




A tarefa
*Nota do Autor: Este livro ainda não foi editado.
Alaric olhou para o sol, cobrindo seus olhos cor de avelã. Estava cedo e quente, duas coisas que ele odiava mais do que qualquer outra. Dando uma longa tragada no cigarro antes de jogá-lo no chão, ele curvou os lábios em desgosto com a ideia da reunião que se aproximava. Se ele havia sido convocado por Raien, havia apenas uma razão: ele finalmente receberia sua missão. O zumbido rápido da praça da cidade parecia intensificar sua ressaca, e ele esfregou a testa tentando ao máximo aliviar a tensão.
"Festejando a noite toda de novo?"
Ele se virou e sorriu maliciosamente para Raien. "Adicione um pouco de fornicação a isso e você praticamente resumiu minha noite." Raien suspirou e olhou para ele, fazendo Alaric sorrir ainda mais. "Não me olhe assim, Raien. Você faz o que quer quando cai em desgraça com o papai."
"E isso não te incomoda nem um pouco? Seu irmão pode não estar em sua graça, mas pelo menos ele ainda deu a ele o Inferno para reinar."
Alaric o dispensou com um gesto. "Por que estou aqui?" Virando Alaric, Raien apontou seu dedo longo para uma mulher.
Alaric a avaliou, decidindo que ela era bonita. O sol beijava sua pele bronzeada enquanto ela atravessava rapidamente a praça. Ele gostou do jeito que ela cortou o cabelo, mesmo que ela constantemente mexesse nele. Seus lábios cheios continham apenas um brilho claro, nada exagerado, mas ainda assim muito atraente.
"Raien... por mais que eu aprecie você escolher meu almoço, sou muito capaz de selecionar minhas próprias refeições."
"Sempre com o sarcasmo, né? Bem, ria disso, essa é sua nova missão."
Alaric olhou para a mulher, observando-a se abaixar para dar troco a um homem sem-teto. "Eca... ela é uma boazinha, não estou interessado."
Raien o encarou. "Você não tem escolha. Quer suas asas de volta, você vai ajudá-la."
Alaric bufou alto. Desde que seu pai cortou suas asas, ele estava na Terra esperando por sua missão. Ainda assim, ele estava irritado, a boa moça à sua frente não era exatamente o que ele procurava quando fez sua promessa para ser poupado. Ele passou os dedos pelo cabelo.
"Por que tem que ser ela?"
"Porque foi a ela que você prometeu proteger, ou esqueceu disso também? Uma promessa de proteger a criança cujos pais morreram por suas mãos."
As costas de Alaric se enrijeceram enquanto seus olhos continuavam a perfurar a mulher. "Você tem certeza que é ela?" Seu rosto endureceu. Era o único tópico que ele odiava discutir. A verdadeira razão de seu exílio, o verdadeiro motivo pelo qual ele perdeu suas asas.
"Sim, que ironia você estar prometido a-"
Alaric engasgou com a própria saliva. Raiva e choque trabalharam simultaneamente para criar uma tempestade em seus olhos. "Que porra você acabou de dizer?!"
Raien sabia que isso não seria fácil. "Seu pai não acredita que você manterá sua palavra a menos que seja forçado a isso através de uma conexão."
Alaric fervia, "Eu sou muito capaz de manter minha palavra sem ser FORÇADO a me casar com alguém." Era tão típico de todos eles. Usar o amor como manipulação, mas punir os outros que faziam o mesmo.
Um homem grande e corpulento se aproximou da mulher e colocou sua mão massiva ao redor da cintura dela. O ouro da aliança chamou a atenção de Alaric e seu sorriso malicioso voltou. "Acho que você e o querido papai calcularam mal, a boazinha já está comprometida." Ele disse apontando para o casal.
Ele pode não conhecê-la, mas conhecia as pessoas. Ele sabia que ela não era do tipo que se envolvia com homens já casados. Ele enfiou as mãos no longo casaco de couro e esperou pela resposta de Raien. Em vez de dizer qualquer coisa, Raien acenou com a cabeça em direção a eles novamente. Alaric a observou fazer uma careta antes de tentar se soltar da mão do grande humano. O homem a puxou de volta com força antes de sussurrar algo agressivamente em seu ouvido. O medo delineava seu rosto, e ela mexia no anel em seu dedo enquanto olhava para os sapatos. Alaric sentiu seu sangue ferver e deu um passo à frente, mas Raien colocou a mão em seu peito.
