




3__Casamentos em Gate Crashing
Todo o reino estava esperando para ouvir o anúncio. No momento em que fossem informados de que a cerimônia estava completa, seria hora de festa pelas próximas uma semana e meia. E daí se o Rei deles não parecia ter uma alma gêmea como os Lobisomens geralmente têm? Contanto que ele se casasse com Evelynn e tivesse herdeiros, ele teria cumprido seu dever! Companheiros eram superestimados de qualquer maneira!
Pelo menos, era isso que eles diziam a si mesmos.
A empolgação de toda a festa de casamento aparentemente havia contagiado a todos, exceto Raiden.
Evelynn estava ao lado dele, seus olhos azuis brilhando de adoração como sempre faziam quando ela olhava para ele, sua mão na bola de cristal quente sob a dele. Sua irmã e a única princesa de Zaïre, Veronica, estava perto do altar, um enorme sorriso esticando seu rosto enquanto ela enxugava as lágrimas.
A elite de Zaïre estava presente, seus Alfas estavam lá, todos de smoking e acenando com aprovação.
Raiden só queria que tudo aquilo acabasse logo. Tudo o que ele precisava fazer era se casar com Evelynn e ter um herdeiro, e a maior parte de seu dever como rei Alfa estaria cumprida.
Exceto que algo parecia estar errado.
Erguendo uma sobrancelha escura, Raiden olhou para sua Sacerdotisa Chefe enquanto ela olhava para sua bola de cristal.
“Manasa?”
Piscando, a velha levantou a cabeça. “Ah... sim, Rei Raiden. Há um... algum atraso.”
O sorriso de Evelynn diminuiu, seu cabelo loiro balançando enquanto ela sacudia a cabeça. “Que atraso?”
Manasa coçou a bochecha enrugada, seus olhos negros brilhantes se nublando de confusão. “Algo... algo está errado. Os deuses não estão me respondendo...”
Ofegos explodiram na sala, sussurros voando enquanto as pessoas ficavam ansiosas.
Irritado, Raiden olhou para trás, silenciando a todos.
Ele olhou para a Sacerdotisa. “Tente novamente, Manasa.”
“Tentei várias vezes, meu Rei, e não há resposta. Sem a bênção dos deuses, não podemos formar esta união!”
A impaciência brilhou nos olhos prateados e afiados de Raiden. Aproximando-se da Sacerdotisa, ele abaixou a voz. “Você disse que éramos compatíveis e que nossa união seria abençoada. Então faça... funcionar!”
Manasa parecia profundamente preocupada e balançou a cabeça desamparada. “Meu Rei—”
As portas se abriram com força.
“Qual de vocês, bastardos, é Raiden?!”
Toda a sala se levantou, explodindo em murmúrios e sons de confusão.
“Quem diabos é esse?” questionou o segundo Alfa do reino, empurrando sua cadeira agressivamente.
Calmamente se virando, Raiden tirou a mão da bola de cristal e encarou o intruso.
O homem era gigante, seu corpo coberto com um xale de pele que se podia dizer que provavelmente havia sido arrancado de um animal que ele mesmo caçara.
Sua barba era enorme, mas deixava espaço suficiente para Raiden ver o rosto corado de raiva e os olhos castanhos estreitos acima dela.
Ele bufou com descrença. O que diabos um Viking Vampiro estava fazendo ali?
“Eu disse!!” rugiu o homem montanha, marchando para dentro apesar dos Alfas se reunirem ao redor dele. “Qual de vocês, bastardos, é Raiden?!”
Desabotoando o botão de seu terno preto, Raiden desceu os degraus do altar, aproximando-se da perturbação barulhenta.
“Raiden,” começou seu segundo Alfa.
Raiden levantou a mão para silenciá-lo.
O pai de Natalia focou nele. “Você? Você é Raiden? Rei Alfa de Zaïre?!”
