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2. Cidade Nova e Ele

Marley desceu de um táxi, direcionando seu olhar para uma pequena casa que estava à sua frente. Era pequena, mas parecia aconchegante. Estava pintada de creme e tinha o telhado coberto com telhas vermelhas. Uma grande janela de batente estava posicionada logo abaixo do telhado. A casa era cercada por vigas de metal preto verticais, alinhadas juntas, a poucos centímetros de distância umas das outras. Dentro do limite de metal, havia uma pequena árvore, como uma pequena árvore de Natal, cercada por grama verde. Ao lado desse pequeno gramado, havia um caminho pavimentado que levava do portão preto até uma porta da frente de mogno.

De repente, a porta da frente da casa se abriu revelando uma mulher de meia-idade. Seu cabelo castanho caía até o meio do braço, seus olhos cor de avelã brilhavam sob a luz do sol, e seus lábios rosados se curvavam em um sorriso acolhedor. Ela, sem dúvida, parecia maravilhosa para sua idade.

"Ah, querida, acabei de conversar com sua mãe. Ela me disse que você chegaria em breve. Espero que tenha tido uma viagem confortável." disse ela com um sorriso estampado no rosto.

"Sim, Sra. Sherman. Prazer em conhecê-la." Marley cumprimentou, tentando corresponder ao entusiasmo da senhora, mas falhando miseravelmente.

"Deixe-me ajudar com sua bagagem." Sra. Sherman ofereceu, pegando a mala das mãos de Marley.

Marley nem teve a chance de objetar quando a Sra. Sherman entrou com a bagagem. A jovem se sentiu desconfortável com esse gesto, não queria que um adulto carregasse suas malas pesadas quando ela era perfeitamente capaz de fazê-lo.

Assim que Marley colocou o pé dentro da casa, suas sobrancelhas se levantaram. Ao ver o interior, ela soube instantaneamente que seria um lugar perfeito para ela. Uma pequena mesa cercada por três cadeiras de madeira estava colocada em uma pequena cozinha, complementando perfeitamente o piso de madeira dura. Um sofá verde de dois lugares adornava a sala de estar. Ao lado da cozinha, havia uma escada.

"A casa é pequena, mas perfeita para uma solteira como você. No andar de cima está seu quarto e um banheiro anexo," disse a Sra. Sherman, notando as expressões de Marley.

"É perfeita, melhor do que eu tinha imaginado. Obrigada por confiar sua casa a mim, Sra. Sherman. Farei o meu melhor para cuidar dela." Marley disse ainda olhando ao redor. Ela era uma criança tímida e geralmente evitava usar muitas palavras com pessoas novas. Na maioria das circunstâncias, ela murmuraria um simples obrigado e seguiria em frente, mas ela realmente gostou da casa e queria que a senhora soubesse disso.

"Vou deixá-la se acomodar. Se precisar de algo, passe na minha casa. Eu moro ao lado. Também cozinhei um pouco de comida para você, está na geladeira. Você deve estar cansada da longa viagem."

Marley estava prestes a interrompê-la, quando a Sra. Sherman continuou com um sorriso.

"Eu sei que você é vegetariana, querida. Cozinhei apenas alguns vegetais."

Tudo o que Marley pôde fazer foi agradecê-la, embora se sentisse um pouco culpada por fazê-la passar por tudo isso. Ela era uma senhora muito gentil.

"Você não é de falar muito, né?" Sra. Sherman comentou com um pequeno sorriso.

Marley assentiu timidamente, como era de seu costume.

"Ótimo, agora finalmente terei alguém para ouvir minhas conversas sem sentido." A senhora disse com um grande sorriso no rosto. Marley respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso. Embora não estivesse falando muito, já se sentia confortável na companhia dela.

Logo, Sra. Sherman foi embora, deixando Marley para explorar seu novo lugar.

Ela subiu as escadas para descobrir seu quarto. Era um quarto pequeno e tinha uma grande janela de batente bem na frente, revelando a rua lá fora. Sua cama estava localizada ao lado da janela, e do outro lado havia uma pequena mesa, com um abajur de estudo e uma cadeira. Havia outra porta na parede esquerda, que provavelmente era um banheiro.

Palavras como tímida e introvertida descreviam bem Marley. Seu corpo de 1,68m complementava suas curvas, que ela evitava mostrar, cobrindo-as com roupas largas. Seu cabelo preto na altura dos ombros dava-lhe um ar um pouco infantil. Ela tinha olhos negros e lábios rosados. Não tinha um corpo perfeito ou um rosto perfeito, mas eles se encaixavam admiravelmente bem.

