Capítulo Dois - Hoje foi um desastre.
Maya
Hoje foi um desastre. Quero todo mundo fora da minha maldita casa. Refiz a maquiagem três vezes e o cabelo quatro vezes porque a Meredith não gostou dos estilos. Não estava de acordo com os padrões dela ou com o que as pessoas esperam da sua filha perfeita. Está sendo difícil não perder a paciência, mandar a Meredith para o inferno e expulsar as pessoas do meu apartamento. Mas não é culpa delas. Todas são muito simpáticas e parecem tão assustadas quanto eu para enfrentar a Meredith.
Finalmente estou pronta e um carro vai me buscar em meia hora.
"Obrigada pela ajuda hoje. Peço desculpas por todas as mudanças que vocês tiveram que fazer", suspiro.
"Está tudo bem; estamos acostumados", responde Carrie, a maquiadora, e os outros concordam.
Eles juntam suas coisas e eu os acompanho até a porta, garantindo que não danifique ou amasse meu vestido no caminho. Agradeço mais uma vez antes de eles desaparecerem.
Caminho até meu quarto para me olhar no espelho de corpo inteiro. Não me reconheço. Meus óculos sumiram e foram substituídos por lentes de contato. Meu cabelo escuro, que costumo usar preso, está solto, caindo em cachos sobre meus ombros. Eu não uso maquiagem, mas agora estou maquiada. O vestido parece abraçar as curvas dos meus quadris e realçar meus seios. Tenho que admitir, pela primeira vez na vida, me sinto bonita. Espero que pareça que eu me encaixo esta noite.
Dou uma última olhada antes de ir para a cozinha. Comprei uma garrafa de vinho hoje porque preciso para acalmar meus nervos, mas vou tomar apenas um pequeno copo. Será difícil esta noite porque sou péssima em socializar. Sei que preciso conversar com algumas pessoas, mas vou ser breve. Depois da refeição, tenho certeza de que consigo encontrar um lugar para me esconder pelo resto da noite.
O baile está sendo realizado no salão de baile do Hotel Ackley, um dos muitos que a família possui, a mesma família que é dona do lugar onde trabalho. É um hotel bonito e luxuoso que custa milhares por noite. É um lugar popular para os ricos e famosos. O tipo de lugar onde alguém como eu não deveria estar.
Ando de um lado para o outro enquanto bebo, esperando uma mensagem dizendo que meu carro está aqui. Consigo tomar apenas alguns goles antes de não conseguir beber mais. Não fui feita para beber álcool. Coloco meus saltos e me certifico de ter tudo o que preciso na bolsa, incluindo o convite e o cheque que a Meredith me deu para entregar.
Recebo uma mensagem dizendo que meu carro está do lado de fora. Respiro fundo algumas vezes e saio cuidadosamente porque não estou acostumada com saltos como esses. Assim que saio, me deparo com um carro preto com vidros escuros, e o motorista está encostado nele.
"Olá, eu sou a Maya", sorrio.
"Boa noite, senhora. Sou o Derrick. Serei seu motorista para o evento desta noite", ele sorri.
Derrick é um homem mais velho, talvez na casa dos cinquenta anos, com um sorriso gentil e vestido elegantemente com um terno e um chapéu.
Estendo a mão para ele, "É um prazer conhecê-lo, Derrick".
Ele a pega e aperta, "Obrigado. Você também, Maya. Está pronta para ir?"
"Estou com uma boa aparência?" pergunto nervosamente, soltando sua mão.
"Você será a bela do baile", ele elogia.
Eu coro, "Obrigada".
Ele assente e abre a porta para eu entrar. Sorrio e agradeço mais uma vez antes que ele feche a porta. Tenho vinte minutos para me recompor antes de chegarmos.
Derrick conversa animadamente comigo durante o trajeto. Acho que ele percebe o quão nervosa estou. Agradeço. O carro para mais rápido do que eu gostaria.
"Já chegamos?" entro em pânico.
"Sim. Você vai ficar bem. Entre com confiança, mesmo que não se sinta assim, e sorria", ele encoraja.
"Obrigada, você é muito gentil", respondo.
Derrick sai do carro, e minha porta se abre. Respiro fundo algumas vezes e coloco minha máscara antes de sair. Sou recebida com um tapete vermelho, e a imprensa está do lado de fora do hotel. Os convidados estão incríveis, e eu fico muito consciente de mim mesma.
"Você consegue. Fique alta e sorria. Me mande uma mensagem se quiser sair mais cedo. Se não, estarei aqui às uma para buscá-la", ele diz.
Sorrio e assinto. Eu consigo fazer isso! Espero. Agradeço a ele mais uma vez, e ele fica ao lado do carro observando enquanto eu caminho pelo tapete vermelho. Não paro para fotos e contorno as pessoas que estão conversando com a imprensa. Entro no hotel, e tudo parece surreal. Mostro meu convite antes de entrar no salão de baile.
Está decorado em belas cores prateadas. Três belos lustres de diamante pendem do teto. Uma orquestra ao vivo toca no palco. Paro no lugar e absorvo tudo. Não consigo acreditar que estou aqui! Odeio não conhecer ninguém, e mesmo que conhecesse, não poderia falar com eles, já que devo ser outra pessoa. Acho que tenho uma noite solitária pela frente.
Me entregam uma taça de champanhe, que pego. Dou um pequeno gole, esperando que desça melhor do que o vinho. Garanto ficar de lado, fora do caminho de todos. Logo precisarei encontrar minha mesa.
Enquanto fico de forma desajeitada, sinto que alguém está me encarando. Desvio o olhar pela sala e logo encontro a pessoa que está observando. É um homem que deve ter mais de um metro e oitenta, com cabelos escuros e vestido com um terno preto caro. Uma máscara prateada e preta cobre seu rosto. Certamente, ele não pode estar olhando para mim.
Olho ao redor, mas não vejo mais ninguém. O estranho sorri para mim. Retribuo e sinto minhas bochechas esquentarem. Desvio o olhar e saio apressada. Acho que agora é um ótimo momento para encontrar meu lugar. Estou na mesa dois. Não demora para encontrá-la, e me sento onde está escrito Taylor. Sou a primeira na mesa.
Bebendo minha champanhe lentamente enquanto minha perna balança sob a mesa. Melhor não estar sentada com um bando de idiotas. Dou uma olhada rápida para ver se o estranho está por perto, mas não consigo vê-lo. Fico imaginando quem ele é. Provavelmente não descobrirei, já que todos estão de máscaras.
Os convidados começam a ocupar seus lugares. Minha mesa logo se enche. Parece que os outros quatro na minha mesa são casais. Ótimo! Justo o que eu preciso, a única pessoa solteira aqui. Eles me cumprimentam educadamente, o que retorno, mas é só isso. Os quatro conversam entre si, me fazendo sentir mais deslocada do que nunca. Nunca quis fugir tanto como agora.
Termino o último gole da minha champanhe e pego outra no meio da mesa. Vou me arrepender mais tarde e amanhã de manhã, mas é a única coisa que me fará passar por esta noite traiçoeira. Assim que a refeição terminar, vou sair da mesa e não voltarei pelo resto da noite.