1: Sim, senhor!
Jasmine
"Jasmine, café para o Sr. Michaels... AGORA!" Esse grito estridente e angustiante veio da "valentona" do escritório, ou melhor, minha valentona do escritório. Claro, eu tinha outro nome muito mais adequado para ela, mas me recusava a ser tão profana tão cedo pela manhã. Além disso, eu já estava acostumada com a Sra. Connor me fazendo fazer o trabalho dela. Como se eu já não tivesse o suficiente para fazer.
"Já estou indo! Me dê dez minutos!" Gritei enquanto tirava os dedos do teclado e começava a sair da minha cadeira dura e desconfortável. Aquela coisa era um pesadelo diário para o meu traseiro.
"Você tem cinco. A reunião dele começa às oito, e ele disse que gostaria do café bem antes da reunião!" Ela gritou enquanto eu começava a correr com meus saltos pretos batendo ruidosamente contra o chão. Eu realmente não era paga o suficiente para essa porcaria matinal. Honestamente, às vezes eu desejava poder arrancar aquele cabelo loiro da cabeça dela e enfiá-lo na garganta dela para que ela não precisasse me mandar salvar a pele dela de ser demitida por causa da clara incompetência dela. Mas, infelizmente, eu era apenas Jasmine Spectra, e Jasmine Spectra só podia pensar em pensamentos "agradáveis" e "felizes".
Meus saltos continuaram seu clique e claque violento no pavimento em direção à cafeteria, que ficava a cerca de dois minutos a pé do escritório. Eu estimava mais dois minutos de espera na cafeteria, o que significava que eu tinha que reduzir meu tempo de viagem para cerca de meio minuto - daí o clique e claque violento.
"Pedido regular para o Sr. Michaels!" Gritei sem fôlego da porta da aconchegante e iluminada cafeteria, que estava cheia do aroma agradável de café fresco e doces recém-assados.
O pobre coitado trabalhando no balcão, Kevin, acenou com a cabeça, fazendo seu cabelo loiro cair no rosto e sombrear seus olhos verdes brilhantes. Ele deixou tudo o que estava fazendo (incluindo o adorável casal que estava no processo de fazer o pedido) para começar a preparar o café do meu chefe. Café preto, recém-moído, sem açúcar, sem leite, sem creme, mas com um toque de canela para um bom aroma forte. Sim, eu sabia o pedido dele de cor agora. Na verdade, às vezes eu tinha pesadelos com xícaras de café me queimando viva, embora eu tivesse certeza de que os dois provavelmente não estavam relacionados de forma alguma.
"Está pronto!" Kevin gritou. Corri em direção ao balcão, dei o dinheiro para Kevin e então saí correndo da loja, praticamente agredindo os saltos dos meus sapatos contra o chão. O pobre Kevin sabia exatamente a minha situação - isso, e meu chefe era um cliente regular dele com uma atitude "sem frescuras" e uma carteira cheia de gorjetas que ajudavam Kevin a pagar suas mensalidades da faculdade.
Uma vez que minhas pernas tinham alcançado o ritmo perfeito de corrida, rapidamente olhei para o meu relógio e percebi que tinha exatamente um minuto para chegar lá.
"Com licença! Segure a porta!" Gritei enquanto corria para o elevador. Graças a Deus minha melhor amiga London estava no elevador e então ela colocou um pé lindamente calçado para fora e se moveu para o lado para eu entrar.
"Corrida do café?" Ela perguntou enquanto me dava um abraço.
"Sim!" Respondi ofegante.
Ela sorriu para si mesma, como se tivesse contado uma piada interna em sua cabeça, e então começou a passar batom em seus lábios perfeitos. London tinha que ser uma das mulheres mais atraentes do escritório. Suas pernas eram deslumbrantes e tonificadas, seu cabelo, grosso e preto, caía até os quadris. Ela era basicamente o equivalente a um indutor de baba ambulante. Infelizmente para a maioria dos babões que babavam por ela, ela estava comprometida.
