Capítulo 2 — Mudança e combate 101
Ponto de vista de Lila
Não podia acreditar que o homem com quem tinha compartilhado meu primeiro beijo era meu professor. De repente, parecia que a arena não era grande o suficiente.
Professor Enzo era extremamente bonito e incrivelmente musculoso. Passei meus olhos de seus lindos olhos cinzentos até seus incríveis abdominais de oito pacotes. Seus braços eram grandes, e eu podia ver pequenas veias aparecendo ao redor de seus bíceps. Seu cabelo escuro e ondulado estava meio bagunçado, dançando ao redor de seus traços largos e masculinos. Ele tinha suor escorrendo na testa e pelo lado do rosto, e mais suor no peito, escorrendo pelo torso.
Meu rosto instantaneamente começou a ficar vermelho quando ele se aproximou de mim.
"Posso te ajudar com alguma coisa?" Ele perguntou, levantando as sobrancelhas e encontrando meus olhos.
"Desculpe; acabei de me transferir para esta aula," eu digo a ele, mostrando meu horário impresso. "Sou Lila..."
Ele olhou brevemente para o horário; o silêncio se tornando denso entre nós enquanto ele desviava os olhos do horário e os trazia de volta para o meu rosto.
"Você pode se juntar aos outros alunos," ele disse, virando-se para longe de mim.
Meus olhos se arregalaram quando olhei para os outros que ainda estavam lutando em suas formas de lobo. Engoli o nó que se formara em minha garganta.
"Na verdade, eu não consigo me transformar," eu digo rapidamente antes que ele pudesse se afastar.
Ele congela; por um momento, pensei ter ouvido um rosnado baixo na profundidade de sua garganta.
"O quê?" Ele perguntou em um tom incrédulo e levemente irritado. Ele se virou e vi que seus olhos cinzentos agora estavam escuros e ameaçadores. "O que você quer dizer com não consegue se transformar?"
"Quero dizer... ainda não recebi meu lobo," eu digo a ele, mordendo com força o lábio.
Ele olhou para a minha boca, observando enquanto eu mordia nervosamente o lábio inferior. Eu podia sentir o calor circulando em meu rosto. Meu coração batia tão rapidamente e alto contra o peito, que pensei que ele seria capaz de ouvi-lo.
"Por que está em uma aula de transformação e combate se não pode se transformar?"
"Sou boa em combate," eu respondo. "Só porque não tenho um lobo não significa que não sou capaz. Tenho praticado a minha vida inteira. Deixe-me mostrar o que posso fazer."
"Não tenho tempo para ficar de babá," ele resmungou, parecendo incrivelmente irritado. "Além disso," ele acrescentou. "Não tenho um parceiro para você. Todos os meus alunos lutam em suas formas de lobo."
"Posso treinar com ela," uma loba disse ao voltar para sua forma humana.
Ela tinha um rosto gentil; seu cabelo era curto e escuro. Seus olhos eram grandes e castanhos, com cílios longos. Ela me olhava carinhosamente com um sorriso doce.
"Não me importo," ela disse novamente, desviando os olhos de mim para olhar para o Professor Enzo.
"Está bem," ele disse.
Ele se afastou sem dizer mais nada.
"Sou Becca," ela disse, estendendo a mão para eu apertar. Eu a peguei, devolvendo seu sorriso.
"É um prazer conhecê-la," eu digo em retorno. "Sou Lila."
"Oh, acredite, sei exatamente quem você é. Também ouvi dizer que é uma das melhores lutadoras desta escola. O Professor E. teria sido estúpido em te recusar."
Não pude deixar de rir de suas palavras; este era meu primeiro ano nesta escola e acho que não deveria ficar surpresa que a palavra se espalha rápido. Sou conhecida em Elysium por meu combate e mente astuta, mas não estávamos em Elysium.
Estávamos em Higala. A maior cidade fora de Elysium.
"Agradeço suas palavras gentis," eu digo em retorno, e eu realmente quis dizer isso.
Ela ia dizer mais alguma coisa, mas suas palavras foram interrompidas quando ouvimos outra voz, mais familiar.
"Bem, olha só quem está aqui," Sarah zombou. "Se não é a pequena vadia; vindo brincar com os grandes?"
Levantei as sobrancelhas; ela estava me chamando de vadia? Depois que acabei de pegá-la se agarrando com meu namorado?
"Embora eu não deva estar surpresa," ela disse, seu tom ficando gelado enquanto olhava por cima do ombro para o Professor Enzo que estava olhando em nossa direção com uma ruga se formando entre as sobrancelhas e seu franzir de testa se aprofundando. "Considerando o quanto você gosta do Professor Enzo; é óbvio que você se transferiria para a aula dele."
"Estou aqui para praticar minhas habilidades de combate, como todos os outros."
Isso a fez rir.
"Por favor; as únicas habilidades que você está praticando são as habilidades com seus lábios."
