




♥ PRÓLOGO ♥
22:40 - Horizonte Dourado. - Zephyria.
Aurélia Crepúsculo.
Fechei meu livro com um suspiro exasperado, meus dedos trêmulos marcando o ritmo acelerado do meu coração. Eu sabia que estava atrasada novamente. Levantei apressadamente, reunindo minhas coisas enquanto uma mistura de raiva e preocupação borbulhava dentro de mim. Na cidade onde moro, Zephyria não era conhecida por ser amigável à noite, especialmente para uma jovem sozinha.
"Danado!" Eu amaldiçoei em frustração e irritação. "Sempre perco o maldito ônibus! Por que tenho que me absorver tanto no livro? Maldição!"
Enquanto eu atravessava os corredores vazios da biblioteca, meus passos ecoavam como um lembrete constante da minha corrida contra o tempo. Eu me amaldiçoava silenciosamente por ser tão estúpida enquanto pensava nos recentes relatos de roubos e violência assombrando as ruas de Zephyria. Não era seguro estar fora a essa hora da noite, e eu odiava a sensação de vulnerabilidade que me acompanhava em minhas caminhadas noturnas.
Nunca me sentirei segura nessa cidade maldita!
Ao chegar à saída da biblioteca, o ar frio da noite me atingiu como um golpe, e me encolhi no meu casaco, amaldiçoando minha própria tolice por estar tão focada nos meus estudos. Isso tem acontecido muito ultimamente, estou sempre em risco de ser morta ou assaltada.
"Maldição!" Eu resmunguei ao ver o último ônibus que poderia pegar se afastar. Eu sabia que não havia tempo para alcançá-lo. "Merda! Droga! Você é uma idiota, Aurélia."
Eu me amaldiçoei frustrada, sentindo a impotência se misturar com minha raiva enquanto me resignava ao fato de que teria que caminhar para casa novamente. Soltei um suspiro pesado, começando a traçar meu caminho pelas ruas escuras de Zephyria, sentindo meu coração bater forte no peito enquanto me forçava a permanecer vigilante contra os perigos ocultos que espreitavam na escuridão.
A primeira coisa a fazer, nunca baixar a guarda nesta cidade.
Estava quase em casa quando vi as luzes vermelho-azul de uma viatura policial piscando atrás de mim. Meu estômago se contorceu nervosamente enquanto observava o carro se aproximar e, então, com um toque de sirenes, o carro parou ao meu lado. Engoli em seco, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.
"Encoste ali, agora!" O policial gritou, sua voz carregada de autoridade e grosseria.
Sem hesitar, obedeci às ordens, meu coração acelerando enquanto me aproximava da parede. Ele saiu do carro com uma expressão severa, seus olhos fixos em mim com suspeita.
"O que está fazendo tão tarde na rua?" Ele perguntou, sua voz áspera e desconfiada.
"Estou indo para casa depois de passar muito tempo na biblioteca da faculdade da qual faço parte, senhor. Só quero chegar em casa logo." Respondi, tentando manter minha voz firme apesar do medo crescente dentro de mim.
Sempre há rumores de que a polícia está plantando drogas nas mochilas das pessoas e as levando para a cadeia. Espero sinceramente que seja apenas um rumor, pelo amor de Deus.
O policial revirou os olhos como se não acreditasse em nenhuma das minhas palavras. Com um movimento rápido, arrancou minha mochila dos meus ombros e começou a revirá-la sem cerimônia.
"Coloque as mãos atrás das costas e vire-se enquanto eu verifico suas coisas." Engoli em seco, sentindo que algo ruim aconteceria se eu me virasse, mas não podia desobedecê-lo.
Fiquei de costas para ele enquanto ele verificava minhas coisas.
"O que é isso?" Ele rosnou, tirando um pequeno pacote de maconha da minha mochila e segurando-o na minha frente.
Meus olhos se arregalaram de choque enquanto eu assistia impotente.
Meu coração afundou em desespero quando percebi o que ele tinha feito. Era uma armadilha, uma mentira cruel.
"Por favor, juro que não usei maconha, não sei como isso foi parar na minha mochila!" Implorei, minhas palavras saindo em um torrente de desespero. "Não fiz nada de errado, juro!"
Ele fez isso comigo!
O policial apenas me lançou um olhar cético, seus lábios apertados em uma linha dura.
