




Capítulo Sete
DRAVEN
Acordo sem ter ideia de onde tô. A cama embaixo de mim é tão macia que honestamente me pergunto se estou dormindo. Talvez eu não esteja dormindo, talvez tenha morrido e cheguei no paraíso.
Mas então a campainha toca.
Eu tinha planos esta manhã? Acho que sim. Estou quase certo de que sim... mas o quê?
Abro os olhos. "Droga! Que horas são?!"
A campainha soa novamente, e eu caio da cama procurando as roupas que usei ontem. "Porra! Já vou! Espera um pouco!"
Cambaleando pelas escadas com minhas roupas sujas, aciono o interruptor que permite que as persianas revelem a neblina pesada da manhã que cobre o quintal. A visão traz um sorriso contente ao meu rosto.
Uau... realmente é lindo aqui.
Ding dong!!!!
"Jesus!" grito, abrindo a porta. "Qual é o seu problema?"
Ele está lá, parecendo sexy pra caramba, com um leve sorriso no rosto. "Eu te disse às nove em ponto."
Domonic.
Claro. Eu esqueci completamente do compromisso de café da manhã.
"Eu não estou atrasado," digo suavemente, esfregando o sono dos olhos e mostrando o dedo do meio para ele.
Ele ri, seu olhar prateado brilhando com diversão. "Você está atrasado. São dez da manhã. Tem um despertador no seu criado-mudo. Use-o."
"Para quê?" retruco, cruzando os braços sobre o peito e tentando não notar como ele está impecável e desejável com moletom branco e uma regata branca.
Droga. As tatuagens dele estão à mostra. E os músculos. E eu quero colocar minha boca em cada um deles. Meu Deus...
Mas aí... o cheiro da colônia dele me pega e eu quase passo ma!!!
Maldita Margo. Eu posso sentir o cheiro dela nele. Nojento.
De repente, fico com raiva. Não consigo explicar por quê, nem tenho o direito de estar, mas estou.
"Eu não queria levantar. Eu queria ficar rolando na cama por mais alguns minutos rindo porque consegui o que queria e mais um pouco."
Os olhos dele se estreitam e o sorriso desaparece. "Você conseguiu o que queria. Que era?"
Eu debocho. "Você não. Então, vaza!" Minha tentativa de bater a porta na cara dele é barrada por um tênis Nike branco reluzente. Eu quase perco a paciência. "O quêeee?"
"Ei, calma aí! Espera um minuto! Eu disse que íamos tomar café da manhã, e vamos."
Eu dou a ele um sorriso doce e açucarado. "Não. Não vamos. Tome café da manhã com a Margo."
Uma sobrancelha arqueada se levanta em diversão. Um meio sorriso aparece enquanto ele molha os lábios. "Margo foi embora."
Eu rio, "Ah é? Ela te marcou primeiro? Ha!"
"O quê?" Ele se assusta enquanto eu lanço um olhar sarcástico. O rosto dele parece tão assustado por um segundo que eu quase rio.
"O que você quer dizer com 'o quê'?" Eu gargalho, inclinando a cabeça para ele com cautela. Então, com um rolar de olhos, digo, "Quando ela foi embora?"
Perguntas estúpidas recebem respostas estúpidas, Draven!
Ele contrai a mandíbula, abaixando os olhos como se estivesse envergonhado. "Esta manhã."
"Eu pensei que você disse que ia levá-la para casa ontem à noite," eu retruco, semicerrando os olhos enquanto empurro a porta, só um pouco.
Ele coça a parte de trás do pescoço nervosamente, olhando para os lados como se alguém pudesse aparecer e salvá-lo da minha ira. "Eu ia, mas eu-" ele para, cruzando os braços sobre o peito e inadvertidamente fazendo seus peitorais mais visíveis. Seu rosto fica indignado, " -espera um minuto, eu não tenho que responder a você."
