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Capítulo 1.

CAPÍTULO 1

Ofegante, acordei com meu grito preso na garganta. Suor escorrendo pela minha têmpora, corri em direção ao banheiro, ligando o chuveiro, sem me importar com a água fria me congelando.

Deslizando pela parede do chuveiro, balancei para frente e para trás, esperando esquecer o pesadelo. Disposta a fazer qualquer coisa contanto que apague da minha memória. Mas sei que não é possível. Depois de sabe-se lá quanto tempo, me levantei e me vesti, esperando que uma xícara de café pudesse ajudar, sabendo que dormir estava fora de questão. Olhando para o relógio, eram 3 horas da manhã.

A caminho da cozinha, fiz uma parada na porta oposta à minha. Abrindo-a o mais silenciosamente possível, vi Kyle, meu melhor amigo, dormindo profundamente. Agradecida por não tê-lo acordado, fechei a porta e fui pegar aquele café. Kyle está comigo desde que tínhamos 5 anos. Ele sabia de tudo o que acontecia comigo e ajudava da maneira que fosse possível. Ele é minha linha de vida, meu irmão e, mais importante, meu salvador.

Comecei a preparar meu café quando vi uma pilha de correspondências no balcão. Sem ter mais nada para fazer, peguei meu café e minhas correspondências e fui para a sala, me acomodando no sofá. Passando por um monte de contas e papéis inúteis, encontrei uma correspondência que me deixou congelada no lugar. Com mãos trêmulas, abri a aba e tirei o papel que poderia me trazer imensa felicidade ou grande angústia. Lendo cada palavra cuidadosamente, um sorriso enorme tomou conta do meu rosto. Sem me importar mais, corri direto para o quarto de Kyle e pulei na cama dele com o grito mais alto que já saiu de mim.

"Que porra, Maya?" Kyle gritou, com os olhos arregalados, mas assim que viu o sorriso no meu rosto, soltou um suspiro profundo.

"Consegui, Kyle. Olha, finalmente consegui." Empurrando o papel em direção ao nariz dele, pulei para cima e para baixo na cama.

Passando os olhos pelo papel, Kyle virou seus olhos surpresos para mim e soltou seu próprio grito. "Você conseguiu. Ah sim, finalmente."

"Eu sei, né? A indústria EJF finalmente me deu o emprego. Não posso acreditar. Deus, eu queria uma pausa há tanto tempo e finalmente consegui." Eu falei, com um tom sonhador que raramente é ouvido por mim.

"Você merece, garotinha. Deus sabe que merece." Ele me puxou para um abraço apertado, que retribuí feliz.

"VAMOS COMEMORAR!" Kyle gritou, me soltando e correndo pelo banheiro como se não tivesse acabado de acordar. Essa é a coisa sobre Kyle, ele não consegue deixar de ficar feliz por mim e eu não consigo deixar de amá-lo ainda mais.

"Kyle, são 3h30 da manhã, volte para a cama e durma. Podemos comemorar amanhã."

"Espera um minuto." Kyle voltou para o quarto com uma expressão séria e eu sabia que algo o tinha deixado irritado. E eu sabia que esse algo era eu. "Por que você está acordada? Teve outro pesadelo?"

Olhei para baixo, culpada, meus dedos se torcendo juntos, um hábito nervoso. "Não?" Respondi timidamente, sabendo como Kyle fica quando descobre sobre meus pesadelos.

Ele correu em minha direção e me abraçou com força. "Por que você não me acordou? Você sabe que eu teria ajudado?"

Me afastando, olhei para qualquer lugar, menos para ele. "Eu sei, mas você mesmo não tem dormido direito na última semana e eu não queria te incomodar."

Segurando meu queixo entre os dedos, ele virou meus olhos para ele. "Eu nunca estou cansado demais para você, garotinha", ele disse suavemente.

Não pude deixar de encará-lo. Kyle era um cara atraente, com olhos azuis claros e pele oliva. Seu corpo bem construído e 1,83 metros de altura eram de fazer inveja e sempre que saíamos, as garotas se jogavam nele. No entanto, ele não se interessava por isso. Veja bem, meu Kyle era um orgulhoso gay e isso partia o coração de algumas garotas quando descobriam que ele preferiria se matar a ficar com elas.

"Vamos dormir. Você tem um grande dia amanhã." Kyle sussurrou e me puxou para a cama, me abraçando.

Suspirei contente, me sentindo segura com ele. Sabendo que nada pode me machucar enquanto ele estiver ao meu lado.

Não demorou muito para a escuridão me dominar e me embalar de volta ao sono.


Acordei, me encontrando sozinha na cama. Pulando da cama, fui para o banheiro no meu quarto. Cuidando de mim e escovando os dentes. Fui para a cozinha e encontrei um bilhete perto da máquina de café. 'SAÍ PARA O TRABALHO. O CAFÉ DA MANHÃ ESTÁ NO FORNO. COMA. E ESTEJA PRONTA ATÉ AS 8 DA NOITE. VAMOS SAIR PARA COMEMORAR'. Suspirei e comecei meu café da manhã.

Repassei todas as coisas que precisavam ser feitas hoje. Mas a mais importante era pedir demissão do meu emprego atual. Estremeci, sabendo que teria que lidar com Max, meu chefe. Bem, em breve ex-chefe. Ele era um nojento. Não havia outra maneira de descrevê-lo. Quando comecei a trabalhar lá, não passava um dia sem que ele tentasse me assediar. Ele escolhia deliberadamente o uniforme mais vulgar para as garçonetes. Uma camisa branca justa e decotada combinada com o short preto mais curto que facilmente poderia ser confundido com uma roupa íntima.

