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Mais perto

"Ok, o que foi aquilo?" Georgia usava um sorriso astuto, provavelmente presumindo o pior daquele momento.

"O que foi aquilo?"

Georgia parecia incrédula. Ela então escolheu uma salada, fez uma cara de nojo e optou por um sanduíche de queijo com 600 calorias. Junto com uma barra de chocolate e milkshake.

"Você gosta dele, não é?" Sem dar à sua amiga a chance de negar, ela continuou.

"Você está apaixonada pelo Professor Rolf! E... ele gosta de você também."

"Não!" Fahmeen retrucou, comprando o almoço delas duas. "Isso é ridículo."

"Qual parte? Você gostando dele ou eu achando que ele gosta de você também?"

"Ambos, Georgia... olha, eu admito, eu o acho muito atraente. Quem não acharia?" Georgia assentiu derrotada e continuou ouvindo.

"Mas é só isso. Ele acha que somos crianças de qualquer forma. Você não ouviu ele? Enfim, vamos voltar. Não quero chegar atrasada para a aula dele."

Georgia observou Fahmeen seguir em frente, sua mente nublada de insegurança e dúvida. Impotente, ela seguiu determinada a resolver o que quer que sua amiga precisasse e a fome que a consumia.

...

"Bom almoço, meninas?" Professor Rolf sorria enquanto segurava a porta aberta para as duas alunas atrasadas.

"Desculpe, professor, perdemos a noção do tempo." Fahmeen se desculpou. Ela evitou o olhar dele e foi para o seu lugar junto com Georgia.

"Ok, por favor, não transformem isso em um hábito." Ele olhou para as duas e continuou de onde parou.

...

A aula terminou e era hora de arrumar as coisas. Mais uma lição e ela poderia ir para casa.

Fahmeen estava animada para a noite, seria uma noite de pizza e filme com Georgia. Pijamas e indulgência. Felicidade.

"Minha mãe vai nos buscar hoje, lembra?" Fahmeen disse, guardando sua cópia da peça.

Georgia assentiu. "Nos encontramos lá fora?"

"Ok." Ela tinha algumas perguntas para o professor. Sobre a peça, é claro.

"Professor? Tenho algumas perguntas?" Rolf se sentou ereto e se inclinou para frente.

"Claro, Fahmeen. Como posso ajudar?" Ter toda a atenção dele era angustiante. Era uma coisa encarar seus olhos em um sonho e depois encará-los na realidade.

"É... é sobre a peça, Antônio e Cleópatra." Ele assentiu para que ela continuasse.

"Eu não gosto, para ser bem franca. Eu sei que te disse que gosto de romances trágicos, mas os personagens?"

Ela suspirou e ele sorriu, gostando de vê-la perdida em pensamentos.

"Chegue mais perto."

Seus olhos se arregalaram.

"Para minha mesa, quero dizer." Ele puxou uma cadeira e a colocou ao lado de sua mesa. Ela sorriu, os pensamentos em sua cabeça... mais soltos. Enquanto tomava seu lugar, ele também se sentou e perguntou curiosamente.

"Quais personagens, Fahmeen?" Ele sempre tinha que dizer o nome dela... Assim? Cheio de significado e palavras não ditas. Ela queria que ele as preenchesse. Espera, o que ela estava fazendo? O que aconteceu com manter uma distância?

"Cleópatra. Ela é egoísta."

Ele a olhou, um desafio em seus olhos e um rosto que dizia que ele estava gostando daquilo.

"Por quê?"

"Por que ela é egoísta? Vamos lá, professor."

Ele pigarreou e levantou a sobrancelha.

"Ah, desculpe, professor?" Ele lhe deu um pequeno sorriso.

"Você pode fazer melhor."

Seus olhos se encontraram. Palavras não ditas.

"Rolf?" Aquele sorriso contagiante novamente. Ele tinha essas linhas nas bochechas e dentes bonitos. Ele coçou a barba.

"Finalmente!" Ambos riram.

"Ela é completamente egoísta. Desde o início ela tinha Antônio aos seus pés, fazendo tudo o que ela queria. Ele é um tolo apaixonado e ela apenas... apenas se aproveita dele."

O professor não conseguia conter o sorriso no rosto. Essas conversas estavam ficando mais longas e quanto mais ele aprendia sobre essa aluna, mais ele gostava de sua companhia.