Marley deitou-se na cama, relembrando os eventos passados que a levaram a esta nova cidade, Marshville. Para uma jovem de dezoito anos, ela era bastante inteligente e tinha boas notas nos estudos. Sua mãe sentia que ela não estava alcançando todo o seu potencial por causa do bairro em que estavam criando a filha. Logo, ela falou sobre isso com o pai e juntos decidiram enviá-la para cá. Eles adoravam a filha e não queriam que nada a impedisse. Infelizmente, não podiam deixar sua cidade natal, pois ela lhes proporcionava uma renda estável.

Sra. Sherman era sua senhoria, que generosamente se ofereceu não apenas para acolher Marley, mas também para cuidar dela. Ela sabia que sua mãe estaria de olho nela através da Sra. Sherman, mas isso não a incomodava, apenas a tranquilizava de que estava segura.

Sra. Sherman era viúva e ficou com duas casas após a morte do marido. Ele morreu devido a um tumor cerebral. Já fazia 9 meses desde sua morte. Ela tinha uma filha que estava em Nova York para estudos superiores. Sra. Sherman queria um inquilino para evitar cuidar de duas casas e também para se livrar da solidão devoradora.

Sra. Sherman havia decidido levar Marley para seu primeiro dia de escola. Marley estava nervosa, pois seria a nova garota, e não estava acostumada com isso. Em sua cidade natal, passou a vida cercada por pessoas que conhecia e com quem se sentia confortável. Isso seria difícil.

"Você vai ficar bem. As pessoas aqui são amigáveis," Sra. Sherman disse, percebendo seu estado tenso.

"Acho que não estou acostumada com essa coisa de 'mudar para uma nova escola'." Marley tentou dar um sorriso animado.

"Você vai se acostumar."

Com um aceno de cabeça e um obrigado pela carona, ela saiu do carro.

Marley olhou para o prédio à sua frente e para a placa que dizia "Marshville High". Ela respirou fundo e entrou com a cabeça baixa. Ela podia sentir os olhares enquanto caminhava pelos corredores. Gotas de suor apareceram em sua testa, e ela rapidamente as limpou com as costas da mão. Ela perguntou a um dos alunos a direção para a recepção, pegou seu horário e conseguiu encontrar sua sala de aula. De alguma forma, as tarefas simples a faziam suar muito.

Marley estava sentada em uma mesa no fundo da sala quando uma garota se aproximou dela. A garota tinha longos cabelos loiros ondulados caindo ao lado de suas bochechas sardentas, seus olhos azuis se destacavam devido ao seu rosto pequeno, e sua figura era o que se chamaria de pequena e delicada.

"Você é nova," disse a garota, com um sorriso de canto.

"Sim."

"Oi, eu sou Kiara. Não recebemos pessoas novas aqui com frequência, então pensei em dizer oi para nosso novo cordeirinho."

"Ahh.." Marley gaguejou, um pouco confusa, se perguntando se ela estava sendo simpática ou maldosa. "E-eu sou Marley."

"Temos uma tímida aqui." Kiara sorriu, achando Marley fofa. "Eu gosto disso."

"Obrigada. Acho." Marley corou. Ela não era boa em interagir com pessoas novas, sua timidez sempre vencia.

Vendo-a atrapalhada, Kiara deu um tapinha em seu ombro. "Espero não estar te assustando."

"Eu não te vi aqui antes," um rapaz se juntou a elas e ficou em frente à mesa de Marley.

Marley olhou para cima e viu um rapaz robusto e alto, com cabelo ruivo, olhando para ela curiosamente. Sua aura e corpo grande lembravam algumas pessoas de sua cidade, que ela sempre evitava. Ele tinha aquelas mesmas vibrações, e Marley sabia que precisava manter distância dele. Era um pressentimento que ela e pessoas tímidas como ela sempre seguiam.

"Bom, será melhor se você não a ver mesmo." Kiara lançou um olhar fulminante para o rapaz.

Embora Marley não fosse fã de hostilidade desnecessária, ela não se importou com Kiara porque também não queria se misturar com ele. Na verdade, em algum nível, ela admirava a ousadia de Kiara contra um cara como ele, que poderia esmagá-la em um segundo.

"Eu sou Mark," ele se apresentou, ignorando completamente Kiara.

