazendo-a parecer mais velha do que era. Eva se sentiu insegura, envergonhada na frente do estranho. Cobriu o corpo, enquanto ele revirava os olhos.

“Deixe-me adivinhar, ele escolheu essa monstruosidade?” Estalando os dedos, Eva olhou para baixo e viu que sua roupa havia mudado. Não era mais rosa fluorescente, mas seda branca contra seu corpo. O tecido suave acariciava seus mamilos, endurecendo-os involuntariamente. Ele levantou a sobrancelha. “Bem, isso saiu pela culatra. Eu estava tentando te colocar em algo menos chamativo, mas seu corpo não quer colaborar.” Ela rapidamente cobriu o peito, suas bochechas coradas.

“O-o que você quer?” Ela disse tentando soar zangada.

O homem riu. “Ou você é louca, ou deve achar que está sonhando. A maioria dos humanos surtaria se encontrasse um ser mágico.”

“E-eu acho que não sou a maioria dos humanos então.” Sua ousadia o pegou de surpresa temporariamente, fazendo um sorriso surgir em seus lábios.

“Não... Acho que você não é, talvez seja por isso que te escolheram para ser minha esposa.”

Os olhos de Eva se arregalaram. “O quê-” Os olhos cor de avelã dele dançavam de diversão com a reação dela. “Eu já sou casada,” ela disse finalmente.

“Sim, e é claro que você tem um gosto muito ruim.”

Eva fez uma careta. Quanto ele tinha visto? Ela mexeu no anel em seu dedo. “E-ele nem sempre foi assim.” O homem revirou os olhos.

“Tenho certeza de que não foi. Olha, eu só estou aqui porque você tem algo meu.” Eva deu um passo para trás e ele riu.

“Não se ache tanto. Confie em mim, eu não estou interessado.”

Sua declaração, embora reconfortante em alguns níveis, ainda doeu. Ela não queria olhar para ele, mas não conseguia evitar. Ele realmente parecia familiar. Ela o observou mexer nos objetos em sua mesa. Seu rosto endureceu quando ele se virou para ela novamente.

“Onde está meu livro, Eva?”

Ela não gostou da maneira como ele disse seu nome. Soava duro. Maligno, mas sensual ao mesmo tempo. A boca de Eva se abriu, os olhos penetrantes cor de avelã dele rasgando seu âmago.

“Alaric,” ela disse em um sussurro, ele sorriu diabolicamente para ela.

Caminhando em sua direção, seu longo casaco preto balançava ao lado, fazendo Eva ficar temporariamente atordoada. Parado na frente dela, ele a dominava, seu sorriso não alcançando os olhos.

“Muito bem. Agora, onde diabos está meu livro?” Eva engoliu em seco, antes de apontar um dedo trêmulo em direção à sua bolsa. Inclinando-se para frente, Alaric sussurrou em seu ouvido, seu hálito fazendo cócegas e a fazendo estremecer. “Obrigado.” Pegando a bolsa, ele a virou de cabeça para baixo, seu livro caindo no chão. Alaric se abaixou e o pegou, imediatamente sentindo a queimadura em sua mão. “MERDA!” Ele gritou, soltando-o. Seus olhos ficaram vermelhos enquanto ele olhava para Eva.

“O que diabos você fez?”

“EU NÃO FIZ NADA!” Ela gritou de volta em terror.

“Venha aqui e pegue-o.” Com as pernas como gelatina, Eva caminhou e pegou o livro.

“Abra-o,” ela fez o que lhe foi mandado, ficando em silêncio enquanto Alaric folheava as páginas. Ela havia escrito mais, e enquanto ele lia sua última inserção, sentiu sua raiva transbordar.

O que Alaric não percebeu foi que ao tomar o sangue dela em sua boca, ele os vinculou. Selando seus sangues juntos, ele se comprometeu a proteger sua nova esposa. Ele agora pertencia a ela tanto quanto ela a ele. Ele não seria capaz de recuperar seu livro, pois agora, assim como ele, pertencia a ela.

“Você, sua pequena-” Ele bufou.

Segurando Eva pelo pescoço, ele a levantou do chão. Ela não lutou, apenas fechou os olhos, o que o confundiu. Puxando-a para mais perto, ele notou os hematomas ao redor do pescoço e dos ombros dela. Seus olhos se arregalaram ao olhar para o rosto dela e ver seus olhos. Uma única lágrima caiu e ela os fechou novamente. Alaric respirou fundo e a soltou.

“Não escreva mais no meu livro. Não importa qual inclinação você possa ter. Entendeu?” Ela acenou lentamente.

