




Capítulo 5 . Janet Bruno
Ela notou as narinas do Alfa se dilatarem, as sobrancelhas franzidas em desagrado. O Alfa da Matilha, Zach, estava prestes a soltar outro rosnado. Ou pelo menos foi o que ela pensou quando os olhos dele perfuraram sua pele, quase fazendo os pequenos pelos se arrepiarem.
"O que você disse?" Zach deu um passo ameaçador em sua direção, parecendo o predador que ele realmente era. Ela engoliu em seco enquanto o Alfa se erguia sobre ela, o olhar oscilando em direção a Ares e Dante, que estavam atrás dele, sinalizando para que ela ficasse quieta. Suas mãos faziam o gesto de fechar os lábios, o que fez suas sobrancelhas se franzirem.
"Exatamente o que você ouviu." Ela piscou para ele. Ava não tinha medo de um Alfa da Matilha que se achava superior a todos. De jeito nenhum ela iria se intimidar por ele.
"Você, insolente pequena—"
Ares o interrompeu, envolvendo a mão ao redor do cotovelo do irmão. "Ok, Zach! Acho que é hora de ir. Você não disse que tinha que interrogar alguém?"
"Sim, mas eu não terminei de falar com essa pirralha!"
'Fala você, um pirralho maior,' Ava murmurou para si mesma, esperando que ninguém ouvisse, mas pelo movimento dos lábios de Dante, o Alfa ouviu. Um rubor subiu em suas bochechas com isso, os olhos desviando para o chão. Não era sua intenção ser insultante, mas se alguém agisse de forma arrogante e primitiva, ela tinha todo o direito de retaliar, mesmo que não fosse seu território ou matilha.
Zach resmungou algo sob sua respiração antes de voltar sua atenção para ela. "Não me importa o que aconteça, mas você vai desocupar este lugar assim que melhorar. Entendeu?"
"Alto e claro." Ela assentiu com a cabeça, mas quando o olhar dele se intensificou, Ava acrescentou a última parte. "Alfa Zach."
"E há algumas regras que você deve seguir enquanto estiver neste quarto da clínica."
Oh. Uau. Mais regras. Ela vai embora em três dias de qualquer maneira. Por que ele estava fazendo ela ouvir tudo isso? A ômega apenas murmurou, esperando pacientemente que ele ditasse mais algumas.
"Primeiro, você não vai sair daqui. De jeito nenhum. Você já viu demais do nosso território."
Ava argumentaria que Dante a carregou inconsciente, e ela acordou em um quarto de clínica. Essa é a memória que ela tinha. A ômega nem sabia como a clínica deles parecia por fora.
"Segundo, você não deve interagir com os membros da minha matilha. A menos que seja abordada. E por último, é proibido se transformar dentro da clínica. Entendeu?"
A terceira regra era compreensível, dado o teto delicado e o tamanho do quarto. No entanto, ela ficou irritada com a segunda. Por que ela não podia falar com outros membros da matilha? Não era como se Ava fosse virar eles contra o Alfa. Ou qualquer outra razão doentia que ele pudesse ter contra ela.
"Ok," ela suspirou.
"Isso é tudo..." Ele parou, seu olhar oscilando pelo quarto por um segundo ou dois. Parecia que Zack queria dizer algo, mas em vez disso saiu de lá.
Ava exalou um suspiro que estava segurando por um tempo, sentindo seu peito apertar. Curvando os ombros, ela voltou para a cama antes de desabar contra a pilha de travesseiros na borda. Tudo isso enquanto sentia os olhos de dois Alfas sobre ela, traçando e seguindo seus movimentos.
Dante foi o primeiro a quebrar o silêncio assustador que pairava no quarto. "Desculpe pelo meu irmão... ele pode ser um pouco superprotetor." Ele continuou, a voz tensa. "Ele sempre tem a segurança da Matilha em mente e pode ter falado de forma precipitada."
Ela notou que Ares estava parado ali quietamente, o nariz franzido e os lábios entre os dentes. O que ele estava pensando? E se ele estivesse tentando descobrir seu cheiro também? A ômega precisava encontrar uma distração.
"Esse é seu irmão também?" Ava perguntou em voz alta, sua atenção se alternando entre os dois, os lábios comprimidos em um sorriso nervoso.
Dante olhou por cima do ombro. "Ahh... sim. Esse é meu irmão mais velho, Ares. Nós dois também somos líderes da Matilha, mas nosso irmão Zach cuida da maioria das tarefas."
"Umm... oi?"
Ares deu a ela um sorriso genuíno em resposta.
Uau, ele não fala muito, não é? Ela pensou consigo mesma. Antes que qualquer um deles pudesse dizer uma palavra, Rayly entrou de repente. A beta tinha algumas roupas dobradas sob o braço.
"Fora agora!" Ela apontou e olhou para os irmãos. "Vocês já tiveram tempo suficiente para incomodá-la. Por favor, saiam daqui. Este quarto está impregnado com seus cheiros."
Dante torceu os lábios. "Zach acabou de sair! Mal falamos com ela."
"Desculpe, irmão, mas o médico não vai gostar se vocês continuarem impregnando a clínica com seus cheiros. Vocês podem voltar mais tarde."
