




Capítulo 7
Mena
Ao cair da noite, a festa estava em pleno andamento. O salão de baile da mansão Fanucci estava cheio de pessoas de alto status. Políticos, empresários e até ouvi dizer que o prefeito estava presente.
Todas essas pessoas 'importantes' não conseguiam me enganar, pois, assim como todos os outros, eu sabia o que essa família representava.
Entre os presentes estavam também famílias do submundo, que assim como os Fanuccis, se escondiam por trás de seus negócios, que eram apenas um escudo para esconder suas raízes criminosas. Um exemplo claro eram os Baldinis, a família da futura noiva.
Apesar dos trajes glamorosos, a verdadeira natureza dessas famílias da máfia era clara para aqueles que conseguiam enxergar além da superfície.
Eu sabia muito bem que homens como Domenico Fanucci, que recebiam os convidados com um grande sorriso, não tinham a decência e empatia que nos tornam humanos.
Eu estava exausta de servir as bebidas e petiscos aos convidados. Não havia tempo para descansar, pois tudo era feito sob os olhares atentos da Madame Catherina.
A única vez que consegui descansar foi quando Liza me entregou uma bandeja com uma única garrafa de champanhe cara, que saiu diretamente da vinícola Fanucci.
"Dessa forma você consegue ficar parada por um segundo," ela sussurrou, me dando uma mão.
"Obrigada, Liza," agradeci.
Ambas viramos nosso olhar para Maxine, cuja risada dramática podia ser ouvida de um lado ao outro do salão.
Ela estava ao lado de Alessio, que parecia deslocado e estava grudado em seu braço como um pote de mel. Ao redor deles estavam várias pessoas, que eu presumia serem seus amigos.
"Quando ela se mudar para esta mansão, vai ser um pesadelo," Liza cantarolou.
"Diga-me sobre isso," respondi, lembrando do dia em que a servi o almoço. Maxine tinha um nível alarmante de arrogância, um com o qual ninguém poderia competir. Ela tratava os funcionários como se fossem invisíveis, não tinha respeito, não demonstrava apreço.
"Você vê aquelas pessoas ali?" As palavras de Liza me trouxeram de volta à realidade. Ela apontou para um homem e uma mulher, olhando de cima da sacada. Ambos bem vestidos.
Eu assenti, "Sim, eu os vejo."
"Eles são Leonardo e Pamela Baldini," ela compartilhou a informação. "Leonardo é dono da Costa Oeste. O chamam de Leone, e algumas pessoas dizem que ele é ainda pior do que Domenico."
Eu ri das palavras de Liza, sem ter certeza se ela estava brincando ou não. Seria isso possível?
"Quando você pensa sobre isso, a união dessas duas famílias é bastante assustadora."
Eu absorvi as palavras de Liza, rapidamente decidindo que seria sábio evitá-los também. Seria ótimo se eu pudesse ficar longe de ambas as famílias esta noite.
"Ah, a propósito, encontrei a pequena Melody hoje," contei a Liza. "Ela é algo incrível para uma criança de seis anos, não é?"
Liza bufou, "Essa criança é uma mimada, mas não conte a ninguém que eu disse isso."
Embora me sentisse culpada por falar mal de uma criança, não pude deixar de concordar. Comparar nunca era bom, mas se eu a comparasse com Naty - minha filha era um anjo. Neste momento, ela provavelmente estava enrolada contra a Sra. Rodriguez, que concordou em deixá-la passar a noite.
Para minha consternação, tranquei os olhos com Alessio, que me encarava com um sorriso presunçoso nos lábios e um copo na mão.
Alessio estava vestindo um smoking preto que parecia combinar perfeitamente com sua atitude.
Seu cabelo escuro estava cuidadosamente penteado, enfatizando os traços irritantemente bonitos de seu rosto.
Eu assenti de volta, um sinal de reconhecimento que o fez me olhar de forma estranha.
Sua carranca e o balançar de seu copo deixaram claro que ele estava simplesmente pedindo mais bebida. Era só isso.
Minhas bochechas estavam vermelhas de vergonha. "O dever chama," me desculpei com Liza, sem ousar fazer alguém como Alessio esperar mais.
Uma vez em pé na frente dele com a garrafa de champanhe, enchi seu copo sem fazer nenhum contato visual. Neste momento, eu sabia que fazer qualquer tipo de contato com os irmãos Fanucci me traria problemas.
Me virei para sair, mas a voz de Maxine me parou. "Com licença," seu tom estava longe de ser educado. "É meio rude de sua parte me esquecer, não acha?"
Irritada, fechei os olhos e respirei fundo, então me virei com um sorriso. "Desculpe, Madame," falei, enchendo seu copo enquanto risadas suaves irrompiam do grupo.
"A primeira coisa que vou consertar quando morar aqui são as empregadas," Maxine disse a seu séquito. "Coisas assim não acontecem com os Baldinis."
Tentei ignorar as palavras que vieram depois. Assim que estava prestes a sair, a mão de Alessio fechou-se em torno do meu braço. Assustada, olhei para Maxine, temendo que a mulher pudesse me matar - mas felizmente, ela estava ocupada demais com sua própria conversa. Embaraçada, olhei da mão de Alessio para seus olhos, esperando que ele me repreendesse - mas ele nunca o fez.
"Espere," ele simplesmente murmurou.
Obedecendo suas palavras, permaneci congelada como uma estátua enquanto ele me soltava. Eu já estava no limite das palavras humilhantes de Maxine, e não estava com humor para joguinhos.
Alessio levantou a mão para chamar a atenção de todos, e todos pararam o que estavam fazendo para olhá-lo.
"Obrigado a todos por estarem aqui esta noite," ele começou seu discurso, forte e confiante. "Eu aprecio cada um de vocês."
"Família, amigos, mãe, pai, meus irmãos, minha adorável irmã... os Baldinis - e é claro, Maxine," Alessio travou olhar com sua futura noiva, cuja boca quase se contorceu de tanto sorrir. "Maxine, há algo que preciso confessar."
Maxine cobriu a boca com a mão, rindo. "Não seja tímido. O que é?"
Alessio respirou fundo. "Eu não queria fazer assim, mas não posso ficar aqui e fingir que vou me casar com você quando meu coração já pertence a outra pessoa."
O quê?
A sala caiu em um silêncio atordoado. Apesar de seus modos malignos, até eu senti simpatia por Maxine. Não importa o quão malvada ela tenha sido, aquilo era uma humilhação pública e severa. Aquilo não era o lugar nem a hora para isso.
"Do que está falando, Ales?" Maxine riu nervosamente, procurando apoio ao redor. "O que isso significa?"
Alessio continuou, sem se incomodar com sua reação. "Não posso ficar aqui e fingir estar feliz, enquanto a mulher que realmente amo é forçada a assistir a tudo isso... nos servindo como empregada."
Suspiros encheram a sala, e cabeças se viraram enquanto todos, inclusive eu, tentavam encontrar a empregada em questão.
Alessio Fanucci com uma empregada?
Quem teria pensado?
Acima de tudo, qual empregada teria sido burra o suficiente para se envolver com um Fanucci?
"U-Uma empregada!" Domenico desceu as escadas do balcão. Leonardo Baldini e sua esposa não se moveram, mas seus rostos diziam o suficiente.
"Sim, uma empregada!" Alessio elevou a voz. Antes que eu tivesse tempo de processar tudo, ele se virou para mim e segurou minha mão, firmemente. Meu coração batia forte enquanto eu lentamente percebia o que estava acontecendo.
"E o nome dela é Jimena."
Assim, o mundo ao meu redor havia parado.