CAPÍTULO 9
"Barker, o que você está fazendo aqui?" perguntou Smith, olhando para Jason com uma mistura de surpresa e raiva.
"Olá, Oficial Smith," começou Jason enquanto se aproximava da irmã e do policial. Ele colocou as mãos nos bolsos e explicou: "Eu estava dormindo..."
"Você deveria estar fazendo seu serviço comunitário, não dormindo," disse Smith, ainda mais irritado com a resposta do garoto. "Por que você não atendeu o telefone ontem?"
"Como eu expliquei para você ontem, Oficial," interrompeu Ellis, que agora estava ao lado do irmão. Ela o abraçou e disse: "Ontem foi um dia muito cansativo para nós e eu preferi deixar meu irmão descansar."
Smith abriu os lábios, mas depois os fechou, deixando as palavras que seriam ditas presas na garganta. Ele analisou os rostos dos irmãos Barker, por alguma razão aquela narrativa não o convenceu nem um pouco e eles sabiam disso. Ellis então teve certeza de que Smith sabia a verdade... toda ela.
"Ok, Barker," Smith finalmente concordou, olhando para Jason. Ele apontou para o garoto e disse: "Vou te dar mais uma chance... Hoje eu vou te contatar no mesmo horário combinado e você tem que atender. E amanhã você começará seu serviço comunitário para sua liberdade condicional, sem falta, entendeu?"
"Absolutamente, Oficial. Prometo que não haverá mais ausências ou contratempos," assegurou Ellis no lugar do irmão.
"E Srta. Barker..." Smith falou antes de se virar para Ellis. "Preciso que você volte para a delegacia."
"Por quê?" perguntou Ellis, surpresa.
"Porque você deixou seu carro lá," respondeu Smith. "Na sua pressa para o seu 'almoço,' você esqueceu que tem um veículo, não esqueceu?"
"Bem, a fome faz isso com as pessoas," explicou Ellis, soltando um sorriso forçado acompanhado pelo irmão. "Não se preocupe, eu vou buscá-lo mais tarde."
Smith permaneceu sério, olhando para a jovem. Havia algo no ar, ele sentia isso. Ele respirou fundo e então se afastou enquanto se despedia.
"Até mais."
Ele entrou no carro e foi embora devagar, mas a tempo de não ver o peso do corpo de Jason caindo nos braços da irmã.
"Jason!" gritou Ellis, segurando o corpo inerte do irmão.
Depois de muito esforço, Ellis finalmente conseguiu carregar o corpo do irmão para dentro de casa sem que os vizinhos notassem. Ela o levou até o sofá, onde o colocou. A jovem correu para o banheiro, onde pegou uma garrafa de álcool e então a abriu perto do nariz do irmão. Quando ele inalou o líquido, recobrou a consciência.
"O que aconteceu?" perguntou Jason, ainda deitado no sofá.
"Você desmaiou," respondeu Ellis, tocando o rosto do irmão. "Você está bem? O que está sentindo?"
"Estou bem, só cansado. Foi uma noite realmente... difícil," respondeu Jason, lutando para se levantar do sofá. "Vou tomar um banho."
Ele caminhou em direção ao banheiro, acompanhado pela irmã, que continuava preocupada com sua situação. Sua preocupação aumentou ainda mais quando Ellis viu o irmão tirar a camisa e revelar os hematomas espalhados por todo o corpo, junto com sangue.
"Mas o que é isso?" perguntou Ellis, horrorizada com a cena. Ela se aproximou do irmão, tocando suas costelas, o que fez Jason gemer de dor. "O que eles fizeram com você?"
"Nada," respondeu Jason, afastando-se da irmã. Ele pegou a maçaneta da porta e, antes de fechá-la, disse: "Nada que eu não merecesse."
Ellis sentou-se no sofá, repassando a imagem de seu irmão gravemente ferido em sua mente. Se ela tivesse chegado um pouco mais tarde...
"Novo em folha!" brincou Jason, aparecendo na sala um pouco mais animado. No entanto, a única coisa que recebeu da irmã foi um rosto vermelho e lágrimas. Ele se sentou ao lado dela e a abraçou. "O que houve, mana?"
"O que houve?" Ellis perguntou, incrédula com a pergunta dele. "Jason, você poderia ter morrido!"
"E eu merecia," disse Jason, sério.
"Nem brinque com isso," disse Ellis, irritada.
"Não estou brincando, Ellis," Jason enfatizou, afastando-se um pouco da irmã. Ele colocou os braços sobre os joelhos e juntou as mãos enquanto dizia: "Ellis, eu me envolvi com pessoas muito perigosas e sabia dos riscos. Eu sabia que eles voltariam para me pegar em algum momento. Isso é o que acontece quando você se envolve nesse tipo de merda. Eu venho me preparando para isso há dois anos..."
"Jason..."
"Eu devo trezentos mil dólares ao Lucky... E tem caras ainda mais perigosos que ele... Esses caras definitivamente viriam atrás de mim pelo dinheiro do jogo... eles quase meio milhão de dólares... Ellis, eu devo quase um milhão de dólares na rua, você realmente acha que eles deixariam isso passar?" Jason perguntou, olhando para a irmã chorando. Ele tocou o ombro dela e então disse: "Ellis, está tudo bem. Eu devo a eles e vou ter que pagar. Pelo menos eles me deram uma segunda chance, certo?"
"Eu paguei sua dívida," revelou Ellis, vendo a surpresa no rosto de Jason com a revelação. "Eu paguei sua dívida com o Lucky."
"O que você fez?" Jason perguntou, incrédulo. "Por que você fez isso?"
"E agora vou pagar sua dívida com... Vittorio Amorielle. Eu falei com ele e fizemos um acordo," respondeu Ellis. Ela segurou a mão do irmão.
"Você falou com Don Vittorio?" Jason perguntou, levantando-se enquanto passava a mão sobre a cabeça careca, nervoso. "Ellis, por que você fez isso?"
"Porque você é meu irmão," respondeu Ellis, sem entender a reação do irmão. "O que há de errado, Jason?"
"Desfaça isso!" Jason ordenou, apontando o dedo para a irmã. "Fale com ele e diga que você não vai se envolver nessa merda, entendeu? Faça isso agora!"
"O quê? Jason, não é possível. Já está feito. É graças a isso que você está livre!" explicou Ellis enquanto se levantava. Ela caminhou em direção ao irmão, tentando forçar um sorriso para animá-lo. "Ele te deixou ir porque fizemos um acordo! Era isso ou você estaria morto. Seu corpo estaria espalhado por todo o bairro. Eu te salvei, meu irmão, não consegue ver?"
"Não, Ellis... Você não me salvou," respondeu Jason, olhando para a irmã tristemente. "Você nos condenou à morte... Agora nós dois estamos nas mãos de Don Vittorio Amorielle... e não há salvação quando se trata desse homem."