




3_ Pequena criatura bizarra e indigna.
Kamilla tentou engolir, mas não conseguiu. Sua garganta estava seca como uma pedra ao sol.
Seu olhar permaneceu fixo no homem à sua frente, todos os seus sentidos focados nele. Seus dedos formigavam com um desejo inexplicável de correr para os braços dele.
Ela rangeu os dentes, tentando afastar esse sentimento.
Ele deu um passo à frente e ela engasgou, seu desejo de ir até ele ainda mais forte do que antes.
Ele deu outro passo. Kamilla fechou as mãos em punho. O que era essa energia, esse poder que ele tinha sobre ela?
"Fascinante..." disse ele. Kamilla olhou, mas não viu nada do rosto dele, pois ele estava na sombra. "Uma vampira que pode resistir ao meu poder?"
Ela finalmente conseguiu engolir. As palavras dele eram sensuais, como uma carícia sobre sua pele formigante.
Um passo final o trouxe para a luz.
"Meu Deus..." Kamilla sussurrou, cambaleando para trás. Ele levantou a cabeça e olhou para ela. Seus olhos encontraram um par que estranhamente a lembrava de si mesma. Sua boca se abriu suavemente. O homem à sua frente fazia qualquer pessoa bonita que ela já tivesse visto parecer insignificante. Ele era incrivelmente belo.
Seus olhos brilhavam verdes acima de seu nariz perfeitamente reto. Ele curvou sua boca rosada em um sorriso sardônico enquanto a observava. Ela engasgou. Ele era bonito, mas quando sorria, era devastador. Seu cabelo ondulava até os ombros, grosso e preto como a meia-noite, destacando sua pele lindamente.
Viktor estudou a mulher à sua frente, seu espírito rebelde o instigando a lutar contra a forte atração que sentia por ela, mas ele não conseguia. Ela era absolutamente deslumbrante. Seu cabelo ruivo ondulava até as costas, cobrindo o pescoço dele. Ele a queria mais perto, mas lutou contra isso. Com esforço, ele esboçou um sorriso arrogante.
"Felizmente," ele continuou com seu sorriso diabólico, ignorando sua batalha interna. "Parece que minha aparência ainda tem um grande impacto."
"De fato," concordou Damon.
Kamilla engoliu novamente. Ela não conseguia falar por enquanto. Estranhamente, sentia que precisava reunir energia apenas para falar com o vampiro. O poder dele era tão avassalador que ela não conseguia desviar os olhos dele, a última coisa que precisava era que ele a hipnotizasse.
"Você é Kamilla Drew," ele afirmou. Não era uma pergunta, então Kamilla permaneceu imóvel, reunindo forças após qualquer feitiçaria que ele tivesse feito com ela. "Minha prometida."
Com força ou sem, Kamilla não pôde deixar de rir das palavras dele. Como ele podia sequestrá-la e tão facilmente dizer que ela era sua 'prometida'? Ele achava que ela ainda se casaria com ele?! E por quê? Por causa de um acordo bobo que seus pais vampiros, certamente bêbados de sangue, haviam feito? Era risível.
Ela olhou para o homem à sua frente, considerando toda a sua beleza, seu poder. Droga, ele era o homem mais lindo que ela já tinha visto. Kamilla mordeu o interior da bochecha. Ela tinha que admitir que isso era surpreendente. Ela havia imaginado nada mais do que um velho e malvado vampiro como o rei. Não essa... bela criação.
Ao ouvir sua risada, ela viu a sobrancelha do rei se erguer. "Essa é sua forma de zombaria?" ele perguntou. "Você nega que é minha prometida mesmo quando seus olhos mostram que sua alma se entrelaça com a minha?"
Seus olhos? Os dedos de Kamilla se levantaram involuntariamente e tocaram timidamente os cantos dos olhos.
"Sim, Kamilla," ele disse. "Como vampira, você deveria saber o que significa quando seus olhos mostram—"
"Com licença?" Kamilla disse de repente. Era isso. Ela o deixara falar o suficiente, mas agora estava de volta. Seus pequenos truques de mágica nunca a manteriam calada por muito tempo. "Vampira? Deixe-me lembrá-lo de que eu, sua majestade, não sou uma vampira!"
Seu coração doía com o pensamento. Como podiam esperar que ela simplesmente aceitasse que não era mais totalmente humana e ficasse bem com isso? Fazia apenas dois dias que ela descobrira, pelo amor de Deus!
Kamilla estreitou os olhos para ele, esperando que ele percebesse o doce sarcasmo em seu "Sua majestade".
Ele não respondeu às palavras dela, apenas a olhou como se ela fosse um inseto sob seu sapato.
Seu olhar foi para Damon atrás dela. "O que é isso?" ele exigiu, indicando Kamilla.
Ela engasgou. "Você acabou de...? Eu sou uma pessoa, não 'isso'!"
Droga, mas esses vampiros não tinham modos. Eles a sequestraram e nem sequer ofereceram água para ela beber! Nada, apenas ameaças e insultos. Kamilla não podia acreditar em sua sorte amaldiçoada.
"Uh... uhm," disse Damon rapidamente, avançando para ficar ao lado de Kamilla. "Viktor, ela é—"
"Rude. Insolente!" afirmou Viktor em uma voz afiada e fria. Kamilla não pôde deixar de recuar um pouco.
Ela cerrou a mandíbula silenciosamente. Ele ainda não tinha visto rude ou insolente. Ela estava determinada a sair daquele lugar.
Quando ele se aproximou dela, invadindo seu espaço pessoal, Kamilla recuou ainda mais.
"Você sabe quem eu sou?" veio a pergunta.