"Não, você não quer, beleza," eu falo com doçura, mostrando meu sorriso mais convencido. "E eu não preciso tomar café da manhã com você." Tento fechar a porta, mas ele a empurra para dentro, e eu levanto as mãos em frustração. "Sério?" Eu estalo, batendo o pé de irritação. "Você vai simplesmente invadir aqui? Tá vendo? É por isso que eu quero pagar aluguel! Para não ter que deixar você entrar e não ter que ser legal com você." Eu lhe lanço um olhar fulminante. "Você precisa ir embora."
Virando-se para me encarar, seus olhos brilham com prazer perverso. "Você está com ciúmes," ele acusa, girando os ombros e me avaliando enquanto se aproxima.
Eu dou uma risadinha, me jogando no sofá com uma gargalhada. "Não. Eu não estou com ciúmes. Eu só não gosto de você nem da sua vadia. Eu nunca tive a intenção de ir ao café da manhã," eu minto. Eu ia, mas agora que sei que ela acabou de sair, estou feliz por ter dormido até tarde.
Ele parece discutir consigo mesmo sobre algo, seus olhos se movendo de um lado para o outro como se não soubesse o que mais dizer. Finalmente, eles caem sobre mim e ele engole em seco. "Eu não transei com ela desta vez."
"Desta vez?" Eu rio novamente. "Agora posso morrer feliz, obrigado por me avisar." Reviro os olhos. "Não me importo se você transou com ela ou não, você está fedendo ao perfume dela e eu sou extremamente alérgica ao cheiro de Vagabunda Comum, então, se não se importa..."
Ele me encara, suas mãos cruzadas atrás das costas como um soldado. Os olhos ficando pesados enquanto me observa, aquecendo-se com uma emoção que não consigo decifrar. De repente, estou extremamente incomodada com minha aparência. Porque ainda estou usando as roupas de ontem.
Preciso pegar meu dinheiro de gorjeta e fazer compras hoje. Preciso de mais roupas.
As sobrancelhas de Domonic se abaixam, e sua voz sai um pouco tensa, "Eu não a levei para casa ontem à noite porque não queria deixar você aqui desprotegida. Então, quando amanheceu, mandei alguém buscá-la."
"Desprotegida?" Eu me levanto lentamente, depois caminho em direção a ele, ignorando a vibração elétrica de energia que sinto quando me aproximo dele. Sei que deveria estar satisfeita com sua explicação, mas de alguma forma, não estou. "Você sabia que eu estava escutando ontem à noite, não sabia?"
Ele acena com a cabeça. "Sim."
Estou surpresa pela raiva repentina que explode em mim. "Então é por isso que você de repente quer cuidar de mim. Agora eu sou digna do seu esforço. Mas antes de saber sobre meu-" Eu me interrompo, fechando os olhos por um segundo antes de continuar, "-problema... Eu não era boa o suficiente para você ou sua cidade. Antes de saber - você estava bem em se livrar de mim."
Ele faz uma careta e depois balança a cabeça em negação. "Eu não estava bem com isso. Eu estava tentando ficar," ele murmura quase baixo demais para meus ouvidos. "Mas antes de saber sobre seu problema, eu poderia deixar você ir sem me sentir responsável. Agora que sei, você não pode ir até eu ter certeza de que estará segura."
"Ah, é mesmo?" Eu começo a rir. Esse idiota tem uma audácia, "E quem diabos você pensa que é? Você não me deve nada! Notícia fresquinha, talvez eu nunca esteja segura. Então não vem bancar o herói agora só porque tá com pena de mim. Estou bem, não preciso da sua proteção nem do seu café da manhã."
Ele me lança um olhar furioso. "Tudo bem." Virando-se para sair, ele estala, "Eu só pensei que poderíamos nos conhecer um pouco melhor, mas dane-se."
"Tchau!" Eu digo alto, sentindo-me levemente culpada. Quero dizer, este lugar é realmente bom, e estou com bastante fome. O que importa se ele está me ajudando só por causa dos hematomas? Pelo menos ele está me ajudando.
Droga, sou uma idiota!
Pulando do sofá, começo a correr atrás dele. "Espera!"