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Capítulo 6 - Morte por estresse

À tarde, apesar de sua consciência lhe dizer o contrário, Solene se encorajou a sair de casa. Ela tinha apenas um objetivo em mente: ir à biblioteca e pedir a Dally uma cópia dos registros de ontem.

Ela se lembrou do momento em que viu o homem dentro da biblioteca. Sabia como focar sua busca e eliminar os nomes que eram de estudantes da Universidade. Ela poderia restringir sua busca ao nome dele — qualquer que fosse — e possivelmente tentar rastrear seu endereço.

Quando Solene chegou à biblioteca, havia apenas alguns estudantes à vista, na maioria homens cursando TI. Dally estava em seu balcão habitual, ocupada organizando pilhas de revistas.

"Oi, Dally," Solene cumprimentou, mostrando um sorriso suave.

"Oh, de volta tão cedo?" Dally olhou para ela por trás dos óculos de aro grosso e sorriu de volta.

"Sim, preciso te pedir um favor."

"Qualquer coisa, querida. O que é?"

"Posso ver os registros de visitantes da biblioteca? Acontece que vi um cara ontem que—"

"Não precisa dizer mais nada," Dally interrompeu. Ela deu um sorriso malicioso e puxou uma impressão de sua mesa.

"Aquele homem chamou sua atenção também, né?"

Solene ficou boquiaberta. Abriu a boca para objetar e depois a fechou novamente. Por que ela negaria quando a bibliotecária estava certa? O homem realmente chamou sua atenção, mas definitivamente não da maneira que a velha mulher pensava.

"Eu realmente tive dificuldade em controlar as alunas ontem. Felizmente, aquele homem saiu alguns minutos depois que você foi embora." Dally colocou o papel entre elas e continuou, "Aqui está o relatório de registros recém-impresso do sistema. Eu deveria prendê-lo no livro de registros, mas bem, você pode dar uma olhada primeiro. Tenho certeza de que você adoraria saber o nome dele." Ela piscou para Solene.

Apesar de si mesma, Solene sentiu um rubor tingir suas bochechas. "Uhm, obrigada, Dally. Vou te devolver isso quando terminar."

Para a sala de computadores da biblioteca foi onde Solene foi após sua conversa com Dally. Ela estava localizada no final da biblioteca, ao lado da escada em espiral que levava ao segundo andar.

A sala de computadores era cercada por vidro. Solene ainda podia ver as prateleiras, mesas, cadeiras, livros e estudantes do lado de fora. Com pressa, ela escolheu um computador que estava de frente para a parede de vidro. Ela clicou no servidor da Universidade e procurou os nomes dos visitantes masculinos de ontem um por um. Era uma tarefa crucial e tediosa, sim, mas ela estava disposta a fazer tudo isso só para saber o nome do homem.

Cerca de vinte minutos depois, Solene finalmente conseguiu restringir sua busca a um nome.

Hein Masters

Com um sorriso orgulhoso, ela clicou no servidor público do Departamento de Polícia de Germaine e digitou o nome intrigante.

Ela esperou enquanto o sistema carregava, desviando brevemente sua atenção para a situação do lado de fora da sala de computadores. Estava tudo igual a antes: os alunos de TI em uma mesa longa e duas outras alunas no sofá. No entanto, sua atenção foi rapidamente desviada para uma nova adição na biblioteca.

Era ele. O homem de ontem e o homem de hoje no supermercado.

Hein Masters.

Solene não podia acreditar em sua sorte. Depois de verificar o resultado de sua busca, que consistia em zero, ela rapidamente fechou as janelas do computador e se levantou, com a intenção de abordar o homem e falar com ele, se ele estivesse disposto. Eles estavam na biblioteca, obviamente, e com certeza ele estava lá novamente para ler. Provavelmente não estava aberto a entreter ninguém.

E então um pensamento repentino cruzou sua mente.

'Não, não pode ser,' ela afirmou para si mesma.

Mas a evidência era tão óbvia que ela simplesmente não podia fechar os olhos para isso.

Com um suspiro profundo e um vigor renovado para confrontar o homem, Solene saiu da sala de computadores e foi direto até ele.

"Ei, você está me seguindo?" As palavras saíram de sua boca antes que ela pudesse filtrá-las. Não era realmente uma maneira adequada de dizer olá a um estranho, mas, no entanto, ela o fez. Ele não era basicamente um estranho para ela mais. Ela sabia o nome dele.

Do outro lado da mesa, o homem olhou por cima do livro e deu uma olhada em Solene.

"O que te fez pensar que eu estava te seguindo?"

Solene ficou imóvel quando seus olhos se conectaram. A cor cinza-esverdeada perfurou sua alma e manteve sua realidade refém. De repente, ela se viu não mais na biblioteca, mas em um quarto mais grandioso do que o dela. Ela viu a varanda aberta e, ao lado da balaustrada de mármore, estava um homem vestindo apenas calças. Suas costas nuas para ela.

Uma sensação elétrica percorreu sua pele então. Começou da cabeça até os pés. Era ao mesmo tempo prazerosa e assustadora.

Quando finalmente conseguiu voltar à realidade, aquela mesma sensação permaneceu em seus dedos por alguns segundos antes de desaparecer.

"Eu... te vi na biblioteca ontem," Solene afirmou, colocando aquela experiência estranha no fundo de sua mente. Estava distraindo-a e ela não queria nenhuma distração agora, especialmente quando estava interrogando-o.

