




CAPÍTULO 5
TRRIIIIIMM!! TRIMM! TRIM!!
TRRIIIIIMM!! TRIMM! TRIM!!
Ellis olhou para o telefone que tocava alto na sala de estar. Havia apenas duas possibilidades pairando em sua mente naquele momento. A primeira, que ela considerava óbvia devido ao horário, seria o Oficial Smith ligando para verificar se Jason estava em casa. A segunda, os homens com quem seu irmão se envolveu no passado estavam ligando para cobrar o dinheiro. Havia ainda uma terceira possibilidade que Ellis considerava tão improvável que nem se permitia imaginar: Jason havia sido sequestrado.
Qualquer que fosse a opção, Ellis não tinha escolha a não ser atender, o que ela fez:
"BARKER, eu disse para atender no primeiro toque!" Smith gritou do outro lado da linha.
"Oficial Smith, aqui é Ellis Barker..." Ellis respondeu, apreensiva.
"Senhorita Barker?" Smith questionou, surpreso. Ele respirou fundo e então continuou: "Senhorita, poderia chamar seu irmão, por favor?"
"Desculpe por não termos atendido antes... Tivemos um dia muito cansativo e acabamos adormecendo..."
"Entendido, agora chame seu irmão..."
"Oficial Smith, ele está muito cansado e eu também, poderia nos ligar de volta pela manhã? Tenho certeza de que estaremos muito mais alertas..." Ellis pediu, fingindo bocejar para tornar sua versão dos fatos mais crível.
"Senhorita Barker, chame seu irmão imediatamente, ou eu enviarei a patrulha para sua residência!" Smith ameaçou do outro lado da linha.
"Oficial, como expliquei, meu irmão está dormindo e garanto que ele está dormindo como uma pedra. Não há necessidade de enviar uma patrulha." Ellis argumentou enquanto olhava para o quarto vazio de seu irmão.
"Pela última vez, senhorita, ou coloque seu irmão na linha comigo agora, ou eu enviarei a patrulha, entendeu?"
"Então envie a patrulha, Oficial." Ellis respondeu antes de desligar o telefone.
Ela sabia que sua audácia havia complicado ainda mais a situação de seu irmão, mas era a única coisa que podia fazer. Pelo que sabia da polícia em seu bairro, eles só fariam suas rondas pela manhã, dando-lhe algumas horas para encontrar Jason.
Ellis respirou fundo enquanto pensava nos próximos passos que tomaria na busca por Jason. O primeiro seria...
O motor do carro de Ellis permaneceu frio enquanto a jovem estacionava a alguns quarteirões de sua casa, em frente à casa de Troy Lamar. Ela se aproximou da entrada e tocou a campainha com tanta intensidade que conseguiu acordar os vizinhos ao redor. As luzes da entrada se acenderam, e então uma mulher negra com as mesmas feições de Troy apareceu, deixando apenas a porta de proteção fechada.
"Ellis, o que você está fazendo aqui?" a mulher perguntou, ajustando seu velho roupão de camurça contra o corpo.
"Troy está aqui?" Ellis perguntou de volta, muito nervosa.
"Sim, ele está," a mulher respondeu, sem entender.
"Poderia chamá-lo, Sra. Lamar, por favor?"
"Troy está dormindo. Ele tem aula cedo amanhã, e todos nós também," Sra. Lamar argumentou, já fechando a porta.
"É uma questão de vida ou morte," Ellis soltou, aproximando-se da porta. "Apenas seu filho pode salvar meu irmão."
Sra. Lamar olhou para Ellis, sem entender, então suspirou e a deixou entrar relutantemente.
"Troy!" Sra. Lamar chamou, entrando na casa enquanto Ellis se sentava no sofá esperando pelo rapaz. "Troy, levante-se, Ellis está aqui."
O tempo entre o desaparecimento da Sra. Lamar pareceu infinito para Ellis, que balançava nervosamente a perna direita enquanto tentava manter a calma. Até os ponteiros do relógio da sala da família Lamar pareciam se mover mais devagar do que o normal, e o barulho era mais alto. Os passos lentos chamaram a atenção dos ouvidos aguçados de Ellis, e logo se revelaram ser de Troy, ajustando seus óculos em seu rosto amassado.
"Ellis, você está bem?" o rapaz perguntou, confuso.
"Troy, preciso saber. Aconteceu alguma coisa em casa hoje?" Ellis perguntou, apertando os dedos juntos.
"Não, nada aconteceu... O que você e meu irmão fizeram hoje?" Ellis questionou.
"Nada, jogamos... Jason disse que estava cansado, então eu vim para casa. Aconteceu alguma coisa, Ellis?" Troy respondeu, sem entender.
