




Capítulo 6 . A pintura alfa
Ava odiava correr, mas estava fazendo isso para salvar a alcateia. Os membros da ômega estavam pesados, mal cooperando com sua mente. Ela não podia evitar que seus braços estivessem doendo de girar a espada mais cedo. Suas pernas também estavam reclamando, pois ela não estava acostumada ao trabalho extenuante de correr pela grama da floresta.
A ômega estava ofegante, mal conseguindo se manter em pé. Cada célula do seu corpo estava queimando. Gotas grossas de suor escorriam pelo lado do seu rosto e suas costas. Seu longo cabelo suado grudava na pele ruborizada.
Ela gemeu de forma lamentável, olhos focados na massa marrom do corpo correndo à sua frente. Um piscar de olhos depois, ele desapareceu, e ela se viu no meio do nada.
Todo o seu ser tremia de nervosismo e calor, perigosamente perdendo o foco, enquanto a simples tarefa de se transformar se tornava desafiadora para ela. A ômega estava frustrada além da compreensão, irritada consigo mesma por ter se perdido. Ela só queria deitar no chão e chorar até dormir. Mas seus instintos e seu lobo interior gritavam para seu corpo cansado continuar se movendo até que estivesse segura. Uma ameaça muito maior pairava sobre sua cabeça.
A ômega suspirou de alívio quando encontrou um galpão abandonado no dia seguinte. A porta do galpão se abriu rapidamente sob seus dedos.
O pequeno galpão estava abafado, então a garota de cabelos caramelos deixou a porta bem aberta enquanto começava a limpar o lugar, jogando fora o lixo. Quando Ava considerou o lugar apertado decente, ela taticamente colocou uma peça de sua roupa no chão.
"Que lugar fabuloso!" A ômega murmurou para si mesma, a boca se torcendo com o fedor. Havia muita poeira, teias de aranha em compensado lascado. Não era a pior coisa para encontrar e buscar abrigo.
Em circunstâncias normais, ela teria ficado mais tempo do lado de fora para admirar o pôr do sol sobre o lago, mas a necessidade de dormir estava no topo de sua lista de prioridades.
Ava conseguiu encontrar algumas velas e uma caixa de fósforos jogadas em um canto. Ela correu apressadamente e acendeu uma vela, colocando-a no canto oposto do galpão para iluminar o quarto com um brilho quente, depois foi até a porta e a fechou. A ômega pensou em acender muitas delas, mas desistiu, pois teria que sobreviver muitas noites pela frente. Pelo menos até conseguir encontrar um caminho de volta para casa; além disso, não havia nada de valor lá dentro. Pedaços de madeira quebrados, papéis queimados no canto e alguns lençóis rasgados. Só isso. Nem uma única garrafa de água ou comida.
A ômega tinha todo o tempo para limpar e tornar aquele galpão um lugar habitável no dia seguinte. Com esse pensamento na cabeça, Ava tirou suas roupas apertadas, mantendo-as dobradas sob sua cabeça e desabou na camisa amassada no chão.
Ava acordou com os raios de sol cegantes brilhando em seu rosto através da fresta entre as cortinas. Sua cabeça estava pesada nos primeiros segundos, os olhos semicerrados pela luz forte. Ela gemeu, esticando os músculos e rolou para o outro lado, longe dos raios quentes. A ômega manteve os olhos fechados, mas ouviu atentamente se conseguia ouvir algum ruído indicando perigo. Após alguns minutos de silêncio tenso, ela suspirou de alívio.
Ela estava segura. Nada de mais correr descalça na floresta e perseguir um desordeiro. Isso a fez sentar-se ereta. Onde aquele desordeiro desapareceu? A ômega o seguiu até ali apenas para vê-lo desaparecer.
Algo não estava certo.
Uma vez que Ava jogou as cobertas para fora do corpo, ela se levantou da cama e foi até a janela para verificar a vista do quarto. A ômega ficou em frente ao painel de vidro, espiando a luz. Houve um tempo em que tudo era normal, feliz, e ela estava com sua tribo. Agora isso parecia um sonho distante.
Ava não pôde deixar de pensar no que Janet disse sobre ela ser uma nova membro da alcateia. A jovem ômega não estava errada. Qualquer um que acaba no território dos outros pertence a eles, mas o Alfa Zach deixou claro que não a queria. Um suspiro escapou de seus lábios. Ela terá que desaparecer sem que o conselho descubra, ou eles representarão uma ameaça séria para ela.
