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9- A bilíngue Alyssa

A ômega seguia atrás do Alfa; seu coração estava na garganta. Por algum motivo, ela sentia as palmas das mãos úmidas e o coração batendo no peito a uma velocidade insana. Talvez fosse a ideia de sentar-se com três Alfas na mesma mesa. Ela não tinha ideia do porquê estava se sentindo assim.

De volta à sua matilha, ela não tinha problema em desprezar os Alfas que tentavam cortejá-la com as linhas mais ridículas de todas. Alyssa não ligava para isso, mas parecia diferente com os três. Cada um deles tinha uma personalidade e peculiaridades que os tornavam únicos. Quando ela aceitou o trabalho, não fazia ideia do que estava se metendo.

A semana passada foi nada além de caótica. Ela mal teve tempo para falar com sua mãe. Tudo graças ao seu trabalho. Eric, com suas tarefas ridículas. Seus dedos ainda sentiam a tensão enquanto ela tentava escrever cada detalhe. Quando a fizeram assinar o contrato, ela pensou que seu trabalho seria muito básico. Afinal, ela lidava com muitos Alfas em sua matilha. Quão difícil poderiam ser três deles? Se ao menos ela soubesse metade das coisas.

Seja como for, o pagamento era bom. Isso pode ser um eufemismo. Ela poderia rapidamente colocar seu irmão na faculdade dos sonhos com seu salário. Vantagens de trabalhar para os três! Quando contou à sua mãe sobre o trabalho, ouviu um soluço alto do outro lado. Finalmente, eles poderiam se sustentar sem precisar depender de alguém para ajudar.

Alyssa queria falar com o Alfa da matilha também sobre a possibilidade de mudar sua família. Isso exigiria muita papelada e, considerando que ela é uma ômega sem Alfa na família, seria ainda mais desafiador. Além disso, ela não esqueceu aquela condição. A única condição pela qual o Alfa da matilha permitiu que ela voltasse para a cidade.

Ultimamente, com os Alfas, ela parecia estar esquecendo disso. Suas bochechas queimavam com isso. Eles eram tão bonitos e o que chamam de "colírio para os olhos" que ela não podia deixar de ficar boquiaberta. Algo que ela deveria trabalhar antes de ser pega. Isso seria humilhante. A ômega estava ciente de que não deveria estar pensando em nada além de seu trabalho. Essa é sua única prioridade.

"Por aqui," a voz de Nicholas interrompeu seus pensamentos.

Ela piscou quando chegaram ao restaurante. Seus olhos se arregalaram ao ver o prédio alto à sua frente. Quando Nicholas mencionou um pequeno restaurante nas proximidades, ela pensou que seria uma cabana ou algo pequeno. Sua boca se abriu enquanto eles começavam a entrar. Tudo parecia tão luxuoso e elegante. Quase impecável.

A ômega puxou sua camisa, o material roçando grosseiramente contra sua pele. Embora fosse de renda e tudo mais, o material pinicava sua pele por dentro, já que ela estava usando sem uma combinação. Isso teria arruinado o visual.

"Bonjour Monsieur." Uma senhora sorriu para eles, seu sotaque francês e dentes brancos como pérolas fazendo Alyssa ficar boquiaberta. Ela até tinha aquele uniforme ridículo preto e branco. Honestamente, a ômega pensava que eles não eram reais e algo que mostram nos filmes por diversão.

A senhora lançou um sorriso provocante para Nicholas antes de se virar para Alyssa, com um torcer nos lábios.

"Bienvenue à Chapeau."

De novo com aquele olhar. Alyssa recebia olhares sujos de suas colegas de trabalho mais vezes do que podia contar, tudo porque ela trabalhava para os Alfas mais cobiçados do país. Elas estavam com ciúmes dela.

Alyssa devolveu o sorriso educadamente.

Seus saltos tilintaram contra o chão enquanto caminhavam em direção à área de serviço. Um leve suspiro escapou de sua boca ao observar o chão. Mesas redondas brancas estavam dispostas em forma de hexágono com uma abertura. Enquanto ela olhava ao redor, avistou Adrian e Eric sentados na mesa mais distante, contra a janela de vidro. Eles estavam sentados um de frente para o outro, ocupados conversando sobre algo.

Assim que ela se aproximou da mesa, Adrian a cumprimentou com um largo sorriso. Seu interior se agitou quando ele fez um gesto para que ela se sentasse ao lado dele. Ela acenou com a cabeça, esperando ao lado enquanto sua cadeira era puxada pelo garçom vestido com o mesmo uniforme.

A ômega podia sentir alguém a encarando do lado, e ela não precisava adivinhar. Tentando parecer indiferente, ela arrumou sua cadeira, deslizando mais para frente e colocou um guardanapo no colo. Os talheres em seu prato eram muitos mais do que uma pessoa comum precisaria, mas ela não estava reclamando.

