Capítulo 6- dor
Acordei com uma dor latejante no pescoço.
Abri os olhos com um resmungo. "graças à deusa", disse Samantha, pairando sobre mim.
Toquei meu pescoço onde a dor estava. Queimava ao tocar.
Assobiei, retirando as mãos do meu pescoço. "Você não deveria tocar nisso", disse ela, me olhando nervosa.
"O que aconteceu?" Olhei ao redor. Eu não estava mais na floresta. Estava de volta à enfermaria, as paredes brancas encarando-me, zombando de mim.
"Kaden te encontrou na floresta. Foi bom ele ter feito isso, você estava desacordada e, pelo que ele nos contou, você foi marcada à força", senti um sentimento amargo no fundo do meu estômago.
"Ele me marcou, Sam", disse em uma voz patética. Senti, por falta de palavras melhores, violada.
"Lucia!" ela disse em um tom de repreensão. "Você não pode dizer isso! Eu sei que você estava em choque lá atrás, mas não pode difamar o nome do Alfa dessa maneira", ela parecia furiosa. Não podia acreditar no que via.
"Você realmente acha que eu mentiria?" Odiava como estava deitada na cama, incapaz de sequer mover a cabeça para encará-la e ver como ela pensava algo assim. "Você realmente acha que eu mancharia o nome dele dessa forma?" Odiava como uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto.
Doía. Doía levantar as mãos para enxugar as lágrimas.
Doía que a dor no meu pescoço não parasse, nem por um segundo, para que eu pudesse pensar direito. Mas, acima de tudo, doía que minha amiga, minha melhor amiga, nem sequer acreditasse em mim.
"Não acho que você esteja mentindo, Luc. Apenas acho que você estava tão chocada a ponto de não saber quem realmente era. É a época de acasalamento, muitos lobos estão aqui para encontrar sua companheira. Poderia ter sido qualquer um. Além disso, Kaden nunca mentiria, não assim", quase bufei com suas palavras.
Nunca mentir? Claro...
"Por favor, saia." Mal reconheci minha voz. Parecia fraca, quebrada. Odiava isso. Odiava me sentir assim.
"Lucia..."
"Por favor, apenas saia! Quero ficar sozinha." Estava assustada e ela não estava ajudando.
"Desculpe..." houve uma pausa como se ela quisesse dizer algo, mas não soubesse como. "Eu... Eu vou te deixar em paz." Ela saiu, fechando a porta silenciosamente atrás dela.
Fiquei na cama, sozinha com meus pensamentos. Estava com medo. Ele basicamente me rejeitou, e agora me marcou.
O que isso significaria? Uma parte de mim sabia que sempre estaria ligada a ele, a menos que encontrasse uma maneira de remover a marca.
Suspirei.
"Isso não era nem de longe como planejei que meu dia fosse", disse em voz alta para mim mesma.
A porta se abriu. Não precisei vê-lo para saber que era ele. Meu corpo começou a vibrar, seu cheiro. Era a coisa mais óbvia que eu podia sentir, mesmo que ele estivesse na porta e eu estivesse longe dali.
"Oi", ele disse dando passos cautelosos em minha direção.
Não disse nada. Não havia nada que eu pudesse dizer. "como você está?" ele perguntou novamente, vindo sentar ao meu lado.
"Lucia", ele disse segurando minha mão na dele. Retirei instantaneamente, querendo nada mais do que xingá-lo.
"Não!" disse quando ele se moveu para segurar minhas mãos novamente.
"Estou preocupado com você", disse com a voz mais inocente possível. "Quando te encontrei no chão. Pensei-"
"Kaden", o interrompi antes que dissesse algo mais frustrante que me fizesse dizer algo que poderia me arrepender depois. "por favor, saia."
Ele não disse nada, apenas ficou, olhando para mim como se eu tivesse crescido outra cabeça. "Lucia..." ele soltou um suspiro cansado. "Você sabe que não posso fazer isso."
Mordi os lábios de frustração. Ele tocou minha marca, admirando-a um pouco. Odiava o quanto senti prazer quando ele era o único a tocá-la.
"Você me marcou na noite passada, não foi?" disse, mesmo que já soubesse a resposta. "Por que disse outra coisa para a Samantha?" o cortei, nem esperando ele dizer algo.
"Eu te amo, Lucia."
