




Capítulo 1 Eu não quero dinheiro
O homem já estava desacordado, seus olhos afiados mal se mantinham abertos.
Selena Fair forçou-se a superar a dor em seu corpo ao sair da cama. Sua postura se arqueou graciosamente, seus longos cabelos escondendo grande parte de sua beleza jovem. Justo quando estava prestes a pegar as roupas espalhadas no chão, uma voz fria cortou o silêncio.
"Quanto dinheiro você quer?" ele perguntou.
Seu tom era frio, todo o calor da paixão embriagada da noite anterior havia desaparecido.
A mão de Selena congelou ao agarrar suas roupas.
Era quase engraçado - seu marido de três anos nem sequer a reconhecia.
Três anos atrás, Selena havia salvo a vida de William Montague. Naquela época, a empresa de seu pai, Grupo Fair, estava lutando para obter seu primeiro financiamento. William viu uma oportunidade e propôs que Selena se casasse com seu neto, Raymond Montague, em troca de um investimento de $300 milhões no Grupo Fair.
Raymond não apareceu durante todo o processo. Foi apenas depois de registrarem o casamento que Selena descobriu que Raymond havia fugido para o exterior.
Durante três anos, ela foi a piada da cidade, a chamada Sra. Montague.
E agora, o primeiro encontro deles foi na cama.
"Eu não quero dinheiro", disse Selena enquanto vestia suas roupas. Sua cabeça latejava da ressaca, e sua mente estava confusa.
"Você não quer dinheiro? Tentando se apegar a mim então?" Raymond zombou, seus olhos a examinando de cima a baixo.
Ela tinha um rosto bonito e delicado, um corpo perfeitamente proporcionado e olhos claros. Ela era deslumbrante, mas era só isso.
Raymond imaginou que ela era apenas mais uma mulher tentando se aproximar dele para sexo, mas desta vez, Selena havia conseguido.
Raymond desviou o olhar. "Você receberá o dinheiro que merece, mas não espere mais nada."
Mesmo que estivesse bêbado na noite anterior, ele não estava tão fora de si a ponto de não resistir às investidas de uma mulher. O problema foi a bebida que Selena lhe ofereceu.
Selena já estava vestida. Na noite passada, a Família Montague havia organizado uma festa de boas-vindas, reunindo todas as elites sociais que queriam conhecer Raymond, que acabara de voltar para assumir o Grupo Montague.
Selena chegou tarde. William havia dito especificamente para ela vir do exterior. Ela planejava fazer uma rápida aparição e sair, mas James a deteve e lhe entregou dois copos de vinho.
Ele disse que, agora que Raymond estava de volta, ela deveria ter uma boa conversa com ele.
E isso a levou a acabar na cama com Raymond.
Selena sabia o quanto Raymond odiava esse casamento. Como poderia fazê-lo acreditar que a noite passada não foi culpa dela?
Um lampejo de autoironia passou pelos olhos de Selena. Ela ficou quieta por raros dois segundos antes de falar, "Na verdade, eu..."
O telefone na mesa de cabeceira vibrou.
Raymond o olhou preguiçosamente. Era seu advogado pessoal ligando.
Ele apertou o botão de viva-voz, e uma voz masculina respeitosa veio através do telefone, "Sr. Montague, cheguei ao apartamento da Sra. Fair, mas ela não está em casa. Devo enviar os papéis do divórcio para o Grupo Fair?"
Raymond se levantou e foi até a janela do chão ao teto, franzindo a testa enquanto olhava para a vista distante do rio. Ele não tinha memória de Selena, a mulher com quem havia sido casado por três anos.
William havia dito que ela tinha um bom caráter, não era competitiva e era uma excelente aluna da Universidade Silver Bay. Mas e daí?
A Família Fair já havia se recuperado há muito tempo de sua crise. Isso era apenas uma retribuição por ela ter salvo a vida de William.
A voz de Raymond era fria e indiferente. "Entre em contato com ela primeiro e faça-a assinar os papéis do divórcio. Se ela não cooperar, então entre em contato com o Grupo Fair..."
Selena pegou o telefone para verificar se havia alguma mensagem de trabalho. Ao ouvir as palavras "papéis do divórcio", ela congelou por um momento.
A tela do seu telefone mostrava uma mensagem de James: [Selena, você saiu cedo ontem à noite? Beatrice me pediu para verificar se Raymond bebeu aquele copo de vinho.]
Selena respondeu rapidamente: [Pai, o vinho não era seu?]
James: [Beatrice me deu. Se você não estiver ocupada hoje, vá visitar Alice no hospital. Ela disse que sente sua falta.]
Selena sentiu uma onda de frustração, percebendo que sua madrasta Beatrice Lopez a havia enganado.
James, vendo que Selena não estava respondendo, perguntou: [O que houve? A bebida estava forte demais? Você está de ressaca?]
Pensando que ela estava apenas se sentindo mal por causa da ressaca, ele rapidamente perguntou se ela precisava de algum remédio para ressaca, seu tom cheio de preocupação.
Selena queria desabafar sua raiva, mas sua mãe Barbara Layman havia falecido cedo. James havia administrado a empresa sozinho e cuidado de Selena, enfrentando muitas dificuldades.
James só se casou novamente quando Selena estava no primeiro ano da faculdade e nunca a prejudicou de forma alguma.
Ela não queria trazer esse assunto à tona, reprimindo seu desconforto: [Não precisa, vou visitar Alice mais tarde. Diga à tia Beatrice obrigada por ser tão atenciosa.]
A conversa de Raymond junto à janela do chão ao teto continuou, vagamente mudando para assuntos de trabalho.
Olhando para cima, a luz fora da janela iluminava os ombros de Raymond. Ele estava usando um roupão branco, sua postura casual.
Com as costas para a luz, seu rosto bonito não mostrava expressão discernível, mas as linhas de seu perfil eram particularmente frias e severas, fazendo-o parecer ainda mais distante e inacessível.
Selena guardou o telefone, virou-se e saiu pela porta.
Como Raymond já estava planejando o divórcio, seria constrangedor para ele descobrir que a mulher com quem teve relações sexuais era sua esposa de três anos, a quem sempre ignorou.
Era melhor seguir caminhos separados de forma amigável.
Raymond desligou o telefone. A manhã já estava pela metade. Pensando que Selena ainda estava por perto e não havia sido lidada, ele se virou para olhar o quarto silencioso, franzindo o cenho.
Os lençóis da cama estavam meio puxados, uma camisa de terno amassada jogada aos pés da cama.
O cheiro de vinho tinto misturado com o aroma persistente da paixão, se mesclando.
Ele levantou a mão para beliscar a ponte do nariz. Se não fosse a mancha vermelho-escuro evidente nos lençóis, ele teria pensado que a mulher que viu esta manhã era uma alucinação.
Uma batida na porta soou, e a voz do secretário de Raymond, John Walker, veio de fora, "Sr. Montague."
Raymond respondeu, "Entre."
A porta se abriu, e John entrou com um terno novinho. Vendo o estado do quarto, ele ficou confuso, mas não fez perguntas. Ele colocou as roupas no lugar e respeitosamente se retirou para a sala de estar.
Raymond tomou um banho no banheiro, se vestiu com elegância e saiu.
John instintivamente ficou meio passo atrás dele, seguindo-os enquanto saíam do quarto. Raymond parou, "Quem foi a pessoa que saiu do meu quarto esta manhã?"