




Capítulo 1
Capítulo 1
"Você tem que rejeitá-la. Você sabe que estou perdidamente apaixonado por ela. Ela é tudo o que eu tenho! Você não pode aceitá-la como sua companheira destinada!" A voz de Aldric se quebrou com frustração e raiva pura.
Naquele momento, a linha entre Alfa e Beta se desfez para Aldric, pois ele quase esqueceu o fato de que estava falando com Randall, seu Alfa. Sua agonia era óbvia em seus olhos, que mostravam tormento e sofrimento que suas palavras não podiam expressar.
"Veja seu tom, Aldric!" O comando do Alfa Randall ressoou, sua voz trovejou para seu Beta, não dando espaço para argumentação. "Você sabe o que significaria rejeitar minha companheira destinada? Você sequer percebe as consequências de tudo isso?" Ele perguntou, seus olhos verde-marinho penetrando profundamente nos olhos castanhos de Aldric.
Aldric apenas desviou o olhar, com todo o corpo tremendo. "Você não pode fazer isso, Alfa... Ela é minha vida, por favor," ele disse em um tom quase inaudível, enquanto permitia que as lágrimas escorressem livremente de seus olhos, "Eu sei o quanto você a odeia. Então, por que segurá-la?"
"Eu posso fazer o que eu quiser, Ric. Eu sou seu Alfa, e encontrar minha companheira é de grande vantagem para mim e para a alcateia. Entenda isso."
"Mas e a profecia, Alfa? Eu pensei que Visha era a profetizada. Você mesmo disse isso," Aldric disse em um sussurro, olhando ao redor para se certificar de que ninguém estava à vista.
"O que eu faço ou deixo de fazer sobre minha companheira destinada não é da sua conta, Ric. Ela é minha," Randall respondeu com um tom indiferente enquanto saía da sala.
Alfa Randall, um homem frio, implacável e insensível em seus trinta e poucos anos, se perguntava por que nunca tinha tido uma companheira destinada. Isso estava começando a se tornar uma grande preocupação até a noite passada, quando tudo mudou para pior.
Randall e Aldric eram amigos desde a infância. Eles tinham muito em comum, tornando Aldric o único apto a ser seu Beta.
Tudo estava indo maravilhosamente bem, até dois anos atrás, quando o relacionamento deles começou a azedar. Eles passaram de melhores amigos a apenas um Alfa e seu Beta, e agora, as coisas estão prestes a ficar ainda mais complicadas.
DOIS DIAS ANTES:
O sol da tarde pairava oco no céu, lançando um brilho quente sobre a terra. O ar estava denso com o cheiro acre de sangue e morte enquanto o Alfa Randall cavalgava à frente de seu exército vitorioso, fazendo uma entrada triunfal no parque Blood Crescent, alguns cavalgavam em cavalos, enquanto outros marchavam a pé, cantando canções de vitória.
O Alfa Randall acabara de conquistar um novo território e nenhuma alma foi poupada durante a guerra.
Os membros de sua alcateia saíram todos para aplaudir e cantar canções de louvor enquanto recebiam seu Alfa sempre vitorioso e seu exército invicto.
O Alfa Randall era um deus entre os homens. Rico em poder, força, riqueza, conquistas... Ninguém chegava perto. Ele era a inveja de todos.
Quando o Alfa Randall se aproximou da multidão com seu Beta e Gamma ao seu lado, o mundo inteiro parecia estar em suspenso enquanto seus sentidos de repente se aguçavam pelo cheiro intoxicante que enchia o ar, fazendo seu coração bater rapidamente em seu peito.
O forte aroma de baunilha doce, rosa e morango provocava suas narinas, puxando-o para mais perto da multidão. Era o cheiro mais intoxicante que ele já havia sentido em toda a sua vida.
Seus olhos brilharam com um tom intenso de vermelho, ardendo com uma intensidade feroz enquanto a desesperação para descobrir quem era o portador do cheiro irresistível o consumia completamente.
Os aplausos e cantos da multidão diminuíram à medida que a atenção de todos se voltava para a direção do Alfa, mas ninguém ousava olhar diretamente para ele.
E naquele momento, ele a viu. De pé diante dele, banhada pela luz dourada do pôr do sol, estava o ser mais belo que ele já havia contemplado.
O Alfa Randall deu passos lentos e deliberados em direção à moça que tinha cerca de um metro e sessenta e cinco de altura - exatamente como ele gostava... Pequena e frágil.
Sua pele, lisa e impecável, parecia brilhar com uma radiância interior, lançando um feitiço sobre ele.
