




CAPÍTULO 6
O cubículo que Lucky orgulhosamente chamava de seu escritório mal cabia três pessoas, o que forçou três homens a ficarem do lado de fora enquanto Ellis se sentava em uma cadeira de ferro e Ezio e Lucky se posicionavam do outro lado da mesa de madeira que parecia que poderia desabar a qualquer momento. Lucky sentou-se em sua poltrona que mostrava mais espuma do que o couro preto que um dia a cobriu completamente. Assumindo uma pose digna de um chefe, ele olhou para Ellis e revelou:
"Seu irmão deve $500.000."
"O quê?" Ellis exclamou indignada com as palavras de Lucky. Ela bateu no peito enquanto desabafava com o italiano, "Eu vim aqui e paguei toda a dívida do meu irmão. Todas as drogas que ele te devia, e você me deu sua palavra de que aqueles $40.000 cobriam a apreensão da polícia."
"Sim, eu me lembro, Srta. Barker," confirmou Lucky, se mexendo na cadeira.
"Sua palavra não vale mais, é isso? Você decide quando e quanto cobrar? Hoje ele deve $500.000, e amanhã quanto ele vai dever?" Ellis perguntou, irritada.
"Srta. Barker, minha palavra é séria. Ele não me deve mais pelas drogas," afirmou Lucky, irritado com a audácia de Ellis em questionar sua palavra.
"Então o que é agora?" Ellis perguntou, frustrada por estar de volta naquela posição.
"Os jogadores que seu irmão roubou do jogo dele," Ezio respondeu no lugar de Lucky.
"Nenhum jogador foi preso. Não houve dano para eles," Ellis argumentou, olhando para Ezio. Ela se virou para Lucky e implorou, "Diga a ele, Lucky."
"Seu irmão tirou nove jogadores do jogo que eu estava coordenando," Lucky começou, se ajustando na cadeira. "Juros de $55.000 cada. Devido a todo o problema causado, ele gerou um interesse de $5.000... Faça as contas, Srta. Barker."
"Esse dinheiro está com os clientes. A polícia não levou nada!" Ellis exclamou, nervosamente prendendo o cabelo em um rabo de cavalo. "Lucky, você está cobrando meu irmão por dinheiro que nem foi apreendido?"
"Não," negou Ezio, atraindo a atenção da jovem novamente. "Luciano não está cobrando nada..."
"Essa dívida não é comigo, Srta. Barker," Lucky respondeu, esfregando rapidamente o nariz com a mão. "Como eu disse, eu apenas coordenei o jogo, e com a situação que seu irmão causou, ele acabou afastando esses jogadores que fazem parte do seleto grupo das pessoas mais ricas de Nova York. E esses jogadores, Srta. Barker, não eram meus."
"E de quem eram esses jogadores?" perguntou Ellis, que então se virou para Ezio e disse, "Eram dele?"
"Ezio está aqui representando os interesses de quem está cobrando a dívida do seu irmão," limitou-se a dizer Lucky para Ellis.
"Seu irmão nos deve $500.000... e ele precisa pagar esse valor," disse Ezio, balançando a cabeça de um lado para o outro. "De um jeito ou de outro."
"Meu irmão não tem como pagar esse valor agora. Ele acabou de sair da reabilitação. Ele está em liberdade condicional, mal consegue segurar um emprego, Lucky!" Ellis disse, olhando para Lucky.
"Fale comigo, Srta. Barker," Ezio pediu, se aproximando dela.
"Com licença, mas Lucky é o chefe aqui... O Capo, algo assim, coisa de máfia..." Ellis começou a dizer, mas parou de falar quando notou o olhar surpreso que Ezio deu a Lucky.
"Srta. Barker, eu sou o Capo, e Lucky tem sorte de estar vivo," Ezio revelou, olhando para a jovem. "Assim como seu irmão. Na verdade, ele só está vivo porque Don Vittorio permite. E a generosidade dele também permite que você pague a dívida do seu irmão."
"Eu não tenho esse tipo de dinheiro..." Ellis respondeu em um sussurro.
"Hipoteque sua casa," sugeriu Lucky, simpatizando com a expressão triste no rosto da jovem, que parecia prestes a chorar a qualquer momento.
"Não chega nem perto desse valor," explicou Ellis, que agora se virou para Ezio. "Seu chefe aceita pagamentos parcelados? Olha, eu trabalho em dois empregos, posso hipotecar minha casa e dar o resto em parcelas."