Raiden não respondeu, ainda se perguntando o que diabos o Vampiro estava fazendo ali. Se sua razão fosse válida, talvez Raiden impedisse seus alfas de despedaçar o homem.
O Rei Kendrick levantou a mão para o lado e um de seus homens avançou, colocando na mão de seu Rei uma longa espada dourada.
Os Alfas já estavam rosnando, seu instinto de defesa entrando em ação apesar de não saberem o motivo da aparição do Vampiro. Eles matariam e fariam perguntas depois, como era o costume dos Lobisomens de Zaïre.
Brian colocou uma mão protetora no peito de Raiden, avançando quando viu a espada. Aparentemente, o Vampiro não estava ali pacificamente.
“Eu,” começou o pai de Natalia. “Sou—”
“Rei Kendrick do reino Viking Vampiro de Gadon,” Raiden falou friamente. “Eu sei quem você é. Você só provou ainda mais com todas essas... teatralidades que está fazendo.”
O Rei Kendrick piscou. “Teatralidades?!” Com um grunhido, ele jogou fora sua capa de pele, revelando o enorme corpo por baixo, seus pés firmemente plantados no chão em um par de botas de pele e couro que eram uma combinação um tanto ruim com seu longo manto cinza.
“Você manchou meu nome, seu cão,” rosnou Kendrick. “Vou te matar hoje ou não sou Kendrick de Gadon!!”
Confusão misturada com irritação nos olhos de Raiden. Este dia de merda não estava indo como planejado.
Olhando para trás, ele viu Evelynn e Veronica que se abraçavam e assistiam com medo trêmulo. Com um aceno para a criada de Evelynn, Raiden sinalizou para que elas fossem levadas para dentro.
Ele tinha que lidar com isso.
“Onde. Está. Minha. Filha?!” trovejou a voz de Kendrick.
Raiden olhou para o lado. “Brian.”
Com um aceno, Brian se virou para a plateia que assistia e bateu palmas. “Agora, todo mundo fora! Vamos!”
Os convidados correram para as portas, conduzidos por Brian até que o último saiu e as portas foram fechadas com força.
Raiden olhou para Kendrick com uma sobrancelha levantada. “Olha... vou te dar um momento para confirmar que você está no reino certo. Certo? Na sua idade avançada, erros podem ser desculpados. Então, verifique novamente.”
O Rei Kendrick quase desmaiou de fúria. “O quê?! Você está...? Está zombando da minha idade? Seu tolo insolente!”
A mandíbula de Brian se contraiu de raiva. “Mais um insulto ao rei Alfa e eu mesmo vou arrancar sua garganta. Rei Vampiro ou não!”
Kendrick piscou para o segundo alfa. “E quem é esse?! Seu cão de guarda?!”
Brian deu um passo à frente com um rosnado sombrio, mas Raiden levantou a mão, parando-o. Essa situação precisava ser controlada rapidamente e silenciosamente. Zaïre não iria entrar em guerra, especialmente não com um reino Vampiro e um tão selvagem e irracional como os Vikings. Era tão desnecessário.
O Rei Kendrick estava levantando sua espada ameaçadoramente quando as portas se abriram mais uma vez.
Raiden observou outro homem enorme, vestindo peles, marchar para dentro, uma garota presa em seu aperto, seus pés mal caminhando enquanto era arrastada para o salão.
“Encontrei a princesa, Majestade!!”
O Rei Kendrick girou com os olhos arregalados de fúria. Quando seu olhar caiu sobre sua filha, ele quase gritou de raiva! Como ela ousava?! Ele mataria tanto ela quanto esse rei Lobisomem juntos!
Raiden piscou quando a garota foi jogada rudemente a seus pés, seus joelhos batendo no chão.
“Droga!” ela sibilou de dor, segurando seu cabelo onde tinha certeza de que alguns fios haviam se soltado.
“Natalia!!” gritou Kendrick.