Randall sentiu como se tivesse sido atingido por um raio, sua respiração travando na garganta enquanto ele contemplava sua beleza, sua figura imponente dominando sobre a dela.
"Companheira." A palavra saiu de seus lábios, arrancando suspiros silenciosos da multidão.
A jovem, em seus vinte e poucos anos, cuja cabeça estava abaixada, em medo e confusão, instintivamente levantou seu olhar curioso para encontrar o dele, "Não..." Ela sussurrou assustada enquanto o Alfa Randall fixava o olhar no dela, fazendo sua expressão azedar imediatamente.
"Reyana?" Ele chamou seu nome, seu tom carregado de raiva e desgosto enquanto lançava um olhar mortal para ela.
Foi nesse momento que Reyana soube que estava condenada para a vida.
A pesada porta de madeira rangeu suavemente em suas dobradiças, anunciando a presença do Alfa Randall na câmara mal iluminada. As chamas tremeluzentes das tochas montadas nas paredes lançavam sombras dançantes, criando uma atmosfera acolhedora.
O ar estava denso com o doce aroma de lavanda e pétalas de rosa. Ele inalou o ar, pois era calmante para sua alma agitada. Ele sempre encontrava paz ali.
O olhar de Randall varreu a sala até que seus olhos finalmente repousaram na figura sentada graciosamente no outro extremo da sala - A mulher que ele amava mais do que a própria vida.
Seus olhos brilharam de satisfação enquanto ele lhe dava um leve sorriso.
"Visha..." Sua voz rouca chamou seu nome no tom mais possessivo enquanto seus olhos absorviam a visão dela.
"Alfa Randall," sua voz prateada chamou no tom usual que não continha nada além de paz e inocência enquanto ela se levantava e se dirigia a ele.
"Como você tem estado? Senti sua falta o dia todo," Randall disse, olhando em seus profundos olhos azuis, mas como de costume, ela desviou o olhar.
"Tenho estado bem, Alfa," ela respondeu timidamente, afastando uma mecha de seu longo cabelo loiro.
"Você não parece bem," Randall inquiriu, examinando-a, "alguém fez algo para machucá-la? Diga-me e eu trarei a cabeça deles em uma bandeja para você," seu tom era firme.
"Eu... Não é meu lugar questionar a deusa da lua, Alfa Randall..." Ela pausou brevemente, engolindo o nó na garganta, enquanto olhava tristemente para longe, "mas... O que será de mim, agora que você encontrou sua companheira?"
A inocência dela fez o coração dele tremer, "Visha..." ele segurou o rosto dela, limpando a única lágrima que escorria por sua bochecha suculenta, "Isso não muda nada, e você sabe disso. Ela não significa absolutamente nada para mim."
"Então por que você ainda não a rejeitou? Você ia me fazer sua companheira escolhida, lembra?" Os lábios de Visha tremiam enquanto ela procurava nos olhos dele uma garantia... Qualquer coisa que a fizesse saber que ele não escolheria Reyana em vez dela.
Enquanto Randall olhava nos olhos cheios de lágrimas de Visha, sentiu uma pontada de culpa torcer em seu peito. Ela merecia mais do que essa incerteza. Ela é uma alma tão doce... Tão inocente e frágil.
"Não é mais tão fácil, Visha. Você sabe dos perigos de rejeitar minha companheira destinada. Eu sou um Alfa e as consequências serão insuportáveis," sua voz fria afirmou, esperando que ela entendesse.
Os soluços de Visha ficaram mais altos. Era quase como se não houvesse traço de compaixão ou empatia nas palavras de Randall, apenas uma resolução fria e calculada que falava de um homem endurecido pelo dever e responsabilidade.
Ela estava acostumada com isso... Ele é um homem de coração muito frio, mas ela nunca pensou que ele seria tão frio com ela.
Randall caminhou até a pequena mesa de madeira intricadamente esculpida que ficava no centro da sala, adornada com flores perfumadas recém-colhidas do prado próximo. Isso era algo que ele amava e Visha sempre se certificava de que nunca faltassem em sua câmara.
Se Visha soubesse que dever e responsabilidade não eram as únicas razões pelas quais ele não estava deixando Reyana ir...
"Eu vou encontrar uma maneira de resolver isso," ele disse, cheirando uma das flores que pegou da mesa antes de sair furioso de sua câmara. Ele não podia suportar a dor que estava causando a ela, mas ele não era do tipo que mostrava fraqueza, não importava o que acontecesse.
"Você não pode continuar fazendo isso consigo mesma, Reyana. Você está trancada há dois dias. Você não pode se esconder para sempre," Ria implorou à sua amiga pela enésima vez.
