Capítulo 3
Capítulo 3
Spare acordou sentindo como se ainda tivesse num sonho. A cama estava tão quente e macia, e havia um cheiro persistente que a deixava louca, enquanto esfregava o rosto no travesseiro. Ela nunca tinha tido uma cama tão confortável antes.
Ela acordou de repente, sem saber onde estava até que Artemis preguiçosamente informou que tinham passado a noite na cama de seu companheiro.
Ela rapidamente saiu da cama e olhou ao redor do quarto. Era enorme, não havia muitas decorações, havia um sofá de um lado com uma TV muito grande.
As cores eram principalmente azul e cinza, dava para perceber que pertencia a um homem. Quando ela se virou para olhar o resto do quarto, viu ele dormindo em um catre. Ele não parecia muito confortável, estava meio pendurado nele.
Ela silenciosamente se aproximou dele. O cobertor estava em volta de seus quadris enquanto ele roncava suavemente. Ela o observou, ninguém deveria parecer tão bom, seus ombros largos e cabelos escuros cobrindo seu peito bem musculoso.
Ela seguiu aqueles cabelos até onde desapareciam sob o cobertor. Artemis estava ofegante tão alto que Spare começou a respirar mais pesado também. Seu cheiro era tão forte ali que ela não conseguia controlar suas mãos. Ela conseguiu se conter antes de quase tocá-lo.
Ela se virou e encontrou outra porta. Ao abri-la, encontrou, para sua alegria, um banheiro. Ela tava tão apertada pra fazer xixi que parecia que os olhos iam saltar. Ela se perguntou como seria o resto do lugar.
Quando ela entrou no banheiro, Duncan abriu os olhos. Ele fingiu estar dormindo para ver o que ela faria. Ainda podia sentir seu desejo no ar.
Passando a mão pelo cabelo em frustração, ele mentalmente se comunicou com seu lobo, Apollo, isso vai ser a coisa mais difícil que já fizemos. Apollo concordou mal-humorado e voltou a dormir.
Ele se levantou, vestiu roupas casuais e esperou ela terminar no banheiro. Ele pegou seus sapatos, mas eles tinham buracos na sola, então ele colocou um pedaço de fita adesiva sobre eles.
Ele pegou o envelope com seu dinheiro no cofre e colocou na mesa lateral. Ele não queria que ela pensasse que não podia ficar com ele. Ele foi até a gaveta onde tinha colocado suas roupas na noite anterior, e não havia nada de especial nelas.
Ela não ia ficar feliz, mas de jeito nenhum sua Luna ia usar aquelas roupas novamente. Ele se levantou e foi sentar em seu catre, assim que ela saiu do banheiro.
Eles se encararam por um instante, Spare ficou vermelha e acabou desviando o olhar. Ela se sentou na cama derrotada.
Duncan viu isso e se encolheu, indo sentar-se ao lado dela na cama.
"Eu pedi o café da manhã para nós dois comermos aqui. Espero que possamos conversar sobre tudo."
Ela ficou grata por isso, não se sentia pronta para conhecer os novos membros da matilha ainda. Nesse momento, bateram à porta, Duncan abriu e duas garotas entraram rindo, enquanto colocavam as duas bandejas carregadas de comida e bebidas.
Elas saíram tão rapidamente quanto tinham chegado, o que deixou Spare feliz. Ela não queria que ninguém ficasse olhando pra ela. Odiava estar sob os holofotes; isso a fazia se sentir vulnerável.
Ela se sentou à mesa, encarando toda aquela comida, que tinha um cheiro dos deuses.
"Isso tudo é para mim?"
Ele assentiu, sem saber como responder a isso.
Ela não perdeu tempo; pegando o garfo, ela mergulhou na comida com entusiasmo.
Duncan a observou comer. Pelo menos ela tinha apetite. Isso o fez se perguntar o quão ruins as coisas estavam para ela naquela casa. Ela ia receber toda a comida e petiscos que ele pudesse dar a ela.
"Então, lobinha, me conte sobre aquele urso de pelúcia de aparência estranha; qual é a história dele?"
"O nome dele é Max. Eu o fiz quando tinha seis anos. Não me era permitido ter brinquedos próprios. Minha irmã, no entanto, costumava ter acessos de raiva e destruía seus bichos de pelúcia. Então, um dia, comecei a coletar peças no lixo e fiz o Max."
"Você fazia algo com sua família?"
"Não, eu tinha que ficar na moita, nem podia passar pela porta da frente."
Duncan estava ficando cada vez mais irritado à medida que essa conversa progredia. Respirando fundo para se acalmar a si mesmo e ao seu lobo.
"E quanto à comida? Se você não podia estar perto deles, como comia?"
"Quando eu era pequena, esperava todo mundo dormir e descia na surdina pra pegar comida. Se eles percebiam que as coisas estavam faltando, nunca diziam nada, embora eu tenha sido punida severamente quando fui pega em uma das minhas escapadas, fora do meu quarto."
