QUATRO
-Indy POV-
Eu me sentia inquieta e olhava ao redor com cuidado. Isso é ruim, né? Devemos nos esconder por algumas semanas, quase um mês, sem ver ninguém. E a Fiona está dizendo que o lugar que ela tinha em mente provavelmente está sendo usado por outra pessoa? O que devemos fazer agora?
E agora, Fi? O que devemos fazer agora?
Fiona está mordendo o polegar, ela sempre faz isso quando está nervosa, e olha para mim com medo nos olhos. Ela não diz nada, e agora parece que eu sou a mãe aqui. Fiona parece muito fria e pequena.
Não podemos ficar aqui, Fiona. Precisamos ir mais longe. Já faz mais ou menos uma hora, e você não consegue sentir o cheiro dele agora, consegue?
Olho para o rosto de Fiona e vejo que ela está em dúvida. Sei que deve ser difícil para ela, ela sente como se eu fosse sua filha e sempre foi muito protetora comigo. Deve ter parecido que ela estava falhando, quando esqueceu de se borrifar e não conseguiu sentir o cheiro dele antes que fosse quase tarde demais. Franzi a testa, pensando nisso. O que foi isso? Os sentidos de Fiona são os mais desenvolvidos comparados a qualquer lobisomem que eu conheço! Por que foi tão difícil para ela sentir esse?
Desculpe, Indy. Mas tenho medo de confiar nos meus sentidos a partir de agora. Mas concordo: devemos caminhar mais. Não sei quem era, mas não podemos ficar aqui. Tenho certeza de que ele pegou meu cheiro, mas ficou confuso por causa do spray e do seu corpo cobrindo meu cheiro. Mas ele está voltando.
Eu aceno com a cabeça. Concordo. Cuidadosamente pego minhas mochilas novamente e ajudo Fiona a se levantar. Tenho que confiar nela, não há muito que eu possa fazer. Aceno para ela, certificando-me de que ela entende que estou pronta. Então começamos a caminhar novamente. Estamos acostumadas a caminhar com cuidado, então isso é um ponto positivo. Percebo que Fiona não está mais andando em linha reta, aposto que ela está tentando espalhar nossos cheiros para confundir a outra pessoa.
Depois de mais ou menos uma hora, paramos em frente a uma grande e maciça parede de rochas. E eu estou confusa.
Um beco sem saída? Sério, Fiona? pergunto, irritada.
Fiona olha para mim e vejo que ela não está gostando do meu humor.
Com cuidado, Indy. Ainda sou sua 'mãe'. Não gosto quando você fala comigo assim, você sabe disso.
Eu abaixo a cabeça, ela está certa. Isso não é nada para mim também. Normalmente sou muito tímida e quieta. Culpo a aventura em que estamos agora.
Me siga.
Um pouco curiosa, observo-a caminhar em direção à grande parede. E de repente ela desaparece. Espera, o quê?
Fiona? ligo para ela mentalmente, confusa.
Ela aparece novamente, com a cabeça ao redor da esquina. Bem, suponho que haja uma, caso contrário, é um pouco estranho ver apenas o rosto dela. Corro até ela, para descobrir que há uma pequena abertura atrás da parede. E Fiona se espremeu por ela. Ótimo, como vou entrar nessa pequena abertura? Olho para o meu corpo e vejo claramente as diferenças entre nós.
Vai ficar tudo bem, Indy. Confie em mim. Me dê suas mochilas.
Eu cerro os dentes, sabendo que não há outra coisa que eu possa fazer. Dou a ela minhas mochilas e tiro minha jaqueta de couro, tentando ficar o menor possível. Abaixo-me de joelhos e me inclino um pouco. Enfio a cabeça e o ombro esquerdo primeiro, e empurro suavemente o resto do meu corpo. Sinto como Fiona está puxando meu braço, tentando me ajudar. Depois de um grande puxão dela, caio de joelhos, do outro lado da parede!
"Consegui!" sussurro, aliviada.
Fiona ri suavemente. "Claro, querida. Eu te disse."
Levanto-me e limpo a sujeira das minhas calças. Começo a olhar ao redor e fico maravilhada com a vista. "É lindo aqui, Fiona!"
Achei que veria apenas uma caverna, mas estava errada. Sim, vejo belas rochas ao meu redor, como uma caverna. Mas estou hipnotizada pela visão à minha frente! Depois de 20 ou 30 metros, vejo uma abertura e a luz do dia está brilhando. Caminho em direção a ela, cuidadosamente. Fiona está me seguindo.
Tenho que cobrir os olhos por um momento, quando entro no 'lado de fora'. Mas quando meus olhos se acostumam, eu os abro. E é ainda mais bonito do que vi alguns segundos atrás, da caverna. Vejo um grande jardim, um pedaço intocado de floresta. Posso sentir que a temperatura é melhor aqui do que do outro lado da parede. A grama, as árvores e as flores já estão crescendo, como se já fosse primavera.
Olho para Fiona, confusa. "Como você encontrou isso? O que é isso?"
Vejo Fiona começar a caminhar pelo jardim, tocando as folhas novas, suavemente. Seus olhos estão brilhando, ela está completamente em seu elemento aqui, como bióloga. "Você se lembra da viagem que fiz no mês passado?" ela me pergunta.
Eu aceno com a cabeça, lembro. Depois das férias, ela precisou de alguns dias para si mesma. E tudo bem, sou uma garota grande. Posso cuidar de mim mesma por alguns dias. Então ela foi fazer trilha e acampar na floresta.
"Bem, caminhei por três dias e dormi em lugares diferentes. Mas um dia, eu estava com frio e fome. Por causa do inverno, era mais difícil encontrar comida. Eu estava preparada para isso, mas perdi minhas pedras de fogo para preparar minha comida. Então decidi usar totalmente meus sentidos e me transformei. O nariz do meu lobo encontrou o cheiro de frutas frescas, mas bati nesta parede. Confusa, como você estava há alguns minutos. Depois de 20 minutos de busca, encontrei este buraco atrás das rochas. Não mudou desde então. É como se sempre fosse primavera aqui. Comi e dormi aqui até estar pronta para partir no dia seguinte. Decidi então e lá, que queria voltar aqui quando fosse a temporada de acasalamento. Então, aqui estamos." Ela dá de ombros.
"Então... nada mudou? Isso é estranho." digo, franzindo as sobrancelhas. "Mas não me importo, para ser honesta. Estou feliz que você encontrou este lugar. Posso facilmente viver aqui por algumas semanas."
Fiona sorri. "Fique à vontade, vou pegar as mochilas. Deixei-as na entrada." e ela começou a voltar.
Sento-me no chão, tiro minhas botas e deixo meus pés doloridos à mostra. Começo a massageá-los novamente, tentando fazer o sangue voltar aos meus pés. Droga, como é que a Fiona faz trilha tão facilmente? Provavelmente deveria me exercitar mais para dar um impulso à minha resistência.
Mas antes que eu pudesse pensar em qualquer outra coisa, ouvi um grito de choque atrás de mim. Pulo e corro em direção a Fiona, descalça. Não me importo. "Fiona!" grito para ela.
Olho para o rosto chocado dela. "Minha bolsa! Minha mochila sumiu!"
Confusa, olho para os pés dela e, de fato: só vejo três bolsas. A bolsa pessoal dela está faltando.
Que diabos?