




CAPÍTULO 10
Vittorio chegou à sua mansão e foi imediatamente saudado pela voz de sua mãe:
"Vittorio, é você?"
"Um, dois, três..." sussurrou Vittorio enquanto observava a empregada fechar a porta.
Logo, o som dos saltos altos de sua mãe indicava sua aproximação. Ela apareceu com um enorme sorriso, indicando que havia planejado algo para seu filho durante sua ausência. Vittorio sorriu de volta e deixou seu rosto ser coberto pelos beijos de recepção de sua mãe.
"Olá, mãe. O que você está planejando?" perguntou o mafioso enquanto segurava os braços de sua mãe.
"Planejando? É assim que você fala com sua mãe?" Antonietta repreendeu, fingindo estar ofendida pela pergunta do filho. Finalmente, ela sorriu, indicando que ele estava certo. Ela passou a mão pelo terno de Vittorio, endireitando-o enquanto dizia: "Giuseppe está no escritório. Ele veio nos visitar..."
"Ele veio nos visitar ou me dar conselhos que eu não pedi?" questionou Vittorio, arqueando uma das sobrancelhas. "Ou você o convidou?"
"Eu pedi para ele vir nos visitar," confessou Antonietta, recebendo um revirar de olhos do filho enquanto ele se afastava. A matriarca da família Amorielle então apressou seus passos para acompanhar o filho enquanto tentava explicar, "Seu pai sempre ouvia seu Consigliere, seu conselheiro, ao tomar decisões..."
"Giuseppe não é meu Consigliere," retrucou Vittorio, caminhando em direção ao escritório.
"Eu sei, mas ele é seu Goomba, ou pelo menos era isso que você costumava dizer," lembrou Antonietta ao filho.
Vittorio parou por um momento e então se virou para sua mãe. Sim, ela estava certa. Houve um tempo em que Vittorio via Giuseppe como um Goomba, um mentor para ele.
"Ele era meu Goomba, madre," corrigiu Vittorio. "Agora todos que estavam lá na noite da morte do meu pai... Todos são considerados suspeitos, e isso inclui Giuseppe."
"Eu te entendo," concordou Antonietta, embora pelo tom Vittorio soubesse que ela não concordava de fato. Ela segurou o braço do filho e então pediu, "Por favor, apenas ouça o que ele tem a dizer. É sobre a vendetta, a vingança contra Domenico... Apenas ouça-o, como um amigo da nossa família..."
"Mãe...," disse Vittorio, balançando a cabeça enquanto ameaçava abrir a maçaneta do escritório.
"Faça isso por mim," pediu sua mãe, segurando o rosto do filho em suas mãos. "Você pode me fazer esse humilde favor?"
"Que homem é capaz de dizer não a Dona Antonietta Amorielle?" começou Vittorio, recebendo um forte beijo em um lado do rosto.
"Obrigada," agradeceu Antonietta ao filho.
"Ainda não me agradeça," disse Vittorio enigmaticamente. "Em troca desse pequeno favor, você terá que fazer algo por mim. Você sabe como funciona..."
"Típico de um Amorielle," resmungou Antonietta.
"Preciso que você convide todas as famílias para um jantar aqui em nossa casa," começou Vittorio, surpreendendo sua mãe. Ele sorriu para ela e continuou, "Deixe claro que todos da família, incluindo as filhas, devem vir, está bem?"
"Claro. Quando você quer esse jantar?" perguntou sua mãe, animada.
"Quero esse jantar para amanhã. Você acha que consegue fazer isso?" perguntou Vittorio.
"Você está me perguntando? Que audácia..." comentou Antonietta, balançando a cabeça. Ela apontou para si mesma e continuou, "Só saiba que uma vez preparei um jantar para mais de 300 pessoas da noite para o dia quando o Papa visitou a casa do seu avô na Itália..."
"Sim, eu sei. Você já me contou essa história muitas vezes," interrompeu Vittorio, recebendo um olhar carinhoso de sua mãe. "O que foi, mãe?"
"Esse é o jantar que estou pensando?" perguntou Antonietta, curiosa.
"Você terá sua resposta amanhã se conseguir fazer isso acontecer," respondeu Vittorio evasivamente. Ele abriu a porta e disse, "Agora entre. Vamos ouvir o que ele tem a dizer."
Antonietta tremeu levemente ao ver a porta do escritório se abrir. Desde a morte de seu marido, ela nunca havia entrado naquela sala da casa. As memórias eram dolorosas demais para ela. Ela deu dois passos para trás enquanto seu corpo se recusava a entrar na sala. Ela sorriu para seu filho e então disse, "Eu não posso... Tenho um jantar para preparar. O primeiro jantar de Don Vittorio Amorielle. Deve ser um evento inesquecível."
"Como você quiser," respondeu Vittorio antes de entrar no escritório.
Sentado no sofá de couro estava um velho de cabelos brancos e barba por fazer em seu velho terno verde-musgo, segurando um copo de uísque nas mãos, completamente alheio à presença de Vittorio, que fez questão de bater a porta para atrair a atenção do antigo consigliere de seu pai.
Giuseppe pulou quando notou a presença de Vittorio. Ele deu apenas alguns passos em direção ao jovem que ele viu crescer, e então, como a regra ditava, Vittorio Amorielle levantou levemente o braço em direção ao velho conselheiro, que segurou a mão do novo Capo dei Capi – o chefe de todos os chefes da máfia – e beijou o anel dourado com as iniciais da família no dedo mindinho de Vittorio.
