




Capítulo 2
Rei Axe subiu até o topo da montanha. O vento uivava, puxando violentamente suas roupas, a neve até os tornozelos o puxando para baixo. Sem se deixar abater, ele avançou.
Ele precisava chegar ao vidente. Precisava de respostas para acalmar a besta que sempre rugia dentro dele. Lutando dia após dia para combater a loucura. Lentamente, muito lentamente, ela se aproximava dele, séculos de existência.
As vozes sussurrando violência e morte agora rugiam em sua cabeça. Puxando o capuz mais perto da cabeça, ele alcançou a entrada da caverna.
Entrando na escuridão, ele diminuiu os passos e se moveu em direção à porta de madeira desgastada, aninhada contra a pedra da montanha. Antes que pudesse levantar a mão para bater, a porta se abriu.
"Entre, Rei dos Fae", a voz incorpórea falou, baixa e rouca.
Avançando para uma câmara cavernosa, iluminada por uma grande fogueira com suas chamas retorcidas de laranja e verde no meio da sala. Ajustando os olhos, ele conseguiu distinguir uma figura toda de preto.
O vidente saiu das sombras, escolhendo tomar a forma de uma mulher.
"Eu estava esperando por você, Rei Axe", seus olhos negros e fundos olhando diretamente para ele, ele sentiu gelo em sua alma.
"Você busca aquilo que aliviará seu tormento", ela sussurrou.
"Sim, Vidente. Se eu não a encontrar logo, não haverá volta."
A vidente se aproximou, movendo-se tão silenciosamente que parecia flutuar. Ela fez um gesto para que ele se juntasse a ela perto do fogo.
"Aquilo que você busca está no reino dos homens. Na lua cheia, daqui a 7 dias, você deve vinculá-la a você, completar o ritual. Mas, esteja ciente, Rei Axe, há aqueles que a machucariam, pois ela não é quem parece ser."
Olhando profundamente para o fogo, Axe conseguiu distinguir a figura de uma mulher com longos cabelos negros e reconheceu a cidade em que ela estava.
Antes que o Rei Axe pudesse fazer mais perguntas, a luz do fogo se apagou e a sala ficou subitamente vazia.
Piscando, Axe se virou e deixou a câmara, começando sua longa jornada de volta pela montanha. Tentar procurar o vidente novamente não adiantaria.
Ele ponderou durante sua caminhada o que ela quis dizer com "Ela não é quem parece ser."
Como ele poderia mantê-la segura se não sabia o que o aviso significava? Malditos videntes e seus enigmas, ele pensou.
Quando finalmente entrou no pátio do seu castelo, cansado, seu primeiro em comando e melhor amigo, Bailard, avançou debaixo do pavilhão do pátio.
Bailard estava com ele desde a juventude e ele o via mais como um irmão do que o que ele tinha atualmente.
Bailard sempre foi confiável e direto, algo que Axe precisava. "Axe, você a encontrou?"
"Encontrei, precisamos ir ao reino dos homens e trazê-la."
"O reino dos homens?" Bailard perguntou, surpreso.
"Certamente, o vidente está errado e sua companheira não está lá", ele perguntou esperançoso. "O vidente nunca está errado e eu não tenho muito tempo, preciso trazê-la e vinculá-la a mim até a lua cheia ou não haverá salvação para mim."
Ele não mencionou a Bailard o resto do aviso, pois ainda não havia decifrado o enigma.
O Rei Axe podia sentir sua mente escorregando, lutando diariamente com seu fardo.
A besta ameaçando sair. A maldição de sua linhagem de encontrar sua outra metade ou perder sua alma para a besta dentro dele.
Deixando Bailard, o Rei Axe abriu a porta de seu quarto, tirando suas botas, chamou um servo. "Preciso de um banho."
O frio ainda estava penetrando em seu corpo. Depois que a banheira foi cheia e os servos saíram silenciosamente do quarto, Axe baixou seu corpo na água quente e fumegante, sibilando enquanto suas extremidades começavam a ter o sangue circulando novamente.
Pensando na mulher no fogo, ele tinha que descobrir como trazê-la, completar o ritual e mantê-la segura.
Como ela reagiria? Ela o odiaria?
Ele não tinha o luxo de cortejá-la adequadamente, apresentando-a lentamente a quem e o que ele era.
O Rei Fae odiava entrar naquele reino. Lembrava-lhe da maldade e da futilidade da raça humana. Ele havia vivido mais de 2000 anos assistindo à degradação que eles infligiam uns aos outros. Mas, ele não tinha escolha.
O vidente que ele procurou apontou onde ele poderia encontrar a mulher que ele estava procurando.
Ter que esperar tanto tempo para encontrá-la foi uma agonia. Ele nem se importava com a aparência dela. Contanto que ela acalmasse as bordas desgastadas de sua alma.
Para sentir sua metade se tornar inteira. Axe se levantou do banho e se secou. Ele não tinha paciência para enfrentar sua família naquela noite e lidar com sua enxurrada de perguntas.
Ele tinha que começar a planejar como iria trazê-la e como iria completar o ritual em 7 dias.
E o tempo está passando rápido.