"Como está a Amber?" Perguntei enquanto observava nervosamente os números digitais mudarem acima do teclado dentro do elevador. O elevador estava realmente me provocando a esse ponto, e eu não tinha certeza de quanto tempo aguentaria até ser tomada por um enorme colapso mental.
"Ela está bem, hoje à noite é noite de encontro, então ela tem sido secreta o dia todo." Ela disse.
London e Amber estavam namorando desde que conheci London, e eu tinha certeza de que já tinha ouvido o suficiente sobre o relacionamento delas para poder, em detalhes, descrever toda a vida sexual delas com datas, horários e posições exatas.
Quando eu estava prestes a dizer algo para London, a porta do elevador se abriu no vigésimo quinto andar. "Ah, bem, essa é minha parada, falamos depois?" Perguntei. Ela acenou com a cabeça e então eu saí do elevador e corri para o escritório da Sra. Connor. Ela sempre me pedia para pegar o café e depois levava para o chefe ela mesma, para parecer que estava fazendo seu trabalho de ser a assistente pessoal dele. No entanto, quando cheguei lá, ela não estava em seu escritório. Em vez disso, havia um bilhete na mesa dela, endereçado a mim.
Leve o café para ele na sala de conferências. A reunião foi adiantada para 7:50.
Assim que li isso, quase deixei o café cair no chão, percebendo exatamente o que isso significava. Eu teria que entregar o café para o meu chefe. Naquele momento, desejei que o chão se abrisse e me engolisse inteira.
Comecei a entrar em pânico internamente ao pensar em vê-lo. Eu sempre evitava o CEO, e com razão. Quando o via no elevador, usava as escadas - todos os vinte e cinco andares - se passássemos um pelo outro, eu olhava para o chão e fingia estar interessada no tom de preto dos meus saltos. Se ele passasse pela minha mesa, eu olhava para a tela do meu computador, sem ousar piscar, para não atrair sua atenção. Ele me deixava ilogicamente nervosa, incomodada e completamente desconfortável. Sua presença exalava dinheiro e poder. Seus olhos, embora na maioria das vezes sem emoção, queimavam por baixo da superfície com raiva e fúria. Era por isso que nenhum de nós falava com ele mais do que o necessário. Ele era uma máquina de raiva ambulante que despejava insultos e frases como "você está demitido" e "saia do meu caminho". O pior de tudo era que ele sempre parecia estar me observando. Sempre parecia que seus olhos estavam grudados em mim, como se ele estivesse me mirando como "presa fraca" entre todos os outros animais deste escritório. Era perturbador, para ser honesta.
Caminhei até a sala de conferências com passos longos e rápidos, enquanto lutava para respirar e tentava usar palavras boas e calmantes para me acalmar. Esta versão de Jasmine Spectra não podia contar com nada além de suas palavras tranquilizadoras e respiração. Era como se eu estivesse encenando um espetáculo, e para interpretar perfeitamente o personagem que escolhi para mim, eu tinha que me comprometer com a maneira como ela agiria em uma situação como essa.
"Ele é apenas uma pessoa. Um ser humano normal. Ele não vai te morder." Eu disse enquanto começava a abrir a porta da sala de conferências.
No entanto, no momento em que entrei, congelei. Apenas o Sr. Michaels estava na sala. Ele estava sentado ereto; olhos focados em uma pasta à sua frente. Por um momento, contei minhas bênçãos até que a porta se fechou com força atrás de mim, atraindo sua atenção para mim.
Bem, não pode piorar do que isso, pensei comigo mesma. Infelizmente, eu estava errada. Poderia piorar muito, muito mais, e o Sr. Michaels estava prestes a fazer um trabalho espetacular em me provar isso.