Ele levantou uma sobrancelha.

"Depois no supermercado," ela acrescentou.

"E?" ele respondeu, agora fechando o livro.

"E então aqui."

Solene observou enquanto ele colocava o livro encadernado em pele de cordeiro na mesa e se levantava. Com sua altura, ela se sentiu extremamente baixa, o que era um feito em si. Ela tinha um metro e setenta e três centímetros de altura sem usar salto e estava usando sapatos fechados agora com salto de cinco centímetros.

"Esta é uma cidade pequena, amoureux. Certamente você sabe disso," ele disse suavemente.

Por um momento, Solene ficou surpresa. A voz dele soava naturalmente profunda, aveludada, com um leve toque de firmeza. Além disso, ele acabou de usar uma palavra estrangeira. Ainda bem que ela entendeu devido aos seus colegas multiculturais na Universidade. Significava 'querido'. Uma maldita expressão carinhosa. Ela teve que se recompor internamente antes que qualquer inibição indesejada começasse a surgir.

Ela soltou um longo suspiro e começou a dissecar as palavras dele. Ela não sabia o que sentir depois: envergonhada pela possibilidade de que ele estivesse certo? Que era apenas uma mera coincidência que eles se encontraram pela terceira vez? Ou irritada, porque ela sabia que estava certa e que ele estava tentando mentir na cara dela.

Seus olhos se estreitaram como se o estivesse examinando através de um microscópio. Ela não aceitou a razão dele. Era simplesmente muito simples. Discutir com ele seria o melhor curso de ação, mas ela pensou de outra forma. Afinal, ela ainda precisava obter algumas informações dele sobre o incidente desta manhã.

"Por favor, não me chame assim, Sr. Masters," ela afirmou, colocando uma mão na mesa. Ela notou sua sobrancelha se arquear, sem dúvida surpresa por ela saber o nome dele. Brevemente, seu ego se elevou. "E sim, eu sei seu nome. Você é Hein Masters. Você não é um estudante desta Universidade e não é um residente desta cidade. Você pode chamar nosso encontro de coincidência, eu vou aceitar isso, mas em troca, gostaria de te fazer algumas perguntas."

Um sorriso passou pelos lábios dele por um segundo antes de olhar para seu relógio de pulso.

"Você realmente me surpreendeu com suas habilidades de detetive, Srta. St. Fair."

Foi a vez de Solene arquear as sobrancelhas. Ele sabia o nome dela. Isso significava que ela estava certa. Ele a estava seguindo e esse fato reorganizou todas as suas perguntas em um instante.

"Mas, infelizmente para você, eu não tenho tempo para responder suas perguntas," ele acrescentou. "Estou atrasado para um trabalho muito importante."

"Só uma pergunta então. Eu só quero te perguntar sobre aquele incidente no supermercado," Solene insistiu, endireitando a coluna.

O homem soltou um suspiro antes de acenar com a cabeça. "Pergunte."

Um breve sorriso cruzou os lábios dela. Seu charme funcionou.

"Você me viu e meu irmão caindo naquela rachadura no chão. Você por acaso viu algo estranho então? Quero dizer... hum... urhhh..." Agora ela não sabia como explicar sua experiência. Mordeu o lábio, ligeiramente desapontada consigo mesma.

"Você é uma mulher bastante eloquente," ele zombou, sinalizando seu tempo limitado ao olhar para o relógio.

"Só, eu quero saber se você viu ou ouviu algo estranho. Meu irmão e eu deveríamos ter morrido dentro daquela rachadura profunda, mas aqui estou eu agora, nesta biblioteca falando com você e meu irmão seguro com minha mãe," Solene conseguiu dizer.

O homem deu a ela um olhar profundo e significativo antes de responder. "Para te dizer, Srta. St. Fair, sim, eu vi uma rachadura no chão, mas não vi você e seu irmão caírem dentro dela como você afirma."

As sobrancelhas de Solene se franziram. O que ele estava dizendo?

"Eu, por outro lado, vi você com o garoto correndo em direção ao caixa enquanto o tremor acontecia."

"Não, isso é impossível," Solene balançou a cabeça. "Eu não estou imaginando coisas. Eu claramente vi você me olhar quando eu estava caindo. Nossos olhos se encontraram! Você sabe do que estou falando!"

À distância, alguns estudantes fizeram um som de silêncio. Solene se sentiu ligeiramente envergonhada. Ela olhou para Dally primeiro—viu sua carranca—antes de abaixar os olhos para o chão.

O homem soltou um suspiro impaciente. "Eu me preocupo com você. Você deveria se consultar. Transtorno de estresse pós-traumático é comum após um evento como esse."

"Eu estou perfeitamente bem," ela respondeu, lançando-lhe um olhar furioso.

"Então é reconfortante ouvir isso." Ele deu a ela um olhar demorado antes de se virar e encerrar a conversa.

Os ombros de Solene afundaram. Ela colocou uma mão na borda da mesa para se equilibrar enquanto sua cabeça girava. Ela não podia aceitar a resposta dele. Era simplesmente muito... segura. Muito suspeita. O que aconteceu com ela no supermercado foi real. Ela podia sentir isso em seu âmago.

"Esse homem sabe meu nome," ela murmurou para si mesma. "Ele tem me seguido desde ontem também. Se eu estiver certa, acho que ele sabe algo que eu não sei."

Ela examinou as costas do homem enquanto ele saía pela porta da biblioteca.

"Azar o dele, eu pretendo descobrir isso."

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