




CAPÍTULO 16
O tecido de cetim vermelho desliza para fora do carro enquanto Rocco abre a porta para ajudar Ellis a sair. Ela pisa firmemente em suas sandálias de salto alto, esperando não torcer o tornozelo. Ela não conseguia se lembrar da última vez que usou saltos, mas tinha certeza de que nunca havia usado nenhum tão alto quanto aquelas sandálias.
Percebendo a insegurança da jovem, o motorista oferece sua mão para ela segurar, o que ela aceita automaticamente. Então, a convidada de Amorielle respira fundo, olhando para a majestosa entrada da mansão com algumas pessoas que estavam longe de seu círculo. "Eu sou digna?" Ellis pensou enquanto analisava a bela mulher loira em um vestido dourado à sua frente. A mulher parecia flutuar com seu vestido sereia.
Seu sorriso perfeitamente branco com dentes alinhados parecia ter saído da capa de uma revista de odontologia. Sem mencionar a postura da loira, que estava tão ereta que Ellis tinha certeza de que era o resultado de anos de aulas de balé. Ela tentou corrigir sua própria postura, mas não conseguiu mantê-la por muito tempo.
"Não se preocupe, Srta. Barker. Você está linda," elogiou Rocco.
"Você só diz isso porque é seu trabalho," disse Ellis, séria.
"Acredito que nem todos nós fomos pagos," argumentou Rocco, fazendo Ellis notar os homens olhando para ela, admirados.
"Você tem certeza de que é um mafioso?" Ellis perguntou a Rocco enquanto caminhavam em direção à recepção.
"Por que pergunta?"
"Você parece muito gentil para ser desse tipo," respondeu Ellis, conseguindo suavizar a expressão séria de Rocco pela primeira vez com um som que ela poderia considerar uma risada. "Sério... Você é realmente gentil."
"Obrigado pelo elogio, Srta. Barker," respondeu Rocco, olhando para Ellis. Então ele fechou a cara novamente ao dizer, "Sou pago para isso."
Os dois continuaram a caminhar em silêncio até chegarem à entrada, onde ela ficou surpresa ao ver Vittorio com uma bela dama em um vestido roxo. A imagem de Vittorio em um smoking transmitia poder e perigo aos olhos de Ellis. Naquele momento, ela realmente sentiu que ele era importante, mas prometeu a si mesma nunca deixar isso transparecer. Seu ego já estava inflado o suficiente para saber que ele a havia afetado dessa forma.
Mal sabia ela que assim que Vittorio a viu na sua frente, ele teve que se conter para não se aproximar dela. Ela havia se tornado ainda mais bonita e sexy do que a modelo da Maison, o que deixou o mafioso ainda mais excitado com sua presença. Apesar de suas tentativas de disfarçar, sua mãe percebeu que a mulher no vestido de cetim vermelho que acabara de chegar havia mexido com seu filho.
"Srta. Barker," disse Vittorio, segurando a mão da mulher e levando-a aos lábios, ainda encantado com a beleza de Ellis. O toque de seus lábios na pele de Ellis o levou de volta à sala privada na Maison, aos gemidos, mas o perfume de Ellis era mais doce, mais excitante. Só de imaginar repetir aquela tarde com Ellis fez seu coração disparar... Então sua mãe deu uma tosse seca, chamando sua atenção. Ele praticamente empurrou a mão de Ellis e continuou, "Srta. Ellis Barker, gostaria de apresentar-lhe Antonietta Amorielle, a matriarca da família Amorielle e minha mãe. Mamãe, esta é a Srta. Ellis Barker."
"Bem-vinda, Ellis Barker," disse Antonietta, enquanto analisava a mulher à sua frente em busca de respostas. "Espero que aproveite a noite."
Ela concluiu que a jovem era apenas mais uma conquista de seu filho, ou pelo menos era isso que ela queria acreditar. Aquela mulher não poderia ser mais do que isso, de jeito nenhum.
"Mamãe, com sua licença, levarei a Srta. Barker ao meu escritório," informou Vittorio à sua mãe, que até sorriu aliviada. Era estritamente negócios.
"Claro, meu filho. Fiquem à vontade. Só não demorem muito, pois os convidados estão esperando por você," respondeu Antonietta.
"Rocco, peça a Alessio para vir ao escritório," ordenou Vittorio, dirigindo-se ao Capo. Ele então estendeu a mão para Ellis. "Venha, Srta. Barker, temos assuntos a tratar."
Ellis aceitou o gesto e colocou sua mão no braço de Vittorio enquanto ele a conduzia para dentro da magnífica residência.
Eles caminharam silenciosamente pelo corredor, mas suas mentes estavam a mil. Vittorio admirava Ellis, que caminhava alguns passos à sua frente. Ele não podia deixar de se imaginar desfazendo aquele vestido vermelho perfeitamente ajustado do corpo esguio dela. O cabelo dela, arrumado com perfeição, permitia-lhe vislumbrar a nuca, um ponto que ele imaginava beijar com seus lábios. Enquanto isso, Ellis se perguntava por que Vittorio a havia levado para um jantar em sua casa com a presença de sua mãe. "Espero que nosso próximo encontro não seja em uma igreja!" Barker pensou, esboçando um sorriso que não passou despercebido por Vittorio.