"Calma," murmurou ele enquanto Alaric soltava vapor pelo nariz.
"Desgraçado."
Raien arqueou a sobrancelha. "Por que você se importa?"
Alaric não gostou do que ele estava insinuando. Colocando as mãos de volta no bolso, ele virou as costas para a cena. "Não me importo." Ele disparou para Raien antes de desaparecer na multidão.
Eva tirou o casaco e colocou as mãos na parte inferior das costas. Ela fez uma careta, certa de que Charles havia deixado mais um hematoma. Sentando-se cuidadosamente na cadeira, ela clicou sem rumo pelos e-mails à sua frente. E-mails de fãs e repórteres, todos querendo saber quando seu próximo livro seria lançado. Ela colocou a cabeça na mesa e gemeu alto. O bloqueio criativo estava acabando com ela, e seu trabalho estava sofrendo.
Só preciso de mais uma ideia, então terei dinheiro suficiente para fugir.
Ela olhou para o sol enquanto ele se infiltrava pela janela do escritório. Seus olhos viajaram pelo grande espaço, pousando na estante de livros. Levantando-se, ela caminhou até o móvel e folheou as várias seleções. As capas duras de muitos lentamente devolvendo sua alegria. Eva amava livros mais do que qualquer coisa. Era a razão pela qual ela começou a escrever. Uma maneira de escapar das provações e turbulências de sua vida que, no momento, ela não conseguia fugir na realidade. Foram esses mesmos livros que a ajudaram a lidar quando Charles levantava a mão e a golpeava, o cheiro dessas páginas que acalmava sua alma enquanto ela escondia o lábio machucado. Suas mãos tremiam enquanto tentava tocar seus próprios livros que também estavam na prateleira. Best Sellers, eles os chamavam, e ainda assim ela sentia que não passava de uma mentira. Para muitos, ela era considerada famosa, mas para ela, estava presa. O beija-flor enjaulado havia sido espancado até não poder mais cantar.
Seus dedos trêmulos tocaram o último livro que ela havia escrito. Era o seu favorito. Um romance sombrio sobre um Íncubo que se reencontra com sua esposa, que ele acreditava estar morta. Ela passou os dedos pelas letras gravadas do título, antes de lentamente devolvê-lo à prateleira. "Não posso mais escrever sobre essas coisas." Murmurou para si mesma. Charles havia deixado isso muito claro. Virando-se, ela lentamente voltou para sua mesa, antes de ouvir um livro cair. Com a sobrancelha levantada, ela voltou para a estante e se abaixou para pegar o livro. Ela o estudou com confusão.
"De onde diabos isso veio?"
A capa preta contrastava perfeitamente com a suavidade do homem nela. Seus olhos cor de avelã pareciam perfurá-la, enviando um arrepio pela espinha. Suas mãos segurando uma rosa ensanguentada, contra seu rosto esculpido. Ela nunca tinha visto alguém que parecia tão malvado e sensual ao mesmo tempo. Decidindo que não gostava da sensação que a imagem lhe causava, ela abriu o livro para dar uma olhada. Lendo as primeiras linhas, cada palavra parecia desenhar-se em seus lábios.
Alaric é de longe o filho mais problemático de seu pai. Criado para dominar os céus, suas asas outrora brancas escureceram à medida que sua verdadeira natureza se formava. Ele é conhecido por sua propensão a beber sangue, alimentar-se de energia sexual e participar de formas sádicas de tortura tanto para gratificação sexual quanto para tormento bárbaro. Muitas vezes confundido com seu irmão, ele é, na verdade, o mais velho, o mais poderoso. Sua própria essência é uma mistura de todas as coisas. Angélico, demoníaco, vampírico... não há um rótulo correto para explicar o que ele é, embora para a maioria ele seja simplesmente chamado de... Algo Maligno.