Se não fosse pela crise financeira, eu teria saído daquele lugar nojento uma semana depois. Mas você tem que fazer o que tem que fazer. E agora finalmente tenho a oportunidade de sair daquele lugar maldito e trabalhar na EJF, um lugar onde eu queria trabalhar nos últimos 3 anos.

Dando a última mordida, me apressei para tomar um banho e me arrumar. Correndo para o meu carro, um Nissan Micra K11. Entrei e dirigi direto para o pub do Max. O lugar que eu gostaria de incendiar até o chão.

Depois de 20 minutos, fechei a porta e entrei direto, sem me incomodar em cumprimentar ninguém. Querendo acabar com isso logo.

Bati na porta do escritório do Max e entrei quando ouvi um murmúrio de "entre". Lá estava ele, com sua grande barriga redonda e uma careca. Não pude deixar de fazer uma careta quando ele empurrou a cadeira para trás com um rangido e se sentou de volta com um sorriso presunçoso no rosto ao me ver.

"Bem, bem, lá está você. A que devo essa maravilhosa visita? Não é o seu dia de folga?" Ele disse com aquela voz estridente e sorriso enorme mostrando seus dentes amarelos brilhantes quando me viu recuar. O idiota adorava nos ver desconfortáveis.

Caminhei até a mesa dele e, com o queixo erguido e os ombros retos, anunciei: "Estou pedindo demissão."

Tive o prazer de ver seu sorriso se transformar em uma careta. Ele se endireitou na cadeira e disse com um sorriso feio: "Você não pode pedir demissão. Estamos com poucos funcionários e precisamos de você. Agora coloque seu traseiro suculento para trabalhar."

"Estou falando sério, Max. Estou pedindo demissão. Consegui outro emprego. Mas obrigada por me acolher quando eu precisava de trabalho", disse educadamente, querendo seguir pelo caminho certo e sair com dignidade.

Um pequeno sorriso nojento surgiu em seu rosto. "Sim, eu te fiz um grande favor. Por que você não me agradece do jeito que eu quero, querida?" E em questão de segundos ele desabotoou a calça e expôs seu pênis inexistente.

Não pude deixar de arregalar os olhos, minha boca se abriu de horror enquanto ele começava a se tocar com um sorriso presunçoso no rosto. Não consegui conter a raiva que queimava dentro de mim. Cada coisa que esse bastardo me fez sofrer veio à tona. Os toques, os tapas na bunda, os comentários inapropriados. Virei as costas e tranquei a porta.

Assim que ouvi o clique, Max começou a rir, achando que finalmente estava conseguindo o que queria. "Vamos lá, querida, papai está pronto para um pouco de amor." Virei-me e olhei em volta de seu escritório nojento e finalmente encontrei o que procurava. Fui direto para a coleção de tacos de beisebol e peguei um que fosse forte o suficiente para machucar, mas não causar danos permanentes.

Quando Max viu o que estava em minha mão, ele empalideceu, ficou de pé com as mãos na frente dele e começou a gaguejar "Ol-loque v-você não precisa fa-fazer isso"

Sem me importar, corri em sua direção e o acertei com força nas pernas, fazendo-o cair, e continuei batendo nele em qualquer lugar que pudesse. Houve um estrondo na porta quando ouvi alguém gritando para abrir a porta. Talvez tenham ouvido os gritos de medroso do Max.

Deixei o taco cair depois de me satisfazer e observei a condição de Max. O pobre velho idiota mal conseguia respirar. Agachei ao lado dele, fazendo-o se encolher. "Espero que saiba que nem todo mundo vai aguentar suas merdas." Levantei e me virei para a porta, destrancando-a. Kate, minha boa amiga e outra garçonete aqui, entrou correndo. Assim que viu o que aconteceu, ela começou a rir. Não pude deixar de rir junto. Ela pegou meu braço e me levou correndo para o banheiro.

"Que porra aconteceu? Não que ele não merecesse" Kate perguntou assim que entramos no banheiro.

"Eu disse a ele que estava pedindo demissão e ele queria que eu o agradecesse por me deixar trabalhar quando eu precisava, chupando o pau dele. Eu estava cansada das merdas dele, então dei a ele uma lição" Eu disse casualmente, arrumando meu cabelo olhando no espelho do banheiro. Kate ficou ao meu lado e começou a rir, arrumando sua máscara e batom. "Espero que ele não se torne um problema ainda maior agora."

"Foda-se ele. O Danny vai lidar com ele", disse Kate. Danny sendo o segurança do pub e namorado de Kate. "Espera. Por que você pediu demissão?"

"Consegui o emprego na EJF. Começando amanhã." Eu disse com um sorriso enorme no rosto.

Kate soltou um pequeno grito e me puxou para um abraço, pulando de alegria. "Estou tão feliz por você. Você queria esse emprego há séculos."

Me afastei e não pude deixar de compartilhar sua empolgação. "Sim. Kyle e eu vamos sair para comemorar. Vai se juntar a nós?" Perguntei, sabendo que não havia como ela dizer não.

"Claro que sim, vou encontrar vocês lá. Só me mande uma mensagem com o horário e o local. Preciso ir antes que o idiota acorde e perca a cabeça."

Comecei a rir e a puxei para fora do banheiro, dando um abraço nela. "Vejo você hoje à noite."

"Com certeza. E por favor, se vista sexy", disse Kate com um rosto sério.

"Eu sempre me visto sexy", disse com um bico.

Kate revirou os olhos e foi pelo corredor para voltar ao trabalho, jogando por cima do ombro "Claro que sim".

Ri, balançando a cabeça, me sentindo estranhamente em paz, sabendo que não teria que ver esse lugar de novo.

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