"Don Vittorio," disse Giuseppe antes de olhar para o jovem, cuja expressão estava mais séria do que ele jamais tinha visto.
"Giuseppe Ricci," disse Vittorio, apontando para o sofá.
"Uau, nome completo e sobrenome," comentou Giuseppe enquanto endireitava seu terno para se sentar no lugar designado pelo filho de seu amigo. Apesar de receber uma expressão vazia, o homem não se deu por satisfeito e continuou falando, "É assim que nos tratamos hoje em dia?"
"É assim que trato pessoas que tentam manipular minha mãe para chegar até mim," explicou Vittorio enquanto se sentava em sua cadeira.
"Eu? Eu manipulando Antonietta Amorielle? Vittorio, por favor... Eu nunca... Eu nunca... saiba que foi sua mãe quem me convidou," argumentou Giuseppe, nervoso.
"Vamos direto ao ponto, Giuseppe. O que você tem a dizer sobre a Vendetta que fiz contra Domenico?" perguntou Vittorio, recostando-se na cadeira.
"Primeira coisa: Nunca se vanglorie de um assassinato," disse Giuseppe apontando para Vittorio, irritado. "Um chefe nunca se coloca em uma posição que possa colocá-lo no radar dos federais."
"Federais?" questionou Vittorio, sem conseguir lembrar o significado da gíria de imediato.
"Os agentes federais, Vittorio," respondeu Giuseppe, ainda mais irritado com a ignorância do jovem. "Não queremos cometer o mesmo erro de anos atrás."
"Você não precisa se preocupar com isso," comentou Vittorio, que abriu a gaveta de sua mesa.
"Como não? Você espalhou partes do corpo de Domenico na Ponte do Brooklyn!" explodiu Giuseppe. "Você deveria ter mantido o corpo no gelo, como todo mundo faz!"
"E você precisa ter cuidado com seu tom ao falar comigo, Giuseppe," disse Vittorio antes de tirar sua Glock da gaveta e colocá-la sobre a mesa, fazendo Giuseppe arregalar os olhos.
"Estou apenas te aconselhando, Vittorio... Quero dizer, Don Vittorio," explicou Giuseppe, nervosamente levantando as mãos. "Você é jovem nisso, só quero te dar a orientação adequada, como fiz com seu pai por muitos anos."
"Giuseppe, você não é meu Consigliere," argumentou Vittorio, que cuidadosamente carregava a pistola.
"Eu sei, mas também sei que você ainda não escolheu alguém para minha posição."
"Você mesmo disse que se aposentaria quando meu pai se fosse," continuou Vittorio, que agora colocava a arma sobre a mesa. "Então, não estou entendendo por que você está me oferecendo conselhos que eu não pedi..."
"A maneira como você lidou com Domenico chamou a atenção de todos," informou Giuseppe, sua testa já suada.
"Eu só fiz a Domenico o que ele merecia por ser um Cascittuni," explicou Vittorio enquanto remexia na gaveta novamente, para o desespero de Giuseppe. Ele puxou uma pasta preta e a jogou em direção a Giuseppe, que lutou para pegá-la. Enquanto o homem folheava as páginas, o mafioso falou, "Eu contratei alguém e descobriram que Domenico estava entregando todas as transações da família para os federais e para os Grecos. No entanto, tenho certeza de que ele não foi o único conspirador envolvido na morte do meu pai. Esta Vendetta foi apenas um aviso para todos os outros envolvidos naquela noite fatídica."
"A mensagem foi recebida alta e clara, Vittorio, acredite. Pare por aí antes que a Comissão intervenha," implorou Giuseppe. "Vittorio, o que aconteceu com seu pai foi apenas... negócios. Faz parte do trabalho e ele sabia disso muito bem. Siga em frente, Vittorio... para o seu próprio bem."
"Você é um mensageiro da Comissão ou da família Greco, Giuseppe?" perguntou Vittorio seriamente.
"Você me ofende, Vittorio," retrucou Giuseppe severamente.
"Você me ofende e ofende a memória do meu pai ao ousar me pedir para não vingar os Grecos!" explodiu Vittorio, batendo a mão na mesa.
Vittorio levantou-se da mesa com sua arma e caminhou em direção a Giuseppe, segurando a cabeça do homem e apontando a arma para sua testa.
"Você, você viveu com meu pai, foi seu braço direito... ele te tratava como um irmão de sangue. E você, como ousa me pedir para não buscar vingança? Eu deveria te matar agora mesmo por essa audácia!"
"Vittorio, por favor..."
"Don Vittorio," chamou Rocco ao entrar no escritório. Ele tentou disfarçar sua surpresa ao ver o chefe prestes a atirar no homem mais honrado da família. "O pacote foi entregue. Precisamos falar sobre alguns ajustes."
"Sua visita acabou, Giuseppe," disse Vittorio, soltando o homem trêmulo.
"Obrigado, Don Vittorio," agradeceu Giuseppe enquanto pulava do sofá e se dirigia à porta da sala.
"E Giuseppe..." começou Vittorio, forçando o homem a se virar. "Envie a seguinte mensagem a todos: Eu quero e vou conseguir as cabeças de todos os traidores e de Tommaso Greco em uma bandeja de prata. Não importa o que isso me custe."