Ela olhou para ele com desdém.
"A questão é, eu me importo? Mas se eu tivesse que adivinhar, você provavelmente é a pessoa que me sequestrou e me trancou como um animal."
Animais definitivamente não eram trancados em quartos de castelo tão lindos e cheios de luxo, mas Kamilla estava determinada a ignorar isso.
"Pelo amor de Deus," murmurou Damon para ela. "Você pode calar a boca?"
Viktor estava olhando para Kamilla com irritação evidente, mas se dirigiu a Damon. "E você fala com ela de maneira tão informal, Damon. Por quê? Mesmo que ela seja uma criatura bizarra e indigna, ela continua sendo sua futura rainha."
Os olhos de Kamilla se estreitaram. Bizarra? Indigna? Criatura?!
Damon suspirou. "Sim, Viktor, eu sei. E acredite, eu tentei, mas sua pequena noiva aqui prefere trocar insultos em vez de gentilezas."
Kamilla se virou para ele. "Eu não sou a noiva dele, seu sugador de sangue!"
"Viu isso?" disse Damon, passando a mão frustrada pelo cabelo branco.
Kamilla lentamente se virou de volta para encarar Viktor, olhando para seus olhos brilhantes. Ela cerrou a mandíbula quando seu coração começou a fazer coisas estranhas em seu peito, seu sangue correndo pelo corpo. O que ele estava fazendo com ela?
"Olhe aqui, mulher," ele murmurou. Kamilla prendeu a respiração. O efeito dele sobre ela era tão forte que ela podia sentir um gemido subir pela garganta só pelo jeito que ele a olhava. Ele deu um passo mais perto, deixando apenas alguns centímetros entre seus rostos. "Nem gosto de você, nem tenho que tolerar você. Sua presença aqui é para honrar o juramento de meu pai e do seu pai e só isso. Você pode sentir raiva, medo e todas essas emoções humanas inúteis por ser forçada a ficar, mas não espere que eu me importe ou entenda. Acima de tudo, nunca espere que eu tolere você insultando nossa espécie. Se você não pode aceitar o que você é—"
"O que eu não sou!" Kamilla interrompeu com um olhar fulminante.
A boca de Viktor se curvou em um sorriso tão sedutor que Kamilla teve que morder o interior da bochecha para se segurar.
"Mas, pequena," ele murmurou. "Você é totalmente uma vampira, tão morta quanto eu."
"Metade!" ela argumentou. Ele não jogaria esses jogos mentais com ela. Ela não deixaria. "Minha mãe é humana. Eu sou apenas metade vampira... apenas metade morta. Eu não pertenço aqui, então, por favor... por favor, apenas me deixe ir."
Viktor riu. O som encheu a sala, rico e sensual como vinho tinto escuro. Ele era tão incrivelmente perfeito. Kamilla franziu a testa. Ah, ela o odiaria. Ela o odiaria tanto!
"Metade?" ele perguntou rindo. Com sua risada, seus olhos escureceram. Kamilla observou fascinada enquanto o verde brilhante desaparecia, substituído por um azul tão escuro que parecia que ele tinha joias de safira pura como íris. Ele a olhou e Kamilla estremeceu. Seus olhos escureceram, o mal neles tão frio que ela sentiu até os dedos dos pés.
"Você acha que é metade?" Viktor questionou novamente. Ele se virou para Damon. "Damon, quantos anos tem Demetrius?"
Damon pigarreou. "Trezentos e trinta e cinco anos, Viktor."
Kamilla quase engasgou. Quem tinha quantos anos?!
"Hm," murmurou Viktor com um aceno. "E o Demetrius de trezentos e trinta e cinco anos já foi capaz de desfazer, resistir ou retribuir meu poder?"
Kamilla fez uma careta. "Quem é Demetrius?"
Eles a ignoraram.
"Claro que não, Viktor," disse Damon. "A própria ideia é risível."
Viktor assentiu e voltou seu olhar maligno para Kamilla.
"Você, com vinte e dois anos, ainda não saiu das fraldas, acabou de fazer algo que um vampiro experiente nunca foi capaz de fazer e ainda assim... você acha que é apenas metade?"
Kamilla estremeceu, lutando para manter seu olhar fixo no dele.
"Eu totalmente saí das fraldas!" ela murmurou com raiva, odiando que esse vampiro tivesse tanto poder sobre ela.
Ele sorriu, seus olhos deslizando lentamente sobre o corpo dela, fazendo-a tremer tão fortemente que ele poderia muito bem tê-la tocado. "Eu pretendo confirmar isso. Muito, muito minuciosamente. Até lá, você, minha pequena, não vai a lugar nenhum."
O rosto de Kamilla ficou quente. "O-o que isso quer dizer?"
Viktor inclinou a cabeça para ela, seus olhos azuis zombando. "Oh? Você não sabe? Vou esclarecer. Antes que qualquer um de nós possa resistir a esta..." Ele moveu a mão para frente e para trás entre eles. "...força, este poder que nos atrai um ao outro, isso vai te levar, Kamilla, para a minha cama. Nossos pais acharam necessário para garantir um herdeiro."
Ela engasgou. Com um aceno de cabeça, ela deu um passo para trás. "Nem pensar, sugador de sangue! Eu morro primeiro!"
A boca de Viktor se curvou em um sorriso que fez seus joelhos tremerem.
Kamilla observou, encantada, enquanto os caninos dele se alongavam. Ela observou com total fascinação enquanto sua língua rosada deslizava sobre uma presa afiada e ele lhe dava outro sorriso sedutor.
"Bem, então Kamilla," ele sussurrou. "Vamos ver quanto tempo você resiste."