"O que te fez sorrir?" perguntou o mafioso, curioso.
"Ah, nada," respondeu Ellis, deixando o rubor se espalhar pelo rosto.
"Duvido que seja nada, já que você está corando para combinar com seu vestido," argumentou Vittorio.
"Foi só um pensamento bobo," disse Ellis relutantemente, esfregando os braços nervosamente.
"Me conte, prometo não julgar," implorou Vittorio, parando ao lado de Ellis.
"Foi só algo que mencionei para o Rocco..." começou Ellis, corando ainda mais.
"Você contou ao meu funcionário, mas não vai me contar?" perguntou Vittorio, ligeiramente irritado.
"Porque não é nada, Sr. Amorielle," respondeu Ellis, igualando a irritação de Vittorio.
"Conte-me agora," ordenou Vittorio, tornando-se mais sério.
"Não," disse Ellis, cruzando os braços, séria. "Você não é meu chefe nem meu dono para me comandar. Eu te conto quando eu quiser."
"Ok, desculpe. Agora me conte..." cedeu Vittorio.
"Não, só te conto quando você disser 'por favor'," argumentou Ellis, séria.
"O quê?" questionou Vittorio, surpreso.
"É assim que pessoas educadas e civilizadas se dirigem umas às outras," explicou Ellis. "Se você quer saber o que é, peça educadamente..."
"Por favor..." disse Vittorio, revirando os olhos.
"Não, não assim. Diga, 'Ellis, por favor, me conte o que você estava pensando'," exigiu Ellis.
"Sério?"
"Ou diga isso ou nunca saberá," disse Ellis, continuando a caminhar pelo corredor.
"Ok..." soltou Vittorio, acelerando o passo e parando na frente da morena. Ele pegou suas mãos e perguntou, "Ellis, por favor, me conte o que você estava pensando."
"Muito bem," disse Ellis, oferecendo um leve sorriso. "Eu estava apenas dizendo ao Rocco que você me levou para almoçar e agora para jantar. Eu disse que nosso relacionamento estava avançando muito rápido, e nesse ritmo, eu acabaria conhecendo sua mãe. E foi exatamente o que aconteceu! Então agora eu estava pensando, ou melhor, rezando para que nosso próximo encontro não fosse em uma igreja!"
Ela sorriu, esperando um revirar de olhos por seu comentário tolo ou algo do tipo, mas tudo o que Vittorio fez foi abrir a porta e dizer, "É melhor conversarmos, Srta. Barker."
Ellis sentou-se na poltrona em frente à mesa de Vittorio, e ele a ajudou a se acomodar antes de tomar seu assento. Ele abriu a gaveta da mesa e pegou um charuto, acendendo-o rapidamente, o que desagradou profundamente sua companheira. Ela começou a tossir e a se abanar.
"Pelo amor de Deus, apague isso. Se você quer morrer, faça isso sozinho," disse Ellis severamente.
"Alguém já te disse que você é muito irritante, Srta. Barker?" retrucou Vittorio enquanto apagava o charuto relutantemente.
"Não irritante, mas assassina foi o termo que usaram mais cedo," revelou Ellis. "E essa é a única razão pela qual concordei em usar este vestido vulgar, estas joias e sandálias desconfortáveis. Sem mencionar todo o pacote que parecia mais uma tortura."
"Muitas mulheres matariam pela oportunidade que você teve hoje," comentou Vittorio.
"Mas eu não sou uma delas, Sr. Amorielle. Sou uma mulher que deseja paz na minha vida. Quero que a polícia pare de dizer que sou uma assassina de aluguel em seu nome. A propósito, saiba que a polícia está te investigando..."
"Quem disse isso?" perguntou Vittorio, sério.
"O policial Smith," revelou Ellis. "Não sei qual é o seu negócio com o Lucky ou o cara que foi encontrado desmembrado, mas peço que retire meu nome disso. A menos que você tenha feito isso intencionalmente..."
"Você acredita que eu armaria algo contra você?" questionou Vittorio, surpreso. "Eu nunca seria capaz disso, Srta. Ellis. Não se preocupe, depois de hoje à noite, tudo vai mudar para você."
"Você já pensou em uma proposta então?"
A porta da sala se abriu, permitindo que Rocco entrasse com o tabelião, que rapidamente se aproximou da mesa.
"Don Vittorio," disse o homem antes de beijar o anel de Vittorio.
"Alessio, esta é a Srta. Barker," apresentou Vittorio, apontando para Ellis. "Alessio é meu tabelião, e ele trouxe o documento de confissão de dívida para você assinar e se tornar responsável pela dívida do seu irmão."
"Aqui, Srta. Barker," Alessio apresentou o documento a Ellis, que começou a lê-lo calmamente. Como haviam discutido durante o almoço, ela seria responsável pela dívida do irmão. Estava tudo lá, escrito de forma transparente.
"Ok," respondeu Ellis enquanto assinava.
"Ele também será o responsável por formalizar nosso contrato de casamento..."