




5
Kai já estava irritado quando entrou na aula de inglês.
Aquela vadia. Aquela vaca absoluta.
Ele a viu encolhida no canto, lançando olhares temerosos para ele. O terror nos olhos dela o agradava. Ela deveria estar com medo.
Ele ia fazer ela se arrepender amargamente de suas ações.
Mas não agora.
Por enquanto, ele iria esperar - fazer ela suar de antecipação.
Ela conseguiu encontrar a única pessoa nesta escola com quem ele não estava preparado para mexer. Não depois do que aconteceu com ele da última vez.
Kai não estava preparado para entrar em uma briga que ele poderia não vencer. Seria um desperdício de energia.
A professora estava parada na porta, recolhendo folhas de dever de casa, sorrindo para os alunos um por um.
Ele passou pela professora e, como de costume, não entregou nenhum dever de casa.
"Dever de casa, Kai?" ela perguntou.
Kai parou e franziu os lábios.
Ele se virou lentamente.
"Você disse que eu poderia ter uma folga dos deveres de casa por causa da morte da minha avó, lembra?"
A Sra. Connell suspirou profundamente e lhe deu um olhar que não era hostil, apenas... irritante.
Ela era a única professora com quem ele se dava bem, principalmente porque ela estava desesperada para ser amiga dos alunos - até mesmo dos maus. Ele imaginava que ela tinha sido uma nerd sem amigos na escola e queria se validar fazendo com que os alunos populares gostassem dela agora. Ela estava desesperada para ser a professora "descolada". Ainda assim, Kai tinha a sensação de que ele tinha ultrapassado os limites com ela desta vez.
"Sua avó está bem, não está?" Connell levantou a sobrancelha. "Boa tentativa, mas é hora de pegar firme e estudar, certo?"
Um lampejo de raiva percorreu todo o seu corpo, mas ele conseguiu manter o rosto impassível.
'Não deixe eles verem,' ele pensou. 'Não deixe eles saberem quando te atingem.'
Ele quase podia ouvir os pensamentos de seus colegas de classe comemorando que o malvado Kai tinha sido colocado em seu lugar duas vezes em um dia.
Seus dentes rangeram, osso contra osso, enquanto seu cérebro começava a formular planos. Se ao menos ele pudesse focar sua mente nos estudos, ele teria notas excelentes. Mas sua mente só queria tramar, encontrar maneiras de fazer menos e ganhar mais.
Alguém tinha que ter contado a ela sobre sua avó estar viva, e não era preciso ser um gênio para descobrir quem foi. O filho dela estava no ano abaixo - um moleque magricela com uma boca grande. Tinha que ser ele.
No intervalo, ele deixou Jenna em paz. Ela teria que esperar até mais tarde, quando estivesse presa em uma casa sozinha com ele e longe daquele idiota do Damien.
Por enquanto, ele tinha seus olhos em Tom Connell.
Como de costume, aquele moleque estava falando alto, sentado com seus amigos no banco vermelho e contando alguma história com tanta intensidade que estava cuspindo nos amigos.
Ele olhou para cima quando viu Kai se aproximando, e seu cérebro de lagarto deve ter dito para ele correr porque segundos depois ele já estava no meio do pátio. Esse cara era rápido, mas não importava, porque Kai era esperto.
Ele já havia colocado Ray e Kenny em cada saída. Infelizmente para Tom, ele escolheu virar à esquerda e deu de cara com Kenny - seu braço direito.
O que a maioria das pessoas não sabia era que, se Kenny e Kai lutassem, Kenny venceria 100% das vezes. O garoto era faixa roxa em Jiu-Jitsu. Não importava o quanto Kenny ajudasse Kai a treinar para lutar, ele nunca o alcançaria.
O que Kenny não tinha era o tamanho ou a atitude para dominar a escola, então ele estava feliz em ser o melhor amigo de Kai e o número dois na hierarquia.
Kenny colocou o garoto assustado em uma chave de braço antes que ele soubesse o que estava acontecendo.
"Traga ele aqui," Kai gritou e se sentou no banco. Todos os amigos de Tom rapidamente se afastaram, se dispersando como formigas. Eles sabiam que era melhor não tentar salvar o amigo. Tom era uma causa perdida. Não havia nada que pudessem fazer por ele agora e eles sabiam disso.
"Acho que nós dois sabemos que você tem sido um menino travesso," Kai disse enquanto Kenny arrastava sua vítima para perto. "E o que meninos travessos recebem?"
Tom franziu a testa. Ele não sabia o que estava por vir.
"Responda-me," Kai exigiu.
Ele adorava essa parte.
Fazer alguém se contorcer era muito divertido.
Qualquer coisa que Tom dissesse estaria errada e ambos sabiam disso. Eles sabiam que tudo o que Tom fizesse a partir deste ponto só o colocaria em mais problemas. Ele estava indefeso.
Nada deixava Kai mais feliz do que ver os outros indefesos, debatendo-se diante dele.
"Eu... eu não sei," Tom gaguejou.
"Você é burro?" Kai rosnou, fingindo raiva. Raiva que invocava medo.
"Desculpa," Tom murmurou. "Eu... eu sinto muito."
"Ele tem sido um menino travesso, então eu tenho que ensinar uma lição, certo?" Kai perguntou a Kenny com um grande sorriso.
"Claro, ele precisa de uma surra," Kenny respondeu.
"Abaixe as calças dele," Kai exigiu e observou o rosto de Tom ficar pálido.
Antes que o garoto pudesse formular qualquer tipo de protesto, Kai o puxou para seu colo e deu um tapa em seu traseiro com toda a força.
"Nós. Não. Damos. Pista."
Ele o bateu repetidamente, reiterando a frase palavra por palavra.
Ele olhou para Julian, que piscou e acenou com a cabeça, guardando o telefone. Aquela vaca da Connell veria o que aconteceu com seu filho por causa dela. Mas não haveria provas porque ele especificou a Julian para não filmar seu rosto. Ela saberia que foi ele. Todos saberiam. Mas ninguém seria capaz de provar.
Kai empurrou o garoto de seu joelho e sorriu com desdém enquanto via o perdedor desesperadamente puxando as calças para cima. Ele viu as lágrimas escorrendo pelas bochechas de Tom e soube que havia vencido.
Ele escaneou a área em busca de sua maldita meia-irmã, se perguntando se ela tinha visto a cena.
'Eu me pergunto como seria dar uma surra na bunda nua dela?' ele ponderou.
O pensamento o deixou inesperadamente excitado.
Talvez não fosse uma ideia tão boa.
Ele teria que pensar em outra maneira de puni-la.