Capítulo 7
Eu era apenas uma criança na época, mas mesmo assim eu tinha sonhos estranhos. Sonhos sobre coisas que eu não entendia na época, mas minha mãe sempre me lembrava de não ignorá-los. Naquele tempo, eu achava que ela queria que eu acreditasse que tudo acontece por uma razão, mas eu realmente não acreditava. Acho que esperava que meu futuro fosse algo que eu pudesse escolher. Eu não queria ter meu destino decidido por mim, queria encontrar meu próprio caminho sem que ele fosse escolhido para mim.
Ou talvez eu tivesse medo do que o futuro reservava. Gostaria que minha mãe estivesse aqui, ela sempre parecia saber o que esses sonhos significavam. O sono já tinha ido embora, então decidi fazer um pouco de chá e me distrair com um dos meus filmes clássicos favoritos. Eu costumava descer furtivamente à noite e assisti-los com meu pai quando não conseguia dormir, e acabava adormecendo abraçada a ele. No entanto, sempre acordava na minha própria cama pela manhã. Apertei o play e a música de introdução me encheu de memórias, sempre gostei de filmes em preto e branco porque quase parecia outro mundo quando eu os assistia.
Esta noite eu queria assistir Laura, não é o filme mais feliz, mas ainda assim um dos meus favoritos.
Me acomodei no sofá, enrolada em um cobertor macio e com minha xícara de chá, e assisti não apenas um, mas mais dois filmes clássicos até ver o sol nascer.
Decidi sair para correr novamente e tentar me despertar mais. Vesti rapidamente outra roupa de treino e corri... e corri... e corri até sentir que mal conseguia respirar. Eu costumava correr por mais tempo, mas agora era mais difícil com meu lobo me privando de minhas habilidades mais úteis. Eu realmente não posso acreditar nela agora! Ela não percebe o que está fazendo? Ela não sabe que quanto mais me bloqueia, mais fácil será para eu me machucar? Por que ela insiste em me afastar?! Soltei um gemido de frustração e me virei para voltar para casa.
Consegui voltar sem que meus pulmões falhassem, graças à deusa, mas me sentia exausta. Quando entrei pela porta, o telefone fixo começou a tocar.
"Alô?" perguntei cautelosamente.
"Maya, é o Nathaniel." ouvi pelo telefone.
"Oh, oi! Por que você está me ligando aqui e não no meu celular?" perguntei a ele.
"Apenas uma precaução. Como estão as coisas?" ele pergunta, mas parece distraído.
"Tudo bem. Aconteceu alguma coisa? Você parece estranho." digo preocupada.
"Está tudo bem, não se preocupe." Ele ri nervosamente.
"Não parece estar tudo bem." insisto.
"Espero poder visitá-la em breve e passarmos um tempo juntos. Estarei em Washington na próxima semana, então posso passar por aí?" ele pergunta.
"Nathaniel, o quê? Do que você está falando?" pergunto confusa.
"Ótimo, vou garantir de trazer aquele livro que te falei. O Perdido, lembra?" ele diz.
Meu coração começa a acelerar quando ouço o título do livro. Nathaniel tinha me contado sobre a história, e como uma jovem mulher foi atormentada por um perseguidor durante anos. Ela estava com muito medo de denunciar o que estava acontecendo com ela, mas em vez disso, começou a treinar e se preparar para o dia em que precisaria lutar. Ele disse que isso o lembrava muito de mim, e que eu era mais forte do que sabia. Ele estava me avisando! Algo tinha acontecido e o Alfa deve ter descoberto que ele me ajudou, ele está em perigo! Havia alguém com ele agora? Esta seria a última vez que eu falaria com ele? Eu estava prestes a perder a última pessoa neste mundo que se importava comigo?!