Sobressaltando-se com a voz alta, Natalia olhou para seu pai com um suspiro. “Sim, pai—”
“Como você ousa?! Como ousa me arruinar dessa maneira?! Seu casamento foi arranjado e ainda assim você ousa, ousa desonrar meu trono, minha honra dessa maneira!!”
Natalia limpou a garganta, reajustando sua posição de joelhos. “Oh, Rei de Gadon, cometi um grave pecado,” ela disse friamente, as palavras escritas em um pedaço de papel no bolso de trás. “Como posso desfazer esse mal?”
Pressionando os lábios, ela esperou ansiosamente que seu pai anunciasse que ela tinha que se casar com Raiden ou morrer.
Tremendo de raiva, o Rei Kendrick olhou para sua filha, lendo sua mente como um livro. Ela tinha feito tudo isso só para conseguir o que queria!
“Você é uma desgraçada desprezível!” ele murmurou. “Se você fosse ser tanto como eu, deveria ter nascido homem!! De que me serve uma garota teimosa, ambiciosa e corajosa?!”
Natalia reprimiu a vontade de revirar os olhos. “Sim, pai, de que serve mesmo?”
“Não responda!”
Ela pressionou os lábios.
“Eu vou garantir que você pague por isso!!”
Natalia se animou. “Fazendo-me casar com esse cara?” Ela apontou o polegar por cima do ombro.
A mão que apontava o polegar foi subitamente agarrada, fazendo Natalia ofegar enquanto era puxada para ficar de pé e girada para encarar Raiden.
Uma espada brilhou no ar, sua ponta afiada parando diante do rosto de Raiden.
O guarda que havia arrastado Natalia estreitou os olhos. “Não toque na princesa de Gadon!”
Natalia o encarou. Ele não tinha tido problema em jogá-la como um saco de arroz mais cedo, tinha?!
Calmamente afastando a espada, Raiden deu um passo à frente, seu olhar nunca deixando o rosto de Natalia.
Quando ela se lembrou de que ele estava ali, o rosto de Natalia ficou inexpressivo, seus olhos evitando os dele o máximo que podiam.
Raiden podia sentir o batimento desesperado de seu coração no peito.
Algo estava muito errado, ele podia sentir.
“Olhe para mim,” ele sussurrou.
Hesitante, Natalia levantou o rosto, olhando para ele e finalmente expondo sua dupla identidade.
“Pelos deuses...” murmurou Brian com uma carranca. “É ela... a dançarina.”
O Rei Kendrick quase desmaiou. “A o quê?!”
Os alfas trocavam olhares, a confusão fazendo-os momentaneamente esquecer de estar na defensiva.
Uma princesa Vampira inteira havia dançado para eles na noite passada! Como uma artista comum!
Eles a olhavam em choque. Ela estava louca?!
Raiden a viu em uma memória turva. Ela era... uma princesa?
Natalia limpou a garganta. “Eu posso explicar.”
“Como diabos pode!” cuspiu seu pai. “Você me escuta, mocinha, e você, rapaz! Eu estarei condenado se levar um produto danificado de volta para minha casa!”
Natalia não permitiu que as palavras a machucassem.
Ele bateu a ponta da espada no chão. “Aqui e agora! Você vai fazer de minha filha uma mulher decente, ou que os céus te ajudem, eu vou chover... fogo e ira sobre este reino!”
A expressão de choque frio de Raiden encontrou a raiva sombria do Rei Kendrick.
A fúria escureceu seus olhos prateados, o lobo dentro dele rosnando de raiva. O que diabos o velho estava falando? Como ele ousava invadir o reino de Raiden e despejar tamanhas bobagens?
“E se eu recusar?”
O Rei Kendrick sorriu cruelmente, revelando dentes manchados de escuro. “É casamento... ou Zaïre verá corpos empilhados e conhecerá a ira dos Vikings Vampiros.”
“É mesmo?” A raiva apertou os lábios de Raiden e um tremor brevemente curvou o canto de sua boca. “Tudo bem. Que assim seja.”