




CAPÍTULO 12
Jason estava profundamente adormecido enquanto era observado pelos olhos exaustos de Ellis. Desta vez, ela escolheu não ir trabalhar ou mesmo dormir muito para poder vigiar seu irmão o máximo possível. Apesar da promessa de Vittorio Amorielle, ela ainda temia pela vida de Jason, que agora estava se espreguiçando e acordando de seu sono profundo.
— Não me diga que você ficou me observando dormir a noite toda? — perguntou Jason, sério.
— Não, não a noite toda — respondeu Ellis enquanto entregava uma caneca de café para seu irmão. — Beba e se prepare, porque vou te deixar no centro comunitário e depois vou à delegacia.
— O que você vai fazer na delegacia? O Smith ligou ou algo assim? — perguntou Jason, preocupado.
— Vou buscar meu carro que deixei lá. E por mais incrível que pareça, nosso telefone não tocou uma vez sequer — disse Ellis, levantando-se. — Talvez ele esteja de folga ou algo assim...
— Ou pode ser a mão invisível de Don Vittorio já em ação. Com seu envolvimento, ele pode ter decidido tirar o Smith de cena — comentou Jason após terminar seu café. — Smith sempre mostrou muito interesse nele e nos outros...
— Nos outros quem? — perguntou Ellis, curiosa.
— Nada que você precise saber — respondeu Jason, levantando-se da cama. Ele caminhou até seu guarda-roupa e pegou uma camiseta branca e um jeans, depois se virou para sua irmã. — E não se esqueça de romper seu acordo com Don Vittorio. Não quero você envolvida nos meus problemas...
— Não vou romper nada — negou Ellis, cruzando os braços. — Já disse que sou capaz de qualquer coisa para te manter vivo, e estou disposta a aceitar o que ele tem a me oferecer...
— Ellis...
— Agora vamos, ou posso acabar levando uma multa pelo meu carro — disse Ellis, empurrando seu irmão para fora do quarto.
Antonietta estava tão concentrada na lista de convidados para o primeiro jantar organizado por Vittorio como Capo dei Capi que nem percebeu a presença de seu filho ao entrar na sala e sentar-se à sua frente.
— Precisa de algo, meu filho? — perguntou a matriarca, levantando uma sobrancelha, curiosa sobre o motivo da presença de Vittorio.
— Só quero saber como estão os preparativos para esta noite — comentou Vittorio, desabotoando cuidadosamente seu terno.
— Estão perfeitos. Neste momento, estou revisando a lista de convidados para garantir que não deixei ninguém de fora — explicou Antonietta.
— Preciso que você adicione dois nomes... — começou Vittorio enquanto Antonietta levantava a cabeça, surpresa com o pedido. — Alessio Romano...
— Você quer que o tabelião esteja presente no jantar? Não me diga que vai trabalhar... — começou Antonietta a resmungar sobre o possível comportamento de seu filho. Neste ponto, ele é igual ao seu falecido pai. Houve inúmeras festas onde Marco passava mais tempo trancado em seu escritório do que realmente aproveitando-as.
— Você conhece a regra: A Máfia sempre vem em primeiro lugar — disse Vittorio. — Além disso, adicione o nome Ellis Barker.
— E quem é essa? Uma nova associada...? — perguntou Antonietta, observando seu filho se levantar da mesma forma que se sentou. — Vittorio?
— Você descobrirá no momento certo — respondeu Vittorio antes de sair.
Ellis pagou o motorista de táxi e depois saiu do veículo para caminhar até seu carro estacionado. Ela se aproximou do carro e, quando estava prestes a abrir a porta, uma mão a fechou com força, assustando-a.
— Bom dia, Srta. Barker — cumprimentou Smith enquanto bloqueava a jovem com seu corpo.
— Bom dia, Oficial Smith. Estou aqui para pegar meu veículo — respondeu Ellis, tentando abrir a porta novamente sem sucesso. — Poderia, por favor, sair do caminho?
— Claro, mas primeiro, gostaria de falar com você. Você se importaria de entrar na delegacia? — perguntou Smith.
— Eu me importo porque preciso ir trabalhar — respondeu Ellis enquanto tentava abrir a porta mais uma vez.
— Qual deles? — perguntou Smith, empurrando a porta de volta com seu corpo.
— Qual trabalho? Bem... Sou corretora de imóveis e preciso ir para a agência — respondeu Ellis, estreitando os olhos. — Então...?
— Ah, claro, o trabalho de corretora — disse Smith sem dar um passo para trás. — Pensei que você estivesse falando do outro trabalho...
— Meu trabalho de garçonete é à noite, Oficial — explicou Ellis, ligeiramente irritada.
— Entendi — disse Smith pensativo. — Você é uma jovem muito ocupada.
— Obrigada por reconhecer isso... Há mais alguma coisa com que eu possa te ajudar? — perguntou Ellis, sem entender aonde Smith queria chegar. Se ele ousasse mencionar a ligação telefônica, ela estava pronta, pois o telefone não tocou uma vez sequer.
— Estou me perguntando como você encontra tempo para seu outro trabalho — disse Smith.
— Outro trabalho? — perguntou Ellis, depois sorriu ao se lembrar. — Ah, você quer dizer cuidar do meu irmão. Eu não vejo isso como um trabalho...
— Nem eu, e não estava me referindo a ele — negou John, causando uma ruga na testa de Ellis.
— Desculpe, mas não entendo... Eu só tenho dois trabalhos — explicou Ellis, olhando para o relógio. — Na verdade, estou atrasada. Poderia, por favor, me dar licença?
— Claro, mas tenho certeza de que você gostaria de falar comigo sobre seu outro trabalho... — disse Smith.
— Eu não tenho outro trabalho.
— Ah, sim, você tem... como assassina de aluguel — revelou John Smith, sério.
— O quê? — exclamou Ellis, chocada. — Desculpe, mas você ficou louco?
— Não.
— Olha, eu realmente preciso ir... — começou Ellis. — Você deve estar me confundindo com outra pessoa...
— Toque nessa porta de novo e eu te prendo por duplo homicídio — disse Smith.
— Duplo homicídio? Que diabos é isso? — perguntou Ellis, levantando os braços.
— Você é a principal suspeita dos assassinatos de Domenico Wild e Luciano 'Lucky' Conti — revelou Smith, fazendo Ellis abrir os lábios em choque. — Estamos convencidos de que você foi contratada para matá-los.
— Eu? E que evidências você tem? — perguntou Ellis, irritada. — Porque duvido que você tenha alguma...
Smith enfiou a mão no bolso interno e puxou uma fotografia de Ellis saindo da boate de Lucky.
— Tenho mais evidências e posso te prender agora mesmo — disse Smith.
— Então por que não me prende se tem evidências? — perguntou Ellis.
— Vou prender, a menos que você me diga o que preciso saber — respondeu Smith.
— E o que você quer? — perguntou Ellis, séria.
— Quero que você me conte tudo sobre Vittorio Amorielle — revelou Smith.