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CAPÍTULO 11

Assim que a porta atrás de Rocco se fechou, Vittorio estendeu a mão em direção ao seu Capo, enquanto ordenava:

"Diga-me, como foi a entrega?"

"A entrega correu bem. A garota é... discreta. Na verdade, podemos também acrescentar que ela é bastante assertiva," respondeu Rocco, escolhendo cuidadosamente suas palavras, o que chamou a atenção de Don Vittorio. Vittorio levantou uma sobrancelha em sua direção, indicando que havia notado algo mais nas palavras do Capo. Ele respirou fundo e continuou: "Quando cheguei ao endereço dela, nos deparamos com a polícia na frente da casa."

"A polícia estava lá?" perguntou Vittorio, surpreso. "Ela os chamou?"

"Não creio, mas talvez as atividades recentes tenham despertado o interesse do oficial responsável pela condicional de Jason Barker," respondeu Rocco, enquanto passava pela galeria de fotos em seu celular. "Com base nas informações que obtive da placa do veículo, o policial que estava lá é o Oficial John Smith."

"Você não acha estranho um oficial ser responsável pela condicional de um condenado envolvido em jogos de azar ilegais?" perguntou Vittorio, acariciando o queixo.

"É estranho, mas a polícia está com falta de pessoal para suas operações e devem estar atribuindo múltiplas tarefas a todos," justificou Rocco, dando de ombros indiferentemente.

"Podem até fazer isso, mas atribuiriam a um sargento ou alguém de patente inferior," comentou Vittorio, franzindo os lábios em desacordo. Ele tamborilou os dedos na mesa e então se virou para Rocco. "Quero esse cara longe dos Barkers. Entre em contato com nossos amigos e tire-o do jogo..."

"Como desejar, senhor," concordou Rocco, já caminhando em direção à porta.

"Mas faça isso amigavelmente desta vez, Rocco. Não quero que você aja como fez com Lucky sem minhas ordens. A propósito, esta é minha última advertência para você," disse Vittorio, forçando Rocco a se virar. O Capo simplesmente assentiu em concordância com seu chefe.


John Smith chegou à delegacia, irritado. Algo estava acontecendo com os irmãos Barker, mas como ele poderia provar? Sentou-se em sua mesa e fechou os olhos enquanto relembrava os eventos de dois anos atrás.

Sim, há dois anos, Smith se voluntariou para a força-tarefa que investigava o crescente número de homicídios, roubos, drogas e jogos de azar ilegais no Brooklyn. A força-tarefa usou todos os meios disponíveis para encontrar os responsáveis pela onda de crimes que não era vista no bairro há décadas. Todos envolvidos na operação estavam convencidos de que a máfia estava fazendo um forte retorno, e precisavam detê-la o mais rápido possível. No entanto, parecia que os mafiosos estavam um passo à frente, e a polícia não conseguia estabelecer nenhuma conexão até que Jason Barker apareceu no radar.

O jovem foi preso por jogos de azar ilegais, mas Smith ficou surpreso quando viu a lista de jogadores encontrados durante a prisão de Barker. Durante o interrogatório, apesar das inúmeras tentativas de Barker de permanecer em silêncio, um nome foi mencionado: Luciano "Lucky" Conti.

Lucky se gabava para quem quisesse ouvir que era membro da máfia, e foi a oportunidade perfeita para Smith prender alguém associado a eles e, gradualmente, chegar a todos. No entanto, durante o interrogatório de Lucky, perceberam que o homem nem sequer estava associado aos mafiosos, mas conseguiram obter os nomes de alguns chefes graças ao falante Lucky.

Para completar, alguns dias depois, o Grande Chefe, Marco Amorielle, foi morto durante uma suposta operação policial ligada à força-tarefa. O evento em si foi muito misterioso, já que não havia operação programada, e os homens envolvidos nem faziam parte da força-tarefa. De qualquer forma, tudo isso levou ao fim da força-tarefa.

No entanto, Smith estava convencido de que a conexão entre Jason e Lucky daria frutos. Então, ele propôs permanecer como oficial de condicional de Jason para reunir novas pistas para a força-tarefa.

Smith abriu os olhos e pegou uma folha de papel em branco, criando um organograma das últimas horas. Ele tinha certeza de que o desaparecimento de Jason estava ligado à morte de Domenico Wild, identificado como o cadáver encontrado na ponte mais cedo. Domenico Wild era o dono do Wild Holdings Bank, conhecido como o "cofre" das famílias mafiosas. Algo dentro dele dizia a Smith que a morte de Domenico foi ordenada e que Jason poderia ser o assassino. Mas sob as ordens de quem? Smith se perguntou enquanto desenhava um ponto de interrogação no papel. Ele pensou bastante e começou a listar os nomes dos atuais chefes da máfia: Enrico Turin, Lorenzo Gerevini, Vito Barletta, Giovanni Cordopatri, Luigi Gallo, Tommaso Greco e Vittorio Amorielle, o único filho de Marco, que Smith jurava ter assumido os negócios da família, apesar de não ter nenhuma prova. Ele já havia colocado alguém no encalço deles, mas até agora, nenhuma evidência substancial havia sido encontrada.

