Read with BonusRead with Bonus

Capítulo 3

"Você está me deixando ir para a faculdade que eu quero?" Avril repetiu o ponto chave da discussão de seus pais. Na verdade, eram as únicas palavras que sua mente conseguiu reter assim que saíram da boca de seu pai. Ela agradeceu aos céus por estar sentada, sua mente estava girando.

"Sim." Seu pai respondeu e Avril sentou-se na cama.

"Eu não entendo." Ela respondeu sinceramente, seus olhos os escrutinando. Isso tinha que ser alguma forma de piada.

"Bem, consideramos e decidimos deixar você ir." Seu pai insistiu, mas em vez de sentir alegria, Avril estava cética.

"Por que mudaram de ideia?" Ela questionou ambos.

"Percebemos que isso é do seu melhor interesse." Sua mãe respondeu e Avril ergueu as sobrancelhas, uma indicação de que ela não acreditava nisso — de jeito nenhum.

"Você quer dizer..." Ela começou, sua raiva atingindo alturas perigosas a cada segundo que passava. "Vocês foram convencidos apenas devido à opinião dos Chambers." Ela riu sarcasticamente.

"Uau, obrigada pelo voto de confiança, escolheram a opinião deles em vez de suas filhas." Ela respondeu com desprezo.

"Por que leva tudo tão pessoalmente?" Seu pai questionou, sua voz suave e compreensiva, uma maneira que ele só adotava quando estava errado e Avril o desprezava por isso no momento. Ela não gostava que ele tentasse fazê-la parecer a errada sendo tão compreensivo, especialmente porque basicamente a acusou de ter uma personalidade questionável. Uma que insinuava que ela levava uma vida dupla!

"Talvez porque seja?" Ela respondeu calorosamente e seus pais suspiraram.

"Estamos permitindo que você vá, não era isso que você queria?" Sua mãe interrompeu o olhar de morte de Avril.

"É o que eu quero, mas ainda esperava que confiassem em mim." Avril respondeu, seu olhar passando rapidamente para ambos os pais, garantindo que vissem a decepção em seus olhos. Por uma semana inteira, ela teve que sofrer horas lamentando a perda de um sonho que eles estavam pendurando na frente dela mais uma vez. Ela não pôde deixar de sentir um pouco de ressentimento.

"Você vai poder ir, então agradeça aos seus astros da sorte." Seu pai ordenou e Avril revirou os olhos, mas permaneceu quieta, uma indicação de que não queria continuar a conversa.

"Vá dormir." Sua mãe dissipou o constrangimento. Ambos os pais se dirigiram à porta de Avril.

"Mais uma coisa..." Seu pai virou-se para encará-la mais uma vez. Avril levantou as sobrancelhas em reconhecimento às palavras de seu pai e isso foi encorajamento suficiente para ele continuar.

"Você não vai ficar no campus da universidade, tenho um amigo que mora perto e concordou em deixar você ficar lá enquanto estuda." Seu pai anunciou.

"Você está louco?" Ela explodiu. "Eu não posso ficar na casa do seu amigo!" Ela estava indignada, apesar de seu pai confiar nesse 'amigo', ela estava irritada! Como ela poderia ficar na casa de alguém? Alguém que ela nunca conheceu! E ela tinha certeza de que era a primeira vez que ouvia falar dele.

"Você vai ficar onde eu mandar." Seu pai corrigiu e ela o encarou. "Você está programada para estar na casa dele em algumas semanas para que possa se instalar antes do início oficial das aulas."

"Na casa dele?" Ela questionou. "Quem é esse amigo?"

"Nós trabalhamos juntos em nossos anos mais jovens, pelo que sei ele administra sua própria empresa hoje em dia. Confio nele completamente e se não confiasse, você sabe que não permitiria que fosse lá." Ele tentou persuadi-la, mas Avril permaneceu em silêncio. Tudo vinha com um preço. Aqui estavam seus pais agindo como se estivessem lhe dando o que ela queria, mas como sempre, havia uma pegadinha.

"Seja como for, posso ir dormir agora?" Sua pergunta foi mais um pedido de dispensa e seus pais não tiveram problemas em entender o que ela realmente queria. Eles saíram, fechando a porta atrás deles, nenhum deles demonstrando interesse em continuar a conversa.

Avril suspirou alto e se jogou de costas na cama. Nem era meia-noite e, apesar de dizer que queria ir dormir, Avril nunca dormia tão cedo. Sua mente sempre estava a mil, imaginando e pensando em coisas que nem eram importantes, mas ela analisava tudo em excesso e passava horas apenas repassando as coisas em sua mente. Muitas vezes apenas fantasiando também... Sua vida tinha muitas lacunas, especialmente no departamento romântico. Ela tinha esperanças, entre outras coisas, como receber uma educação adequada, de que a universidade longe de casa lhe permitiria amplas oportunidades de causar impacto no departamento romântico.