"e ainda assim foi e escolheu outra companheira", as palavras do pai dele ecoaram na minha mente. Não havia como eu esquecer tão facilmente.
"Você vai entender em breve."
"Kaden", disse, conseguindo sentar e ter energia desde que ele estava perto de mim. "Você pode remover a marca, sabe...." Não perdi o modo como seus olhos escureceram quando eu disse isso. "Não é justo..."
"Chega", sua voz ficou mais profunda enquanto falava comigo. "Você quer me deixar? Acha que isso seria suficiente?" Ele jogou a cabeça para trás e riu. "Como você espera que eu te deixe ir?" disse com a voz mais suave possível. Isso me lembrou dos bons tempos, quando éramos apenas nós dois.
"Então por quê? Por que fez isso... conosco?"
"Eu não queria te contar isso, mas, não vou acasalar com ela. É uma aliança por um curto período. Depois disso, ela deve voltar para sua alcateia."
Ele não estava me olhando enquanto dizia. Por algum motivo, não achei que fosse verdade, mas outra parte de mim, a maior parte de mim, acreditava. Eu me agarrei às palavras que saíam de sua boca.
"É sério?" Olhei para ele com olhos suplicantes. Pedindo para não mentir para mim.
"Claro", ele disse, me abraçando forte e esfregando o nariz no meu pescoço.
**Ponto de vista de Samantha
Dois dias, já se passaram dois dias após o dia do acasalamento e não consigo encontrar Eric. Eu sabia que ele era o único.
Desde aquela manhã. Seu cheiro era como uma mariposa para as chamas.
Tentei ignorar porque ele tinha que ser o que me encontrava e não o contrário. Não havia como eu ser a que encontrava meu companheiro.
Arrumei os pratos com a comida que queria dar para Luc.
Suspirei. Espero sinceramente que ela me perdoe por não tê-la informado sobre Kaden escolher outra companheira.
Fui embora quando ele entrou na cozinha. Ele tentou evitar me olhar diretamente.
"O que está fazendo aqui?" perguntei, tentando agir naturalmente.
"É a cozinha movimentada", ele disse pegando algo na geladeira e saindo.
Foi isso. Assisti seu corpo bem esculpido sair pela porta tão rapidamente quanto entrou.
Tentei não me importar, mas era mais fácil falar do que fazer...
Voltei para a enfermaria, esperando ver Luc. Esperançosamente, ela não estava tão brava como antes.
"Já a encontrou?" era o Alfa Kaden. Sua voz era firme, mas de alguma forma ainda tinha um toque suave. Ele reservava essa voz para aqueles próximos a ele. "sua companheira?" Parei imediatamente para não me revelar.
Felizmente, a comida que eu carregava iria mascarar um pouco meu cheiro, a menos que estivessem realmente procurando pelo meu cheiro.
"Ainda não." Era Eric, sem dúvida. Engoli tentando não deixar o gemido escapar.
"Espero que a encontre logo." Ouvi passos vindo na minha direção, então imediatamente corri para longe, não querendo ser vista.
Engoli o choro que ameaçava cair.
"Será que ele não gosta de mim?" pensei, sentada no chão esperando que saíssem da frente do quarto de Luc.
**Ponto de vista de Lucia
Tentei me controlar para não explodir com Kaden ou cair em suas palavras. Estava dividida entre fazer os dois.
Fiquei tão feliz quando ele se levantou para sair, me deixando sozinha com meus pensamentos.
Soltei um suspiro. Ouvi ele dizer algo vagamente para alguém, mas não me importei com o que ele estava dizendo.
Só queria descansar. Isso também parecia impossível neste momento, porque assim que ele saiu, a dor voltou em triplo. Mas preferia morrer a deixar ele saber que eu precisava dele.
Suspirei. Se eu sobreviver a isso, será um milagre...
♡♡
Em algum lugar no meio da dor, acabei adormecendo. Fui acordada com um murmúrio silencioso.
Eu podia sentir de dentro, era difícil de explicar.
"Não se mexa", era a mesma voz daquele homem. Eu tinha aprendido a reconhecer a voz aveludada dele.
Tentei olhar para o rosto dele, para ter uma ideia de como ele era, mas seu rosto parecia embaçado.
Ele se aproximou para me tocar, só que desta vez, não era reconfortante.
Soltei um grito antes de entender completamente o que estava acontecendo.