"Na verdade, ela é uma lutadora muito capaz," Becca interveio.
“Isso é rico vindo de uma Ômega humilde,” Sarah zombou, fazendo Becca recuar. “Seu tipo nem deveria ser permitido nesta escola.”
Becca parecia genuinamente magoada por suas palavras.
“Eca, Sarah, por que está falando com essa Ômega?” Outra garota disse, se aproximando ao lado dela.
Ambas riram e vi o rosto de Becca ficar vermelho enquanto baixava o olhar.
“Ômegas não são nada além de lixo,” concordou Sarah. “Mas o que é pior do que uma Ômega é alguém que nem consegue se transformar em lobo. Não é de se admirar que seu namorado tenha preferido meus lábios aos seus.”
Eu me coloquei na frente de Becca, bloqueando-a da visão das outras lobas.
“O que lhe dá o direito de decidir se uma Ômega é capaz ou não? Acontece que acabei de vê-la lutar há apenas alguns momentos e ela me pareceu bastante capaz. Minha compreensão é que estamos nesta escola para aprender. Então, não vamos causar problemas uns para os outros,” eu disse, olhando ao redor para seus rostos. “Quanto ao meu namorado…” eu digo, encontrando os olhos de Sarah. “Claramente ele não é homem o suficiente para conseguir me lidar. Então, ele é todo seu.”
Sem dizer mais nada, eu agarro o pulso de Becca e a puxo comigo para uma parte diferente da arena, longe das lobas desagradáveis.
Consegui dar outra olhada no Professor Enzo enquanto passávamos, e pensei ter visto um sorriso puxando o canto de seus lábios.
“Obrigada por me defender,” Becca disse em um tom baixo assim que estávamos a certa distância. “Estou acostumada a ser intimidada, no entanto. Ômegas geralmente não são bem-vindas por aqui…”
Levantei as sobrancelhas para ela, confusa.
“Por quê?” perguntei. “Algumas das melhores lobas que conheço são Ômegas. Elas são incrivelmente gentis e genuínas. Não deixe que valentões como aqueles façam você pensar o contrário.”
Ela sorriu amplamente para mim; pude perceber que ela se sentiu muito melhor.
“É óbvio que algumas pessoas aqui não reconhecem você como filha do Alfa Bastien. Vamos mostrar a eles do que você é capaz!”
Sorri com suas palavras; aquilo parecia uma ideia perfeita. Eu não podia me transformar em minha forma de lobo, o que significava que precisava impressioná-los de outras maneiras.
Encarei Becca, adotando a postura com a qual me sentia mais confortável.
Logo, estávamos lutando juntas.
Ela conseguiu desviar a maioria dos meus ataques. No entanto, eu estava me segurando bastante. Não queria machucá-la.
Desviei de seus ataques com facilidade; ela nem conseguia chegar perto de mim. Eu podia sentir os olhares dos outros alunos em mim, suas bocas abertas enquanto eu fazia um movimento acrobático. Algo que tenho certeza de que nenhum deles estava esperando.
Dei um salto mortal para frente, chutando as pernas para fora e propositalmente passando raspando por Becca. Embora a tenha assustado o suficiente para recuar e perder o equilíbrio.
Peguei uma esfera na parede de armas, girando-a rapidamente em minhas mãos, fazendo um movimento de cambalhota e giro. Ela desviou do primeiro ataque pensando que eu estava mirando em sua cabeça quando na verdade estava mirando em seus pés. Então, ela tentou desviar, mas acabou tropeçando, caindo no chão novamente.
Pisei, suavemente, em seu peito, prendendo-a no chão com a esfera apontada diretamente para ela.
Ela me encarou com admiração; todos ficaram boquiabertos.
Olhei ao redor, quase esquecendo que havia uma plateia. Nenhum deles falou por um longo tempo até que alguns deles aplaudiram. Então, quase todos começaram a aplaudir.
Todos, exceto Sarah e sua amiga.
Sorri satisfeita, tirando o pé de cima de Becca e a ajudando a se levantar.
“Isso foi incrível!” Ela respirou, me encarando com olhos arregalados.
“Foi nada,” dei de ombros, colocando a esfera de volta no suporte.
Me virei para ver o Professor Enzo me encarando; os braços cruzados sobre o peito e o rosto sem expressão.
Antes que eu pudesse me aproximar dele e perguntar o que ele achou, ouvi um bip ecoando pela arena.
Franzi a testa ao perceber que era o telefone de todos.
Enquanto todos iam verificar seus telefones, ouvi os suspiros e vi as expressões chocadas. Becca cobriu a boca com a mão enquanto olhava para o próprio telefone.
“O que está acontecendo?” perguntei, olhando por cima do ombro dela.
Assim que vi o que todos estavam olhando, meu coração afundou no estômago.
Era uma foto minha... beijando... o Professor Enzo.