"Então está decidido!" Sara gritou, animada com a notícia de Avril. "Vamos viajar juntas ao mesmo tempo. É uma pena que você não possa ficar no campus também, mas pelo menos você está indo!" seu grito em um tom que provavelmente atrairia ou assustaria algo.

Avril riu. "Eu sei, eu também fiquei muito chateada com isso. É bizarro."

"Realmente é." A voz de Sara ficou mais suave, um sinal de que sua mente estava contemplando a situação.

"De qualquer forma..." Avril quebrou o encanto. "Vamos não questionar isso, ok? Te vejo em breve, tenho que descer para o jantar."

"Ok, até mais tarde," respondeu Sara e a linha ficou em silêncio. Avril olhou para seu reflexo no espelho, "Não se preocupe, está tudo resolvido." Ela tentou acalmar seus nervos. Estava com medo de que tudo fosse apenas uma ilusão ou alguma piada doentia, ela continuava esperando pelo outro sapato cair e isso a deixava ansiosa.


Thomas recostou-se em uma cadeira de couro que era bastante comum no escritório, enquanto folheava seu relatório. Ele batucava ritmicamente na mesa; estava ficando cada vez mais entediado a cada segundo. Ele detestava papelada; parecia tão monótono, especialmente porque fazer trabalho de campo era emocionante para ele. Quando seu celular começou a vibrar em cima da mesa, ele ficou mais do que feliz em atender, considerando as circunstâncias.

"Thomas Lynne falando." Sua voz fria e distante.

"Tom, sou eu, seu pai." O homem falou, sua voz um pouco mais rouca que a de seu filho.

"A que devo a honra?" Thomas questionou, ele tinha um relacionamento incrível com seu pai, mas recentemente suas chamadas se limitavam a discussões de negócios.

"Queria te parabenizar pelo seu trabalho. Só ouço coisas excelentes." Sua voz irradiava orgulho. O pai de Thomas era dono da organização e um dia Thomas também seria. Algumas pessoas passam trinkets ou algo de valor sentimental, sua família, por outro lado, passava as rédeas de sua maior conquista. Uma empresa com a missão única de purificar o mundo de degenerados.

"Agradeço," Thomas respondeu. Seu corpo se aquecendo com a ideia do orgulho de seu pai. Pausa.

"Como você tem passado ultimamente?" Seu pai questionou após o silêncio significativo.

"Tenho passado bem, na verdade, estou mais preocupado com você." Thomas tentou ter um vislumbre de como estava o tempo de seu pai. Eles não conversavam casualmente há um tempo e agora que tinham essa janela permitida, ele estava ansioso para saber.

"Você não tem motivo para se preocupar de jeito nenhum." Ele podia ouvir o sorriso se espalhando pelo rosto de seu pai.

"Tem certeza? Você tem tomado seus remédios?" Ele questionou. Seu pai era cardíaco, uma doença bastante comum, mas Thomas se preocupava continuamente.

"Se eu quisesse ser sufocado como um adolescente, teria me casado de novo, Thomas. Sou um homem crescido, acho que tenho o bom senso de lembrar de tomar algumas pílulas estúpidas." Ele ficou na defensiva.

"Se você diz, chefe." Thomas respondeu sarcasticamente, um grande sorriso se espalhando por seu rosto.

"Oh, Thomas, também liguei para confirmar seu período de férias." Seu pai voltou a ser todo profissional.

"Eu não solicitei férias." Thomas repreendeu, sua testa franzindo em confusão. Talvez fosse um engano?

"Eu sei." Seu pai respondeu de forma direta.

"Você sabe?" Thomas pronunciou cada palavra lentamente, a pergunta nelas evidente.

"Sim. Estou — como dizer isso?" Seu pai hesitou, "Estou te ordenando a tirar férias. Voltar para casa por alguns meses."

"Mas eu não quero férias. Quero trabalhar." Ele se defendeu.

"Você tem trabalhado constantemente por quase dois anos. Precisa de um pouco de descanso." Ele contra-argumentou.

"Eu não pedi. Além disso, eu ficaria entediado até a morte." Thomas reclamou.

"Thomas," Seu pai soou preocupado agora. "Eu me sentiria melhor se você tirasse um tempo. Prometo que se houver um caso importante, vou te chamar fora dos registros, mas por enquanto, você deve ir para casa." Sua voz era suplicante.

Thomas não podia dizer não ao seu pai, especialmente quando ele soava assim. Ele suspirou pesadamente no telefone e passou os dedos agressivamente pelo cabelo.

"Está bem..." As palavras saíram ásperas e ele sabia que poderia se arrepender de fazer isso, mas — "Vou tirar um tempo, mas em algumas semanas. Essa é minha decisão final, meu compromisso."

"Ótimo! Então está decidido! Também planejo visitar casa em algumas ocasiões." Seu pai revelou.

Tudo estava apenas decidido.

Previous ChapterNext Chapter