"Não," Ellis negou, optando por mentir. Smith provavelmente chegaria até Troy em algum momento, então ela não podia arruinar o álibi de seu irmão revelando que Jason não estava em casa. "É só preocupação, sabe... Hoje é o primeiro dia de volta para casa."
"Você acordou meu filho por isso?" Sra. Lamar perguntou, cruzando os braços, irritada.
"Bem, você sabe, coisa de irmã superprotetora," Ellis respondeu, envergonhada.
"Ok. Bem, tudo correu bem," Troy disse, levantando-se e sorrindo para Ellis. "Diga a ele que vou passar mais tarde e vamos jogar."
"Não, senhor, não se esqueça de que você precisa fazer aquele projeto da faculdade," disse a mãe de Troy, o que parecia ser outra mentira, já que Ellis observou o olhar surpreso no rosto do rapaz.
"Você deveria descansar," Ellis concluiu, levantando-se.
A morena caminhou em direção à porta, pensando no próximo passo que daria agora que este não trouxe o resultado esperado. Ela já estava perto de seu carro quando ouviu uma voz chamando-a.
"Ei, Ellis," Troy chamou, caminhando em sua direção. Ele olhou para os dois lados, parecendo muito preocupado, e então disse: "Eu não queria falar na frente da minha mãe porque você sabe como ela é... Mas quando saí da sua casa, havia um carro preto estacionado a alguns metros de distância na calçada."
"Um carro preto?" Ellis perguntou mais para si mesma do que para Troy. Ela tentou lembrar de algum vizinho que tivesse um carro preto por perto.
"Não é o tipo de carro que as pessoas por aqui dirigem. É o tipo de carro... o tipo de carro daqueles caras, Ellis. Os caras com quem Jason estava andando," Troy disse, trazendo a direção que Ellis procurava para o próximo passo.
Luciano "Lucky" Conti, esse era o nome do homem que cheirava uma linha de cocaína por uma de suas narinas enquanto observava suas dançarinas seduzirem clientes em seu clube de strip-tease, o "Lucky Gentlemen's Club". Ao seu redor, havia pelo menos quatro homens enormes e fortemente armados, pois ele mesmo fazia questão de dizer que era um capo, um chefe da máfia. No entanto, toda aquela cena de máfia não assustava Ellis, que duvidava que Luciano já tivesse pisado na Itália. A jovem de cabelos castanhos entrou na sala com sangue nos olhos e foi direto para o espaço reservado para Lucky, que não mostrou surpresa com sua chegada.
"Senhorita Barker, há quanto tempo," disse Lucky, sorrindo com seus olhos vidrados.
"Onde está meu irmão, Lucky?" Ellis perguntou sem nenhum medo, mostrando toda sua raiva. "Eu paguei a dívida, onde está meu irmão?"
"Vacci piano, Signorina Barker," Lucky implorou, levantando as mãos em direção à jovem.
"Não fale italiano comigo, Lucky!" Ellis gritou enquanto batia na mesa, espalhando as drogas restantes por todo o lugar.
Os homens de Lucky rapidamente se moveram em direção a Ellis, que não se mexeu de onde estava. Um deles até apontou uma arma para a morena, que apenas olhou de volta para ele, séria.
"Ragazzi, tornate alle vostre posizioni... è tutto sotto controllo," Lucky continuou, sorrindo para seus homens. "Attenetevi al piano, avete capito?"
Os homens de Lucky se afastaram e gradualmente voltaram para seus postos. O que havia mirado na cabeça de Ellis ainda mantinha sua arma perto da têmpora da morena. Ele sorriu para ela, engatilhou a arma como se esperasse que Ellis recuasse, mas ela continuou a encará-lo sem piscar.
"Ezio," Lucky chamou, muito preocupado com a atmosfera tensa. "Deixe-a em paz."
"Faça o que seu chefe diz," Ellis disse, encarando o cara.
"Garota de sorte," o homem disse antes de tirar a arma da cabeça de Barker. Ele se aproximou de seu ouvido e disse: "Quero ver quanto tempo sua sorte vai durar..."
"Ezio, por favor," Lucky implorou, levantando os braços e sacudindo-os no ar. "Não vou dizer duas vezes..."
"Sarai anche il proprietario del quartiere, Luciano, ma non sei il mio padrone," o homem falou em italiano enquanto voltava para seu lugar. Ele se virou para Luciano, segurou seu ombro e sorriu, dizendo: "Sono qui solo per vedere se riesci a seguire ciò che è stato determinato."
Ellis observou a cena, e apesar dos sorrisos trocados entre os homens, estava claro que as coisas não eram como pareciam. Algo estava errado. Lucky se virou para Barker e disse: "Venha, vamos para o meu escritório."
Ele e seus guardas foram à frente, seguidos por Ellis, que já imaginava o pior.