Evidências, tudo o que preciso são evidências..., pensou Smith enquanto analisava os nomes em sua lista. Todos eles tinham motivos para serem suspeitos na morte de Domenico; Smith só precisava descobrir qual deles. Talvez ele precisasse falar com Lucky, talvez ele revelasse algo mais. Smith sorriu, concordando com sua ideia. Levantou-se de sua mesa, pegou seu distintivo e sua arma – ele precisava ter aquela conversa com Lucky o mais rápido possível.

"Smith, no meu escritório," ordenou o comissário da porta de seu escritório, surpreendendo John.

Ser chamado duas vezes no mesmo dia por seu chefe, especialmente com um assassinato não resolvido, não podia ser uma coisa boa. No entanto, o oficial sabia que não tinha escolha a não ser ir lá e descobrir o que estava acontecendo.


"Smith, estou removendo você do papel de oficial de condicional de Jason Barker," anunciou o comissário assim que Smith fechou a porta.

"O quê? Por quê?" Smith perguntou, surpreso. "Posso saber o motivo?"

"O motivo é que não há razão para eu ter um excelente policial preso a um papel que não está dentro de sua competência," respondeu o comissário enquanto se ajustava na cadeira.

"Você sabe que estou nesse caso por causa da investigação que estou conduzindo contra a máfia," informou Smith, sério. "Eu também não gosto desse papel, mas preciso estar perto de Jason Barker para encontrar as evidências que preciso."

"No entanto, ambos sabemos que não há evidências de que Jason Barker esteja envolvido com a máfia. Até agora, ele é apenas um cara que tentou a sorte organizando um jogo ilegal..."

"Um jogo ilegal no valor de meio milhão de dólares!" exclamou Smith. "Ninguém poderia operar um jogo assim, exceto a máfia!"

"E você obteve provas disso? Não," enfatizou o comissário. "Você está nisso há dois anos, Smith, e tudo o que me trouxe foram suposições e teorias da conspiração."

"Jason Barker, com menos de 24 horas de liberdade, desapareceu sem deixar rastro... A irmã dele veio a esta delegacia esta manhã para falar sobre algo envolvendo seu irmão. Há uma chance de que Jason possa ter se encontrado com Luciano 'Lucky' Conti. Vou falar com Lucky, e tenho certeza de que ele me fornecerá provas..."

"Luciano 'Lucky' Conti está morto, junto com sua investigação," revelou o comissário.

"Morto?" perguntou Smith, chocado.

"Sim, ele foi encontrado em sua boate com uma bala na testa."

"Está vendo? A morte dele é mais uma prova!" exclamou Smith.

"Prova de quê?"

"Prova de que a máfia está em ação. Primeiro Domenico, e agora Lucky... Não pode ser coincidência."

"Eu não vejo dessa forma," negou o comissário. "O que vejo são homicídios com motivos diferentes. Talvez o de Lucky esteja conectado a Jason. Veja, o cara passou dois anos em uma clínica graças a Lucky, deve ter saído com sede de vingança. Quanto a Domenico... Aquele homem tinha mais inimigos do que todos os banqueiros que conhecemos."

"Deixe-me provar que as mortes estão interligadas," pediu Smith.

"Sinto muito, Smith, mas não podemos seguir essa linha de investigação," informou o comissário, levantando-se da cadeira. Ele caminhou até a porta e a abriu para chamar outra pessoa. "Sargento Cetraro!"

Em segundos, o homem que Smith tinha certeza de ter visto conversando com Ellis mais cedo apareceu. Os dois homens se entreolharam, e então o comissário continuou.

"O Sargento Cetraro será responsável pela condicional de Jason Barker. E você, Smith, ficará encarregado da investigação," começou o comissário, mexendo nas pastas em sua mesa.

"Sobre Domenico Wild," acrescentou Smith, relutantemente. Não era exatamente o que ele queria, mas pelo menos ainda poderia seguir algumas pistas.

"Não," recusou o comissário, surpreendendo ainda mais John. "Você ficará encarregado do tiroteio em massa que tivemos no metrô do Brooklyn... Já faz um mês, e ainda não temos nenhum suspeito."