"Ok." Eles assentiram com a cabeça em uníssono antes de sair da clínica. Ava também conseguiu acenar para eles antes de deixar sua cabeça cair para trás.
Ava se concentrou em como até mesmo as roupas leves de linho de verão começaram a grudar desconfortavelmente em suas costas com o suor. Rayly pediu para ela tomar um banho e até emprestou roupas para ela trocar. Está quente, e a ômega não tinha certeza de como lidaria com o resto do verão. Talvez tenha algo a ver com estar em um quarto com grandes janelas como única fonte de ar fresco.
Coçando o joelho, ela tentou inspirar profundamente, sabendo que é inútil tentar acalmar a coceira que grudava em sua pele junto com a onda espessa de calor. Ela podia sentir o olhar penetrante da beta pesado em suas mãos.
Coceira. Tremores. Exaustão. Enxaquecas. Uma necessidade avassaladora de contato físico. Ela estava experimentando tudo isso desde que os Alfas a deixaram. Devem ser os efeitos colaterais que sua ômega estava enfrentando devido à retirada repentina.
"Você precisa de algo?"
Tentada a dizer sim, a ômega ainda balançou a cabeça teimosamente. "Eu vou ficar bem," ela disse. Não é como se Rayly pudesse ajudar muito de qualquer maneira. Como beta, seus feromônios estão presentes, mas sutis – apenas o suficiente para acalmar a queimação por um tempo, mas nunca por muito tempo. Nunca o suficiente.
"Então... você tem um alfa em casa?" a beta perguntou.
Ela inspirou profundamente com a pergunta, mordendo o lábio com força suficiente para sentir o gosto de sangue. "Não," Ava disse após uma pausa, de forma hesitante. "Não, eu não tenho."
Rayly sabiamente ficou em silêncio, mas a ômega podia sentir sua preocupação persistente se cristalizar ao redor delas, tornando difícil respirar. Ava se inclinou para ligar o rádio, aumentando o volume para que a música pudesse quebrar a tensão. Então ela se recostou e continuou olhando pela janela.
Uma batida na porta alertou as duas no quarto. Ava virou a cabeça em direção à porta, piscando para a garota pequena que estava ali. Ela segurava flores em uma mão, a outra carregando uma caixa de papelão. Suas bochechas estavam vermelhas e um sorriso radiante como o sol – uma ômega que não poderia ter mais de dezesseis anos.
"Janet?" Rayly levantou a sobrancelha. "O que você está fazendo aqui?"
A ômega sorriu timidamente. "Estou aqui para dar as boas-vindas à nossa nova membro da matilha."
Demorou um momento para Ava perceber que deveria responder, ocupada demais olhando para a aparência dela, antes de conseguir gaguejar uma resposta, "Uhm, olá. Eu sou Ava Pearl. Só Ava está bom." Tanto para suas lições de diplomacia. A ômega estava feliz que seus pais não estavam lá para testemunhar o desastre.
Rayly suspirou, balançando a cabeça em descrença. "Ela não é nossa membro da matilha, Janet."
"Mas ela está em nosso território."
"É uma longa história, querida irmã. Seria melhor se você não estivesse aqui. Não acho que nosso irmão mais velho vai apreciar isso."
Janet bufou. "Eu posso lidar com ele."
Oh. Outra fogosa. Ava já gostava dela. Antes que Rayly pudesse detê-la, a ômega já estava correndo para a cama e entregando flores nas mãos de Ava. Ela as aceitou graciosamente da jovem.
"Você gosta dessas flores? Eu fiz o arranjo." Janet exclamou, deslizando outra fatia de torta no prato de Ava, mesmo que ela tivesse recusado educadamente quando a ômega ofereceu um minuto atrás. Já fazia meia hora, e ela ainda estava praticamente vibrando de energia, pairando sobre ela.
Ava estava se deleitando com isso, todos os traços de coceira e pânico temporariamente apagados.
"Eu adoro jardinagem!" Janet disse animadamente, os olhos brilhantes e fixos em seu rosto, assim como estiveram quase o tempo todo desde que ela chegou. Ela estava praticamente radiante, as palavras saindo de sua boca a mil por hora.
Foram mais alguns minutos de Janet falando sobre as flores que a ômega queria plantar na próxima estação. Como ela encomendou essas adoráveis luvas de jardinagem ontem, ela finalmente parou e levantou as mãos com uma risada. "Nossa, estou apenas tagarelando neste ponto. Chega de mim, me conte sobre você. Quero saber tudo."
Seu tom era totalmente provocador; Ava conseguiu oferecer um sorriso tímido, indulgente por alguns minutos até que alguém chamou Rayly e Janet, prontos para escoltá-las até a casa da matilha. Ela ficou feliz por isso. Não porque Ava não gostasse da companhia delas, mas porque não estava interessada em revelar seus detalhes pessoais.
Para alívio de Ava, o resto da noite passou tranquilamente.
Ela sentiu algo parecido com contentamento ao se enrolar em uma cama macia e quente pela primeira vez em dias, envolta em cobertores e abraçando o travesseiro contra o peito como um brinquedo de pelúcia. Quando a ômega fechou os olhos, tentou não pensar em como amanhã Ava estará na presença daqueles Alfas novamente.