




6___Antigos rivais
flashback termina
O Presidente a observava de perto, notando o quanto ela estava abalada ao ver o cartão preto. Ele não deixou de perceber a raiva que tomou conta das feições de Braden, fazendo-o parecer mais um goblin do que um herdeiro bonito. Ele havia feito a escolha certa. Agora, ele veria como Erin gastaria esse dinheiro.
“Eu n-não posso aceitar, Presidente. Eu—”
“Erin, é uma ordem,” disse o Presidente, puxando a mão dela para frente e colocando o cartão na palma dela. “É seu último ano, menina. Quero que você pelo menos aproveite. Responsavelmente.”
Erin assentiu entusiasticamente, seu cabelo balançando para cima e para baixo. “Responsavelmente, claro! Sim, senhor!”
Julius riu, dando um tapinha na cabeça dela. “Certo.” Ele olhou para Braden. “Seu pai lhe deu um cartão próprio, não deu?”
Braden forçou um sorriso. “Sim, vovô. Mas não era... um cartão preto.”
Julius assentiu. “Sim, eu sei. Certo, vocês dois vão para a frente agora, o motorista deve estar chegando.”
Erin assentiu, segurando o cartão preto com força nas duas mãos. Ela não podia acreditar. Como o Presidente podia confiar nela com algo tão valioso? E se ela perdesse? Ou danificasse? Ela jogou a bolsa sobre o ombro e correu para fora da mansão, ainda segurando o cartão com as duas mãos.
O Cadillac preto parou na frente da mansão assim que Erin saiu. Ela respirou fundo, olhando para o cartão em sua mão enquanto o motorista saía e abria a porta.
“Bom dia, Erin!”
Erin sorriu para o motorista amigável, apressando-se em direção ao carro. “Bom dia, Jame—”
Um puxão repentino em sua mochila impediu Erin de entrar no carro, fazendo-a recuar. Assustada, ela olhou por cima do ombro, franzindo a testa ao ver Braden, com a mão agarrada em sua mochila.
Empurrando-a para longe da porta aberta do carro, ele lhe deu um olhar amargo. “Você acha que vou deixar você sentar ao meu lado só porque é nosso último ano no ensino médio? Sente-se na frente, ao lado do motorista. Onde você pertence.”
Ignorando a expressão irritada dela, Braden foi para o banco de trás.
“Bom dia, senhor,” cumprimentou James com uma breve reverência. Braden o ignorou, relaxando no assento enquanto James fechava a porta.
Engolindo sua raiva, Erin se forçou a caminhar calmamente até o lado do passageiro e entrar ao lado de James. Estava tudo bem. Melhor assim. James era uma companhia muito melhor de qualquer forma.
Entrando e fechando sua própria porta, James lhe deu uma piscadela e Erin sorriu, balançando a cabeça. Estava tudo bem, Braden Stone era um idiota aos dez anos de idade, e ainda era um idiota aos dezoito.
Os gloriosos edifícios da Academia McClinton Senior se erguiam ao seu redor e Erin os olhava, seus olhos cheios de tudo, menos amor e admiração. Ela odiava esse lugar.
Dentro dos corredores da academia, em seus salões de música, salas de aula e cafeteria luxuosa estavam todas as memórias dos anos horríveis de Erin no ensino médio. Ela cruzou os braços, olhando com desdém para a entrada principal ameaçadora do edifício. O prédio era polido e elegante, vidro e aço brilhando à luz do sol da manhã. Um lugar perfeito para os filhos da elite.
E um inferno para aqueles como ela.
“Erin Moore!!”
O grito interrompeu os pensamentos de Erin, desviando sua atenção dos edifícios e Erin sorriu, acolhendo a voz alta. Quem mais poderia ser?
Calmamente, ela se virou em direção ao campo de futebol e sorriu. Correndo a uma velocidade incrivelmente rápida para seu corpo musculoso, vinha Jackson Pierce, o melhor amigo de infância de Erin.
“Uhuuu!” ele comemorou, deixando cair seu capacete de futebol no chão enquanto corria em direção a ela, seus olhos verde-mar cheios de alegria.
Ela bufou, balançando a cabeça. Ele era barulhento como o inferno, mas ela o amava. Se Erin não tivesse insistido que o Presidente trouxesse Jackson com ela para sua nova escola no ensino fundamental, ela provavelmente não teria sobrevivido à crueldade dos amigos de Braden.
Vendo o brilho nos olhos de Jackson, Erin deu um passo cauteloso para trás, uma mão levantada para detê-lo. “Jackson, não! Nada de tackles! É o primeiro dia, seu idiota!”
Com outro grito alto, ele se jogou em direção a ela e Erin gritou quando Jackson a levantou do chão e a segurou em seus braços, girando em círculos.
“É minha pequena castanha!” ele gritou. “Senti sua falta!”