"Quem é você?" Sua voz profunda e suave ecoou pela sala. Olhei para ele por um momento e, então, lembrando de manter o personagem, desviei meus olhos para o chão, permitindo que meu cabelo preto curto, na altura dos ombros, cobrisse meu rosto, escondendo meus olhos azuis gelados e apavorados sob minha franja. Hoje, ele estava vestido com um sofisticado terno preto que se ajustava perfeitamente ao seu corpo absolutamente maravilhoso. Seu cabelo preto macio estava estilizado de forma impecável, em contraste com o estilo sexy, arrumado, mas desarrumado, que ele geralmente usava. Seus olhos cor de avelã, normalmente furiosos, estavam agora mais calmos... quase neutros. Eu tinha que admitir que ele parecia tão deliciosamente decadente como sempre - maçãs do rosto altas, mandíbula afiada como uma faca, lábios carnudos perfeitos, nariz cuidadosamente esculpido. E isso era mais uma coisa que o tornava tão intimidante - sua atratividade em contraste com minha aparência sem graça.
Engoli em seco, antes de dizer, quase inaudivelmente, "E-eu t-trabalho no departamento financeiro. S-sou contadora." Tudo saiu como um sussurro gaguejado, mas ele parecia ouvir cada palavra minha.
"Mas você está me trazendo café diariamente? Não acho que isso faça parte das suas atribuições, Srta. Spectra." Minha cabeça imediatamente se levantou e eu quase engasguei com minha saliva - na verdade, eu gostaria de ter engasgado com minha saliva. Isso teria me salvado desse encontro e da assustadora realização que começava a surgir em mim. Ele me conhecia e ainda assim fingia não me conhecer? Que jogo ele estava jogando?
"D-d-desculpe, senhor?" Murmurei.
Agora, olhando diretamente nos olhos dele, senti minhas pernas se fecharem enquanto uma sensação de desejo ardente crescia entre minhas coxas. Nenhum homem jamais havia feito algo assim comigo - me fez sentir tão intoxicada de desejo, e ele estava fazendo isso apenas respirando e me olhando nos olhos. Eu não conseguia desviar o olhar e essa foi a primeira vez que quebrei meu personagem.
O Sr. Michaels então sorriu e disse: "Eu não sou idiota. Nos primeiros três anos em que a Sra. Connor trabalhou para mim, ela nunca acertou meu pedido. Mas agora, está impecável. Então, obviamente, fiquei desconfiado quando meu pedido de café milagrosamente se tornou meu pedido de café. Mandei investigar toda essa situação há um ano."
E essa foi a parte em que eu desconsiderei completamente o personagem que criei para mim mesma e deixei um pouco da Vixen escapar. "Com licença, senhor... você estava me observando? E se sabia exatamente o que eu estava fazendo, por que só está me confrontando agora? Parece um pouco infantil jogar esses jogos com um de seus funcionários. Você está dirigindo um negócio ou um playground, senhor?"
Ele parecia surpreso com minha firmeza, e por um segundo, eu quase morri com meu deslize de personalidade. Eu não queria retrucar, mas não consegui evitar. Então, olhei para baixo novamente, rezando para que de alguma forma eu pudesse voltar a ser a versão quieta, assustada e tímida de mim mesma que eu havia criado.
O Sr. Michaels então respirou fundo e disse: "A razão pela qual não te confrontei antes é porque eu queria ver exatamente o tipo de idiota que eu havia contratado, que deixava uma colega de trabalho se aproveitar dela. Eu queria ver quanto tempo você manteria isso e se algum dia se defenderia... mas você nunca fez isso. No entanto, como você acerta meu pedido de café tão esplendidamente, você fará isso a partir de agora. Quero meu café todos os dias às sete em ponto-"
E mais um deslize da verdadeira Vixen que eu era.
"Isso não está no meu horário de trabalho, eu chego às sete e quinze e me recuso a chegar mais cedo." Protestei.
Ele levantou as sobrancelhas e disse: "Você deveria ter considerado isso antes de deixar as pessoas passarem por cima de você. Agora saia do meu escritório. Sua pequena e decepcionante pessoa me enoja."
Se as coisas fossem diferentes, eu teria o Sr. Michaels de joelhos, nu, vulnerável e implorando. No entanto, neste momento, eu era apenas Jasmine Spectra. Uma fachada ambulante de timidez, obediência e medo.
"Sim, senhor." E isso foi o que Jasmine Spectra conseguiu - ser repreendida por seu chefe idiota.
Primeiro capítulo oficial! Estou tão animada para começar este romance. O que acharam até agora??