Ok, ele estava prestes a parar de fazer essas perguntas, ou ele estaria socando as paredes.
"Eu sei que estraguei seus planos de sair de lá e ir para a faculdade. No entanto, deixe-me dizer isso primeiro, Você pode ir para qualquer faculdade que desejar e estudar o que quiser.
Ela se levantou e pegou o envelope com seu dinheiro dentro, e entregou a ele.
"Aqui, pegue isso para ajudar a pagar pelas minhas coisas. Não é muito, realmente, mas é algo. Eu também posso trabalhar limpando ou cozinhando para ganhar o restante."
"Você não vai mais se preocupar com dinheiro, esse dinheiro é seu para gastar com o que quiser. Eu não quero e você não vai tentar me dar a mim ou a qualquer pessoa desta matilha."
"Se você fizer qualquer limpeza ou cozinha, é porque você quer, não porque você sente que deveria pagar por estar aqui. Eu vou te mimar muito, mesmo que você não goste."
"Minha lobinha, você é minha Companheira e ninguém vai te machucar nunca mais, você não vai querer por nada."
Ela apenas o encarou, com a boca aberta em choque.
"Você não pode ser meu companheiro. Reivindicar uma companheira é uma coisa ruim em nossa matilha, bem, nem sempre, mas geralmente mais do que não."
"O que você quer dizer com Reivindicar uma Companheira é uma coisa ruim?"
"Bem, eu só ouço fofocas aqui e ali, mas as últimas duas garotas que encontraram suas companheiras foram rejeitadas e desapareceram no dia seguinte."
"Todo mundo disse que era por causa da dor da rejeição, que elas voltariam em breve, mas nunca retornaram, e no último fim de semana, aconteceu novamente com mais duas garotas."
"Também ouvi rumores de que suas companheiras as venderam."
Duncan ficou ali em silêncio, atordoado. O que diabos estava acontecendo naquela matilha? Será que todos eram canalhas? Os machos estavam rejeitando suas companheiras para ganhar dinheiro?
"Spare, quero que você saiba que esse não é um comportamento normal para companheiros. Um companheiro é sua outra metade, para ser valorizada e amada para sempre. É um presente da deusa da lua."
"Mais uma coisa, quero que você escolha outro nome além de Spare, não vou permitir que esse insulto seja jogado na sua cara toda vez que alguém falar seu nome."
"Eu não sei um nome para escolher, pra ser honesto."
"Vai chegar a você, não se preocupe. Você tem muito tempo. Minha irmã Marnie estará aqui em breve. Ela tem roupas novas para você e todo tipo de coisas, tenho certeza. Ela adora fazer compras."
"Talvez vocês duas possam pensar em um nome. Apenas hoje e amanhã, também, quero que você relaxe e se mime. Quando Marnie chegar, faça o que as garotas fazem quando estão juntas."
"Umm, Duncan. Eu não tinha amigos. Minha única amiga é minha loba Artemis."
Com a menção de sua loba, Apollo se animou e começou a dizer a Duncan quais perguntas fazer a eles.
"Como é sua loba? Você pode se transformar?"
"Você quer que eu mostre?"
Duncan apenas assentiu com a cabeça, o fato de ela querer mostrar significava que pelo menos ela tinha um pouco de confiança nele.
"Ok, mas vire-se. Eu nunca fiquei nua na frente de ninguém antes."
Duncan virou-se. Depois de um tempo, ele ouviu um pequeno latido atrás dele. Ele se virou para ver a loba mais bonita que já tinha visto. Ela era branca como a neve com pontas pretas nas patas. Ela tinha olhos ainda mais escuros do que Spare.
Apollo estava dançando animadamente em sua mente. Artemis apenas sentou e o encarou como se estivesse o avaliando.
Duncan rapidamente se despiu e se transformou em Apollo. Lembrando-se de ir muito devagar. Ele era um lobo dourado com olhos âmbar brilhantes. Apollo se deitou em uma posição deitada para não intimidar Artemis.
Artemis deu um pequeno latido animado e foi até Apollo, esfregando-se nele. Apollo ficou lá de forma presunçosa. Duncan sentiu sua alegria e ficou feliz por ele. Apollo falou com Duncan.
"Você terá o seu em breve também, só precisamos ganhar a confiança dela, ela passou por muita coisa. Ela precisa de tempo para se curar."
Artemis então pegou a camisa de Spare e foi para o banheiro. Spare saiu pouco depois, Apollo ainda estava lá esperando por ela.
Ela estendeu a mão para coçá-lo atrás da orelha. Apollo parecia um idiota com a língua para fora de lado.
"Você é muito bonito, Apollo, obrigada."
Com isso, Duncan ficou diante dela novamente, nu. Ela virou rapidamente a cabeça, mas não antes de dar uma espiada nele e corar. Duncan tava feliz, quase em êxtase. Ela é nossa, Apollo. Nada vai arrancá-la da gente. Nem ela mesma.