Ela sentiu o cheiro forte antes que a ômega pudesse se virar. Os pelos na nuca se arrepiaram, a respiração ficou presa na garganta. Um gemido quase escapou de seus lábios enquanto o cheiro ficava mais forte, nublando seu cérebro e enfraquecendo seus joelhos.
— Ava?
Exalando, ela se virou lentamente apenas para ver Ares parado na porta, com a boca torcida. Uma carranca se formou em suas feições; as sobrancelhas franzidas. — Posso entrar?
— Por favor, Alpha Ares!
O que ele estava fazendo aqui? Ava pensou consigo mesma, endireitando as costas. Suas bochechas coraram ao lembrar que suas roupas de linho de verão não faziam nada para esconder suas pernas nuas e bem torneadas. Sua mãe teria um ataque se a visse assim na frente de um Alpha solteiro. Eles eram muito mais tradicionais nesse aspecto.
Ele deu um passo à frente, fechando a porta atrás de si, o que a deixou alerta. O que ele estava tramando? Ela fechou as mãos em punhos, pronta para atacar caso fosse necessário.
— Você não é uma beta, é?
Sua máscara caiu imediatamente. Não. Ele não pode saber. O Alpha deve estar blefando. Sim, deve ser isso. Ela não ia deixar ele ter a vantagem.
— Com licença?
— Seus feromônios não são nada sutis. Eles não cheiram a nada, o que é estranho. Eu sei que você pertence a uma alcateia. O que você é?
Ela franziu a testa. — Alphas como você são a razão pela qual betas não podem existir em paz. Não posso acreditar que você automaticamente assumiu que meu cheiro não é floral como o de uma ômega ou forte como o de um Alpha; minha existência deve ser questionada. Betas não são criaturas incompetentes ou indefesas; somos severamente subestimados.
— Veja isso? — Ava virou o braço, não deixando espaço para interrupções até terminar. — Cada um desses cortes representa um desordeiro infeliz cujo coração parou de bater como resultado direto de cruzar meu caminho. Você acha que uma ômega pode fazer isso? Viver em sua forma de lobo, suportar esse tipo de marcas e continuar viva para contar a história?
Seu olhar desceu para as marcas, e seus olhos se arregalaram de surpresa. — Não foi isso que eu...
— Eu não terminei — ela interrompeu, respirando fundo e passando as mãos pelo cabelo na altura dos ombros, continuando um pouco mais calmamente. — É um insulto muito maior para mim insinuar que eu não sou uma beta. Você ficaria bem se outros questionassem sua irmã da mesma forma? Minha natureza está intacta, e eu não acho que preciso continuar provando isso para você, irmão!
Ao final de seu pequeno discurso, ela estava chocada consigo mesma, mas percebeu que era a fúria de sua ômega interior por desrespeitar o potencial e adequado companheiro à sua frente e forçá-la a parar de cavar sua própria cova. Ela estava a dois segundos de implorar pelo perdão do Alpha quando sentiu uma mão deslizar sob seu queixo; seu rosto foi levantado para encontrar a expressão agora mais suave de Ares. Seus joelhos vacilaram enquanto o cheiro dele ficava mais intenso, a visão turva nas bordas.
— Ninguém na minha vida... jamais me desrespeitou de maneira tão direta — observou o Alpha, causando um arrepio de arrependimento em sua espinha. — Eu deveria estar muito mais irritado do que estou, e acredite, posso ficar assim quando o choque passar... mas entendo o quanto te ofendi profundamente, e não duvidarei de suas habilidades novamente. O que você disse sobre as ômegas... isso não é verdade. Elas também são criaturas profundamente subestimadas. Minha irmã é igualmente forte e pode derrotar uma criatura duas vezes maior que ela.
Seus lábios se curvaram em diversão, afastando-se dela. — Você se maravilha com seu próprio status, mas menospreza as ômegas. Não há diferença entre um Alpha e um beta, afinal, né?
Bem, isso foi inesperado. Ela não podia fazer nada além de olhar nos olhos cinzentos e tempestuosos do Alpha com admiração e tentar decifrar se isso era realidade ou não.
Primeiramente, o Alpha da Alcateia se desculpou com ela e também rebateu seu ponto contra as ômegas. Ela nunca conheceu alguém como ele que defendesse seu tipo com tanta paixão e vigor. Isso a fez questionar se ela estava nutrindo preconceitos contra todos os Alphas que viam seu tipo como nada além de objetos.
— Acho que não, Alpha Ares — ela engoliu em seco.