"Ah, Srta. Barker, você é tão generosa..." disse Ezio, rindo e olhando para Lucky, que riu na direção de Ellis, que não entendeu nada.
Afinal, Ezio tinha aceitado a proposta ou não? Todo aquele riso significava isso? Ellis até conseguiu sorrir, mas então Ezio parou de rir e se virou para ela com ódio nos olhos.
"Você tem 24 horas para pagar $500.000, ou seu irmão será entregue em 500.000 pedaços. Está claro, Srta. Barker?" disse Ezio.
"E eu disse que não tenho como pagar," retrucou Ellis, irritada.
"Então você vai brincar de caça ao tesouro com os restos do seu irmão," concluiu Ezio.
"Muito bem," concordou Ellis enquanto se levantava da cadeira. Ela ajustou o casaco, deu dois passos em direção à porta e então se virou dizendo, "Diga ao seu chefe que se ele não quiser a polícia na porta dele em 24 horas, é melhor entregar meu irmão são e salvo."
"Como?" questionou Ezio, não acreditando nas palavras de Ellis.
"Isso mesmo," reforçou Ellis, aproximando-se da mesa. "Eu disse que meu irmão está em liberdade condicional, então a polícia está de olho nele. Na verdade, hoje o oficial tentou contatá-lo e não teve sucesso, e neste momento, a patrulha que ele disse que enviaria para minha casa já deve estar lá me esperando. Estou absolutamente convencida de que essa patrulha já deve ter revistado minha casa e agora está se perguntando para onde foram os Barkers. Eles vão contatar o oficial que, sem dúvida, vai pesquisar o histórico do meu irmão e chegar a este clube de strip de quinta categoria e prender Lucky, que é um tagarela..."
"Ei!" exclamou Lucky, indignado.
"E ele vai dedurar cada um de vocês," continuou Ellis com sua ameaça. "E tenho certeza de que seu chefe não gostaria de ser preso só por causa de um garoto irresponsável."
"Você não nos conhece, Srta. Barker," disse Ezio, cerrando os dentes para conter suas palavras. "Você não sabe do que somos capazes."
"Não, seu chefe não sabe do que eu sou capaz pelo meu irmão," retrucou Ellis, apontando o dedo para o Capo. "Então entregue esta mensagem ao seu chefe: se ele realmente quer o dinheiro dele, é melhor me contatar diretamente porque eu não faço acordos com subordinados. Fiz isso uma vez, não vou cometer o mesmo erro novamente," concluiu a jovem que encarou Lucky.
Ela se virou em direção à porta e saiu, deixando os dois homens em silêncio.
"Eu disse que ela era difícil," Lucky disse, virando-se para Ezio. "E agora?"
"Vou passar a mensagem," Ezio respondeu, alcançando o bolso interno.
"E quanto a mim?" Lucky perguntou. "Olha, eu fiz tudo o que você pediu... Você vai falar com Rocco sobre mim? Vai falar com ele sobre me tornar um Associado, pelo menos? Eu sei que você prometeu dispensar meu Pizzo esta semana, mas acho que mereço um pouco mais."
"Sabe, a Srta. Barker disse algo que chamou minha atenção," comentou Ezio, colocando uma mão no ombro de Lucky.
"O quê?" Lucky perguntou, olhando para Ezio.
"Você fala demais," Ezio respondeu, colocando a arma na testa de Lucky e puxando o gatilho.
O corpo de Luciano "Lucky" Conti caiu sobre a mesa de madeira, que cedeu, enquanto Ezio discava seu telefone. No primeiro toque, a chamada foi atendida, e ele simplesmente disse:
"Rocco, ela disse para contatá-la diretamente para negociar a dívida."
"Certo. Obrigado, Ezio, pelos seus serviços," Rocco disse do outro lado da linha.
Rocco caminhou em direção ao escritório de Vittorio, onde ele estava apreciando seu charuto. Ele entrou, fechou a porta e a trancou, atraindo a atenção séria do homem.
"O que está acontecendo?" Vittorio perguntou.
"Ezio disse que a jovem pediu para você contatá-la para negociar a dívida."
"Excelente, exatamente como eu pensei que seria," Vittorio disse antes de dar uma tragada e soltar a fumaça no ar.
"Qual é o próximo passo, Don Vittorio?" Rocco perguntou.
"Negociar com a Srta. Barker... pessoalmente."