"Certo. Ela tende a cuidar mais de si mesma do que a pessoa média."

Fahmeen revirou levemente os olhos e retrucou.

"Por que parece que a maioria das mulheres consegue ser completamente egoístas no amor porque os homens permitem?"

"O quê, homens como eu?"

Ela apenas piscou, estava insegura de como responder a isso, soava mais perigoso. Pareciam estar testando até onde suas conversas poderiam ir.

"Não sei sobre você, Professor." Pronto, isso vai acalmar as coisas.

"Mas tenho certeza de que você tem boas intenções ao fazer isso, mas não percebe o que está permitindo acontecer."

Rolf recuou, querendo que ela fizesse seu ponto.

"Antônio é um capacho. Um brinquedo. Enquanto para ele era real. Ele estava realmente apaixonado, Professor." Ela o olhou então. Ele cerrou a mandíbula, batendo o dedo na mesa.

"Mas ele estava em conflito."

"Com o quê?" Ele perguntou, se aproximando.

"Preso pelo dever, cegado pelo amor." Ela o viu engolir em seco.

"Às vezes você tem que escolher. Um sobre o outro. Não é algo que você idealmente queira fazer, mas às vezes tem que acontecer. O amor é uma coisa poderosa."

"Também perigoso. O dever é mais importante, porém." Ela respondeu.

Seus olhos estudaram o rosto dela, observando seus lábios lentamente, levando seu tempo. Então os trouxe de volta para os olhos dela.

"O amor não é um dever? Para consigo mesmo?" Ele olhou para a mão dela, que segurava a peça. Sua mão, inquieta em sua coxa.

"O dever para com os outros tem prioridade." Rolf por um momento pareceu surpreso. Que alguém tão jovem ainda mantivesse visões tão tradicionais.

"Toque, Srta. Mia."

"Srta., hein?" Ela balançou a cabeça e olhou de volta para ele. Seu sorriso desapareceu quando o encontrou olhando para ela sem sorrir. Em vez disso, ele parecia sério. Suas sobrancelhas estavam levemente franzidas e ambos os braços descansavam na mesa. Ele não estava mais inquieto.

"Você parece... desinteressado no amor. Má experiência passada?" Ele realmente estava perguntando sobre a vida amorosa dela ou ela estava interpretando demais? De qualquer forma, se isso significasse que ele gostava dela, ela estava totalmente a favor.

"Sem passado." Ele pareceu confuso por um segundo, mas então percebeu.

"Ah. Você constantemente me surpreende, Fahmeen." Ela deu de ombros.

"Simplesmente não estou interessada, acho. Veja, se eu tivesse um Antônio. Com certeza o trataria melhor do que Cleópatra." Ela riu e se levantou.

"Então você está esperando pelo cara certo... eu presumo?" Ele se levantou e a acompanhou até a porta. Mais uma vez ela estava de costas para a porta e ele estava na frente dela. Isso estava se tornando uma coisa.

Cada vez mais soltos, os pensamentos em sua mente se desenrolavam.

"Eu acho que sim. E você, Rolf? Está felizmente casado? Filhos?" Ela estava nervosa, antecipando a resposta.

"Não e não." Ele disse rapidamente. "Má experiência passada."

"Oh, desculpe. Rolf." Ele olhou para cima, segundos atrás estava perdido em pensamentos, agora olhava para ela.

"Quantas vezes, Fahmeen?" Ele se aproximou. Do canto do olho, ela viu sua mão ir para trás dela.

"Apenas Rolf." Havia talvez cinco centímetros entre eles. Ela prendeu a respiração, sem ter certeza do que estava esperando.

"Eu acho você tão..." Antes que ele pudesse terminar essa frase, sua mão estava na maçaneta da porta. Mas ela encontrou a dele lá também. Então, agora estavam se tocando. Ótimo.

Ela não percebeu, mas tinha se inclinado ligeiramente para trás, para acomodá-lo preenchendo os espaços entre eles.

"Eu preciso voltar para Georgia." Ela limpou a garganta e isso pareceu clarear a mente dele, pois ele recuou e assentiu.

"Claro. Até a próxima semana."

Brindemos ao maldito fim de semana.

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