"Me poupe de suas mentiras," ele respondeu friamente, ignorando completamente meu apelo. "Você vai para a delegacia, e lá descobriremos toda a verdade."
Eu fiquei em choque quando, sem cerimônia, ele me algemou e me levou para o carro, seu olhar de desdém me cortando como uma lâmina afiada. Enquanto éramos levados para a delegacia, eu estava muito assustada, frustrada e impotente diante da brutal injustiça sendo infligida a mim. Tudo o que eu podia fazer era esperar, rezar para que a justiça busque conhecer a verdade.
Com as mãos atrás das costas, de repente fui brutalmente puxada para fora do carro da polícia. O policial segurava meu braço com firmeza, seu rosto contorcido em nojo por mim.
"Fora do carro, sua criminosa!" Ele rosnou, me empurrando em direção à entrada do Centro de Polícia Horizon.
Meus pés arrastavam no chão enquanto eu tentava acompanhar o passo rápido do policial. Meu coração batia forte no peito, uma mistura de medo e indignação borbulhando dentro de mim.
"Por favor, eu não sou criminosa!" Eu implorei, minhas palavras sendo abafadas pelo barulho ao meu redor. "Você está cometendo um erro!"
O policial apenas escarneceu com desdém, sua expressão impassível enquanto me conduzia até a delegacia. O Centro de Polícia Horizon se erguia imponente diante de nós, uma fortaleza escura de autoridade e controle.
Me senti pequena e vulnerável em contraste com a grandiosidade do prédio, minha mente girando com a injustiça da situação. Eu não pertencia àquele lugar, não merecia ser tratada como criminosa. Mas, apesar dos meus protestos, eu sabia que seria forçada a enfrentar o sistema de justiça que agora me envolvia.
Fui empurrada com força para o escritório do chefe, meu coração martelando no peito enquanto olhava ao redor, me sentindo cercada pela autoridade e desespero. O policial que me acompanhava me empurrou diante do chefe com um gesto brusco.
"Chefe, encontrei esta com maconha na mochila dela," ele disse, sua voz pingando de desprezo.
Olhei para o chefe, meu coração afundando ainda mais ao ver o sorriso cínico em seu rosto.
"Por favor, juro que não fiz isso!" Eu implorei mais uma vez, minhas palavras saindo em uma mistura desesperada de medo e desespero. "Foi o policial, ele colocou a maconha na minha mochila!" Digo a verdade, esperando que ele possa acreditar em mim.
O chefe apenas riu, um som frio e cortante ecoando no silêncio tenso do escritório.
"Quantas vezes já ouvi essa história, garota?" Ele disse, sua voz dura e inflexível. "Muitos dizem a mesma coisa. Mas as evidências falam por si mesmas."
Minhas pernas tremiam sob mim enquanto eu lutava contra as lágrimas de frustração e injustiça. Eu sabia que não tinha como provar minha inocência, não contra um sistema tão determinado a me condenar.
Com um gesto de mão, o chefe deu o veredicto final.
"Levem-na para a Penitenciária Horizon. É lá que ela aprenderá a lição de nunca mais usar drogas."
O ar ficou pesado ao meu redor quando ouvi as palavras do policial, e o desespero se apoderou de mim. Eu gritei, implorando com todas as minhas forças para não ser levada para aquela prisão infernal.
"Por favor, eu não posso ir para lá!" Minhas palavras saíram em um soluço de desespero. "Eu te imploro, tenha piedade!"
Mas o policial apenas riu, seu riso afiado como uma lâmina perfurando meu coração já dilacerado.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto, minha voz se tornando um lamento de pura agonia enquanto me via sendo brutalmente arrastada em direção ao meu destino sombrio. Eu sabia o que me esperava naquela prisão, uma terra sem lei onde o caos reinava supremo e a humanidade era abandonada à sua própria selvageria.
O pânico me dominou quando percebi que estava prestes a entrar no ventre do inferno. Eu sabia que uma vez lá dentro, não havia esperança, não havia justiça. Era o lugar onde os desesperados se tornavam ainda mais desesperados, onde a lei era apenas uma lembrança distante.
E enquanto era arrastada para o abismo da escuridão, a sensação de impotência me envolveu como um sudário, anunciando o início do meu tormento na Penitenciária Horizon.