"Marley Seyfried." Ela murmurou, evitando olhar nos olhos dele.

"Seyfried?" As sobrancelhas de Mark se franziram em confusão, antes que o reconhecimento brilhasse em seus olhos. "A nova inquilina da Sra. Sherman?" Ele perguntou de repente.

Marley assentiu, surpresa e com medo.

"Não se preocupe, não sou um esquisito. Conhecemos a Sra. Sherman. Ela é amiga da família, então já sabíamos que você estava chegando." Mark a tranquilizou. Ele então olhou para Kiara, e Marley notou que sua postura suavizou ligeiramente. "Acho que vou deixar vocês, meninas."

"Por favor." Kiara revirou os olhos, e ele saiu sem dizer mais nada. "Idiota," ela disse, quando ele estava fora do alcance da voz. "Um conselho: fique longe dele e do círculo de idiotas dele."

"Você não gosta dele, né? Ele fez algo?" Marley perguntou, mas já estava planejando seguir o conselho dela de qualquer maneira.

"Vamos deixar de lado esse idiota." Kiara voltou a sorrir. "Onde você-" A professora entrou na sala, interrompendo-a. Kiara fez um beicinho. "Te vejo no almoço." Com isso, ela foi se sentar em sua mesa na fileira do meio da sala de aula.


Sentada na cafeteria, Marley olhou ao redor, estudando o novo ambiente e mordiscando sua maçã. A sala estava cheia de atletas, garotas populares e nerds, todos segregados por diferentes mesas. Ela se considerava uma das nerds.

"Ei, se importa se eu me juntar?" Ela ouviu uma voz familiar por trás. Ela se virou e encontrou Kiara com outra garota. A estrutura dela era semelhante à de Kiara, mas ela tinha cabelo castanho e olhos cor de avelã, em contraste com as características da amiga.

"Claro." Marley realmente não esperava que Kiara se sentasse à sua mesa, no entanto, ela se sentiu grata. Era melhor do que ser uma solitária.

Logo, a conversa na mesa começou. A outra garota era Rachel, ela e Kiara eram amigas desde o ensino fundamental. Ambas interrogaram Marley a princípio antes de suas conversas se direcionarem para celebridades, fofocas quentes da escola, roupas e, principalmente, outras coisas "de meninas". Eram Kiara e Rachel que estavam tendo a conversa, Marley ainda muito tímida para dar suas opiniões, então ela apenas ouvia e acenava ocasionalmente. Em algum momento da conversa aleatória, Kiara aconselhou Marley a se vestir melhor, ao que ela deu de ombros. Ela admirava a franqueza de Kiara, mas foi pega de surpresa com o comentário repentino.

De repente, um estrondo alto ecoou por toda a cafeteria. Todos os rostos se viraram para a fonte do som.

Um garoto estava deitado no chão, com o nariz sangrando. Ele estava cercado por dois outros garotos, olhando para ele. Marley só conseguia ver suas costas. Eles tinham uma constituição grande e musculosa. Um deles tinha cabelo preto enquanto o outro era loiro. Seus olhos se voltaram para a mesa ao lado deles. Lá estavam sentados mais três garotos e duas garotas. Todos pareciam estar aproveitando o show que seus amigos estavam apresentando.

Todos naquela mesa pareciam o auge da beleza humana, incluindo os garotos que estavam pairando sobre sua pobre vítima. Ela reconheceu um deles sentado lá como Mark, e Marley sabia que seu pressentimento estava certo.

Seus olhos captaram o garoto sentado ao lado de Mark. Ele estava olhando para a vítima com uma expressão vazia. Ao vê-lo, seu coração pulou uma batida. Ela poderia ficar olhando para ele o dia todo. Mesmo de longe, Marley podia ver que seu rosto tinha traços marcantes, complementados por aquele cabelo preto curto e espetado, que ela de alguma forma sabia que era macio. Ele estava vestindo uma camiseta simples, que fazia um ótimo trabalho em destacar seus braços musculosos e torso esguio. Ele parecia indiferente ao seu entorno, e isso o tornava ainda mais atraente.

De repente, o garoto a pegou olhando para ele. Marley se virou rapidamente, suas bochechas queimando de vergonha. Ela se amaldiçoou mentalmente. Ela deveria ficar invisível para aquelas pessoas, não ficar olhando para elas. Mas olhar para aquele garoto bonito lhe dava uma sensação quente e aconchegante no peito que ela nunca havia sentido antes.

Era estranho.

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