A Noiva Substituta do Rei Dragão

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CH1

"Ele vai acabar mudando de ideia!"

Ignorei o lamento. Era uma mentira, e nós dois sabíamos muito bem.

Já faziam centenas de anos desde que o rei dragão começou a levar humanos para o Julgamento de Fogo. Ela estava dando um show nesse momento. Olhei para cima quando um raio cruzou o céu e fechei os olhos. Meu irmão era muito jovem para fazer muita coisa, mesmo que saísse do coma. Meu pai estava morto, e a viúva dele não servia para nada..

Eu precisava bolar um plano para garantir que meu irmão saísse vivo da bagunça que a mãe dele tinha feito. A encarei, olhei para a sepultura e virei as costas.

Amanhã, eu estaria morta, mas meu irmão teria a chance de se tornar o novo chefe da família, se eu conseguisse impedir Goro de concluir o que começou.

Goro...

Papai deveria tê-lo expulso da família anos atrás, mas ele sempre foi mais leal às cobras da família dele do que elas mereciam. Entrei na casa, deixando a porta de correr para o lado de fora aberta.

"Para onde você tá indo?" Ela fungou, me seguindo. "Seu pai..."

"Morreu, e agora tenho que manter meu irmão vivo. Quero resolver isso antes do amanhecer."

"Resolver o quê?" Ela se levantou, o rosto vermelho de raiva. "Como você pode falar isso? Seu pai morreu! Seu irmão... meu bebê..."

Eu não sou sua filha? Sorri ironicamente com o pensamento. Não. Acho que nunca fui.

Ela soltou outro soluço. "Deveria ter sido você."

Revirei os olhos. "Obrigada pela confirmação."

Eu não era burra. A maneira como ela me olhou quando entrou no meu quarto minutos depois que papai saiu com meu irmão me disse tudo.

Ela sabia do plano de Goro.

Estúpida.

Ela era tão estúpida, mas eu não ia deixá-la matar meu irmão também. Um servo murmurou algo odioso sobre a água que ela derramou no chão, mas eu não me importei. Abri porta após porta até encontrá-lo, Goro, meu tio, sentado no salão principal, vestido de preto solene. O resto da família estava sentado em fileiras, todos olhando para ele como o novo chefe. Ninguém comia, mas estava claro que Goro estava prestes a começar a anunciar como as coisas seriam.

Rangei os dentes. O corpo de meu pai mal tinha sido enterrado por algumas horas e ele já estava assumindo o controle. Goro levantou a cabeça e me olhou, encontrando meu olhar. Não havia remorso em seus olhos, é claro que não. O medalhão que meu pai usava desde que se tornou chefe da família pendia de seu pescoço.

Ele provavelmente mal podia esperar para tirar do pescoço de papai.

O desgraçado...

Atravessei o corredor central, respirando fundo e focada no que precisava fazer. Minha raiva, a injustiça de tudo teria que esperar.

Eu tinha que fazer isso...

Uma tia tentou me agarrar. "Você não pode simplesmente..."

"Silêncio," Goro disse, olhando-me fixamente. "Se você está aqui para mudar minha mente..."

"Não perderia meu fôlego." Parei na frente dele. "Estou aqui para falar com você: chefe para herdeiro adjacente."

Seus olhos se arregalaram. "Você tem muita..."

"Meu pai está morto." Goro fechou a boca. "Meu irmão está em coma. Sou a mais velha, sua carne e sangue vivo. Sou a nova chefe da família, e com uma palavra, você será processado por violar a vontade imperial com essa farsa, e sua filha estará na caravana quando ela chegar em algumas horas."

Os olhos de Goro se arregalaram. Mantive seu olhar.

"Você vai falar comigo em particular - civilizadamente - ou devo nem me incomodar? Quão sortuda você acha que sua filha é?" Levantei a sobrancelha mesmo com o estômago revirando. "Você decide."

Ele rangeu os dentes, mostrando-os brevemente. Olhou atrás de mim e assentiu rigidamente.

"Deixe-nos," ele disse. A viúva do meu pai virou-se para seguir o resto da família.

"Não você," eu disse, encarando-a. "Você não tem o direito de sair."

Ela soluçou e se acomodou ao lado dele. A visão deles juntos revirou meu estômago. O resto da família se movimentou e saiu. A porta se fechou atrás deles. O silêncio encheu o ambiente.

Goro levantou a cabeça. "Você deve achar que estou sendo injusto."

Eu pisquei. "Acho que você está sendo estratégico."

Seus olhos se arregalaram.

"E acho que a gente precisa chegar a um acordo," falei. "Afinal, sua filha foi convocada, não eu. O palácio não ficará feliz com você tentando enganá-los."

Goro estreitou os olhos. "Os documentos não..."

"Oh, eu sei. Todos os documentos indicam apenas uma idade, e nunca é o filho do chefe atual. É por isso que você fez tudo isso." Me aproximei dele, encarando-o. "Você faria qualquer coisa por sua filha." Olhei para a viúva do meu pai. "E sua amante."

Inclinei a cabeça e dei a Goro um sorriso frio enquanto me sentava.

"A mudança de última hora do papai... realmente atrapalhou seus planos, não é?"

Goro cerrou a mandíbula, mas não disse nada. Ouvi soluços, mas não olhei para ela.

"Vamos direto ao ponto, o tempo está se esgotando. Eu irei embora tranquilamente, renunciarei, em troca, você conseguirá os melhores médicos para o meu irmão." Firmei o queixo. "Mesmo que ele nunca acorde, é melhor que morra confortavelmente."

"E por que eu deveria ouvir..."

Coloquei a mão no bolso, tirei uma moeda de ouro maciço e a joguei na frente dele. Era uma antiga forma de moeda usada apenas nas seções mais caras do império. A maioria das famílias de classe baixa já havia derretido suas moedas para fazer joias, mas meu pai e seu pai sempre foram contra, afirmando que quando os portões entre o reino humano e o reino dos dragões se abrissem novamente, precisaríamos delas. Goro derreteria tudo para elevar o status da família entre a classe baixa ou venderia para o maior lance da classe alta.

Goro observou a moeda rolar e parar antes de erguer o olhar. "Isso é um roubo."

"Eu sou a chefe. É um saque." Sorri. "E entre nós dois, só existem duas pessoas vivas que sabem onde ficam os cofres."

Levantei um dedo. "E quando eu sair, a outra estará apenas respirando."

"Você simplesmente vai embora?" Goro perguntou.

"Eu odeio sua filha. Ela é egoísta, mimada," olhei para sua cúmplice. "Mesmo que seja minha irmã. Meu irmão é algo diferente."

Goro ficou rígido. Os dois se olharam.

"Temos um acordo?" Ele estreitou os olhos. Olhei para o medalhão. "Depois que eu morrer, o medalhão funcionará para você... E todos vocês podem ser uma família feliz."

Não esperei ele dizer nada. Ouvi a caravana chegando e, enquanto me dirigia para a frente da casa, pensava em todas as mulheres que haviam sido levadas antes de mim e sabia que ninguém nesta família choraria por mim, mesmo quando trouxessem os corpos carbonizados de volta.

Abri a porta enquanto os atendentes saíam da caravana e se aproximavam.

"Meu nome é Morgan," eu disse suavemente. "Tenho dezenove anos e estou respondendo à convocação para o Julgamento de Fogo."

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