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Capítulo Um - F**a-se a minha vida

Maya

Estou sentada na minha mesa no meu local de trabalho, tentando acompanhar a carga que meu chefe jogou em cima dela esta manhã. Apenas continuo me dizendo que só preciso aguentar até o próximo ano e posso me livrar deste lugar. Preciso do dinheiro para as minhas aulas online. Tenho me virado nos últimos dois anos; mais um ano deve dar certo.

Estou colocando as informações dos documentos nos arquivos apropriados no computador. Juro que às vezes penso que meu chefe mexe nos arquivos só para me irritar.

"Maya, venha ao meu escritório", exige Meredith.

Preciso me conter para não revirar os olhos. Entendo que ela é a chefe, mas não há necessidade de ser rude e grossa. Não é de se admirar que ela troque de funcionários na velocidade que o faz. No meu tempo aqui, vi cerca de dez pessoas pedirem demissão ou serem demitidas por coisas bobas. Já pensei nisso mais de uma vez! Para ser mais precisa, penso nisso pelo menos uma vez por dia, às vezes mais.

"Sim, Meredith", digo docemente.

Queria ter coragem para enfrentá-la, mas não tenho. Tenho dificuldade com qualquer tipo de conflito porque fui criada em um lar negligente e abusivo.

Coloco meu computador para dormir e vou para o escritório dela. Ela está sentada em sua mesa, batendo impacientemente os dedos na mesa. Está agindo como se eu tivesse demorado muito para chegar. Vim assim que ela chamou.

"O que você precisa, Meredith?" pergunto suavemente.

Ela não diz nada, pelo menos não de imediato. Em vez disso, me olha, quase como se estivesse me estudando. Está me deixando desconfortável.

"Sim, você servirá", diz ela.

"Para o quê?" pergunto, confusa.

"Você irá ao baile de máscaras de caridade neste fim de semana no lugar da minha filha. É importante que as pessoas acreditem que ela está lá, mas ela está fora da cidade no momento. Você tem a mesma altura e a mesma cor de cabelo. Você estará de máscara, então ninguém perceberá a diferença."

"Está fora da cidade" é um código para reabilitação. Sua filha sofre de dependência. Ela entra e sai da reabilitação pelo menos três vezes por ano.

"V-você quer que eu vá ao baile?" gaguejo.

Não me saio bem em eventos sociais. Sou uma solitária que prefere sua própria companhia.

"Sim", ela responde, irritada.

"Não consegue encontrar outra pessoa? Não me saio bem em eventos sociais."

"Não estou te dando escolha, Maya. Se você não for, não apareça na segunda-feira, simples assim", ela retruca.

Não posso me dar ao luxo de ser demitida. Suspiro, "Está bem."

"Ótimo. Você ficará até mais tarde depois do seu turno porque alguém virá com vestidos e máscaras para você experimentar. É melhor não me envergonhar. Não tire a máscara. E não se preocupe se alguém te reconhecer, porque o nome da minha filha estará apenas no convite e no seu lugar. Garanti que você se sentará com pessoas que nunca a conheceram, pessoas que não são de muita conversa. Fale apenas quando for falada e nada mais", ela afirma firmemente.

"Eu preciso ficar a noite toda?"

"Sim. Você também fará uma doação em nome da minha filha. Escreverei um cheque para você levar."

"Está bem."

"Pode sair agora. Você tem muito trabalho a fazer."

Ela acena com a mão em sinal de dispensa. Sorrio e assinto, saindo de seu escritório. Não posso acreditar que ela está me fazendo isso! Minha ansiedade estará nas alturas. Não tenho escolha, porém, porque se eu for demitida, então não terei dinheiro para aluguel, contas, comida e aulas. Terei que encontrar uma maneira de superar isso. Será mais fácil falar do que fazer, porque não costumo beber muito. Meus pais me fizeram desistir do álcool para sempre. Terei que abrir uma exceção no evento, pois é a única maneira de acalmar meus malditos nervos.

Estou pirando com medo de alguém perceber que não sou quem deveria ser. É um grande evento. Os ricos e famosos comparecem. Está sendo realizado pela família que é dona desta empresa, juntamente com muitos outros. Não posso errar ou me envergonhar. Não sei se conseguirei passar a noite inteira. Meredith realmente saberia se eu saísse mais cedo? Por outro lado, será que quero arriscar?

Gemo de frustração ao me sentar de volta à minha mesa. Minha mente estará a mil o dia todo. Por que ela não poderia encontrar outra pessoa? Ou ir no lugar da filha dela? Por que precisa cair sobre mim? Eu estava ansiosa pelo meu tranquilo fim de semana sozinha, e agora nem isso posso fazer. Que droga!


Dez horas da noite, e estou chegando em casa agora! Deveria ter chegado em casa quatro horas atrás, mas não! Meredith ficou para trás enquanto eu experimentava vestidos, sapatos e máscaras. Devo ter experimentado cerca de seis de cada, nenhum dos quais ela gostou. Ela passou a maior parte da noite me criticando. Felizmente, o último conjunto que experimentei ela gostou.

O vestido é lindo, de alças, prateado de comprimento médio, com os sapatos e máscara combinando. São itens que eu nunca poderia comprar. Meredith tem três pessoas vindo à minha casa no sábado para fazer meu cabelo e maquiagem, e a pessoa que fará isso precisa enviar fotos para a aprovação dela. Elas virão ao meio-dia! A maldita festa não começa até as oito. Estou temendo ainda mais, especialmente porque terei estranhos na minha casa.

Ela nem me permitiu levar as coisas para casa comigo. Ela as manterá até sexta à noite, e então poderei levá-las para casa. Me jogo no sofá, seguro uma almofada no rosto e grito nela. Estou estressada ao máximo. Tudo o que quero é ir para a cama, mas preciso comer e tomar banho primeiro. Preciso estar no escritório amanhã às oito.

Suspiro, me levanto do sofá e vou tomar um banho. Não posso acreditar que fui arrastada para essa besteira. Abro a água quente e entro, caindo no chão. Encosto minhas costas na parede e deixo a água quente escorrer sobre mim. Acho que vou ficar aqui por um tempo e apenas comer um pouco de cereal. Será suficiente até amanhã.

Fecho os olhos e me permito chorar. Odeio quando faço isso, mas me faz sentir melhor. Vou superar. Já sofri pior na vida, mas agora só consigo pensar: que droga de vida!

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