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Jenna não sabia o que dizer.
Todos estavam olhando para ela com horror, incluindo Jacob.
O Sr. Burton fez um som de reprovação. "Minha próxima turma está esperando para entrar. Vamos sair daqui."
Ele levantou uma sobrancelha para Jenna enquanto ela passava, mas não disse nada sobre seu surto violento. O olhar parecia dizer: "Você sabe que acabou de ferrar tudo, né? Mas eu não vou te salvar."
Nada iria salvá-la agora.
"Talvez eu pudesse simplesmente correr para casa e me esconder debaixo da minha cama", ela pensou. Mas sem Kai para mostrar o caminho de volta para casa, ela provavelmente se perderia e acabaria sendo assassinada.
Uma multidão de estudantes a prendeu contra a parede. Depois que passaram, Jenna tentou se mover, mas foi empurrada de volta instantaneamente. Kai tirou o ar de seus pulmões ao jogá-la contra a parede de concreto.
"O. QUE. DIABOS?"
Jenna, sem fôlego para falar, apenas olhou desamparada.
"Quem diabos você pensa que é?" ele perguntou, com o rosto contorcido de raiva.
"Eu... eu só... desculpa... eu não--" Jenna gaguejou, sabendo que não havia nada que pudesse dizer para acalmá-lo.
Uma mão apareceu no ombro de Kai.
"Vamos," disse Kenny. "O que você vai fazer exatamente? Bater em uma garota no corredor..."
Kenny soltou um grande suspiro.
"...De novo."
Jenna viu a tensão sair do corpo dele enquanto seus ombros caíam. Ele deu um passo para trás, mas antes de soltá-la da parede, ele se inclinou e sussurrou.
"Você está morta mais tarde. Só espera."
Ele passou por ela, quase derrubando-a, antes de deixá-la no corredor para encontrar o caminho para a próxima aula.
"Isso... foi... incrível," uma voz excitada sussurrou.
Jenna se virou para ver uma garota com cabelo roxo bagunçado olhando para ela como se ela tivesse acabado de cair do céu.
"Não acredito que alguém finalmente enfrentou ele," ela disse. "Quero dizer... você está totalmente morta quando ele pegar você mais tarde, mas ainda assim... foi incrível."
"Obrigada," Jenna murmurou, franzindo a testa para a garota que ainda não se apresentou.
"Vamos." Cabelo-roxo a pegou pelo braço. "Vou te mostrar o caminho para o bloco de Arte."
Jenna ficou grata tanto pelas direções quanto pela interação social. Essa garota foi a única que falou com ela fora do pequeno grupo de Kai.
A sala de arte estava equipada com várias mesas de madeira com potes de tinta no centro e várias obras de arte espalhadas pelas paredes. Algumas eram incríveis, mas a maioria eram as típicas imagens de plantas em vasos. Ela observou Kenny sentar-se em uma das mesas e começar a jogar tinta nos outros à sua frente.
"O que há de errado com este lugar?" ela perguntou, mais para si mesma do que para sua nova amiga.
"Você estudava em uma escola chique antes desta, né?" a garota perguntou.
Jenna franziu a testa. Kai tinha contado a todos que ela era uma garota de escola chique? Era por isso que todos olhavam para ela de forma estranha?
"Não chique. Só... não..." Ela lutou para encontrar as palavras para explicar. "Erm... bem..."
"Não tão ruim quanto este lugar," a garota completou e riu. "Eu sou Jade, a propósito."
"Jenna," ela respondeu com um sorriso agradecido. "O que exatamente Kai tem contado para todo mundo sobre mim?"
"Oh, não muito. Só que você é uma patricinha mimada de escola chique que se mudou para a casa dele," Jade disse. Ela revirou os olhos e deu de ombros. "Ninguém esperava honestamente que ele reagisse de forma diferente ao ganhar uma meia-irmã, para ser justa."
"Por que ele é assim?" Jenna ponderou.
"O garoto é um psicopata," Jade disse, sem hesitar. Ela franziu os lábios e inclinou a cabeça. "Pelo menos, de acordo com meu amigo, Damien."
"Ele é um psiquiatra treinado, ou...?" Jenna perguntou com um sorriso sarcástico.