"Ria, eu estou com medo. Você não vê? O que eu fiz para merecer isso da deusa da lua? Qual é o meu crime?" Ela procurava lágrimas para derramar, mas nenhuma vinha. Ela estava chorando nos últimos dois dias.
"Você não fez nada de errado, Reya. A deusa da lua é sábia em seus caminhos e ela sabe o que é melhor para todos nós," a preocupação de Ria crescia à medida que sua amiga já estava ficando pálida. Embora ela soubesse que soava ridícula agora, porque quem no mundo gostaria de ser companheira de um monstro como Randall?
"Eu rezei a minha vida toda para ser companheira de um homem que me amasse e me valorizasse... Um homem tão amoroso quanto Aldric. A deusa da lua não pode ver o quanto nos amamos? Isso não é justo," seus soluços ficaram mais altos.
Ria caminhou até ela na pequena cama de madeira e a envolveu em um abraço caloroso. Seu coração se apertou de empatia, sentindo cada grama do medo de sua amiga como se fosse seu próprio.
"O Alfa Randall me odeia até a minha essência. Ele é uma besta de coração frio, desprovida de calor e humanidade. O que será de mim, Ria? Ele vai me matar!"
Reyana de repente congelou enquanto se desvencilhava do abraço de Ria. Suas mãos tremiam visivelmente enquanto seus olhos refletiam o terror que sentia.
O aroma almiscarado de cedro e vetiver esfumaçado encheu suas narinas. O cheiro dele carregava sua implacabilidade e dominância, e isso enviou calafrios por sua espinha.
"Ele está aqui," a voz trêmula de Reyana soou quase inaudível enquanto ela olhava desesperadamente ao redor de sua pequena câmara, desejando que houvesse uma rota de escape, mas não havia nenhuma.
Ria não teve tempo suficiente para reagir às palavras de sua amiga quando a pequena porta de madeira se abriu com um estrondo alto, revelando o objeto de seu terror – Alfa Randall.
Ao lado dele, estava seu sempre confiável Gamma, Kellan, que fez um breve contato visual com Ria antes de desviar o olhar.
A presença do Alfa Randall encheu a sala com uma aura pesada de frieza e autoridade. Seus olhos verde-marinho perfuraram os de Reyana com uma intensidade gelada que a fez recuar, seu corpo tremendo de medo.
"Alfa," Ria conseguiu cumprimentar, abaixando a cabeça. Apenas os corajosos podiam olhar o Alfa nos olhos.
"Ria..." Ele chamou lentamente, seu olhar nunca deixando Reyana.
Ria não precisou esperar mais um segundo, pois entendeu o que ele queria dizer.
Ela sentiu ondas geladas percorrerem seu corpo ao sentir o olhar ardente de Kellan sobre ela. Sem perder mais um segundo, ela correu para fora da sala o mais rápido que suas pernas podiam levá-la.
Reyana sentiu a sala inteira pressionando-a. Enquanto o olhar de Randall pesava sobre ela, sentiu um frio se instalar profundamente em seus ossos, uma frieza que parecia penetrar em sua própria alma. Era como se o ar ao seu redor tivesse se transformado em gelo, congelando-a no lugar enquanto ela olhava para o homem que estava diante dela.
O homem diante dela não deveria estar entre os seus. Ele era um pesadelo ambulante. Sua figura alta e imponente a fazia se sentir tão pequena e insignificante. Cada centímetro dele exalava poder e autoridade, fazendo Reyana se sentir tão vulnerável diante dele.
Seu corpo musculoso sugeria o poder que estava escondido sob suas roupas. Seu rosto era marcante, seus lábios cheios e convidativos sempre firmemente cerrados, com traços que pareciam ter sido esculpidos pelas mãos dos próprios deuses.
Sua respiração ficou presa na garganta, o medo paralisando seus membros enquanto ela não ousava encontrar seu olhar, seus olhos fixos no chão.
Randall sentiu a maior satisfação ao vê-la tremer em sua presença. Ele deu passos lentos e calculados em direção a ela. Sua figura imponente fechou a distância entre eles, enquanto seu corpo musculoso a prendia contra a parede.
Ele abaixou o rosto até o pescoço dela, inalando seu cheiro intoxicante.
"Companheira..." Ele murmurou em um tom zombeteiro, seu hálito quente acariciando o pescoço dela, "O destino não é tão cruel? Hmm?" Sua voz gelada enviou arrepios pela espinha dela, mas ela não ousou responder.
Ele a observou por mais alguns segundos antes de se virar para sair. Foi então que ele ouviu uma voz fraca atrás dele murmurar as palavras que ele nunca pensou que ela teria coragem de dizer.
"Rejeite-me."