"Você está brincando comigo?" explodiu Smith, irritado. "Um tiroteio no metrô enquanto duas pessoas envolvidas com a máfia foram mortas?!"

"A Corregedoria está respirando no meu pescoço, Smith. Preciso de uma solução para o tiroteio, e você é o melhor. E isso não é um pedido, é uma ordem," explicou o comissário.

"Como você quiser, Comissário," respondeu Smith.

"Ótimo," disse o Comissário. "Agora saia, preciso dar algumas instruções ao sargento sobre o caso Barker."

"Se quiser, posso fazer isso. Quem melhor do que eu para fazê-lo?" sugeriu Smith.

"Não é necessário, Smith," recusou o comissário. "Ele terá uma abordagem nova para este caso. Feche a porta ao sair."

Smith encarou os dois homens. Ele não conseguia engolir toda essa história; sabia que algo estava errado. Estava no ar...

Mas tudo o que John pôde fazer foi fechar a porta do escritório e deixar os homens continuarem sua conversa.

"Você tem um minuto?" perguntou a mulher ruiva, que já estava esperando por Smith na porta com um envelope laranja.

"Boa tarde para você também, Laura," respondeu Smith à investigadora. "O que você tem para mim?"

"É melhor irmos para um lugar mais... privado," disse Laura, olhando ao redor com desconfiança.

"Vamos para o meu carro," disse Smith, conduzindo Laura para fora da delegacia.


"Como você pediu, segui todos os sete chefes de família," começou Laura enquanto colocava o envelope laranja na traseira do veículo de Smith. O policial abriu o envelope e encontrou fotos de cada um dos homens envolvidos em várias atividades. "Como você pode ver, não houve muito movimento entre eles esta semana, exceto por..."

"Vittorio Amorielle," disse Smith, reconhecendo Vittorio em várias fotos. "Dias ocupados para ele..."

"Muito ocupados," reforçou Laura, separando duas fotos do restante. "Ouvi falar sobre Domenico, e adivinhe quem foi ao banco um dia antes do corpo do banqueiro aparecer? No mesmo dia, Vittorio Amorielle adquiriu o banco e todas as ações de Domenico."

Smith olhou fixamente para a foto apontada por Laura. Lá estava Vittorio no meio do estacionamento com Rocco e... Ellis! A surpresa se espalhou pelo rosto do policial, incapaz de esconder isso da investigadora.

"Você conhece essa mulher?" perguntou a investigadora curiosamente.

"Não..." John mentiu impulsivamente. Ele nem conseguia explicar por que escolheu mentir em vez de revelar a identidade de Ellis. Ele se virou para a mulher e perguntou: "Por quê? Ela é alguém importante?"

"Ainda estou verificando, mas é curioso como ela tem sido vista bem próxima dele ultimamente," informou Laura evasivamente.

"Como assim?"

"Aqui, ela apareceu no clube do Lucky," Laura apontou para outra foto de Ellis sentada em frente a Lucky. "Ela e Lucky parecem estar discutindo, então Ezio Bellucci, o Capo de Amorielle, interveio," continuou, apontando para a foto onde Ellis tinha uma arma apontada para ela. "Os três foram para o escritório de Lucky, mas apenas dois saíram," concluiu a investigadora, mostrando a foto de Ellis saindo da sala e depois Ezio.

"Lucky foi encontrado morto," disse Smith.

"Com uma bala na testa, eu sei," completou Laura, mostrando a foto com o rosto baleado de Lucky. "Eu estava lá. De qualquer forma, no mesmo dia, essa mulher almoçou com Amorielle," continuou Laura, mostrando fotos de Ellis saindo do restaurante, assim como Vittorio. "Pode ser apenas uma coincidência."

"Não é coincidência," negou Smith enquanto analisava as fotos de Ellis. Lá estava, o que ele precisava, mas então a frustração encheu sua mente. Era uma pista promissora, mas que ele não podia usar. "Obrigado, Laura."

"Obrigado? Eu te trouxe uma mina de ouro, e tudo o que você diz é 'obrigado'?" questionou Laura, surpresa. "Olha, talvez eu possa encontrar algo mais, mas duvido que seja melhor do que isso... Olhe as datas, tudo sugere o envolvimento de Amorielle."

"Laura, eu agradeço, mas hoje o comissário me removeu das investigações deste caso. Não há muito que eu possa fazer oficialmente..."

"John, talvez oficialmente você não possa fazer muito, mas você não pode desistir. Não agora que encontrou uma conexão com um dos grandes," rebateu Laura, apontando para a foto de Ellis. "Essa mulher é a chave que você precisa para entrar no mundo da máfia. Encontre-a, e você finalmente chegará à máfia."

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