“Eu voltarei.” Eva observou em silêncio enquanto Alaric, sem dizer mais nada, desaparecia na noite.


Alguns dias depois

Olhando para a pequena cicatriz em seu dedo indicador, a mente de Eva vagava por todos os lugares. Ela queria muito convencer a si mesma de que tudo foi um sonho. Que Alaric não estava em seu quarto, que ele não tinha bebido um pouco de seu sangue ou quase a matado. Ela queria culpar o estresse, mas o livro sob seus dedos a forçava a encarar a realidade.

“Não escreva mais no meu livro. Não importa qual inclinação você possa ter. Entendeu?”

Era tudo o que ela queria fazer. O livro a chamava como uma sereia na noite, sua cabeça cheia de tantos pensamentos de coisas que pertenciam às suas páginas. Coisas detalhando o assassinato de seu marido humano por Alaric, e da noite em que ele finalmente reivindicou seu corpo como dele repetidamente enquanto ela gritava de puro êxtase. Seu rosto corou enquanto ela tentava se concentrar novamente em seu monitor. Não importava o quanto ela lutasse contra os pensamentos, eles continuavam a invadir sua mente. O jeito que ele cheirava, seus olhos... seus lábios. Eva estava aterrorizada e excitada por ele ao mesmo tempo.

“Isso é estúpido.” Ela murmurou frustrada, batendo a cabeça na mesa.

“Eu chamo isso de estar com tesão.” Uma voz rouca encheu seus ouvidos.

Ela não queria olhar para cima. Ele já a havia envergonhado na outra noite, e ela não precisava de um lembrete.

“Eu não escrevi no livro.” Ela murmurou através das mãos.

“Eu sei, e não é por isso que estou aqui. Se você se lembra, eu disse que voltaria.”

“Pensei que você quis dizer isso como quando um cara diz que vai ligar, mas você secretamente sabe que ele não vai.” Ela ouviu uma risada profunda e finalmente olhou para o rosto dele. Ainda endurecido, ainda com aparência zangada... ainda extremamente atraente. Cruzando as pernas, ela o olhou com desdém. “O que você quer agora? Me estrangular de novo?”

Ele pigarreou, “Não, e nunca mais farei isso.” Ele olhou para ela, e ela acenou em compreensão ao que não foi dito. “De qualquer forma, nos encontramos em um dilema. Você tem meu livro, e desde que bebi seu sangue, estou ligado a você e não posso recuperá-lo.”

Eva revirou os olhos. “Tenho certeza de que não sou a única pessoa cujo sangue você já bebeu.”

“Não, mas você é a única que está prometida a mim. Considere isso um benefício adicional das merdas torcidas que meu pai gosta de fazer para me ver sofrer.”

“Por que ele quer que você sofra?” Alaric franziu os lábios. “Não é da sua conta. Quero deixar algo claro, Eva.” Ele se inclinou para frente, seus olhos cor de avelã perfurando-a. “Eu não estou interessado em te tomar como esposa, mas cumprirei meu voto de proteção sobre você, começando com aquele pedaço de merda do seu marido.”

Eva mexeu no anel em seu dedo, “O que você quer dizer com cuidar dele?”

“Você sabe exatamente o que quero dizer. Vou até fazer uma exceção e deixar você escrever isso no livro.”

Eva sentiu seu coração parar. Por anos ela desejou que algo acontecesse com Charles para que ela finalmente se livrasse dele. Ele a havia quebrado mentalmente, fisicamente e emocionalmente a ponto de ela cortar quase todos para evitar a vergonha. Era mais fácil do que admitir o quanto ela havia caído daquela mulher forte que um dia conheceu. No entanto, ela não conseguia se forçar a causar a morte dele, não quando sabia que a culpa a consumiria.

“Eu não quero que ele morra,” ela disse baixinho.

Alaric soltou vapor pelo nariz, “Mas você não tem problema se você morrer?”

Desta vez, ela franziu os lábios e olhou para a mesa, “Você realmente teria me matado na outra noite?”

“Sim,” as palavras a rasgaram. Sua atitude indiferente sobre tirar sua vida solidificou o que ele havia dito antes.

“Então por que não fez?”

“Porque eu jurei te proteger e estou preso à minha palavra. Nada mais, nada menos. Humana, você realmente está em um caminho sem volta.” De pé, Alaric olhou para Eva, cujos olhos continuavam a encarar a mesa, “Escreva no livro quando criar coragem.”

Ela o olhou com raiva, “Você está me chamando de fraca?”

Alaric bufou, seu rosto se contorcendo de desgosto, “Estou te chamando exatamente do que você me mostrou.”

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