




Capítulo 1: Admirador
Hana
Alice e Liam estão ao meu lado. Meus dois melhores amigos estão tentando me convencer a não sair da minha própria festa de formatura. E tudo isso não é em vão porque, graças a Nathan, uma das noites mais importantes da minha vida foi arruinada.
Ele terminou comigo. Me deixou aqui sozinha na noite em que eu pensei que faríamos amor pela primeira vez. Ele prometeu esperar, mas acho que eu não o motivei o suficiente. Ele confessou, sem nenhuma expressão de culpa no rosto, que estava dormindo com outra pessoa. Eu entendo que permanecer virgem aos 21 anos pode ser um desafio, mas ele sabia no que estava se metendo. Ele não conseguiu manter sua palavra ou qualquer uma das outras promessas que fez.
Felizmente, o Reitor Kelly fez todo o trabalho que seria meu ao me elogiar na frente de investidores e grandes empresários. Meu bom desempenho fez a maior parte, mas Kelly sempre foi gentil comigo. Pelo menos preciso garantir uma oferta de emprego para compensar a noite desastrosa.
“Não se preocupe com aquele idiota, Hana. Você nem vai se lembrar dele em alguns meses. Você tem um futuro incrível pela frente,” diz Alice. Liam concorda, mas a situação não o deixa triste. Ele nunca escondeu suas investidas nada sutis.
“Aquele empresário parecia disposto a te contratar.” Ouço ele dizer e reviro os olhos.
“Acho que as intenções dele eram diferentes,” retruco, e eles riem, me fazendo rir também. “Mas uma oferta de emprego seria ótimo.”
“Você vai conseguir, tenho certeza!” Alice tenta me animar.
“Espero que sim. Quero ser independente e não ter que voltar a morar com meus pais no Japão,” tento soar esperançosa.
“Tira essa cara de funeral, vamos nos divertir,” Liam puxa Alice para a pista de dança. Ela tenta me puxar junto, mas eu escapo de suas tentativas.
Vejo o bar bem na minha frente, e esse é meu objetivo. Não demora muito, e antes mesmo de eu pedir qualquer coisa, o barman coloca uma bebida na minha frente. Empurro o copo de volta para o barman, mas ele insiste, dizendo que é cortesia de um admirador.
Admirador? Eu zombo porque é difícil levar a sério. Mas ele vira a cabeça para a esquerda e aponta discretamente. Então, olho na direção sugerida e o vejo.
Mesmo sem ver claramente, posso reconhecê-lo como um dos empresários que estavam com o reitor, certamente mais jovem que a maioria. Ele parece estar na casa dos quarenta, embora esteja muito bem para a idade.
Seu corpo é visivelmente forte, apesar do tecido que o cobre. Seu cabelo estava quase completamente grisalho. A barba curta e bem aparada expõe seu maxilar bem definido.
Ele é um daqueles caras que parecem ter saído de um filme. Incrivelmente atraente. Mais do que posso expressar, apesar de ser muito mais velho que eu.
O que um cara assim quer comigo? Me pergunto se, como eu, ele esqueceu suas lentes de contato em casa e não consegue ver claramente.
Mas ele prova que estou errada quando se senta ao meu lado. Muito perto. Posso quase sentir sua respiração na minha bochecha, e mesmo encostada no balcão, sinto meu corpo tremendo.
Nunca senti isso antes.
“Não quis te assustar, Hana. Só queria te parabenizar pela formatura,” Sua voz é profunda e me faz tremer ainda mais.
“Quem é você e como sabe quem eu sou?” Sua mão imediatamente paira sobre a minha, como se quisesse me acalmar. Não funciona porque seu toque piora meu estado.
“Você acabou de se apresentar naquela mesa, esqueceu?” Ele aponta para o lugar onde estávamos minutos atrás, ao lado do reitor.
Droga! O sorriso dele poderia fazer qualquer um derreter ali mesmo.
Deveria ser crime um homem como ele existir.
“Desculpe, estou nervosa.”
“Eu te assusto, Hana?” A entonação da voz dele dizendo meu nome faz meu interior revirar. Sinto o ar escasso, e o espaço entre nós diminui a cada segundo que passa.
Meu Deus, estou desmoronando.
“Sou uma garota tímida, senhor…” Tento continuar e percebo que ainda não sei o nome dele.
“Kauer. John Kauer.” Seu dedo desliza sobre o copo úmido, limpando as gotas que escorrem pela bebida intocada. Um sorriso malicioso em seus lábios enquanto me olha.
Kauer, soa familiar, mas não consigo lembrar onde ouvi esse nome antes.
É difícil me concentrar, a maneira como ele me olha é intensa, como um animal prestes a devorar sua presa. Sinto medo, mas ao mesmo tempo, anseio por continuar. Decidi me forçar a seguir em frente e entender a mistura de sensações que me dominam quando John me olha tão profundamente.
“Sr. John Kauer.” O efeito do champanhe que bebi toma conta, e minha voz sai mais arrastada e lenta. Vejo seu rosto se tensionar, e ele parece gostar quando o chamo assim.
“Você é uma mulher deslumbrante, Hana,” a rouquidão em sua voz me arrepia, o sorriso ainda presente.
Me pergunto se as pessoas nos veem, se questionam por que ele está tão perto. Neste ponto, não me importo mais.