Erin gemeu de vergonha, olhando ao redor para os olhos que a observavam. “Me coloca no chão antes que eu chute sua bunda!”
Ignorando as ordens, Jackson a abraçou, fazendo barulhos falsos de choro. “Aqueles desgraçados te machucaram?” ele perguntou com pena. “Aqueles malditos Stones te fizeram andar de pônei e bater bolas de golfe o verão todo? Pobrezinha—”
“Larga minha mulher,” disse uma voz feminina irritada, seguida por um tapa forte na cabeça de Jackson.
Sibilando de dor, ele colocou Erin no chão para se virar e encarar a pessoa que o havia batido.
Erin sorriu largo. “Phoebe! Você está atrasada!”
Sua segunda melhor amiga sorriu, abraçando-a de volta. “Tsuh! Quando eu já cheguei cedo para esse inferno?”
Jackson lançou um olhar afiado para Phoebe, esfregando a parte de trás da cabeça. “Sem violência este ano, Phoebe,” ele disse antes de fingir um lábio trêmulo e uma voz chorosa. “Me bate de novo... só mais uma vez... e eu juro, vou começar a revidar.”
Erin suspirou para Jackson. “Você é um atleta, não um estudante de Teatro. Pare com a atuação péssima.”
Phoebe balançou a cabeça em desgosto, seu cabelo preto curto balançando com o movimento. “Ugh, é tão constrangedor.”
Jackson sorriu para ela. “Seu rosto é constrangedor.”
Phoebe levantou uma sobrancelha arqueada. “Isso não foi o que você disse quando quase se apaixonou por mim no décimo ano.”
Erin suspirou. “Vocês podem não—”
“Hã! Quase. Apaixonou. Não aconteceu de verdade e é passado. Eu recuperei meus sentidos rápido o suficiente para ver que você é uma psicopata!”
Phoebe deu um passo à frente com os olhos cinza estreitados. “Diga isso de novo, Jackson.”
Pulando para trás, Jackson cobriu a virilha e o peito. “Fique longe, Chewbacca!”
Os dentes de Phoebe rangeram com o apelido que ela desprezava. “Vou enterrar meu punho na sua cara, Jackson Pierce, se você me chamar assim mais uma vez!”
Jackson sorriu aquele sorriso que era a razão pela qual a maioria das garotas deixava Erin em paz, esperando que ela lhes desse o número dele. Ele piscou para Phoebe. “Ch...ew... ba...cca!”
“Deixe-me quebrar suas pernas e ver se você marca mais touchdowns, seu yeti!” Phoebe rosnou, chutando com um pé de salto e quase acertando a perna de Jackson enquanto ele se esquivava.
Erin segurou o cotovelo de Phoebe, mantendo-a afastada, permitindo espaço suficiente para os dois discutirem, mas não perto o suficiente para Phoebe socar Jackson no olho. Ele precisava de ambos para marcar touchdowns.
Erin sorriu para eles. Ela tinha vindo para cá com Jackson, mas Phoebe eles conheceram na Academia.
Naquele dia na cafeteria, quando Jackson foi ao banheiro e Phoebe se aproximou de Erin, com todo aquele cabelo preto brilhante e olhos cinza felinos, Erin esperava algumas palavras maldosas e desagradáveis saírem da boca da garota. Surpreendentemente, ela só queria saber qual era o nome do cara grande com os olhos verdes.
Claro, Phoebe primeiro se tornou amiga de Erin por causa de Jackson, mas muito rapidamente ela superou sua paixão e voltou sua atenção para o próximo garoto, apenas um de seus muitos interesses amorosos. Sua amizade com Erin, no entanto, permaneceu, enquanto seus sentimentos por Jackson se dissiparam na atual inimizade. Ainda assim, os três permaneceram juntos durante o ensino médio, o que tornou os anos suportáveis o suficiente para Erin ainda sorrir.
A garota mais influente da escola e o jogador mais bonito do time de futebol eram seus melhores amigos. Ninguém iria incomodá-la.
Ninguém, exceto...
O coração de Erin afundou ao vê-los caminhando em sua direção.
O exército de garotos ricos de Braden.
Noah Santinez, Jace Clinton e Chris Michaels. Também conhecidos como: Covarde, Idiota e Bloco de Gelo. O primeiro mal sorria para Erin, querendo ser amigável, mas não querendo ficar do lado ruim de Braden como o covarde que era. O segundo a olhava com desdém, provavelmente preparando todos os insultos que lançaria para impressionar Braden. O terceiro estava inexpressivo como sempre. Erin não achava que já tinha visto Chris sorrir, franzir a testa ou qualquer coisa. Daí seu apelido para ele. Bloco de Gelo.
Erin suspirou quando eles a alcançaram, os olhos de Jace já brilhando de excitação com a ideia de incomodá-la.
Ela endireitou os ombros, abaixando os braços ao lado do corpo.
“Bem, olá,” disse Jace com um sorriso malicioso. “Erin Puta.”