Capítulo 8
Joshua
Ele se sentou à mesa no refeitório e seu estômago revirou ao ver os ovos mexidos simples e a torrada que haviam colocado na sua frente. Ele empurrou os ovos no prato, tentando fazer parecer que tinha comido algo. Sua mãe o havia enviado ao castelo Dragão uma semana atrás na esperança de que sua tia adotiva pudesse ajudá-lo a se proteger da dor do vínculo de companheiro.
Ele havia lutado contra isso, sabendo que merecia tudo o que Lucy estava fazendo. Ele sabia que a havia destruído quando ela o pegou transando com sua melhor amiga. Ele suspirou e deixou a cabeça cair para trás. Ele também se culpava. Deveria ter sabido melhor. Deveria ter lutado mais.
Não havia desculpa no mundo que ele pudesse dar a alguém para merecer o perdão dela. Ele a amava há anos. Desde que tinha três anos, para ser específico. Ele sabia como ela se sentia sob suas mãos, como ela tinha gosto, como ela cheirava e como ela soava no meio da paixão. Ele sabia como os olhos dela reviravam e como o lábio inferior tremia quando ela estava prestes a gozar.
Ele sabia que ela emitia um chamado de acasalamento quando estava ansiosa para tê-lo enterrado profundamente dentro dela e ele saboreava cada aperto da buceta dela ao redor de seu pau. Ele fechou os olhos. E agora ela se foi. Agora ela estava nos braços de outra pessoa, desfrutando do toque dele repetidamente. Sua mão apertou o garfo e ele sentiu o metal dobrar enquanto seus olhos se abriam.
Não era qualquer um. Amerald. Aquele desgraçado. O que tinha mais do que o dobro da idade dela. Tio Lukas tentou tranquilizá-lo dizendo que ela estaria segura com ele. Que ele a protegeria até que ela estivesse pronta para voltar para casa, mas ele não teve coragem de dizer à tia e ao tio que ele provavelmente estava transando com sua companheira e filha deles.
De repente, seu corpo se contraiu quando a dor explodiu em sua cabeça. Sua mão começou a vibrar primeiro antes de seu corpo inteiro começar a convulsionar. O garfo caiu de sua mão e alguém xingou atrás dele. Algo rolou em seu rosto e ele já sabia que era sangue sem precisar olhar.
Mãos pressionaram suas costas e ele sentiu a Tia Kalani entrar em sua mente.
Ele tentou expulsá-la, para sofrer sua punição sozinho, mas a dor o paralisou, tornando-o incapaz de ejetá-la de sua mente. Ele se curvou para frente, ofegante e babando enquanto a dor de Lucy deixando alguém tocá-la o transformava em um poço de agonia. Ele cravou suas garras na mesa, uivando para tentar aliviar um pouco da dor. Momentos depois, a dor o deixou e ele desabou contra a mesa. Ovos entraram em sua boca e nariz enquanto ele respirava. Ele olhou para ela miseravelmente.
“Eu não quero sua ajuda. Eu mereço isso,” ele disse a ela.
Ela suspirou enquanto se sentava ao lado dele e colocava os braços ao redor dele. “Não, Joshy, você não merece, assim como ela não mereceu o que aconteceu. Dito isso, não acho que aceitar isso porque você se sente culpado seja certo. Quando ela descobrir o que realmente aconteceu, ela vai se odiar. Não há ninguém mais perfeito um para o outro do que vocês dois. Por favor, nos dê um pouco de tempo e vamos ajudá-lo a consertar isso.”
Ele a abraçou de volta, agarrando-se a ela. “Eu ainda a amo. Sempre a amei. Sempre vou amá-la.”
Ela acariciou suas costas. “Eu sei, querido. Eu sei que ela também te ama. Ela só está machucada. Assim como você.”
Ele fechou os olhos. “O que eu vou fazer?”
Ela se afastou para segurá-lo à distância, sacudindo-o um pouco até que ele abrisse os olhos novamente. “Você sobrevive para que, quando ela voltar para casa, você esteja aqui para amá-la pelo resto de suas vidas.”
“E se ela nunca voltar para casa, tia?”, ele perguntou tristemente.
Ela lhe deu um sorriso brilhante. “Ela é igualzinha à mãe dela e você é o Lukas dela. Ela vai voltar para casa. Eventualmente, isso eu posso te prometer.” Ela pegou o guardanapo dele para limpar seu rosto. “Coma e depois iremos para Deegan para que você possa ver Marybell. Aja tem algo especial para você fazer com ela hoje.”
Ele se animou um pouco com a ideia de que iria machucar aquela vadia. Ele rapidamente devorou o resto de sua comida e imediatamente teve que pegar seu copo para vomitar. Tia Kalani suspirou, esfregando suas costas.
“Josh, você precisa tentar comer. Você está perdendo muito peso.”
“Só uns 7 quilos, tia,” ele argumentou.
“Ela está fora há duas semanas, garoto,” Tia Sasha rosnou enquanto se sentava ao lado dele. “Se você não começar a comer, eu vou te segurar e te forçar.”
Ele suspirou. “Eu tentei. Não posso evitar vomitar de volta.”
Ela revirou os olhos. “Tanto faz. Vamos,” ela resmungou.
Ela se levantou e Tio Aiden o ajudou a ficar de pé enquanto Tia Sasha abria um portal. Tio Aiden o apoiou enquanto ele passava, tropeçando na saída. Tio Aiden o estabilizou e Tia Sasha pegou sua mão para guiá-lo até onde Tia Lily e Tio Lukas o esperavam na varanda. Tio Lukas cruzou os braços sobre o peito, olhando para ele, enquanto Tia Lily imediatamente o puxou para um abraço.
“Como ele está?”, ela perguntou às irmãs.
“Não está comendo. Você ouviu algo de Lucy?”
“Não nos últimos dias, mas Amerald disse que eles estão bem.”
Josh rosnou, mostrando os dentes. Tia Lily o afastou alguns passos.
“Pare com isso, agora. Tudo vai se resolver em breve.”
Ele suspirou e abaixou a cabeça. “Eu sinto falta dela.”
“Você acha que nós não sentimos? Você não é especial,” Tio Lukas resmungou, recebendo um leve rosnado de sua companheira.
“Desculpe, Tio Lukas,” ele sussurrou.
Tia Sasha colocou o braço sobre o ombro dele para guiá-lo para dentro enquanto lançava um olhar furioso para o irmão.
“Você não tem nada pelo que se desculpar. Tudo isso foi apenas um mal-entendido. Vamos. Eu tenho um pouco de mercúrio.”
“Mercúrio?”
“Sim. Vampiros são altamente alérgicos a essa substância.”
Eles estavam descendo as escadas para as masmorras sob o castelo quando o rugido de uma motocicleta o fez parar. Ele olhou por cima do ombro, ouvindo atentamente por um segundo antes de se afastar para correr escada acima. Ele tropeçou no último degrau e acabou esparramado no chão. Ele se levantou rapidamente para continuar correndo para fora. Ele abriu a porta e seu fôlego ficou preso nos pulmões.
“Lucy...”