Ela mordeu os lábios, nervosa. Alyssa não tinha ideia do que pedir para o almoço. Julgando pelo interior, ela tinha certeza de que tudo seria caro. Seu estômago se apertou e suas bochechas arderam de vergonha. Por que ela concordou em vir com Nicholas? Como todos os dias, ela poderia ter pego algo da máquina de vendas na sala de jogos e comido no almoço. Não era saudável, obviamente, mas economizava dinheiro. Só mais algumas semanas até ela receber o pagamento.

O garçom se apresentou como Raquel e perguntou pelos pedidos.

Nicholas pigarreou. “Você poderia nos dar um momento, por favor?”

“Oui Monsieur. Voltarei em breve.”

Assim que ele se afastou, Alyssa soltou um suspiro. Talvez ela pudesse inventar uma desculpa e ir embora.

“Por que você trouxe nossa adorável assistente aqui? Precisa de ajuda para cortar seu bife, Nicholas?” A voz de Eric a fez estremecer.

Nicholas revirou os olhos. “Não seja um idiota. Depois do jeito que você se comportou ontem, ela merece um agrado.”

Adrian murmurou. “Exatamente.”

Eric bufou e voltou a ler seu menu. Por que ele era assim? Alyssa pensou enquanto espiava para ele. Será que ela fez algo? Mas eles mal se encontravam. O que poderia ter causado sua antipatia?

Adrian se virou para ela. “Senhorita Rivers, você pode pedir o que quiser. É por minha conta.”

“Não! É por minha conta. Eu a convidei para cá,” Nicholas argumentou.

A ômega sorriu timidamente enquanto os dois começavam a discutir entre si. Era engraçado e bobo ao mesmo tempo. Ela voltou a olhar o menu e passou pelos pratos. Tudo estava escrito em francês. Seus olhos se arregalaram com os preços. Mesmo que seus chefes tivessem concordado em pagar por ela, ela não podia deixar de se preocupar. Eram ridiculamente caros para uma refeição.

“Eu quero uma sopa de cebola francesa.” Adrian fechou o menu.

“Sopa? Sério?” Eric levantou a sobrancelha.

“Não comece aqui, por favor,” Nicholas interrompeu no meio.

Alyssa observou a dinâmica deles com um sorriso divertido no rosto. Ela tinha lido sobre eles e sua amizade próxima, o que foi um bônus para fazer o BEFORE um sucesso global. A ômega estava impressionada com o fato de que eles ainda estavam juntos mesmo depois de alcançar um marco tão grande.

O garçom voltou para pegar os pedidos. Os três repetiram seus pedidos sem esforço e todos os olhos se voltaram para ela.

Eric sorriu como se achasse que ela não conseguiria pronunciar seu pedido. Ele piscou docemente para ela.

“Posso fazer seu pedido, se quiser.”

Nicholas abriu a boca como se fosse defender a ômega, mas ela o interrompeu.

“Eu sou perfeitamente capaz de fazer isso, senhor,” Alyssa fechou o menu antes de se virar para Raquel, que estava ali com um sorriso tenso.

“Bonjour, je voudrais un Croque Monsieur,” a ômega sorriu.

O rosto de Eric caiu enquanto ela falava francês sem esforço. Um olhar carrancudo substituiu o sorriso presunçoso em seu rosto. Mesmo que ela não devesse se divertir com isso, Alyssa não pôde deixar de sorrir internamente. Foi muito refrescante quebrar aquele ego dele. Ela não tinha nenhum problema pessoal com ele, mas a maneira como ele a subestimava não a agradava.

“Venir tout de suite, madame.”

Assim que o garçom se afastou, Adrian se virou para ela.

“Seu francês é muito bom.”

Nicholas murmurou. “Sim, eu pensei que você estava mentindo no seu currículo, como centenas de outras ômegas.”

Alyssa balançou a cabeça. Ela nunca mentiria sobre algo assim. A ômega podia sentir o olhar de Eric sobre ela enquanto se sentava ereta.

“A família do meu pai costumava morar na França antes de voltar para nossa vila. Ele adorava falar francês e nos ensinou, a mim e ao meu irmão, para que pudéssemos manter nossas raízes.”

“Parece que ele fez um excelente trabalho então,” Adrian sorriu.

“Obrigada,” a ômega corou timidamente.

Depois disso, ela ficou quieta, absorvendo a atmosfera do restaurante. Eric envolveu os dois Alfas em uma conversa sobre um novo artista na internet que estava fazendo sucesso. Ela desligou o resto da conversa, focando em sua mesa.

A ômega estava grata por não ter que sair do restaurante em lágrimas. Acontece que almoçar com seus chefes pode não ser tão ruim afinal.


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