"Ele também é um psicopata," disse Jade. "Um reconhece o outro. Esses dois não mexem um com o outro."
"Psicopatia não pode ser diagnosticada até você ter vinte e cinco anos," Jenna disse a ela. Ela tinha lido sobre o assunto depois de assistir a uma série de documentários sobre serial killers no Netflicks. "Quer saber por quê?"
"Claro," disse Jade.
"Porque é comportamento normal de adolescente agir como um psicopata. Especialmente comportamentos de garotos adolescentes," Jenna disse a ela. Ela abriu um sorriso largo e amigável para não parecer uma sabe-tudo antipática.
Jade riu ironicamente disso. "Ok. Parece legítimo, mas não conte para Damien. Ele vai te entediar até a morte com uma discussão."
Jenna riu e concordou. Ela estava animada para conhecer esse Damien, se não fosse apenas porque ele era alguém com quem Kai não mexia.
"Talvez ele seja bonito," ela pensou esperançosa. "Talvez ele possa me proteger. Se tornar meu salvador."
Essa fantasia passageira desapareceu no segundo em que chegaram à aula de arte e Jade a apresentou aos seus amigos. Nenhum deles era bonito. Três garotos e outra garota sentavam juntos, todos vestindo preto.
Damien era um dos típicos garotos góticos, vestindo roupas pretas, delineador e joias de prata. Ela imaginou que ele fosse do tipo melancólico, egocêntrico e um tanto iludido.
Então ele falou e provou que ela estava errada.
"É seguro para nós, fracos perdedores, estarmos andando com Valentino Shevchenko?" ele perguntou com um sorriso malicioso.
"Eu queria saber um pouco de MMA," Jenna zombou.
"Você sabe!" Damien gritou enquanto se levantava e fazia uma reencenação dramática do chute dela. O grupo de garotos alternativos riu, assim como Jenna.
Felizmente, Kai não estava lá para ver. Ela não tinha certeza se esse grupo seria tão corajoso se ele estivesse assistindo.
"Ele nunca vem para a aula de arte," disse um dos garotos, como se lesse a mente dela. "Diz que é coisa de maricas."
Eles fingiram ficar chateados e riram.
"Fique com a gente pelo resto do dia," Jade convidou. "Provavelmente ele não vai fazer nada com você enquanto estiver conosco. Provavelmente."
Ela não parecia muito confiante.
"E quando eu for para casa?" ela perguntou.
"Não posso te ajudar com isso, receio." Damien deu de ombros. "Meus poderes não se estendem até lá."
"Talvez você possa se desculpar," Jade sugeriu.
"Eu vou," Jenna disse. "Mesmo que todos saibam que ele mereceu. Por que ele estava implicando com aquele cara, Jacob, afinal?"
Deve ter havido algo na forma como ela fez a pergunta ou no olhar em seus olhos. Todos olharam para ela com o mesmo sorriso conhecedor.
"Nem vá por aí," Jade avisou. "Toda garota se apaixona perdidamente por Jacob. Todas nós já passamos por isso. Mas, infelizmente, nunca acaba bem."
A outra garota do grupo assentiu tristemente.
"Eu não vejo qual é o grande problema." Damien deu de ombros, fingindo ciúmes. "Quero dizer, se você gosta de garotos magros e sombrios vestindo preto..."
Ele gesticulou para seus amigos, que assentiram sarcasticamente com reviradas de olhos exageradas para dar mais ênfase.
Jenna queria perguntar mais sobre Jacob, mas achou que não era o momento. Havia claramente alguma animosidade ali... assim como uma boa dose de inveja.
Depois da escola, Jade foi gentil o suficiente para acompanhá-la até em casa, conhecendo bem a área, já que morava a alguns quarteirões de distância a vida toda. Ela convidou sua nova amiga para entrar, mas a garota balançou a cabeça como se tivesse sido convidada para a casa de Dahmer para assistir a filmes.
Uma vez dentro, Jenna correu direto para o quarto. Ela bateu a porta atrás de si como se o próprio Diabo a estivesse perseguindo.
Não estava. Nem o Diabo nem Kai.
À medida que sua respiração desacelerava, ela podia ouvir que a casa estava vazia.
"Então... onde ele está?"